Em um bar de um hotel tão sofisticado que Clary se sente mal vestida...

–Eu devia ter te pedido para trocar de roupa. Estou me sentindo tão... desarrumada, comparada com esse lugar incrível.

–Você está linda, como sempre. – Elijah disse e Clary sorriu. Ele era tão galante, sempre sabia o que dizer. Tão diferente dela, que sempre fala besteira.

–Obrigada. – ela disse. Nunca sabia o que dizer quando ela era elogiada, se devia agradecer ou elogiar de volta.

Oh, duvida cruel.

–Então... você está ficando nesse hotel? – Clary perguntou, tentando puxar assunto.

–Estou, sim.

–Quanto tempo pretende ficar na cidade? – Clary perguntou, tentando parecer casual.

–Enquanto eu tiver uma razão para ficar. – Elijah disse, olhando para Clary com intensidade. A garota não percebeu a indireta.

Eles ficaram se olhando, em silencio, por vários, VÁRIOS, minutos, sem saber o que dizer. Clary bebericava sua água com azeitona, sem saber o que dizer.

Foi quando Elijah a beijou.

Não foi como na primeira vez. O beijo começou com urgência e desejo. Era selvagem, incontrolável. Ela estava tão envolvida quanto ele. Os dois saíram do bar sem ao menos se separar. Eles pegaram o elevador e foram até o último andar, onde seria a quarto de Elijah.

Elijah revezava entre dar beijos no pescoço e na boca de Clary, que nunca havia se sentido tão sem controle e inconsequente. Ela sempre seguia as regras, sempre era a boa garota. Mas agora, com Elijah, naquele momento, Clary se sentia como qualquer outra adolescente irresponsável de 16 anos.

Os dois não paravam um instante. Logo que entraram no quarto, Clary se sentiu ser jogada na cama. Como foi que chegou ali tão rápido? Sua mente se desviou desse pensamento ao sentir os beijos de Elijah ao seu pescoço. Clary fechou os olhos, querendo sentir cada toque de Elijah ao máximo. Com seus poderes, ela sentia a luxuria e o desejo que emanavam tanto dele quanto dela, intensificando ainda mais sua vontade de beija-lo.

Ela estava, pela primeira vez em toda a sua vida, sem controle.

–VOCÊ O QUE? – Gina perguntou/gritou ao telefone.

–Eu transei com Elijah. – Clary repetiu calmamente. Ela se sentia tão leve, saindo do hotel usando as mesma roupas de ontem à noite para ir à escola depois de uma das noites mais maravilhosas da sua vida.

–Mas não está muito cedo? Quero dizer, vocês se conhecem só a alguns dias, ele é mais velho e foi sua primeira vez. Ele sabia?

Clary sorriu involuntariamente.

–É a sua primeira vez, não é? – Elijah perguntou. Os dois estavam deitados na cama, juntos, ambos com a respiração ofegante.

–É.

–Por que não me contou?

Clary deu de ombros.

–Não achei que faria diferença.

Eles ficaram em silencio por alguns instantes.

–Era sua primeira vez... não queria que fosse com alguém especial? Quero dizer, só nos conhecemos a alguns dias.

Clary sorriu e se virou para Elijah. Como os dois estavam deitados juntos, seu rosto ficou a pouco centímetros de distância do dele.

–Na hora, me pareceu especial. E isso que importa.

–Ele só soube depois. – Clary respondeu.

–E o que aconteceu depois?

–Nós transamos de novo. – Clary respondeu com simplicidade. Ela decidiu esconder a quantidade de vezes que eles, como diria Elijah, “fizeram amor”, mas não iria mentir para Gina.

–Ah meu Deus! – Gina exclamou do outro lado da linha. Clary quase podia ver sua expressão incrédula.

–O que foi? Eu sou uma bruxa quase híbrida, mas também sou uma adolescente cheia de hormônios. – Clary respondeu, o que fez Gina rir.

–Idiota.

–Eu sei. Mas você me ama mesmo assim. – Clary retrucou o que fez Gina rir.

–Tenho que desligar. Tchau. – Gina disse, desligando antes que Clary pudesse responder.

Clary guardou o celular no bolso de trás da calça. Seu sorriso entregava tudo, ela estava tão feliz. Agora ela entendia o que era, realmente, se sentir bem. Ela nem havia contado para Gina tudo que havia acontecido na noite passada.

Mas então uma voz baixa e peçonhenta no interior da sua consciência fez com que ela pensasse em algo que ela nunca teria cogitado em imaginar.

“E se Elijah descobrir sobre eu ser uma bruxa?”

Clary sacudiu a cabeça, como se o movimento fosse expulsar esses pensamentos da sua cabeça. Ela estava feliz demais para pensar nesse tipo de coisa agora.

Alguns minutos depois, na escola...

–Estranho, o Henry ainda não chegou. Geralmente ele é um dos primeiros... – Gina comentou para Clary, que deu de ombros casualmente. Ela havia dito para Henry chegar elegantemente cinco minutos após a aula começar, assim chamaria mais atenção.

Clary definitivamente estava gostando demais dessa transformação.

A aula começou e as garotas pararam de pensar sobre Henry enquanto anotavam os cálculos que o professor escrevia no quadro.

Até que foram interrompidas pelo barulho de alguém chegando atrasado. Uma voz grossa, um pouco arrastada e extremamente sexy disse:

–Desculpe o atraso, professor. Posso entrar?

Todas as garotas tinham os olhos focados naquele garoto. O cabelo louro escuro arrepiado de uma maneira extremamente sexy, em um corte estilo militar, os olhos verdes ressaltados pela falta de óculos, uma camisa preta com uma blusa quadriculada por cima e uma jaqueta de couro que ele segurava casualmente por trás das costas.

As garota se perguntavam: “Quem é esse DEUS?”

Clary olhou para Gina. A garota estava de olhos arregalados. O sorriso já recorrente de Clary aumentou. Ela havia posto em Henry cada um dos pequenos fetiches de Gina, que eram bem parecidos com os seus. Jaqueta de couro, blusa quadriculada, corte militar...

Isso é uma boa amiga.

Henry, depois da autorização do professor, entrou na aula. Até seu modo de andar estava diferente, ele andava mais ereto e confiante, ao invés de andar de cabeça baixa como se seus pés fossem a coisa mais interessante do mundo, como sempre fazia.

O garoto sentou-se no lugar de sempre, à frente da carteira de Clary e Gina. Ele se acomodou e começou a copiar a matéria como se tudo estivesse a mesma coisa de sempre.

O que definitivamente não é verdade.

A aula passou rápido e, assim que a aula acabou, Henry se virou para Gina, com um sorriso preguiçoso de lado que Clary catalogava como “maconheiro sem causa” que Gina sempre achou super sexy:

–Está livre hoje a noite?

Gina assente, muda.

–Então, te busco para jantar as sete.

E então saiu, deixando uma Gina chocada para trás.

Missão cumprida.