Beautiful Mess escrita por Reid


Capítulo 8
Capítulo 7 - Trying to hide it


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Como estão?
Vamos parar por um momento e apreciar o milagre de eu ter atualizado a fic apenas com uma semana de atraso? Vamos hahaha.
Finalmente consegui voltar aos eixos com a escrita, e parece que as ideias estão fluindo novamente! O atraso de uma semana se deu porque eu fiquei extremamente empolgada em determinado momento no capítulo, e simplesmente não consegui parar de escrever (ficou grandinho, hehe). Terminei o capítulo ontem, mas resolvi segurar a ansiedade e deixar pra postar hoje, pra conseguir entrar no cronograma que combinamos! Agora parando de faladeira, vou deixar vocês com o capítulo. Espero que gostem, e nos vemos lá em baixo!
— Boa leitura!



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Capítulo 7 – Trying to hide it

Eu tenho certeza de que havia acabado de pegar no sono, e a campainha resolveu tocar. Abri os olhos um pouco assustada, e sentindo o corpo mole, já que eu estava naquele estado entre o sono e a consciência, e tentei me localizar. Olhei em volta, e enxerguei as paredes brancas da sala. Ok, eu estava no apartamento. Senti um peso um pouco incômodo sobre minhas pernas, e ao olhar para baixo, encontrei o rosto pacífico de Colin, que dormia tranquilamente. Certo, ele tinha deitado em mim logo depois que terminamos a faxina para “dar uma descansada”. Estou começando a ficar impressionada com a facilidade que esse garoto tem para dormir.

A campainha tocou novamente, dessa vez com três toques seguidos, e eu esfreguei os olhos, enquanto me levantava, colocando a cabeça de Colin cuidadosamente sobre uma almofada, e caminhava em direção à entrada de meu humilde apartamento.

– Pois não? – Falei, com a voz arrastada de sono, enquanto abria a porta, e fui recebida com três garotos sorridentes com sacolas de – aparentemente – comida nas mãos.

– Bom dia, flor do dia! – Falou Kayden, exibindo suas covinhas totalmente simpáticas e seus cabelos desgrenhados e castanhos.

– Bom dia... – Falei ainda um pouco perdida. Olhei de Kayden para Drew e Miles, que estavam igualmente animadinhos atrás dele, e que também traziam sacolas que estavam emitindo um cheiro altamente agradável. – Algum motivo especial para vocês três estarem aqui hoje, com muitas sacolas de comida na mão?

Kayden deu de ombros.

– Na verdade, não. Só estávamos andando por aí, sabe, aproveitando o dia, e achamos que seria legal parar pra comprar almoço e trazer para dividir com vocês, nossos queridos amigos. – Ele falou. Arqueei as sobrancelhas, olhando desconfiada.

– Fico feliz de saber que estou inclusa no “queridos amigos”, porque estou vendo que nosso laço afetivo de um dia fica mais forte a cada hora que passa. – Falei, fazendo graça, e ele riu, me mostrando a língua. – Mas não acredito que vocês iam sair por aí numa quinta feira de manhã, e de repente, no meio do caminho, decidir que seria legal trazer comida aqui pra casa e almoçar.

– Ele esqueceu de mencionar que estão inspecionando os dormitórios hoje, fazendo reformas e “a grande faxina”. O que significa que estamos todos na rua até às cinco da tarde. – Miles se manifestou. Concordei com a cabeça, ainda apoiada no batente da porta, observando os amigos que Colin – meus mais novos amigos, talvez? – parados do lado de fora.

– E o restaurante de comida caseira que tem aqui perto tava de promoção, então decidimos que seria super mais barato comprarmos lá e trazer pra comer aqui. Porque sabe, o restaurante só faz comida pra entrega, não tem realmente um espaço pra comer. E após um intenso estudo de logística, decidimos que vir pra cá seria a melhor opção. Quer dizer, vocês tem louça, talheres... E uma mesa. – Drew falou, e os outros dois concordaram.

Avaliei a expressão de cada um deles, que pareciam estar rezando para que eu saísse da frente da porta e eles pudessem entrar e largar as sacolas aparentemente pesadas em qualquer superfície plana dentro de casa. Após alguns segundos de avaliação intensa – que na verdade era só para deixa-los irritados – saí de frente da porta, dando um sorrisinho.

