Beautiful Mess escrita por Reid


Capítulo 7
Capítulo 6 - Boy, you're spinning my head


Notas iniciais do capítulo

AEEEE OLHA QUEM VOLTOU! UHUUUU

Amores meus, quero pedir milhões, bilhões, trilhões de desculpas pela demora. Eu sei, eu sei, eu sumi pelo que pareceram anos. Mas agora as coisas voltaram ao normal, o meu tempo voltou ao normal e a minha criatividade também. Não vou ficar explicando muita coisa aqui em cima, porque sei que fiquei um tempão sem postar nada, e quero que vocês possam ler logo. Então vou parar de enrolar. Boa leitura, espero que gostem, não me matem, não me abandonem pela ausência. Prometo que dessa vez estou de volta, e é pra ficar.



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Capítulo 6 – Boy, you're spinning my head

No final das contas, o jantar com os amigos do Colin foi até que bem legal. Miles, Drew e Kayden eram amigos de Colin desde que ele colocara os pés na faculdade, e além de super simpáticos e engraçados, não fizeram de maneira alguma com que eu me sentisse deslocada.

Eram quase onze e meia da noite, e eu e Colin estávamos voltando para a casa a pé, aproveitando que havia parado de chover, e a noite estava bem agradável, apesar do frio, que já era algo com o que eu me acostumara.

– Eu ainda não acredito que você conseguiu perder sua sacola com todas as roupas da sua primeira semana aqui na lavanderia da universidade. – Eu falei, enquanto me equilibrava nas beiradas de uma mureta ao lado da calçada, e ria fraco.

– Olha, eu nem sempre tive esse apartamento. Foram três meses sofridos tendo que dividir a lavanderia com todos os caras do dormitório. – Ele falou, estremecendo. Ri um pouco mais intensamente da reação dele, e graças a isso quase perdi o equilíbrio. Ele se apressou a apoiar uma das mãos em minha cintura, parando de andar e me ajudando a recuperar o equilíbrio. Lutei imensamente comigo mesma para manter o sorriso longe dos meus lábios. Eu podia estar começando a adorar todo esse contato físico que nós estávamos adquirindo, mas isso não queria dizer que eu precisava começar a dar sopa sobre isso, bem na cara do Colin.

– Juro que me vi de cara no chão agora. – Falei, apoiando as duas mãos no ombro dele – Vou pular da mureta antes que eu caída daqui de verdade. Por favor, não me deixa cair.

Ele riu, apoiando a outra mão em minha cintura e me ajudando a descer. Assim que eu estava novamente no chão, tirei os braços dos ombros dele, apenas para passar um dos braços em volta de sua cintura. Eu não sei exatamente o que havia de errado comigo, mas eu estava totalmente touch-feel com ele e eu não me envergonho nem um pouco de admitir isso.

Ele prontamente passou um dos braços que antes estava em minha cintura por cima dos meus ombros, e nós voltamos a andar.

– Então... Posso te contar uma coisa? – ele falou, quando já podíamos avistar a fachada do apartamento, e eu apenas confirmei com a cabeça, me encolhendo mais nele quando uma rajada forte de vento caiu sobre nós. – Eu sei que essa nossa amizade é recente, e que as coisas mudaram do ódio pra tolerância de uma hora para a outra, e eu também sei que provavelmente você vai achar que eu tenho problemas por estar falando isso, mas... Eu meio que gosto muito de você sendo assim mais chegada comigo. Sabe? Quando você, assim, do nada, me abraça, deita a cabeça no meu ombro... Passa a mão no meu cabelo até eu dormir. Eu sei que é esquisito e acredite, a última coisa que eu quero é te assustar, mas eu gosto.

Olhei para ele rapidamente após a pequena revelação, e tive que me segurar muito para não suspirar de alívio ao ter finalmente constatado que eu não era a única que estava se sentindo assim em relação a essa nossa nova intimidade. Tive tempo de assimilar suas bochechas extremamente brancas ficando um pouco coradas, e seus olhos desviando para o outro lado da rua.

