Sam estava tentando se concentrar na aula de hoje, mas se ela mal conseguia estudar em uma escola, com um professor de verdade, como ela iria se concentrar em uma tela de computador, assistindo a um professor online?

A campainha tocou, distraindo Sam ainda mais. Ela continuou sentada no sofá, esperando a Cat ir atender, mas a campainha tocou outra vez, e Sam lembrou que Cat estava na escola. Morrendo de preguiça, Sam se levantou e foi atender quem quer fosse.

Quando ela abriu a porta, seu queixo caiu.

Sam não havia parado para pensar em quem poderia ser. Talvez Dice, ou Goomer, ou algum pai querendo saber se ela e Cat poderiam cuidar do seu filho. Talvez a polícia, ou o Papa, ou o presidente dos EUA. Qualquer pessoa Sam poderia ter imaginado. Qualquer uma, menos ele.

Ele estava sorrindo, mas o choque foi tão grande que Sam continuou a encará-lo. Ele abriu os braços, como quem diz “Surpresa!”, mas ao ver que a expressão de Sam continuava inalterada ele baixou os braços, o sorriso desaparecendo do seu rosto.

Oi, Sam, ele disse, parecendo constrangido.

O que você está fazendo aqui? Sam disse, sem parar para pensar antes, e logo se arrependeu de ter aberto a boca.

Senti sua falta também, Freddie respondeu, ironicamente. Vai me convidar para entrar ou eu vou ficar aqui na porta?

Sam abriu espaço e Freddie entrou, olhando atentamente para casa onde Sam e Cat moravam. Sam ainda estava surpresa, sem saber o que dizer. Desde que ela havia ido embora de Seattle a alguns meses atrás ela não havia entrado em contato com Freddie. Imaginou esse momento muitas vezes, mas não assim, de repente...

Freddie ficou esperando Sam convidá-lo para sentar, ou tomar um café, mas ele a conhecia e sabia que essas coisas não eram do feitio dela, então ele simplesmente se sentou no sofá da sala antes que ela dissesse alguma coisa. Ela sentou ao lado dele, não tão perto quanto ele gostaria, mas mesmo aquela distância, ele conseguia sentir o perfume dela impregnado no ar.

Freddie não sabia por onde começar. Tinha ficado tão desesperado, louco para encontrá-la, mas não havia imaginado o momento em si. O que iria dizer para ela?

Desculpe ter sido grossa com você, Freddie. Fiquei surpresa ao ver você. Me desculpe. Sam disse, quebrando gelo. Freddie ficou surpreso ao ouvir a voz dela. Sam pedindo desculpas era uma coisa muito rara de se ver.

Tudo bem, Freddie respondeu. Olhou para ela, para os seus olhos azuis, que pareciam grandes e assustados. A franja loira caindo sobre a testa, as mãos dela entrelaçadas e pousadas em sua perna. Ela era tão familiar que, apesar de não se verem a muito tempo, nada parecia diferente.

Sam, por que você foi embora? Freddie disse de uma vez, a pergunta que o atormentava todos os dias desde que ele descobriu que ela havia partido.

Freddie a encarava, mas ela não conseguia olhar em seus olhos. Ela encarava algum ponto distante.

Sam demorou um pouco para responder.

Eu... Não sei, Freddie. Estava me sentindo péssima. Carly havia indo embora, eu me senti sozinha, estava desesperada por uma vida nova... foi tudo mundo rápido, e eu acabei parando aqui, e eu acabei gostando, então...

Você podia ter avisado. Ficamos todos preocupados quando você sumiu. Sei que a Carly era sua melhor amiga e eu entendo que você se sentiu sozinha, mas ainda tinha o Spencer, o Gibby. Eu. Nós somos seus amigos, também. Poderíamos ter te ajudado. Você nem ao menos se despediu...

Se eu tivesse me despedido, não teria tido coragem de ir embora. Sam finalmente virou o rosto, olhando para o Freddie pela primeira vez desde o começo da conversa. Deixar vocês foi a coisa mais difícil que eu já fiz, Freddie. Acredite ou não.

Freddie não respondeu. Não sabia o que dizer.

O que você veio fazer aqui? Sam perguntou de novo, sem ser grossa dessa vez.

Queria ver você. Você não atendia as minhas ligações, não respondia meus e-mails, eu fiquei preocupado com você.

Por que? Sam perguntou, confusa.

Por que o que? Freddie estava ainda mais confuso.

Por que você se importa, Freddie?