– Certo, vocês ganharam pontos por trazer comida caseira. Eu só espero que seja boa, se não, vocês três vão limpar toda a louça do almoço. – Falei, enquanto esperava que cada um deles já estivesse dentro do apartamento, para que eu pudesse fechar a porta.

Virei-me novamente para eles, e pude ver que já estavam todos na cozinha, cada um em um canto, tirando pratos, talheres, toalha de mesa, copos e guardanapos. Constatando que eu não teria muito trabalho por ali – já que eles deviam se sentir muito mais em casa do que eu, moradora oficial do apartamento, e deviam conhecer tudo aqui dentro – voltei para a sala, encontrando um Colin que esfregava os olhos, enquanto bocejava e se sentava, indicadores oficiais de que ele havia acabado de acordar.

– Bom dia princesa. – Falei para ele, sentando-me ao seu lado. Ele me olhou e fez careta para o apelido.

– Devo te chamar de príncipe também, pra entrar na brincadeira? – Ele perguntou, com um fundinho de ironia na voz. Revirei os olhos.

– Eu diria que é melhor não. – Falei, e ele sorriu – Mas caso você queira me chamar de algo mais sofisticado, tipo rainha, m’lady e outros termos nobres e femininos, não vou reclamar. – Falei, e ele riu alto, jogando a cabeça para trás. A risada que era sua marca registrada, e que eu achava imensamente ridícula e chamativa, estava passando a ser um pouco agradável de se ouvir, apesar de continuar sendo bem chamativa e ridícula.

Colin pareceu acordar completamente ao ouvir o barulho de panelas batendo uma na outra. Ele franziu a testa, olhando para mim e apontando para a cozinha.

– Antes que você pergunte, aparentemente Drew, Miles e Kayden estão barrados no dormitório até o fim da tarde, e resolveram que seria super legal e válido comprar almoço em algum restaurante caseiro que tem aqui perto e trazer pra comer aqui. – Falei, e ele confirmou com a cabeça.

– Acho bom avisar que seria aconselhável você se acostumar com aparições repentinas. Porque todo mês tem essa inspeção e esse faxinão nos dormitórios da faculdade, e eles sempre vem passar o dia aqui. Quando eles estão de bom humor, trazem comida. O ponto bom de tudo isso é que quando eles trazem, pelo menos é comida boa.

Concordei, e observei enquanto Colin levantava e se dirigia até a cozinha, sorrindo.

– Quer dizer que os maricas resolveram que vão fazer o piquenique aqui em casa? – Ele falou, chamando a atenção dos outros três garotos, que terminavam de arrumar a mesa – que até que estava bonitinha – e começavam a desembrulhar as embalagens de comida.

– Não haja como se você já não esperasse a nossa sagrada visita esse mês. Não é porque agora tem uma garota morando aqui que vamos parar de abusar da sua boa vontade e hospitalidade e nos enfiar aqui em dia de inspeção. – Drew falou, sorrindo.

– Além do mais, ter a Hallie é apenas mais um motivo para nos enfiarmos aqui. Porque não sei se te contei, mas eu e ela somos melhores amigos agora. – Kayden falou, enquanto terminava de dobrar alguns guardanapos para colocar na mesa. – Ouvi dizer que nosso vínculo afetivo cresce a cada minuto que passa.

– Pensei ter ouvido ela dizer que o vínculo cresce a cada hora que passa. – Miles falou, enquanto abria a geladeira e retirava uma jarra cheia de água, e caminhava até o armário, pegando um suco em pó. Caminhei até a parte da mesa que já estava pronta e me sentei em uma das cadeiras.

– Horas, minutos, segundos... Ninguém está realmente contando aqui, Miles. – Kayden deu de ombros. – O que importa é que eu e ela somos praticamente carne e unha a nesse ponto. Não precisa ficar com ciúmes, ok? Ela vai gostar de você também... Um dia.

Ri do comentário de Kayden, assim como Colin e Drew. Miles se limitou a continuar com a atenção voltada para a jarra, e apenas parar para mostrar o dedo para Kayden, que riu e se acomodou ao meu lado na mesa.

– Vocês tem sorte de sempre trazer comida boa. – Comentou Colin, enquanto fuçava nas embalagens de comida, que agora que estavam sendo abertas aos poucos, emitiam um aroma mil vezes melhor. Senti meu estômago roncar. – Se não já tinha botado vocês pra correr.