– Isso não é esquisito. – Falei, antes mesmo que eu pudesse formular uma fala decente. Ele olhou para mim curioso e interessado. Rezei para não corar. – Quer dizer, eu não acho estranho porque eu gosto de quando você faz a mesma coisa. Apesar de, confesso, eu ser um pouco mais atirada e sempre me jogar em você primeiro. Mas quando você toma a iniciativa de me abraçar, mexer no meu cabelo... Eu gosto, muito. E eu também achava isso estranho e tentava controlar esse impulso de vamos-tocar-no-Colin mas agora que você admitiu que gosta, eu não vejo motivo pra controlar.

Eu tenho certeza de que eu não deveria ter falado tudo aquilo, mas quando eu me dei conta, já tinha saído. Pelo menos, para o meu alívio, ele só sorriu depois de ouvir meu discurso.

– Agora que você já sabe que eu gosto muito desse seu “eu carinhoso”, eu também não vejo motivo pra você controlar. Na verdade eu vou ficar muito bolado com você se você de uma hora pra outra resolver que é um momento super legal pra ficar chata comigo de novo e ressuscitar nosso ódio. – Ele falou, e eu ri.

– Eu não vou ressuscitar nosso ódio Cols, relaxa. Eu já admiti que também gosto desse nosso afeto repentino, não acho que seria muito racional eu voltar com nosso ódio agora. Falando nisso – Falei, virando-me para ele – Já que eu não preciso me “controlar” com meus impulsos afetivos, acho que isso quer dizer que você também não precisa.

Ele riu, enterrando a cabeça nos meus cabelos e respirando fundo, uma interação totalmente nova, que me fez estremecer, mas não gostar menos daquilo.

– Essa conversa um pouco constrangedora, porém reveladora, me lembrou de que alguém tem o trabalho de me fazer dormir hoje... – Ele falou, como quem não quer nada, e eu ri, não aguentando e dando um beijo em seu rosto.

– Como se eu fosse esquecer de que você me deu passe livre pra passar a mão nesse seu cabelo maravilhoso. – Falei, e ele riu.

– Essa conversa ta ficando cada vez mais reveladora. – Falou ele, quando chegamos a porta do prédio, e finalmente entramos, caminhando até o elevador, sem nos soltarmos por momento algum.

Só saímos do nosso abraço quando entramos no apartamento e Colin resolveu que precisava de um banho. Segui para o meu quarto e me joguei na cama, pensando na noite divertida que tinha tido, e principalmente nas coisas que havia dito a Colin. Ok, não havia sido uma declaração de amor. Longe disso, na verdade eu apenas havia admitido a ele que gostava do contato que estávamos tendo, e ele fez o mesmo. Mas mesmo assim, pareceu algo totalmente inesperado e revelador para mim. Não que eu me arrependesse. Pelo menos agora eu não precisava me controlar perto dele. Sorri, levantando e indo em direção ao closet, pegando meu pijama e me trocando rapidamente.

Voltei para a minha cama e resolvi mandar uma mensagem para Mari. Eu estava começando a ficar agonizada com essa distância, e havia tanta coisa pra contar pra ela sobre a evolução do meu relacionamento com Colin, que tudo o que eu queria era que ela chegasse logo em Bristol para eu poder ter algumas horas sozinha com a minha melhor amiga, e pedir conselhos sobre tudo o que estava rondando minha mente ultimamente.

Estava praticamente pronta para deitar na minha cama e embarcar no mundo dos sonhos, quando ouvi uma batida baixa e apreensiva na porta.

– Entra. – Falei, enquanto me largava na cama que eu havia começado a arrumar para dormir, mas parei ao ouvir Colin.

– Te acordei? Ou interrompi seu ritual de “vou dormir”? – Ele perguntou, um pouco apreensivo, e eu neguei sorrindo, e assisti ele imitar meu ato e se aproximar da cama, encostando a porta.

– Sabe, você não precisa bater e esperar permissão pra entrar no meu quarto. Siga as instruções que você mesmo me deu, apenas de um toque e entre direto. – Falei, e ele revirou os olhos.

– Eu não posso fazer isso. E se você estivesse, sei lá, se trocando? Eu ia entrar assim, do nada? – Ele perguntou, ainda parado aos pés da minha cama, e eu me endireitei nela para poder olhá-lo melhor.

