Beautiful Mess escrita por Reid


Capítulo 9
Capítulo 8 - Have I ever told you how pretty you are?


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi gente! Como estamos?

Demorei, mas voltei! O ano letivo já acabou, amanhã presto meu último vestibular (torçam por mim) e ai estarei finalmente de férias! E sabem o que férias significam? Isso mesmo, mais atualizações pra BM, YAY!
Pra me desculpar pelo atraso na atualização, fiz um capítulo bem gigante! E preciso dizer, acho que esse é um dos meus favoritos até agora! Espero que vocês gostem. Nos vemos lá em baixo!
— Boa Leitura!



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Capítulo 8 – Have I ever told you how pretty you are?

Eu estava totalmente distraída na fila do café do aeroporto, pensando em Deus sabe o que, quando finalmente chamaram meu nome e me entregaram meu pedido: três copos grandes de café preto, sem açúcar. Ficar no aeroporto esperando o voo da sua amiga chegar a plenas 00h30min não é lá muito fácil, logo o café estava se fazendo necessário.

Agradeci a simpática atendente que me entregou os copos e saí caminhando em direção aos bancos que Colin e Kayden esperavam. Chegar até eles sem tropeçar no salto alto, e muito menos virar nenhum dos copos de café direto no chão, foi praticamente uma vitória.

– Prontinho. Cafeína para todos, aproveitem. – Falei, sentando novamente em minha cadeira, que ficava no meio dos dois, e entregando um copo a cada um. Colin pegou o copo distraidamente, pois estava extremamente focado em seu celular, onde jogava clash of clans, já Kayden pegou o copo rapidamente, dando um gole assim que tomou posse do mesmo e fazendo uma prece rápida quando finalmente sentiu o líquido quente descer por sua garganta. Dei um gole no meu café normalmente, enquanto checava o painel de voos. O pouso do voo de Mariana já estava confirmado. Dei graças a Deus, afinal, fazia apenas duas horas que eu estava naquele aeroporto.

– Eu só queria entender o seguinte: Por que mesmo que eu estou aqui com vocês dois? – Kayden perguntou, enquanto se mexia totalmente inquieto em sua cadeira. Colin revirou os olhos, enquanto tirava a atenção de seu celular e olhava para o amigo.

– Ninguém mandou você decidir que ia ficar lá em casa depois do jantar hoje, só porque não queria ir assistir Anabelle com os meninos. Consequências de se enfiar na casa alheia... – Colin falou, finalmente bebendo seu café. Kayden revirou os olhos mais uma vez.

– Eu não sabia que vocês iam vir buscar a tal da amiga esquisita. E hey, eu estava apenas prezando pela minha vida. Era me enfiar no seu apartamento até os garotos voltarem, ou assistir aquele filme do capeta e ficar traumatizado pelo resto da vida. Você lembra do que aconteceu da última vez que assistimos um filme de terror, não lembra? – Ele falou, enquanto se ajeitava mais confortavelmente na cadeira, esticando o pé sobre a outra ao lado, que estava vazia.

Colin começou a querer rir e quase cuspiu o café que estava em sua boca, tendo um pequeno ataque de tosse e depois rindo de verdade.

– Você não vai acreditar. – Ele falou, passados todos os ataques de riso e tosse, virando-se para mim – Esse cara aqui, todo metido a machão, foda, “eu não tenho medo de nada” quase morreu assistindo “O Chamado”. Sério mesmo, ele ficou durante pelo menos três meses sem querer nem se mexer direito depois que as luzes do dormitório estavam apagadas. Sem falar que nas primeiras férias que tivemos, fomos pra casa de férias do Miles e tivemos que dividir o quarto... – Colin fez uma pausa, olhando para Kayden, que colocou as mãos no rosto, xingando baixo. Ele sorriu antes de se voltar para mim, se divertindo com o sofrimento do amigo. – E durante a noite, ele ficava me enchendo o saco pra fechar a porta do banheirinho que tinha no nosso quarto. Sabe por quê?

Neguei com a cabeça. Colin riu baixinho, enquanto olhava para o amigo, que agora afundava na cadeira, com o rosto ainda escondido entre as mãos. Apenas de observar sua reação eu já tinha uma vontade absurda de rir.

– Ele tava com medo da Samara sair de dentro do vaso sanitário. – Colin falou, finalmente.

Tivemos um minuto de silêncio mortal, onde Kayden desenterrou o rosto das mãos e me olhou, esperando alguma reação, e Colin fez o mesmo. E então eu olhei para Colin, e cinco segundos depois, explodimos em risadas escandalosas.

– Por que caralho a menina do filme ia sair do vaso, Kayden do céu? – Eu perguntei, enquanto enxugava as lágrimas que surgiram da minha gargalhada exagerada, e lutava para parar de rir. Colin praticamente rolava no chão ao meu lado, e Kayden ficava mais vermelho do que um pimentão, a cada nova risada que soltávamos.

– Eu apenas usei a lógica, ok? – Ele falou, tirando os pés da outra cadeira e se sentando direito, parecendo bem puto. Isso apenas intensificou meu ataque de risos. Do vaso sanitário, cara, sério mesmo? – Pensa comigo: A Samara, ela sai do poço que tá na fita da televisão no filme, certo? – confirmei com a cabeça, ainda rindo, mas me controlando um pouco. As pessoas a nossa volta já estavam começando a olhar. – Então, já que na casa do Miles não tinha poço, nada mais lógico do que a menina do capeta lá sair do único lugar com água acumulada e parada daquela casa: O vaso sanitário!

