Ponto de vista do Narrador.

— Olá, população americana. — dizia o homem mascarado em frente da câmera. — Eu sou Ark Zero, ou apenas Ark, como queiram chamar. E eu tenho alguma coisas para dizer para vocês. — ele deu uma pausa. Continuava um silêncio mortal total naquele lugar. — O governo mente para vocês. Todo o dinheiro que vocês pagam em impostos, mesmo sendo investido em várias coisas, uma grande parte secreta é desviada para trabalhos com seres sobrenaturais. Sabiam? — Ele deu um sorrisinho que não pode ser visto pela a máscara que estava em seu rosto. Apenas deu alguns passos para o lado e mostrou os dois garotos amarrados. — Estes são dois seres sobrenaturais. Creio que sejam considerados os mais importantes, estando no topo da cadeia alimentar.

O garoto mais baixo estava se debatendo, tentando se soltar e ainda gritava um monte de coisas que ninguém conseguia entender. A mordaça em sua boca não o deixava falar direito. O garoto mais alto também se debatia, sendo que era bem menos que o outro ao seu lado.

Ark deu uma risada forçada com isso.

— Estão vendo? — disse Ark. — Esses adolescentes são os mesmos que vocês provavelmente querem longe de seus filhos. É nisso que o governo investe.

Então uma garota mascarada entrou na sala.

— Hã, Ark, temos um problema. — ela disse.

Ark revirou os olhos, saindo de frente da câmera.

— Fale mais baixo. — ele sussurrou para ela. — O que foi agora? Algum idiota conseguiu nos deter? Creio eu que não.

— Quase isso. — ela disse. Ark ficou confuso. — Eu te peguei.

Então uma fenda abriu-se bem embaixo líder dos The Owners, o fazendo cair no chão. A garota achou que ele estava detido só com isso, mas, de certo modo, ele resistia a aquilo perfeitamente. Então foi aí que ele surpreendeu a todos ali: ele deu um salto tão grande, que conseguiu sair da fenda. Ark era mais rápido que ela. Então ele a tentou imobilizar, mas se desviou do golpe o mais rápido que podia. A garota não era lá muito bem treinada para lutas ou qualquer coisa assim.

Então ela viu uma gota de água ser dominada.

Pensou que por um instante descobrissem onde Sam estava e que ela poderia ao menos acabar com esse homem de vez.

Mas ela se enganou.

Por um instante, ela teve a impressão de que a água havia sido dominada por Ark. Era bizarro, porque não existia nenhum outro dominador de água além de Sam Watters. E pelo o que ela saiba, todas as possibilidades de ao menos existir outro dominador de água eram praticamente nulas. E sem falar que Sam era a última dominadora de água dos últimos duzentos anos.

— Eu voltarei, jovem dominadora. — disse Ark.

Então, a garota piscou seus olhos e a figura chefe dos The Owners desapareceu em um passe de mágica.

Ela respirou fundo, e olhava em todos os cantos do local para ver se ele realmente havia sumido ou se ele só estava mentindo para enganá-la. Quando teve a certeza que ele se fora, ela retirou a máscara. Era Helena.

Ela rapidamente correu até Matthew e Travis, que de algum modo, foram amarrados pelos os “seguidores” de Ark e não pareciam lá estar tão felizes com aquilo. Os três estavam completamente assustados, era a primeira vez que a Área 51 era invadida de verdade. Uma bomba havia sido explodida e vários “seguidores” invadiram o local, causando muitas mortes (tanto de soldados quando membros dos The Owners). A história não estava sendo lá tão boa. Sem falar que não tem nenhuma pista sobre Sam Watters, que havia simplesmente sumido do local. Matthew achava que ela ao menos saberia fazer alguma coisa, já que tinha bem mais experiência do que os três juntos.

— Achou a Sam? — perguntou Matthew, após ser solto.

— Eu procurei ela em todos os locais. — respondeu Helena. — Ela desapareceu.

— Tem certeza? — perguntou Travis.

— Absoluta. — disse Helena.

— Os The Owners poderiam ter capturado ela. — disse Matthew. — É possível.

Então a porta se abriu bruscamente.

— Eles estão vivos. — disse soldado para o walkie talkie. Na outra linha, a outra pessoa falava algo que nenhum dos três dominadores puderam entender. Então o soldado respondeu: — Não, senhor. Nenhum sinal dela. — pôs o walkie talkie no bolso. — Ei, dominadores, venham. A invasão foi má sucedida.

Helena sentiu um alívio quase que instantâneo. Ouvir isso de um soldado a fez realmente acreditasse que estava tudo quase 100% seguro, como antes. Mas, ainda assim, ela não conseguia tirar da sua mente o fato de que a qualquer hora eles poderiam voltar e atacar mesmo, sem nenhuma dar colher de chá como agora. Era impossível ficar quieta e calma agora. Seus sentidos ficavam quase que berrando em seus ouvidos que os The Owners poderiam voltar. E da próxima vez, ela não tinha certeza se iria agir quase pacificamente. Ela quase matou pessoas hoje. Quem iria garantir que da próxima ela não iria realmente matar?