– Sabe que é a mesma situação comigo, certo? Já pensou se eu entro no seu quarto sem me anunciar e te encontro trocando de roupa? – Perguntei, enquanto passava sutilmente meus olhos por ele, e reparava em como ele ficava lindo com o cabelo molhado e aquela camiseta branca lisa, que ficava um pouco transparente a cada gota que pingava de seu cabelo.

– Isso é diferente. – Ele falou, apoiando os braços, que reparando agora eram até que generosamente musculosos, no colchão. – Tipo, você já me viu várias vezes sem camisa. É normal garotas verem caras sem camisa. Agora, não seria muito legal eu entrar no seu quarto e te encontrar de sutiã.

– Algum problema em me ver de sutiã? Isso por acaso assombra seus piores pesadelos, Colin? Meu Deus, eu sabia que você me achava feia, mas não achava que era pra tanto. Devo me sentir ofendida? – Falei, tentando soar séria, mas não conseguindo conter as risadas. Colin revirou os olhos e finalmente se sentou aos pés da cama.

– Lógico que eu não tenho nenhum problema em ver você de sutiã. – Ergui as sobrancelhas, e ele se apressou a explicar – Quero dizer, eu não quero te ver de sutiã porque sou um amigo respeitoso. Mas se algum dia acontecer, eu não vou morrer, sair gritando, nem serei assombrado todas as noites com a visão. – Ele falou – Eu já te vi de biquíni várias vezes, e ainda estou vivo. Logo todos sabemos que não vou morrer ou ser atormentado com a visão.

– Ta vendo, você já me viu de biquíni também, o que é quase um sutiã. Então não precisa ficar todo preocupado em me ver nesse estado. – Falei, e ele ia argumentar, quando eu cortei. – E nada de dizer que o biquíni é extremamente diferente do sutiã. Vocês garotos e esse complexo de “biquíni x roupas íntimas”. Mas enfim, fique tranquilo. Se algum dia eu ouvir um toque na porta e estiver trocando de roupa, eu berro pra você não entrar antes que você possa sequer encostar na fechadura. – Falei, e ele sorriu.

– Certo, acho que eu posso viver com isso. Agora vamos parar de falar sobre ver você de sutiã, porque isso ta ficando estranho. – Ele falou, fazendo careta, e eu ri. – Eu vim até seu quarto, primeiramente, porque eu queria te dar boa noite. Mas aí eu lembrei que alguém aqui me prometeu carinho no cabelo até eu pegar no sono. E bom, eu sempre cobro as promessas que me fazem.

Eu parei de rir, mas continuei sorrindo, enquanto me sentava.

– E eu sempre pago minhas promessas. – Falei, batendo no espaço vazio do colchão ao meu lado – Vem cá, manhoso.

Ele fez careta.

– Sério Hallie, nada contra deitar do seu lado, mas se eu deitar ai, e você fizer carinho no meu cabelo, eu vou acabar dormindo na sua cama. E eu não sei se isso vai ser tipo muito estranho. – Ele falou, e eu olhei com cara de desacreditada.

– Colin, seja menos mulherzinha, por favor. Você vai deitar aqui do meu lado. E eu vou fazer carinho no seu cabelo. E quando eu ver que você está quase dormindo, eu te despacho pro seu quarto. Tudo certo? – Perguntei, e ele confirmou com a cabeça. – Certo, agora vem aqui.

Joguei os travesseiros extras que ficavam de enfeite na cama para o chão e puxei o edredom. Ele pulou do meu lado, enquanto eu me ajustava embaixo das cobertas.

– Nossa, sua cama. Ela é um pedacinho do céu. Por que minha mãe deu um colchão desses pra você, e pra mim não? – Ele perguntou, deitando-se e encostando a cabeça em meu ombro. Coloquei minhas mãos instantaneamente em seus cabelos, e comecei meu trabalho por ali.

– Porque ela gosta mais de mim do que de você, oras! Eu sou muito mais especial na vida dela do que você meu querido. – Falei, e ele riu.

– Ah é, sim. – Ele falou, se aconchegando mais no meu ombro. – Cara, esses carinhos no cabelo vão ser minha ruína. Porque de verdade, eu já to ficando com sono.

Fiz uma careta e parei minha mão.

– Ah, não. Eu nem comecei e já vou ter que te mandar pro seu quarto? Not funny at all Colin. To achando ofensivo. – Falei, cruzando os braços, e ele me olhou com expressão sonolenta, porem com um sorriso.