Não vou dizer que o pensamento dele não fazia sentido, mas toda aquela teoria era tão idiota que eu só consegui rir mais ainda. E só consegui parar de rir quando meu celular vibrou com uma mensagem de Mari, avisando que havia desembarcado e que assim que pegasse as bagagens, nos encontraria em frente ao portão de desembarque doméstico. Respondi a mensagem rapidamente e me levantei, ajeitando a blusa fina que eu usava naquela madrugada um pouco fina, e colocando minha jaqueta de couro de volta.

– Galera, Lady Mariana chegou. Ela pediu pra gente esperar ela do lado de fora do portão de desembarque doméstico. Ela só vai pegar as bagagens, e ai podemos ir embora. – Falei, enquanto dava uma esticada geral no corpo e caminhava até o lixinho que estava ao lado da nossa fileira de cadeiras, e descartava meu copo de café, agora vazio.

– De quantas bagagens, mais ou menos, nós estamos falando aqui? Porque sabe como é, o porta-malas do meu carro é um ovo, se ela tiver trazido mais de duas malas, daquelas gigantes, não vai caber. – Colin falou, e eu dei de ombros.

– A Mari não é tão encanada com roupa, então tenho certeza de que ela trouxe no máximo dos máximos uma mala grande e uma mochila. Só com o essencial. Porque de qualquer forma, a bagagem dela chega depois de amanhã. – Falei, e ele concordou com a cabeça.

Caminhamos até o portão, e paramos mais ao fundo, esperando o momento em que ela sairia. Apesar do horário, o aeroporto estava consideravelmente cheio, e várias famílias se amontoavam na frente das barras de segurança do portão de desembarque, esperando conhecidos, parentes ou seja lá o que for deixarem a sala de desembarque.

Não mais que cinco minutos de espera se passaram, e Mari disparou portão a fora, carregando apenas uma mala média e uma mochila, junto com sua bolsa, um fon que ela não dispensava em viagens por sempre travar o pescoço enquanto dormia e um livro nas mãos. Assim que a vi, acenei para ela, e em poucos segundos ela já estava em minha frente, largando tudo no chão e me puxando para um abraço um pouco sufocante, mas que havia me feito extrema falta nos últimos dias.

– Vamos combinar o seguinte: nunca, mas nunca mesmo, vamos ficar um dia sequer longe uma da outra, ok? Eu achei que já tinha enjoado de ver essa sua cara deplorável todos os dias, o dia todo, mas ficar sem minha melhor amiga por uma semana foi tortura. Então, por favor, vamos voltar a viver grudadas. – Ela falou, enquanto nos apertávamos e quase sufocávamos uma a outra no meio do aeroporto. Um breve momento depois nos soltamos, e eu confirmei sorrindo.

– Nunca mais. Foi horrível não ter você aqui pras maratonas de Star Trek, Senhor dos Anéis e O Hobbit. Você sabe como foi horrível ter que aturar o Colin perguntando tudo sobre os filmes de cinco em cinco segundos? – Perguntei, fazendo graça para provocar meu colega de apartamento, que soltou um ‘hey’, se fingindo de ofendido.

Mari balançou a cabeça, concordando comigo.

– Imagino seu sofrimento. Passava por isso toda vez que você me abandonava com ele nas maratonas de Supernatural e eu tinha que ficar explicando toda uma filosofia de vida nerd ligada à série. – Falou ela, e nós rimos. – E ele ainda se diz nerd... Só porque gosta de Harry Potter, vai entender.

Rimos mais um pouco, enquanto éramos separadas por Colin, que não aguentou continuar se fingindo de atingido e agora sorria, puxando Mari para ele e a abraçando.

– Você também gosta de Harry Potter, então não fala nada. – Ele disse, e Mari riu – E sabe, eu adoraria que alguma vez na vida, você me desse mais atenção do que você da pra Hallie. Vocês ficaram longe por uma semana, eu fico longe de você por praticamente um ano todo, e mesmo assim você ainda prefere ela. Sacanagem.

Revirei os olhos, enquanto observava Mari fazer o mesmo e se afastar dele, sorrindo.

– Você entendeu que eu quis dizer que só porque você é fã de Harry Potter não significa que você seja super nerd. Talvez só um pouquinho nerd. Mas agora que estou aqui, vou te transformar em um verdadeiro entendido do mundo nerd. – Ela falou, e ele sorriu, concordando. – E pode parar com essas graças de ser ciumento. Você sabe que você é meu melhor amigo. Mas a Hallie é minha alma gêmea, e eu amo mais ela do que você. Pensei que a gente já tinha passado por essa conversa. – Falou ela, e ele fechou a cara, fazendo biquinho e saindo de perto.

– Essa doeu, cara. Essa doeu muito. Eu já sabia que você preferia mais ela do que eu, mas não precisava jogar assim, na cara, no meio do aeroporto e na frente de todas essas pessoas. – Colin falou, se afastando cada vez mais. – Depois dessa vou até ir lá pagar o estacionamento. E pode se preparar, que eu tava planejando ir dormir na sala hoje, pra você, minha melhor amiga do mundo, ir dormir confortavelmente no meu quarto, mas depois desse desprezo todo, eu vou deixar você no sofá mesmo.

E com isso ele saiu em direção ao balcão onde validam o ticket de estacionamento, deixando eu e Mariana com sorrisos bobos na cara. Colin pode ser um completo bobão quando ele quer.