Os três dominadores seguiram o soldado em passos lentos, como se você pudesse sentir o medo e a insegurança dos três.

Os três seguiram o soldado pelo o corredor, estavam em um andar um pouco desconhecido, o -30, mas mesmo assim, não estava lá tão interessados olhar os detalhes do andar.

Em pouquíssimos minutos, os três dominadores estavam no andar -59, de frente a frente com um Wright completamente furioso e fora de si, mas ainda assim não assustava nenhum dos três. Wright poderia estar furioso e fora de si por fora, mas por dentro, ele estava em um ponto de quase loucura. Ele nem queria crer que aquilo realmente havia acontecido ali, na sua frente, sem que ele pudesse fazer quase nada. Era estranho. Todo o seu poder e importância havia ido embora, e ele se sentiu completamente inútil e fraco, como se a qualquer instante uma pessoa pudesse o matar sem que ele pudesse ao menos ter o direito de se defender. Ele dependia de soldados. E sua mente se perguntava: E se os soldados não estivessem ali? Como iria ser?

O mais estranho, era que desde de 1987 (ano em que a Área 51 foi inaugurada) NINGUÉM havia ao menos conseguido entrar na Área 51 ou ao menos conseguir hackear o sistema daquele lugar. Era impossível. Nem o melhor hacker de todo o mundo, ou até o melhor estrategista iria poder conseguir fazer só uma folha entrar naquele lugar. A tecnologia era rápida demais, criptografada, e ainda por cima, eles tinham o apoio de quase todas as empresas importantes do mundo, então, como isto poderia acontecer?

Então aparecem apenas três dominadores em sua sala.

— Cadê a outra? — perguntou irritado.

— A Sam? — perguntou Matthew.

— Não, o Obama. — disse Wright com sarcasmo. — Cadê a Watters?

Então ficou um silêncio assustador. Wright achou que fosse explodir.

— Hã, senhor... — disse um soldado. — Não encontramos a garota.

— Como assim?! — perguntou Wright irritado. — Ela tem que estar em algum lugar aqui! Procurem-na!

Então a porta se abriu.

Um homem de uma estatura um pouco abaixo da média apareceu. Tinha a pele morena, olhos cor de mel e tinha o cabelo bem curto, como em um estilo de corte militar. Tinha seu peitoral inflado, para parecer mais forte e autoritário do que é. Dava para ver bem claramente as duas cicatrizes em seu rosto, uma no seu nariz e outra na sua bochecha, sendo a da bochecha bem maior, clara e mais chamativa. Deveria fazer umas semanas que ele não fazia a barba. E, em seu distintivo, havia um nome que denunciava quem ele era: General Rodriguez.

Rapidamente, ele fez uma reverencia a Wright e depois deu um leve sorrisinho aos dominadores. Matthew quase ia se levantando da cadeira e socando sua cara, mas evitou o máximo possível pensar em como odiava Gen. Rodriguez. Seu sorriso falso e forçado o fazia ficar irritado. Não, não só o sorriso, aquele cara o deixava irritado.

— Wright, venho trazer notícias. — disse General Rodriguez, em um tom respeitoso. — Eu sei o paradeiro de Sam Watters, a dominadora de água.

Matthew sentiu um leve alívio.

— Onde ela está? — perguntou Wright, de um modo bem mais autoritário que antes.

— Creio que a garota seja infiltrada dos The Owners. — ele disse. — Parece que alguém dominou água exatamente no local onde a bomba foi explodida. E encontraram um túnel quase perfeito exatamente no seu banheiro, com dois caminhos, um até...

— Fui eu. — interrompeu Matthew.

— O quê? — perguntou Wright.

— Fui eu que fiz o túnel. — disse Matthew. — Não foi a garota da água. Felizes?

General Rodriguez ficou praticamente sem reação.

— Tinha outro túnel de escape, Summers. — ele disse. — E, sinceramente, você não seria tão esperto para fazer algo assim. — deu um sorrisinho falso. E Matthew o ignorou. Ele estava a fim de dizer algo mais importante que isso.

— Seu filho que fez. — ele disse seco. — Mas eu não posso negar que o ajudei. — ele deu um sorrisinho mais sarcástico e falso que General Rodriguez, que agora estava sem nenhuma reação.

— O que significa isso, Rodriguez? — perguntou Wright irritado. — Sam Watters simplesmente desapareceu e você ainda fica inventando histórias?!

— Ela estourou a bomba! — disse Gen. Rodriguez. — Eu a vi armando a bomba, eu tentei impedir mas... Era tarde demais. Ela matou um bravo soldado e me ameaçou de morte. Senhor, eu não sabia como lutar com ela. A garota é fria e estranha demais, e...