– Foi você quem parou de fazer carinho por conta própria. Eu não pedi. – Falou ele. – Pode continuar, se eu dormir, você me acorda quando sentir que não aguenta mais passar a mão nesse cabelo horrível e me despacha.

Sorri, colocando minha mão de volta em seus cabelos.

– Combinado. – Falei, mas no fundo estava pensando em como eu realmente não ia ficar cansada de passar a mão naquele cabelo horrivelmente perfeito. Nunca.

#

Acordei na manhã seguinte com um cheio maravilhoso de bacon chegando até meu quarto. Sem pensar duas vezes, saltei da cama e fui direto para a cozinha, onde encontrei Colin colocando comida em dois pratos que estavam sobre a bancada. Sorri para ele enquanto me sentava de frente para o prato, e ele sorriu de volta, colocando as louças na lavadora, antes de se juntar a mim.

A noite passada havia sido, no mínimo, tensa. Não estou dizendo que eu não gostei, muito pelo contrário. Eu adorei toda aquela revelação do Colin sobre curtir nossa nova proximidade, e também me senti bem admitindo que os sentimentos eram recíprocos. E isso era o que mais me assustava. O fato de eu me sentir super bem com um cara que eu queria o mais longe o possível de mim há algumas semanas atrás.

Mariana sempre falou que isso ia acontecer um dia. Que eu ia acordar e perceber que na verdade eu nunca odiei o Colin e que tudo aquilo que eu chamava de ódio era na verdade um mix de sentimentos confusos, porém não negativos. Eu sempre ria da cara dela quando ela dizia isso, mas agora, a última coisa que eu queria admitir era que eu estava começando a gostar dele mais do que como um amigo.

É claro que esse lance de “opostos se atraem”, “ódio é amor disfarçado” e todo esse tralalá fizeram um monte de histórias de amor surgirem mundo a fora. Eu só não queria que uma história assim surgisse entre mim e Colin. Ou talvez eu queira, e só esteja assustada com esse turbilhão de sentimentos que me atingiu nos últimos tempos.

Suspirei, afastando os pensamentos profundos demais para uma manhã de domingo, e foquei no café da manhã de cara maravilhosa que estava na minha frente.

– Panquecas, ovos e bacon. Melhor café da manhã ao estilo da tia Diana. – Falei, pegando o garfo e finalmente colocando alguma comida na boca.

Colin sorriu, fazendo o mesmo.

– Lembrei que você amava quando minha mãe fazia isso para o café todas as vezes que a gente viajava para o chalé. Resolvi que o clima estava propício pra ressuscitar a receita da minha mãe. – Ele falou. Cobri minhas panquecas com calda de chocolate – minha mistura favorita para panquecas – e levei um pedaço até a boca, revirando os olhos ao sentir o sabor maravilhoso.

– Pra quem passou os últimos dias falando que não sabia cozinhar, você se saiu extraordinariamente bem. Tia Diana ficaria orgulhosa. – Falei, sem ao menos olhar para ele, totalmente concentrada em meu lindo prato cheio de comida. Colin riu pelo nariz.

– Agora que você aprovou a comida, posso começar a comer sem medo de ter ficado ruim. – Ele falou, cortando um pedaço de bacon e levando a boca. – Ok, deixando o fato de eu ter feito a comida de lado, eu preciso dizer que isso aqui ta parecendo um pedacinho do céu de tão bom.

Como estava com a boca lotada de comida, e não podia rir (isso seria bem nojento, pra falar a verdade), me limitei a olhar para ele e dar um sorriso, concordando com a cabeça.

Ficamos em silêncio pelo resto do café da manhã, porque naquele momento, tanto eu quanto Colin estávamos em relacionamentos sérios com os nossos pratos e com os alimentos que estavam neles. Assim que terminamos nossa refeição, recolhi tanto o meu prato quanto o de Colin e fui até a pia, começando a lavar todo o resto da louça que não havia sido colocada na lavadora por falta de espaço. Colin levantou de sua banqueta e caminhou até uma das gavetas da pia, de onde retirou um pano de prato, e jogou por cima dos ombros. Foi até a parte da lavanderia do apartamento, pegou o escorredor de louça e o deixou ao meu lado, enquanto se instalava ali também e começava a secar as louças.