Ficamos olhando até Colin atingir a fila um pouco grande do balcão, em silêncio, até que uma tosse discreta me trouxe de volta para a realidade. Olhei para trás de Mari, e Kayden se encontrava em pé, com as mãos no bolso, um pouco perdido da vida. Arregalei os olhos, caminhando até ele.

– Meu Deus, eu esqueci que você tava ai! Desculpa! – Falei, enquanto parava ao lado dele e pegava seu braço, puxando-o para mais perto de Mari, pronta para apresenta-los. – Mari, esse é o Kayden, um dos amigos da faculdade do Colin que veio com a gente hoje porque tava com medo de ir com os amigos assistir Anabelle, e com quem eu criei um laço afetivo que cresce a cada segundo. – Falei, colocando-os frente a frente.

Kayden olhou para mim com uma cara de paisagem.

– Espero que você saiba que nosso laço afetivo que aumenta a cada segundo acabou de diminuir, porque você simplesmente esqueceu da minha existência e me deixou plantado ali que nem uma estátua, totalmente deslocado e sem entender nada. – Ele falou, e logo depois virou-se para Mari, dando um sorriso que beirava o sedutor. Kayden é um cara extremamente, e eu pegaria fácil, fácil. Nem me surpreendo pelo fato de minha amiga estar de queixo caído, e praticamente babando enquanto olha para ele. – Kayden Johanson, estudante de direito do terceiro ano da Universidade de Bristol, ao seu dispor.

– Mariana Sloan, futura estudante de História da mesma universidade que você. Espero que você saiba que, se colocando ao meu dispor, você acaba de se declarar meu mais novo escravo. – Ela falou, e eu ri ao ver a expressão assustada de Kayden.

– Ninguém mandou você sair querendo ser gentil. – Falei, colocando as mãos para o alto. Mari sorriu de uma maneira maliciosa, enquanto eu olhava para o lugar onde Colin estava. Ele terminou de validar o ticket e logo acenou para a gente, fazendo sinal para que fôssemos para a saída. Ele foi caminhando na frente.

– Parece que alguém ficou bolado de verdade. – Falei para Mari. – Acho que você vai dormir no sofá...

– Há, há, há sua engraçada. Mais fácil eu te arrancar do teu quarto, do que eu dormir no chão da sala do McDanner. – Ela falou, enquanto pegava as bagagens do chão e se preparava para andar. Ela fez uma expressão de cansaço e desconforto ao colocar a mochila, que parecia bem pesada nas costas. Olhou maliciosamente para mim mais uma vez, antes de se virar para Kayden e simplesmente largar a mochila, a bolsa, o fon e a mala de rodinhas, tudo na mão dele. Escondi o rosto nas mãos, abafando uma risada. Senhoras e senhores, apresento-lhes minha sutil melhor amiga, Mariana Sloan. – Kaylon, leva pra mim, que eu to muito cansada. Obrigada, de nada.

E dito isso, ela veio até mim, enroscou seu braço no meu e começou a me puxar em direção à saída. Kayden ficou lá atrás, olhando com cara de perdido por um breve momento, mas logo depois suspirou, ajeitando a bagagem dela nas mãos – colocando a bolsa em um ombro, a mochila no outro, o fon no pescoço e puxando a mala – e veio caminhando atrás de nós duas.

– Esse amigo do Colin, eu preciso dizer, tá de parabéns. – Ela falou baixo no meu ouvido, e eu soltei um risinho.

– Sim, ele é. – Falei sorrindo. Já sabia que essa seria a opinião dela no momento em que conheci Kayden. E devo admitir, ele realmente é muito, mas muito bonito. – Vem cá, você sabe que o nome dele é Kayden, não Kaylor, né?

Ela me olhou com uma expressão divertida.

– Claro que eu sei. Mas ele não precisa saber que decorei o nome, o sobrenome, o RG e a placa do carro logo no primeiro contato. Você me conhece, nada de dar mole logo de cara. Mesmo que seja pra um gato desses. – Ela falou, piscando para mim e eu concordei.

– Certíssima você.

Chegamos ao lugar onde havíamos estacionado, e Colin já esperava com o porta-malas aberto. Ele sorriu para Mari, enquanto caminhava até Kayden e o ajudava com as bagagens.

– Mal chegou e já encontrou um novo cachorrinho? – Ele perguntou para a morena ao meu lado, enquanto voltava com a mala de rodinhas e o fon. Ela sorriu, confirmando alegremente.

– Onde quer que eu vá, eu sempre vou encontrar um cachorrinho. Nos conhecemos da vida toda, e você ainda não aprendeu isso sobre mim, chuchu? Sério? – Ela falou, e tudo o que Colin fez foi rir, enquanto depositava a mala no porta-malas e esperava Kayden terminar de descarregar o resto, para fechá-lo. Eu e Mari entramos no carro, direto no banco de trás, enquanto esperávamos os garotos terminarem.

– Ok nós duas super precisamos conversar. – Ela falou, virando-se para mim um pouco eufórica – Puta que pariu Hallicia, como é que você cospe essas verdades bombásticas pra mim assim, via Face Time, enquanto eu estou em outra cidade?

Mordi o lábio, me sentindo um pouco culpada por ter contado as coisas para Mari, e também nervosa por saber que Colin estava ao lado de fora do carro, e que podia entrar em qualquer segundo e ouvir minha amiga surtando no carro comigo, sobre um assunto que envolve única e exclusivamente a sua pessoa.