Wright respirou fundo, e andou em direção de General Rodriguez, colocando a sua boca em poucos milímetros da orelha dele.

— Gordon é melhor que você, mexicano de merda. — sussurrou. — Saia daqui.

General Rodriguez estava pronto para dar uma surra em Wright, mas ignorou, afinal, ele era seu superior e qualquer besteira General Rodriguez poderia simplesmente dizer adeus para tudo aquilo que ele estava vivendo. Ou seja, dizer adeus para todo o seu plano frio e completamente calculista que havia feito com os The Owners. E até agora, estava tudo dando certo.

General Rodriguez respirou fundo, deu meia volta, e saiu. Sem dizer nenhuma palavra a mais.

Ele conseguiu o que queria: plantou a semente da discórdia.

General Rodriguez tinha a mais pura certeza que Wright não confiava nada em Sam Watters. Ninguém confiava nela, exceto seu filho, mas ele não é muito importante. General Rodriguez tinha a mais pura certeza que Wright ficaria se perguntando: E se fosse realmente Sam Watters a pessoa que explodiu a bomba? Não, certeza era pouco, ele apostaria sua inútil e mentirosa vida naquilo. Se a dominadora de água tinha um comportamento bizarro, quase fugiu inúmeras vezes, e ainda, quando tinha apenas nove anos de idade conseguira escapar, então por que ela não explodiria uma bomba no lugar que mais odiava e fugiria para longe?

Fazia todo sentido. O plano perfeito.

Ele foi até a sua sala, em passos calmos e quase leves. Deveria ter certeza que estava sorrindo. Não poderia se segurar, porque, na primeira vez em toda a sua vida, tudo estava indo perfeitamente bem — exceto seu filho mais velho, mas isto não era mais importante — que chegava a ser até meio surreal. Só estava se preparando para quando os The Owners a pegasse e quais palavras ele iria dizer antes da sua morte. Com todos os seus estudos, General Rodriguez tinha a mais pura certeza que caso Sam Watters fosse morta, a linha dos dominadores de água iria terminar para sempre. Este era o seu maior sonho. Ser, talvez, uma das únicas pessoas do mundo a ter um DNA quase puro seria a coisa mais perfeita.

Assim que entrou em sua sala e abriu a porta, ele levou um susto.

Um garoto alto e magro foi pra cima dele, quase o enforcando. Seus estavam cheios de raiva e fúria. Seu cabelo castanho escuro estava bagunçado e caindo sobre seu rosto, portanto, demorou um pouco para reconhecer quem era.

Jeffrey Anthony Rodriguez, mais conhecido como Jeff ou vergonha da família.

— Jeffrey. — murmurou Rodriguez, em voz baixa, com dificuldade.

— Você disse que não iria fazer isso! — berrou. — Seu...

General Rodriguez deu um chute com toda a força em sua perna, e, depois, com a atenção do filho apenas na perna, ele o imobilizou, e então o jogou no chão com toda a força do mundo.

— Seu... — Jeff murmurou, se levantando.

— Você foi um ator perfeito, garoto. — disse o General, quase sorrindo.

...

Travis estava preparado para fazer alguma coisa.

O dominador estava procurando o heliporto que havia na Área 51. Era a única área sem cobertura, porém a mais difícil de todas para tentar passar. Não fazia ideia do que estava realmente acontecendo, só sabia que Sam com certeza não tinha lá muito haver com os The Owners e a bomba. Ele tinha toda a certeza que ela havia errado em fugir — principalmente numa hora errada como essa —, e agora quase todo mundo achava que ela fez uma aliança com os The Owners e provavelmente explodiu a bomba. Pra piorar, agora grande parte da população americana está especulando sobre isto — afinal, passou ao vivo na FOX pra qualquer um ver — e aos poucos, a população mundial falava cada vez mais sobre isso.

— Você tem certeza que sabe onde ela está? — ele perguntou a Matthew.

— Claro. — disse Matthew. — Provavelmente, ela deve estar em algum ônibus ou coisa assim. Agora voe e salve a nossa pele antes que todo o país e o resto do mundo nos mate.

— Eu não tenho certeza se eu...

— Você domina o ar! — disse Matthew. — Cara, isso é muito mais foda do que ficar fazendo umas chamas ou uns mini terremotos. — olhou para Helena, quase rindo. Ela mostrou a língua para ele. — Agora faça o que você fez antes.

— Ótimo. — murmurou Travis. — Estou indo.

— Não temos o dia todo, sabia? — disse Helena. — Vamos lá, Avatar.

Travis a olhou com uma cara de: “Você só pode estar brincando comigo.”

— Chega de frescuras, Springs. — disse Matthew. — Vai logo.

Então, Travis usou toda a sua atenção apenas naquilo. Poderia ser difícil para ele prestar atenção em algo, mas ele usou todo o seu esforço para aquilo, tentando fazer aquilo mais importante do que já é.

E ele voou.