Quase uma hora depois já tínhamos lavado, enxugado e guardado as louças, arrumado e limpado ambos os quartos, o banheiro, a sala, e também havíamos separado algumas roupas e colocado na máquina. Não que a breve faxina tivesse sido planejada, mas havia sido bem útil e divertido.

Depois de ter feito toda a arrumação possível no apartamento, eu e Colin nos jogamos no sofá, lado a lado.

– Eu passo um mês sem arrumar esse apartamento, e quando finalmente arrumo e limpo tudo, fico com o sentimento de que acabei de correr uma maratona. Acho que se eu fizer isso todos os dias, não preciso nem gastar dinheiro com academia. – Ele falou, com a respiração pesada e os olhos fechados, totalmente largado no outro canto. Eu ri, ou pelo menos tentei rir com o pouco de energia que havia sobrado.

– Experimente limpar uma casa com quatro banheiros, três quartos e mais outros cômodos de convivência social de tamanho consideravelmente grande. Ai sim você vai ver o que é sentir cansaço. – Falei, recordando-me de todos os finais de semana que meus pais passavam fora, viajando a trabalho, em que os cuidados domésticos sempre sobravam para mim.

– Prefiro nem imaginar uma situação dessas. Estou completamente feliz com o nosso humilde apartamento, obrigado.

Ficamos em silêncio durante bons minutos. Quando a situação já estava começando a incomodar, resolvi falar sobre a primeira coisa que viesse a minha cabeça.

– Como é a faculdade? – Perguntei, virando o rosto para Colin. Ele tirou o braço que estava sobre seus olhos e me olhou, sem entender muito bem minha pergunta extremamente vaga, que dava brecha para várias respostas. – Digo, o curso? Sei que você faz direito, assim como eu. Queria saber como é. Se atendeu todas as suas expectativas, se você achou que ia gostar mais e se decepcionou... Se é muito difícil.

Ele ficou alguns minutos sem falar nada, antes de responder minha pergunta.

– Quando eu fui aprovado na faculdade e mudei pra cá, eu tinha a ilusão de que logo de cara já estaria manjando de todas as leis, sendo expert em todos os aspectos do curso e tudo mais. Sendo mais específico, quando eu vim pra cá eu tinha colocado na cabeça que seria super fácil virar advogado. Só que, sinto te avisar que, não é. Na verdade, super longe disso. Até você começar a estudar as matérias legais do curso, leva o maior tempo. O primeiro ano chega a ser um pouco decepcionante, se você vem com a expectativa em alta. Mas te garanto que com o tempo vai melhorando. Agora, quanto a dificuldade, eu já te aviso: nada, mas nada mesmo, nem a maior dificuldade que você passou no ensino médio, te prepara pra vida universitária. É tudo muito louco, muito corrido. Os professores não se importam com o fato de você conseguir ou não copiar as teorias do quadro, na maioria das vezes eles entram na sala e já começam a ditar a matéria direto, sem te dar nem um minuto para se localizar. É proibido gravas as aulas, então se você falou em uma, muito provavelmente você se fode. É um mundo bem diferente, e é preciso tentar se dedicar ao máximo pra conseguir boas notas e não reprovar o semestre.

Olhei para ele atônita, tentando digerir todo aquele monte de informações.

– Ok, acho que eu vou ali arrumar as minhas malas, vou voltar pra casa, lá em Londres, e vou trabalhar como caixa naquele mercadinho que tem na esquina. Tenho certeza de que o seu John vai me contratar. – Falei, fingindo que me preparava para levantar do sofá, e Colin riu, me segurando no lugar.

– Calma Hallie. Também não é o fim do mundo. É difícil? É. Mas conhecendo você desde toda a minha vida, eu sei que você pode até ter algumas dificuldades no começo, mas você vai levar de boa. – Ele falou, e eu concordei. Ele me empurrou um pouquinho mais para longe dele no sofá, e então deixou a cabeça cair no meu colo. Minha mão foi parar automaticamente naquela montanha macia de cabelos negros, e eu olhei um pouco para baixo, para que ele soubesse que eu estava prestando atenção. – Além do mais, eu já passei por tudo o que você vai passar esse ano. Conheço os professores das matérias do primeiro semestre, conheço a metodologia da universidade... Então sempre que você precisar é só dar um grito. Sempre vou ficar feliz de te ajudar.