– Desculpa. Sério, eu preferia ter esperado você aparecer e tudo mais, pra tocar no assunto, mas eu fiquei tão desesperada depois de ontem, que eu precisava te contar. Você sabe, eu conto tudo pra você. – Falei, e ela sorriu.

– É, eu sei. Bom, eu não ia querer que você esperasse pra me contar, de qualquer maneira. Mas nós realmente precisamos conversar sobre o assunto cara a cara, abertamente, com muitos detalhes e revelações. De preferência longe do seu apartamento, porque eu sei que mesmo com o Colin fora, você ia se segurar na hora de falar, com medo de ele aparecer. – Ela falou, e eu concordei.

– Eu só estava esperando você chegar pra finalmente fazermos isso. Tipo, amanhã mesmo precisamos fugir dele e ter um dia feminino. Uma semana é tempo o suficiente pra acontecimentos históricos. – Falei, e me apressei ao ouvir o porta-malas sendo fechado – Mas em casa a gente conversa direito sobre isso. Agora cala a boca que eu não quero que o Colin pegue nem uma mísera vírgula dessa conversa.

Ela concordou, e no segundo seguinte Colin e Kayden abriram a porta do carro ao mesmo tempo. Colin colocou o cinto de segurança e, antes de ligar o carro, virou-se e colocou o fon sobre o pescoço de Mari.

– Bem vinda a Bristol, chuchu! – Foi tudo o que ele disse, antes de dar uma piscadinha para nós duas e voltar o corpo para frente, ligando o carro e dando ré, pronto para ir embora.

#

Chegamos em casa consideravelmente rápido, graças ao horário em que deixamos o aeroporto, e a consequente falta de carros na rua. Assim que chegamos, Kayden largou as malas de Mariana na porta, totalmente morto, e se jogou no sofá. Mariana se colocou a fuxicar cada canto possível – e impossível – do meu apartamento, e Colin sumiu para a cozinha. Acabei sobrando no hall de entrada. Suspirei, trancando a porta, enquanto tirava o casaco e jogava tanto ele quanto minha chave em cima do aparador ao lado da porta. Caminhei até a cozinha, sem ter certeza sobre querer comer alguma coisa, ou apenas tomar um copo de leite gelado.

Encontrei Colin encostado na pia, sem jaqueta, com os braços cruzados sobre o peito, vestido apenas em uma camisa branca básica, gola em V, que destacava os músculos do seu braço. Senti um arrepio passar por minha espinha, e tive que me segurar para simplesmente não fazer nenhum som constrangedor ali, no meio da cozinha, com apenas nós dois no ambiente.

Caminhei até a geladeira, e optei por tomar apenas o leite. Peguei um copo no armário e o coloquei sobre a pia, derramando leite até enchê-lo. Colin terminou de beber seu suco de uva – uma paixão que ele tem desde sempre – e colocou o copo na pia, voltando a encostar-se e olhando para mim com um ar divertido.

– Por que você não bebe da caixa? É tão mais fácil.

Olhei para ele enquanto colocava a caixa de volta na geladeira. Peguei meu copo, me encostei na pia ao seu lado, e dei um gole.

– É meio anti higiênico colocar a boca na caixa de leite. Tipo, não sou só eu que vou beber né. Não quero deixar meus germes em um leite que será compartilhado. – Falei. Fiz uma pausa para realmente beber o meu leite, enquanto ele olhava para mim, tentando manter a expressão séria.

– Você não tá me dizendo que tem nojo, né? – Ele perguntou, e eu apenas o olhei, bebendo. – Porque sinto te dizer, mas eu bebi metade da caixa hoje de manhã. E te garanto, não coloquei o leite no copo.

Arregalei os olhos, pronta para cuspir o leite – que eu já havia colocado na boca e estava pronta para engolir – na boca. Pousei o copo na pia um pouco abruptamente, empurrei Colin pra longe e abri a torneira. Não cuspi o leite, porque isso seria muito nojento e constrangedor. Mas depois de engolir – com um esforço tremendo – lavei todos os cantos possíveis da minha boca com a água. Foi só quando desliguei a torneira que ouvi a gargalhada escandalosa que Colin estava dando. Fechei a cara.

– Tá rindo do que, o idiota? – Perguntei, cruzando os braços. – Ai que nojo, Colin! Você podia pelo menos ter me avisado, assim que me viu colocando o leite no copo! Porra, menino, acho que vou passar mal.

Ok, talvez eu seja um pouco exagerada. Mas se tem uma coisa que eu tenho nojo, é baba alheia. E pessoas que ficam bebendo da caixa. Será que a mãe dele nunca ensinou que, além de azedar o leite, é antiético beber da caixa de leite sabendo que outra pessoa bebe o mesmo leite que você?

– Eu não bebi da caixa o cabeção. – Ele falou, ainda rindo. Arregalei os olhos, ficando morta de raiva no mesmo segundo. Precisava me fazer praticamente cuspir o leite? E pra quê? Pra ficar rindo que nem trouxa? Ai que ódio. – Eu tenho nojo dessas coisas, nunca faria isso. E outra, te conheço desde que você nasceu. Sei que você é tão nojenta quanto eu.

Fuzilei Colin com os olhos, e no segundo seguinte estava distribuindo milhões de socos pelos seus braços e peito musculosos. E ele? Apenas ria, como se eu fosse a coisa mais engraçada do mundo.