– Você não teria coragem. – Kayden falou, enquanto brincava com as pontas da toalha de mesa. – Todos sabemos que o nosso vínculo de amizade é tão forte quanto o recente vínculo que desenvolvi com a Hallie. Logo, o amor que você sente por mim é tão incondicional que você não conseguiria me negar uma mesa e alguns pratos para o almoço. Agora, estou falando apenas por mim. Não sei por que é que você ainda não dispensou esses dois aproveitadores que sempre me seguem até sua casa, só se aproveitam da comida e nunca lavam a louça.

Ri, enquanto observava Drew olhar para ele com cara de ofendido, levando as mãos ao peito e fazendo expressão espantada. Muito gay.

– Só pra sua informação, eu fui o único aqui que foi falar com o Mr. McDanner no primeiro dia de aula e tentar fazer amizade com ele, certo? – Ele falou, deixando as travessas com comida sobre a mesa e vindo se sentar ao lado do Kayden. – Você e o Miles ficaram todos receosos e falando “não, ele tem cara de nerd”. Eu acho que o único que realmente merece receber a casa emprestada para o almoço sou eu.

Colin se aproximou da mesa e puxou a cadeira ao meu lado, rindo muito da discussão extremamente idiota de seus, e agora meus também, amigos.

– Eu me pergunto todos os dias como é que eu fui virar amigo de vocês. Tanta gente naquela faculdade e eu escolhi o grupo mais nerd e esquisito. – Ele falou e eu olhei com ironia para Drew, Kayden e depois para Miles, que logo se juntou a nós na mesa.

– Quer dizer que vocês dois – falei, apontando para Kayden e Miles – não queriam falar com o Colin porque ele tinha “cara de nerd”, mas vocês são conhecidos como o grupo nerd da universidade? Cadê a lógica disso?

Miles revirou os olhos, enquanto começava a colocar comida em seu prato.

– Hallie, minha querida, você tem que entender uma coisa: somos nerds? Sim, claro que sim, e com muito orgulho. Mas somos nerds descolados, bonitos e eu diria que bem gostosos. Agora, o seu colega de vida ai é nerd? Sim, até demais. Mas ele é bonito, descolado e gostoso como nós três? Claro que não. Abrimos uma super exceção quando o deixamos entrar pra panelinha. – Ele falou, e eu concordei com a cabeça.

– Vou ser obrigada a concordar com a parte de que Colin não tem todos os atrativos que vocês três tem. Foi muita generosidade de vocês deixar o pobre garoto entrar na panelinha de vocês. – Falei, e segurei o riso quando Colin me olhou muito indignado, até parando de colocar comida no prato.

– Hey! – Ele protestou, e eu dei de ombros, ainda tentando me manter séria.

– O que foi? Só estou sendo sincera! Não posso danificar esse laço forte e recém-formado, que cresce a cada segundo, que formei com seus amigos. – Falei, enquanto me servia também, aproveitando que Colin se distraiu e tirando a colher das almondegas da mão dele, para que pudesse colocar algumas no meu prato. – Falando em laço forte recém-formado... O reconhecimento de vocês quanto ao nosso novo vínculo significa que eu estou dentro da panelinha?

Kayden me olhou rindo com deboche.

– Por favor né Hallie, olha o tipo de pergunta. É claro que sim. Já tava na hora dessa panelinha ter uma pessoa séria e de boa conduta. Além de mim, claro. – Ele falou, e Miles deu um tapa no braço dele, enquanto ele se desfazia em risadas. Sorri satisfeita, enquanto começava a comer.

O almoço estava sendo super agradável. Eu realmente estava gostando da companhia dos garotos. Eu nunca fui uma garota muito sociável, então vamos dizer que eu nunca tive muitos amigos além da Mariana e do Colin – por mais que esse último nunca tenha sido muito meu amigo, só está virando agora. Foi um pouco especial ouvir Kayden falando que eu era parte da panelinha deles, mesmo estando aqui há apenas dois dias, e conhecendo eles há menos de vinte e quatro horas.

Terminamos o almoço em meio a conversas, risadas e uma quase guerra de comida – que só não aconteceu porque eu banquei a mãe da casa e falei que se uma almondega, por menor que fosse, caísse no chão, ou na parede, eles iam limpar tudo sozinhos, enquanto eu assistia.

Lavamos as louças todos juntos – aí teve uma guerrinha de água, não resisti – e depois de limparmos a cozinha inteira, nos amontoamos todos na sala, porque Drew teve a brilhante ideia de fazermos uma competição no just dance.