E ai estava. Uma única frase, e meu coração começou a dar pancadas no peito, minha pressão foi lá em baixo, o sangue subiu e se alojou todo em minha bochecha, e uma vontade incontrolável de sorrir tomou conta de mim. Especialistas dizem que uma vez que você passa a ter essas sensações estranhas constantemente, diante de um ser humano do sexo oposto ao seu, relativamente atrativo, todos os sintomas apontam para paixão. Eu nunca rezei tanto para os malditos especialistas estarem errados.

Colin fechou os olhos, se aconchegando mais em meu colo. Molhou os lábios secos com a ponta da língua, e diante daquela cena, eu senti que ia ter um colapso.

– Acho que toda essa faxina não planejada me deixou muito cansado. E você passando a mão com tanta delicadeza e carinho nos meus cabelos não tá ajudando a afastar o sono. Sendo assim, eu vou dormir. Te usando de travesseiro, devo acrescentar. – Ele falou, tirando o tênis com os próprios pés, e jogando as pernas de volta no sofá. – Quando estiver na hora de irmos preparar o almoço, me acorda. Ah, e não esquece que as caixas com a sua mudança chegam hoje à tarde. Agora, boa noite.

Antes mesmo que eu pudesse me manifestar, Colin já estava ficando com a respiração pesada e o corpo mais mole, e eu tive certeza de que ele havia apagado. Em outros tempos, se ele tivesse vindo com a mínima graça de deitar no meu colo, eu tinha aproveitado a deixa para raspar as sobrancelhas dele fora, e passar maquiagem por todo o rosto, pra ele acordar parecendo uma diva, e ficar com uma puta raiva de mim pelos próximos meses. E eu vou admitir que ainda havia uma parte minha que queria muito implicar com ele e passar maquiagem nele enquanto ele dormia. Mas também havia uma parte minha que queria ficar exatamente ali, com a cabeça dele no meu colo, dormindo com uma expressão que me fazia ter vontade de abraça-lo e não soltar mais. E atualmente essa era a parte que ganhava.

Eu queria simplesmente me bater, porque não era possível que duas semanas mudassem um relacionamento de dezoito anos. Não era possível que esse período incrivelmente curto de tempo mudasse um sentimento de ódio por um outro sentimento totalmente conflituoso, que eu não queria aceitar, mas que também não queria descartar. Não era possível que quatorze dias trocassem irritação, ironia e desprezo por coração batendo acelerado, sorrisos bobos e borboletas no estômago.

Eu podia nunca ter me apaixonado na vida, e eu podia não saber como era se sentir apaixonada. Mas eu não era burra, e eu sabia exatamente a que situação as sensações novas e assustadoras que eu vinha tendo se associavam. Eu não sei se estou preparada para me abrir pra alguém do jeito que pessoas apaixonadas se abrem. Eu não sei se estou preparada para deixar outra pessoa se aproximar de mim. Eu não sei se eu estou preparada para passar a gostar tanto de uma pessoa que eu odiava, a ponto de ficar toda boba com um simples “eu te ajudo”. E eu definitivamente não estou preparada para estar apaixonada. Não estar apaixonada por qualquer um, mas sim pelo Colin. Eu tenho certeza absoluta de que não estou, e nunca vou estar preparada para me apaixonar pelo Colin.

Mas sentada nesse sofá, com ele dormindo tranquilamente, e minhas mãos passeando por seus cabelos, enquanto sinto seu peito subir e descer pela respiração constante e tranquila, a única certeza que eu tenho é que eu não tenho escolha quando estar apaixonada ou não por ele. Porque tanto minha cabeça quanto meu coração já tomaram essa decisão por mim, antes mesmo que eu pudesse ser consultada, antes mesmo que eu pudesse pensar sobre o assunto, ou até mesmo opinar. Antes que eu tivesse pelo menos a chance de procurar alguém diferente, que não dividisse comigo uma história de anos de desprezo, ironia e desejo de distância. Eles tomaram essa decisão no momento em que esse infeliz sorriu para mim na noite em que viríamos para Bristol e me estendeu aquele copo de frapuccino.