– Seu idiota, precisava fazer isso? Você quer me matar de nojo? Eu quase joguei o leite no ralo, sabia? Você sabe quanto ta custando uma caixa hoje em dia, pra ficar desperdiçando copos cheios de leite, assim? – Desandei a falar, enquanto continuava batendo nele, e via ele continuar rindo. – Para de rir de mim o caralho!

Ele riu mais um pouco, enquanto tentava agarrar meus pulsos para me fazer parar de bater nele. Nem preciso falar que em dois segundos eu estava prensada contra a pia, com ele segurando meus pulsos, e me olhando sorrindo. Prendi a respiração. Ficar prensada entre uma pia e Colin definitivamente não estava nos planos para hoje. Nem para um futuro próximo.

– Desculpa, mas é que te irritar sempre foi tão legal. E não que essa nossa fase de amizade não seja linda, muito pelo contrário, eu adoro. Mas vou estar mentindo se disser que não senti falta de encher seu saco. – Ele falou, e eu juro que eu tentei continuar com a cara brava, mas um sorrisinho teimoso surgiu nos cantos dos meus lábios. – Sem falar que você fica muito bonitinha quando tá brava comigo.

OK, PARA TUDO QUE POR ESSA EU NÃO ESPERAVA.

Olhei para o rosto dele, que continuava sorrindo, e tentei controlar as batidas do meu coração – coisa que é impossível – que insistia em aumentar a frequência absurdamente. Certeza que a essa altura ele já estava sentindo marteladas contra o próprio peito.

– Vocês dois, por favor arrumem um quarto. Vou tomar café da manhã aqui amanhã, e não quero imaginar que vocês fizeram coisas impróprias na pia da cozinha durante a madrugada. – Mariana entrou na cozinha, já de pijama, e se dirigiu até a geladeira, abrindo-a e enterrando a cara lá dentro, como se fosse dona da casa. Revirei os olhos para ela, ato que Colin copiou enquanto se afastava de mim e ia até a mesa da cozinha e se largava em uma cadeira da cozinha.

– Até onde eu sei, a casa é minha e da Hallicia. Se a gente quiser fazer coisas impróprias na pia da nossa cozinha, o problema de ter que tomar café aqui amanhã é seu, e não nosso. Porque sabe, ninguém tá te obrigando a comer aqui em casa. Tem um Starbucks aqui do lado do apartamento. Sinta-se à vontade pra caminhar até lá amanhã cedo. – Ele falou, enquanto apoiava os braços na mesa e deitava a cabeça sobre eles. Ri com a resposta, enquanto me virava para pegar o copo de leite intacto e rezava para não corar diante do comentário dele.

Mari não se abalou e continuou com a cabeça dentro da geladeira, analisando cada embalagem que se encontrava ali, na esperança de encontrar algo que a satisfizesse.

– Até parece que eu vou gastar dinheiro pra tomar café no Starbucks quando eu tenho a sua cozinha a minha disposição, pelos próximos dois dias. – Mari falou, e logo se virou para olhar para ele. – Cozinha que, devo dizer, está mais do que pobre. Sério mesmo Cols, não tem nada que preste aqui. Vou te levar ao mercado amanhã cedo pra gente comprar algumas coisas bem gostosas, ta certo? Não precisa se preocupar.

Colin apenas grunhiu, escondendo o rosto entre os braços. Terminei de tomar meu leite e me levantei, indo em direção a pia para deixar o copo que eu havia terminado de usar. Enchi o vidro de água e deixei lá dentro, junto com as outras louças que eu lavaria no dia seguinte, e caminhei em direção a porta da cozinha, dando uma parada rápida ao lado de Colin, batendo amigavelmente em suas costas e me abaixando para sussurrar um “foi você quem convidou ela pra ficar aqui em casa até o dormitório dela ser liberado” em seu ouvido. Sua resposta ao meu sussurro foi um grunhido sofrido ainda mais alto do que o outro. Balancei a cabeça, sorrindo, enquanto caminhava até a sala e me sentada ao lado de Kayden, que resolveu usar meu colo de travesseiro assim que me sentei.

– Vai dormir aqui, gatinho? – Perguntei, enquanto passava as mãos pelo cabelo dele. Ele me olhou surpreso.

– Gatinho? Já estamos no nível dos apelidos carinhosos, então? E esse gatinho, foi no sentido ‘quero te pegar forte agora mesmo’ ou ‘você é um amigo lindo e fofo que eu considero irmão e por isso vou chamar de gatinho’? – Ele perguntou, ajeitando a cabeça em meu colo e me olhando sorrindo. Claro que eu sabia que ele estava brincando.

– Sinto te desapontar, mas foi no segundo sentido. – Falei, sem parar de passar a mão em seu cabelo – Mas espero que a sua animação com a primeira opção signifique que você me pegaria, se eu te quisesse.

Ele riu, fechando os olhos e relaxando no sofá.

– Claro que eu pegaria, feliz da vida. Mas nós dois sabemos que você tá curtindo alguém, e esse alguém não sou eu, certo, Hallie? – Ele falou, pra provocar. Parei o carinho em seu cabelo por um segundo, mas dei de ombros e voltei a brincar com os fios. Ele já havia se dado conta ontem e eu havia percebido. Não tem porque ficar surpresa com ele sabendo. E também, não vejo nenhum problema no Kayden ficar sabendo. De todos os meninos, ele é o único em quem eu confiaria agora, pra contar esse tipo de coisa.