Fazia pelo menos meia hora que estávamos jogando, e eu acho que nunca ri tanto na minha vida. Eu estava quase sem ar de tanto rir durante a super performance de Drew e Kayden de I’ve Had the Time of My Life, a música do Dirty Dance. Miles e Colin não estavam muito diferentes ao meu lado, praticamente rolando no chão enquanto os dois bailarinos da vez se abraçavam e dançavam juntinhos, tentando copiar os bonecos na tela.

– Hoooooora do salto! Vamos Jhonny*, me pega! – Drew falou, fazendo voz de mulher, enquanto se preparava para correr até Kayden, que abriu as pernas e flexionou os joelhos, batendo nas coxas, indicando que estava pronto para pegar o amigo.

– Pode vir, Baby*! – Ele falou, engrossando a voz. Drew respirou fundo, e começou a correr.

E então ele pulou, assim como a Baby do filme, nos braços de Kayden, e no mesmo segundo ouvimos um estrondo e os dois estavam largados no chão, um em cima do outro. Nesse momento eu tive certeza de que morreria de falta de ar, graças à quantidade de risadas que eu estava dando.

– Muito bom cara, muito bom! – Colin batia palmas e se revirava no chão da sala, rindo tanto que seus olhos já estavam cheios de água.

– Ninguém gravou essa porra? – Perguntava Miles, enquanto se contorcia de tanto rir, e eu só tive forças para negar com a cabeça.

Kayden e Drew não se abalaram pelo pequeno acidente, e apenas se levantaram e terminaram a coreografia, com direito à pose final, que consistia em Drew com as pernas em volta do quadril de Kayden, uma mão em volta dos ombros do amigo, e a outra jogada para o alto. No fim das contas eles ganharam três estrelas.

– Há! Três estrelas, seus putos! Todos vocês estão nos devendo cinco pratas. – Falou Drew, descendo do colo de Kayden, que se abaixou e começou a respirar fundo, como quem quase não aguenta respirar depois de tanto esforço. Continuei rindo fraco, enquanto retirava cinco libras do bolso da minha carteira e entregava para Drew. Colin e Miles fizeram o mesmo.

– Nunca mais duvido das capacidades artísticas de vocês dois. – Falei, quando as risadas cessaram. – Acho que vocês deviam fazer um teste para os papéis principais do remake de dirty dance. Vocês seriam ótimos Jhonny e Baby.

Kayden fez careta, enquanto Drew se fingia de animado.

– Estão fazendo um remake? Vou arrumar um agente agora. Ser a Baby de DD sempre foi o grande sonho da minha vida. – Falou ele, fingindo que jogava os cabelos para trás. Ri fraco, enquanto negava com a cabeça.

– Tenho quase certeza de que não, não estão fazendo um remake. – Eu disse. Drew fechou a cara.

– Muito obrigado por dar falsas esperanças a uma criança inocente como eu. – Ele falou, se fingindo de emburrado e indo até a cozinha, pegar um copo d’água.

Me ajeitei no sofá, enquanto observava Kayden desligar o Xbox, e Colin se jogou ao meu lado.

– Valeu por me contar de maneira tão brutal que eu sou um nerd feio e nada sensual, ok? – Ele falou baixinho em meu ouvido, fazendo graça, pois o riso era evidente em sua voz. Senti os cabelos em minha nuca arrepiarem, enquanto eu sorria e me virava para ele.

– Só achei que era importante que houvesse sinceridade entre nós, nessa nova etapa do nosso relacionamento, onde nós viramos amigos. – Falei, dando de ombros, e sorrindo amarelo. Colin me mostrou a língua, logo depois dando uma mordida – sim, uma mordida – em minha bochecha, e deitando a cabeça em meu ombro. O olhei indignada.

– Qual foi a da mordida? Isso é agressão, sabia? – Falei, tentando parecer irritada, e ele virou a cabeça para cima, ainda deitado no meu ombro, e me olhou zombeteiro.

– Foi uma mordida afetuosa. Get over it. – Ele falou, e continuou me olhando. Nossos rostos estavam perigosamente perto, e as borboletas já ameaçavam começar sua dança em meu estômago. Ele não virou o rosto, e aos poucos eu me vi me aproximando, sendo puxada por aqueles olhos azuis cristalinos, aquelas bochechas pálidas, que agora estavam um pouco rosadas, pelo excesso de risadas, e daquela boca vermelha. Eu estava tão perto que já podia sentir a respiração dele em minha própria bochecha. E não havia mais como voltar atrás. Naquele momento eu apenas continuei me aproximando, e finalmente toquei meus lábios...