E enquanto eu olhava para a expressão relaxada dele, e para o pequeno sorriso que brincava em seus lábios, eu estava certa de que não havia mais volta. Anos de um relacionamento de ódio jogados pela janela, sendo substituídos por um sentimento novo demais, grande demais e assustador demais. Se antes eu tinha a ideia, que beirava o receio, de voltar a minha antiga relação com ele, de ver copos e pratos voando pelo apartamento, e gritos ecoando pelos corredores, ela já era uma ideia completamente excluída. Eu estou completa e indiscutivelmente fodida, porque eu estou – admitindo para mim mesma – completa e indiscutivelmente apaixonada pelo Colin. Shit.


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Notas finais do capítulo

Então? Estou perdoada pela minha ausência de - alguns - meses depois desse capítulo? hehe

Gente, explicação rápida sobre minha ausência porque acho que vocês, como leitoras fiéis, que mesmo quando eu sumi continuaram me mandando mensagens, incentivando a continuação da fic e me pedindo pra não parar, merecem uma explicação.
O segundo bimestre da escola chegou, a carga horária e a carga de matérias aumentou absurdamente. Somado ao fato de que eu estou me preparando para entregar o TCC do curso de inglês (finalmente to me formando, já posso morar fora *--*) e aos ensaios da minha companhia de dança, ficou praticamente impossível ter tempo pra tudo. Eu já não estava conseguindo conciliar tudo, e quando tudo isso começou a se misturar, eu comecei a ficar louca. Como consequência eu fiquei totalmente cansada, não tinha tempo pra estudar direito, e as notas escolares caíram. Não vou dizer que sou aluna bitolada com notas altas, que só aceita tirar nove e dez. Mas também não curto ficar sempre na média, e curto menos ainda ficar abaixo dela. Então quando as coisas apertaram de vez, precisei mudar minhas prioridades, e tive que deixar as fics, tanto BM quanto TCFC em segundo plano. Às meninas que me perguntaram em mensagem se abandonei/pretendia abandonar a fic: Não, eu nunca, jamais quero abandonar a fic, ou abandonar vocês. Vocês são mais do que meras leitoras pra mim, eu considero vocês a família de BM. E essa fic é tão maravilhosa, e eu tenho tantas ideias pra ela! A Hallie e o Colin tem uma história muito linda pra contar pra vocês, e eu não quero de jeito nenhum deixar isso se perder. Por isso achei melhor ajeitar a minha vida primeiro, para depois, quando as coisas se acalmassem, voltar e entrar de cabeça na fic, reestruturar o enredo, definir o futuro dos personagens, e escrever os capítulos com calma, tudo para que ela ficasse bonitinha pra vocês. Agora que eu tenho minha vida de volta, e felizmente o meu tempo livre também, estou com dedicação total. Não prometo pra vocês que vou postar toda semana, porque eu não quero postar capítulos meia-boca pra vocês, e sim coisas bem escritas e bem desenvolvidas, que sejam gostosas de ler e deixem todo mundo feliz. Quero que a historia do nosso casal shipper master #Callie seja muito lindinha e bem desenvolvida, ok? Mas eu prometo pra vocês que não vou sumir assim, sem nenhum aviso, nunca mais. Se eu precisar me ausentar - se Deus quiser, não vai mais acontecer - eu aviso no meu perfil, ou até posso mandar uma MP para as leitoras que quiserem!
Ok, explicações dadas, acho que vou parar de falar agora, porque isso aqui tá ficando super grande.
Antes de deixar vocês em paz, tenho uma pergunta: Uma leitora me sugeriu criar um twitter para a fic, onde eu posso interagir com as leitoras, dar alguns spoilers - Bia approves - pedir opiniões e sugestões para capítulos, e é claro, avisar quando as atts forem sair. O que vocês acham da ideia? Eu curti, mas não sei se depois desse chá de sumiço que eu tomei, eu ainda tenho leitoras interessadas na ideia de me seguirem no tt hehe. Deixem suas opiniões sobre a criação do twitter nos reviews.
E um último PS - a autora maluquinha aqui enjoou do nome de user, e mudou de Biia Mellark para Reid. Então não se assustem ao ver o nome da autora diferente, certo? Eu ainda sou a mesma Bia que começou a fic hehe.
Acho que é isso. Vejo vocês no próximo capítulo! Beijos!



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