– Sim, nós sabemos. Mas nós não vamos falar sobre isso com ninguém, além da Hallie e do Kayden, não é gatinho? – Perguntei, e ele abriu os olhos, sorrindo.

– É claro que não, gatinha. Seu segredo está bem guardado comigo. Mas eu só digo uma coisa: você precisa me contar essa história direito. Pensei que vocês se odiassem. – Ele falou, voltando a fechar os olhos. Suspirei.

– E a gente meio que se odiava. – Falei. – As coisas mudaram muito de uma hora pra outra, e eu ainda to perdida. Não sei se eu ia ter muita coisa pra te falar sobre, ainda. Mas nós vamos conversar sim. Só não aqui, e muito menos perto do Colin.

Ele concordou com a cabeça, e encerrou o assunto. Alguns minutos depois Colin e Mari entraram na sala. Colin foi até o aparador perto da porta e pegou seu celular.

– Vai dormir aqui, amor? – Colin perguntou, com uma voz afetada, enquanto sentava na outra ponta do sofá e colocava os pés de Kayden em seu colo com uma das mãos, enquanto a outra mantinha-se ocupada com o celular.

– Hey, o Kayden é meu gatinho, com licença. – Falei, me fingindo de enciumada, enquanto pegava uma das mãos de Kayden que descansavam no colo dele e entrelaçando nossos dedos. Colin desviou o olhar da tela do celular e me olhou indignado.

– Queridinha, eu cheguei na vida do Kayden muito primeiro do que você, ok? Portanto ele é meu amor, e eu espero que você esteja ciente de que eu sou ciumento, não to gostando dessa zoeira e não sou obrigado a ver você segurando a mão do meu homem. – Ele falou, parecendo uma diva. Dei risada, e Kayden também sorriu.

– Calma, meus lindos, tem Kayden pra todo mundo. – Ele falou, ainda de olhos fechados. Ele parecia extremamente cansado. Nem sei porque, não fez nada a não ser ficar jogado no meu sofá o dia todo.

– Pra mim também? – Mari perguntou, aparecendo na sala, secando os cabelos com uma toalha e se jogando na poltrona ao lado do sofá, já pegando o controle e monopolizando a TV.

– Pra você também, Mari. – Ele falou, com a voz um pouco mais suave, e eu e Colin nos olhamos, sorrindo. Kayden estava ferrado. Dou no máximo três meses até ele estar completamente apaixonado por ela. – Respondendo a sua pergunta, amor, eu vou dormir aqui sim. Já são quase duas horas, e eu to cansadão. Além de não estar afim de pegar o carro e voltar pra faculdade. Ficar lá me lembra que as aulas estão prestes a voltar.

Colin concordou, voltando a atenção para o telefone.

– Já que você vai ficar, então me ajuda aqui: Pizza ou cachorro quente? – Colin perguntou, e só a menção de comida atraiu a atenção de todos os presentes na sala. Inclusive a de Mariana, que havia pego uma maratona de Dexter pela metade.

– Pizza. – Falamos eu, Mari e Kayden, todos ao mesmo tempo. Colin confirmou, discando alguns números e levando o telefone ao ouvido. Se levantou e foi para a cozinha fazer o pedido, sabe-se lá porque.

– Ele tem problemas com qualquer tipo de barulho quando ele tá no telefone. – Kayden respondeu, sem mesmo que eu perguntasse. Concordei com a cabeça.

Colin colocou a cabeça para fora, tirando o celular rapidamente do ouvido e nos chamando.

– Calabresa ou peperoni? - Perguntou.

– As duas. – Kayden respondeu. Colin olhou para mim, e dei de ombros. Eu gosto das duas, então realmente eu não me importava. Depois ele dirigiu o olhar a Mari, que estava tão concentrada na TV que nem prestou atenção. Ele revirou os olhos e voltou para a cozinha, terminando o pedido. Cinco minutos depois, ele estava de volta na sala.

Ele caminhou até o sofá e se sentou no mesmo lugar que estava. Desejei que Kayden não estivesse deitado no meu colo, assim eu poderia me sentar mais perto de Colin. Ou ele poderia se sentar mais perto. Não importa muito quem iria se mexer para perto de quem, na verdade. Tudo o que importava era que eu e ele estaríamos sentados bem mais próximos do que estávamos agora. Separados por um Kayden. Trágico.

Conseguimos assistir a um episódio completo de Dexter até o porteiro ligar em casa e avisar que o entregador já estava lá em baixo. Kayden se levantou antes mesmo que alguém pudesse começar a velha discussão de “quem vai buscar”.

– Podem deixar, eu desço, eu pego, eu pago. Já que eu vou ficar aqui de intruso, o mínimo que eu posso fazer é bancar o jantar. – Ele falou, e nem eu nem Colin discutimos.

– Espera, eu vou com você. – Ouvi Mariana praticamente gritar, despertando de seu transe causado por séries de TV e pulando da poltrona, calçando as pantufas do tigrão que ela tinha e ajeitando o shorts extremamente curto que ela usava como pijama. – Só um segundo que eu vou pegar minha carteira.

– Carteira? – Eu, Colin e Kayden perguntamos, sem entender muito. Kayden havia acabado de falar que ia pagar, pra que pegar a carteira?