– AI! -... Em sua bochecha, dando uma mordida bem forte ali, e fazendo com que ele praticamente pulasse para fora do sofá. Levantei minha cabeça, rindo. – Nossa Hallicia, quanta crueldade mulher! Precisava disso? Agora o meu rostinho de bebê vai ficar roxo, e pior ainda, com a marca desses seus dentes feios. – Ele falou, quase esperneando, enquanto passava as mãos pela bochecha recém mordida.

– Ah, larga de ser bebê Colin. A mordida nem foi tão forte assim. Além do mais, foi uma mordida afetuosa. – Falei, com um riso maléfico. Ele me olhou feio, com a expressão ainda doída.

– Nossas definições de afeto são totalmente diferentes, pelo que pude ver. – Falou ele, e eu só continuei sorrindo.

Foi nesse momento em que reparei que a sala havia ficado em um silêncio quase mortal, e que os três garotos – que eu havia me esquecido que estavam aqui, inclusive – nos olhavam boquiabertos.

– Cara, eu jurava, mas jurava mesmo que vocês dois iam se pegar nesse sofá, nesse exato momento. – Kayden foi o primeiro a sair de seu transe e quebrar o silêncio. Tanto eu, quanto Colin arregalamos os olhos, e fomos parar um em cada ponta do sofá.

– O que? Por quê? – Perguntei, tentando controlar os batimentos cardíacos, e rezando para que eu não ficasse corada. Eu não podia ficar corada.

– Vocês deviam ter visto o jeito que vocês estavam. Colin todo largado no seu ombro, vocês olhando um no olho do outro... E a hora que vocês começaram a se aproximar, cara, eu juro que eu achei que ia ser um daqueles momentos constrangedores em que eu ia servir de vela e vocês dois iam se pegar muito forte. – Kayden falou, um pouco incrédulo.

Colin e eu olhamos um para a cara do outro ao mesmo tempo, e começamos a gargalhar.

– Vocês acha que eu... Vocês pensaram que a gente ia...? – Tentei falar, em meio às risadas. Colin gargalhava mais do que quando Drew e Kayden estavam dançando, e os garotos apenas nos olhavam, um pouco assustados.

– Pelo amor de Deus, não! Calma aí né, gente. Nós nem deixamos o ódio pra trás, já querem que a gente saia se pegando por aí e se amando? Meu Deus. – Colin falou, em meio aos risos. Fui obrigada a concordar com a cabeça, embora meu coração batesse um pouco falho diante do “pelo amor de Deus, não”.

– Essa foi a melhor piada do dia gente. Nunca me diverti tanto, valeu. – Falei, enquanto as risadas começavam a cessar. Os três não riram, e continuaram olhando para a gente.

O momento estranho em que eu e Colin olhávamos um para o outro e ríamos, falando coisas desconexas, e os garotos apenas olhavam com caras assustadas, sem entender nada, foi interrompido pela campainha tocando. Miles olhou para a gente, enquanto parávamos de rir.

– Estão esperando alguém? – Ele perguntou. Colin e eu negamos com a cabeça.

– Alguém, não. Mas estamos esperando a mudança da Hallicia. Provavelmente são os entregadores. - Ele falou, já se levantando. – Vou lá dar uma olhada. Provavelmente eles vão querer minha assinatura, e então vão deixar suas quinhentas caixas de roupa aí.

– Hey! – Falei. – São apenas duas caixas ok? Fui obrigada a deixar a maioria dos meus pertences em casa para não entulhar seu apartamento.

Cruzei os braços, fazendo cara de emburrada, enquanto o observava caminhar até mim, rindo.

– Eu sei meu chuchu. E podia ter trazido quantas caixas quisesse. A casa é sua também, pode entulha-la como quiser! – Ele se abaixou e segurou meu rosto com a maior delicadeza do mundo, e ainda sorrindo, depositou um beijo no lado que havia acabado de morder. – Foi mal pela mordida. Apesar de eu saber que você gostou. – Ele sussurrou de um jeito nada inocente, e então se afastou e foi até a porta, me deixando completamente sem reação, corada e com o coração na boca.

Olhei para o lado, e constatei que Miles e Drew já estavam discutindo qualquer coisa sobre basquete, a maior paixão da vida dos dois. Menos Kayden. Kayden estava me olhando completamente interessando, olhando diretamente para minhas bochechas coradas e a expressão idiota em meu rosto. Tentei disfarçar ao máximo todas as reações que Colin tinha despertado em mim, mas já era tarde demais. Kayden já tinha percebido, eu tinha certeza.

Fiquei quieta, praticamente sem respirar, quando vi ele murmurar um “não adianta disfarçar Hallie, eu vi” para mim, e fiquei mais sem reação ainda quando ele me lançou um sorrisinho totalmente malicioso. Droga.

Ok eu vou ser sincera aqui. Sim, eu admiti que, ainda que seja totalmente estranho e não pareça certo, eu estou “entrando na onda” do Colin (sinta-se livre para interpretar a declaração como um “estou me apaixonando por Colin”). Mas isso não quer dizer que eu queira que a notícia se espalhe. Muito menos para um dos melhores amigos do Colin, com quem eu estou formando um laço afetivo forte a cada segundo (ou seria minuto? Talvez horas? Não lembro) que se passa.

Quer dizer, eu acho que o Kayden não vai falar nada. Mas mesmo assim, eu ainda não cheguei aos termos certos sobre esse assunto nem comigo mesma, imagine deixar o mundo saber que, hey, o cara que passou a vida inteira me infernizando, e que eu odiava até duas semanas atrás, está virando minha paixão platônica. Ainda não estou pronta para isso.

Fui tirada de todo o meu transe repentino, causado por culpa do Colin e seus atos impensados, e por Kayden e o fato de ele prestar atenção onde não deve, quando Colin fechou a porta e gritou meu nome.

– Diga meu bem. – Falei, enquanto me levantava e caminhava até ele, ainda sentindo o olhar um pouco intimidador de Kayden em minhas costas. Aquele maldito intrometido.

– São só essas duas mesmo? – Ele perguntou, apontando para as duas caixas não muito pequenas, que traziam o resto das minhas roupas e toda a minha coleção gigantesca de livros. Chequei a etiqueta que continha meus dados em ambas as caixas, e confirmei com a cabeça. Ele sorriu para mim, enquanto dispensava os entregadores e fechava a porta.

Peguei uma das caixas do chão, assim que ouvi ele terminar de trancar a porta da sala, e me coloquei a andar para o corredor. Colin pegou a outra e veio logo atrás de mim, me seguindo para dentro do meu quarto e deixando a caixa perto do guarda-roupas. Deixei a outra caixa, que estava bem pesada, bem no meio do quarto, e suspirei cansada, enquanto esticava as costas.

– Acho que preciso me exercitar mais e entrar em forma. Carreguei uma caixa inocente da porta de casa até meu quarto, e sinto que estou morrendo. – Falei. Colin sorriu torto, depois fez cara de quem me avaliava, de cima a baixo.

– Bom, eu não queria falar nada, mas acho que se você perder alguns quilinhos... – Ele falou, e deixou a frase incompleta quando viu o olhar mortal que eu lhe lancei. Ele havia acabado de me chamar de gorda?

– O que você estava dizendo, Colin? – Perguntei, entre dentes, e ele levou as mãos para cima, como quem se rende, e começou a rir de minha reação.

– Nada, eu não estava falando nada. – Ele falou, e eu continuei olhando feio, o que só o fez parar de rir, mas continuar sorrindo torto, e se aproximar de mim, enquanto esticava os braços para me abraçar. Tentei continuar emburrada com ele, mas logo desisti e o abracei de volta, enterrando a cabeça em seu pescoço.

– Eu não queria falar nada, porque você sabe, eu sou super orgulhosa. Mas eu adoro seus abraços. São aconchegantes. – Eu falei do nada, sem planejar. Quase me arrependi de ter soltado tais palavras tão assim, do nada, mas quando senti Colin me apertar um pouco mais no abraço, e enterrar a cabeça no meu pescoço, resolvi que talvez tivesse valido um pouquinho a pena soltar aquela frase.

– Você sabe que eu também sou super orgulhoso, mil vezes mais do que você, mas tenho que admitir que os seus abraços são um pouco bons também. – Ele falou, sem soltar o abraço, enquanto respirava fundo e fazia todos os pelos da minha nuca se arrepiarem. Alguns segundos depois, ele levantou a cabeça e me olhou sorrindo. – Vem, vamos voltar lá pra sala. Hora do campeonato de FIFA. Agora você vai ver quem é o verdadeiro campeão do Xbox nessa casa.