– É! Se o Kayden vai pagar porque tá aqui de intruso, me sinto na obrigação de rachar o gasto com ele. Afinal, eu também estou aqui de intrusa. – Ela falou, já sumindo pelo corredor. Eu e Colin ficamos nos encarando, cada um em uma ponta do sofá, sem entender nada. Se tem uma coisa que Mariana nunca fazia era se oferecer pra rachar ou pagar a conta. Ela só fazia isso quando era obrigada, ou quando todo mundo ia dividir, o que claramente não era o caso ali. Ela voltou saltitante pelo corredor, e parou ao lado de Kayden, com um casaquinho leve por cima da blusa de alcinhas do pijama, e pasmem, dinheiro de verdade na mão. Por um momento pensei que ela estava brincando e queria apenas descer com Kayden pra ter uma oportunidade de jogar seu charme sem eu ou Colin perto para encher o saco.

– Mari, sério mesmo, eu pago. Não precisa. – Ele falou, parando em frente à porta, antes que eles pudessem sair. – É seu primeiro dia em Bristol, o mínimo que a gente pode fazer é pagar a comida e causar uma boa impressão.

Ela revirou os olhos, empurrando-o delicadamente e destrancando a porta com a chave que ela achou jogada no aparador – provavelmente a minha.

– Você pode me causar uma boa primeira impressão pagando o jantar no nosso primeiro encontro. Agora hoje, acho bom você deixar eu rachar a conta com você. Porque se você não deixar, Kayden, nós nunca vamos ter um primeiro encontro. – Ela falou sorrindo de um jeito muito tenso. Fiquei com vontade de rir da carinha de assustado dele. – Agora vamos, se não as pizzas esfriam, o entregador cansa de esperar e deixa as caixas com o porteiro, e ele acaba comendo a nossa janta.

Sem mais discussões, os dois sumiram porta a fora. Assim que ouvimos a porta fechar, Colin brotou ao meu lado, deitando a cabeça no meu colo e me olhou rindo muito.

– Algo me diz que a Mariana já começou a investir forte no Kayden. Você viu, até dinheiro ela pegou! E pelo visto vai pagar mesmo. – Ele falou, ainda rindo, e eu fui obrigada a rir junto.

– Nunca vi a Mariana ir tão rápido assim. Ela deve ter achado o Kayden muito gato pra isso. – Falei, e ele concordou. – Já até falou de primeiro encontro, to impressionada. Normalmente ela é direta e indiscreta, ok, mas não tão direta e indiscreta assim.

Colin concordou.

– Não entendo porque é que todas as meninas sempre morrem pelo Kayden. Ele nem é tão maravilhoso assim, é? Quero uma opinião sincera. – Ele falou, e quando eu ia protestar, ele levou o dedo a minha boca e me parou. – E nada de falar que não reparou, porque eu sei que você reparou. Vocês garotas sempre reparam nessas coisas que eu sei.

Revirei os olhos, mas concordei com a cabeça.

– Ele é muito bonito, de verdade. Na verdade ele é lindo, maravilhoso, gostoso... Sonho de qualquer garota sabe. Quer dizer, você já viu aqueles olhos? E o cabelo, então? E... – Ele me parou.

– Ok, já entendi, o Kayden é perfeito. Não precisa jogar na cara todas as qualidades que ele tem. Eu ainda sou homem, e ainda tenho um pingo de dignidade. – Ele falou, e eu ri. Não resisti e comecei a passar as mãos no cabelo dele. Não ouve protestos significativos por parte dele, apenas um som de aprovação que deixou sua boca. Sorri com isso.

– Falando sério agora, eu acho ele bonito sim. Mas não é nada fora do normal. – Falei, e Colin sorriu. – Mas você é bem mais bonito do que ele. – pensei. Mas o pensamento deve ter saído um pouco alto demais, porque no mesmo momento em que eu mentalizei as palavras, Colin deu um pulo do sofá e me olhou, surpreso.

– Sério? – Foi a única coisa que ele perguntou, e acho que eu devo ter ficado corada até a raiz dos cabelos. Ele sorriu. – Não precisa falar nada, já recebi minha resposta.

Corei mais ainda, escondendo o rosto entre as mãos. Eu tinha mesmo que soltar justo esse pensamento em voz alta? Muito bom Hallicia. Maravilhoso.

Colin soltou uma risada diante de meu constrangimento e me abraçou, praticamente me puxando para o colo dele. Como se já não bastasse o meu constrangimento, ainda ia ter que lidar com os arrepios na espinha e com os batimentos cardíacos descontrolados, ocasionados por ter ele assim tão próximo.

– Fico feliz de pelo menos alguém no mundo me achar mais bonito que ele. Sério, as meninas sempre caem de amores por ele, e o Colin aqui fica sempre na segunda opção. – Ele falou, e eu fui obrigada a soltar um risinho. Mas continuei com o rosto escondido entre as mãos. – Não sei ao certo se o que eu vou dizer agora vai te deixar mais constrangida ou se vai te deixar aliviada e feliz, mas me sinto na obrigação de dizer isso, já que eu guardo pra mim a tanto tempo, e você acabou de admitir isso em voz alta: Te acho muito mais bonita e gostosa do que a Mariana.

– COLIN! – Gritei, diante da última frase e praticamente pulei do sofá, tentando fugir dele. Sério que ele precisava falar esse tipo de coisa agora? E sério que ele me acha gostosa? GENTE, ele me acha gostosa!