Sorri para ele, e desviei o olhar para as duas caixas que esperavam para ser desempacotadas e suspirei alto. Não que eu preferisse ajeitar o resto da minha mudança e deixar eles lá jogando. Eu gostava de ficar com Colin e os meninos. Mas depois de todo o lance do sofá, e aqueles olhares de ‘eu sei’ que Kayden ficava me lançando, achei que seria melhor se eu deixasse eles se divertirem, e ficasse na minha, arrumando minhas roupas e meus livros e DVDs.

– Na verdade... Acho que vou ficar por aqui mesmo. Começar a desencaixotar tudo, organizar o guarda-roupas, a estante... – Falei, apontando para as caixas. Colin me olhou desconfiado.

– Tem certeza? Porque sei lá, jogar FIFA me parece tão mais empolgante do que desfazer caixas de mudança... Mas é claro que isso é apenas uma opinião pessoal. Você pode achar que desencaixotar a mudança é divertido, se você quiser. – Ele falou, debochando. Ri, dando um tapinha em seu peito (muito musculoso devo dizer).

– Tenho certeza. É claro que eu preferia estourar pipoca, me largar no sofá e ver você e os meninos se matando na frente da TV, mas eu realmente não quero deixar essas duas caixas enormes largadas no meio do meu quarto. E como eu me conheço muito bem e sei que vou ficar adiando a arrumação se deixar pra amanhã, prefiro fazer tudo agora. – Falei. – Mas pode ir tranquilo, feliz e saltitante até a sala pra jogar com seus amigos. Vou ficar bem aqui. E prometo que apareço pra jantar. – Finalizei, e ele concordou.

– Precisando de ajuda pra alguma coisa, por mais besta que seja, é só correr lá na sala. Ou só gritar daqui mesmo, que eu apareço. – Ele falou, dando um beijo na minha testa e se afastando até a porta. Esperei ele fechar a porta, e me joguei na cama, pegando o celular no criado mudo, que eu havia deixado no carregador durante grande parte do dia. Chequei as mensagens pendentes – todas de Mari – e decidi que estava na hora de eu compartilhar minhas novas e intrigantes descobertas com alguém.

Disquei o número que estava em primeiro lugar dos contatos favoritos em meu celular, e vi a imagem de minha melhor amiga aparecer na tela, enquanto ouvia os beeps que indicavam que a chamada havia tido início.

– Ora, ora. Mudou pra Bristol, esqueceu que tem celular, também esqueceu dos amigos de Londres, e parou de responder as minhas mensagens. Muito bonito, dona Hallicia Climber. Muito bonito. – Mari falou, após atender a ligação, no terceiro toque. – Algum motivo especial para a ligação, ou eu devo entender isso como um ‘lembrei que você existe, resolvi dar um alô’?

Respirei fundo, enquanto me largava na minha cama e fechava os olhos, tendo a certeza de que eu finalmente poderia falar tudo, uma vez que Colin e os amigos deviam estar absortos em seu jogo de Xbox, e não ouviriam nenhuma das minhas declarações.

– Na verdade, tem um motivo especial para estar ligando sim. – Falei, e escutei um ‘Oh’ sendo exclamado do outro lado da linha. – Preciso que você desligue a TV e pare a maratona do que quer que você esteja assistindo agora, e foque completamente em mim. Porque tenho certeza de que as novidades serão impactantes. E também tenho certeza de que sua primeira fala depois que você ouvir tudo vai ser “eu avisei”. – Falei, enquanto respirava fundo. Juro que pude imaginar o sorriso safado, de quem já sabia exatamente sobre o que eu estava falando, surgindo no rosto de Mariana, do outro lado da linha telefônica.


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Notas finais do capítulo

E então gente, o que acharam? Eu até gostei do jeito que escrevi esse, do desenvolvimento dos acontecimentos... Até agora é meu capítulo 'queridinho'. Mas vamos lá, falem comigo, deixem suas opiniões! Sugestões para a fic também serão super bem vindas (ajudam a aflorar a imaginação hehehe).
Espero que tenham gostado, e prometo que o próximo capítulo vem logo, logo! Até o próximo gente, espero de todo o coração que tenham curtido mesmo.
Xx



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