Ele apenas começou a gargalhar e me segurou mais apertado no sofá, me impedindo de saltar para longe com todo o meu constrangimento e voar para o meu quarto, me trancar lá, e sair só ano que vem. Alguns segundos depois Kayden e Mariana abriram a porta, conversando e rindo de alguma coisa. Pararam praticamente congelados quando viram a situação deplorável em que eu e Colin nos encontrávamos. Tenho certeza de que pra quem olhasse de longe, pareceria que eu e ele estávamos na maior safadeza naquele sofá.

Mariana balançou a cabeça em negação, enquanto deixava as caixas de pizza em cima do aparador, apenas para abrir uma delas.

– Tsc, tsc, a gente sai por cinco minutos e eles já acham que tá tudo liberado. Nós temos regras viu, mocinhos? Regra 88, esqueceram? Nada de sentar no colo do peguete enquanto mamãe e papai vão buscar o jantar no saguão do prédio. – Ela falou, enquanto abria uma das caixas e caminhava com ela nas mãos até a poltrona. Colocou a caixa no raque da TV e pegou uma fatia.

Colin finalmente me soltou, gargalhando, e voltou a se deitar no meu colo. Fiquei mais do que roxa de vergonha, e me mantive mais imóvel do que uma estátua. Após aquelas palavrinhas mágicas deixarem a boca dele, eu estava constrangida até pra passar a mão nos cabelos dele.

– Você e o Kayden já estão nesse nível de agir como nossos pais? Não queria falar nada não, mas eu sou o mais velho nesse estabelecimento, viu? – Ele falou, e Mariana riu, assim como Kayden, que sentou no chão, ao lado da poltrona de Mariana, e deixou a caixa de pizza em sua frente.

– Não precisa jogar na cara que você já tá entrando na terceira idade, filho. – Kayden falou, e Colin riu de novo, enquanto se levantava e ia até uma das caixas de pizza.

Eu continuei parada no sofá, completamente em transe. As palavras ‘bonita’ e ‘gostosa’ continuavam rodando a minha mente, e eu acho que eu ia ficar permanentemente corada depois dessa. Ai que momento mais inoportuno pra esse desgraçado soltar uma revelação dessas.

Senti o sofá afundar ao meu lado, e depois vi a mão de Colin se balançando em minha frente, com um pedaço de pizza. Resolvi que já tinha surtado bastante e que já estava na hora de sair do transe causado por aquele ser de olhos muito azuis sentado do meu lado, porque a comida havia chego e eu estava morrendo de fome.

– Valeu. – Falei, e ele apenas sorriu, se colocando a comer.

Ficamos sentados comendo, vendo TV e conversando até as duas caixas de pizza acabarem. Quando percebi que eu e Colin éramos os únicos acordados na sala, resolvi me levantar, jogar as caixas vazias de pizza fora, e me preparar para dormir.

Caminhei até a cozinha com as caixas vazias na mão, e aproveitei para tomar outro copo de leite antes de ir deitar – sou simplesmente viciada em leite.

Apaguei as luzes da cozinha e fui para uma sala onde Mariana dormia toda torta na poltrona, e Kayden, esticado no chão, de barriga para baixo. Colin acabava de desligar a TV e já caminhava em minha direção.

– Cinco e meia da manhã. Acho que ficamos um pouco mais acordados do que o planejado. – Ele falou, sorrindo, enquanto passava um dos braços em meu ombro e apagava a luz da sala.

– Mais cinco minutos e eu estaria apagada naquele sofá também. – Falei, e ele concordou.

– Mais cinco minutos e estaríamos todos apagados naquele sofá. Não quero nem saber o que aconteceria com as minhas costas se eu dormisse uma noite toda ali. – Ele falou. Sorri, embora ele não pudesse me ver devido ao breu que a sala estava, e concordei com um murmúrio.

Caminhamos assim pelo corredor até chegar a porta dos nossos quartos, e durante o breve trajeto não consegui parar de pensar naquelas duas palavrinhas que ele havia soltado mais cedo. Ok que ele provavelmente só tinha falado porque eu soltei que ele era bonito em voz alta, mas mesmo assim. É incrível como duas palavrinhas insignificantes podiam ter me deixado tão feliz e constrangida ao mesmo tempo.

Ele parou na porta do meu quarto comigo, e me virei para ficar de frente com ele.

– Tive todo o trabalho do mundo pra encher aquele colchão inflável, pensando que a Mariana ia dormir no meu quarto, e aquela coisa resolve dormir na sala. Não sou obrigada. – Falei, e ele riu baixinho.

– Você conhece a figura né, não sei nem porque você se deu ao trabalho de encher o colchão. É a cara dela acabar dormindo em frente a televisão.

Concordei sorrindo. Nos encaramos por mais alguns segundos, até que Colin finalmente respirou fundo e voltou a falar.

– Vou deixar você dormir agora. Você deve estar tipo morrendo. E eu também to sentindo o meu corpo clamar pela minha cama, então... – Falou ele, e eu concordei. Eu realmente estava cansada.

– Boa noite, Cols. – Falei, sorrindo.

– Boa noite, Hallie. – Ele disse, se aproximando e me puxando para um abraço. Passei os braços por seu pescoço e enterrando minha cabeça ali. Colin sorriu. – Quem diria que algum dia eu ia abraçar você por vontade própria, em?

Concordei, sem desenterrar a cabeça de seu pescoço. Meu Deus, ele tem um cheiro tão bom.

– Nunca imaginei algo assim. Nós realmente tivemos uma revolução com a minha mudança pra cá. – Falei.

– Não posso dizer que não gostei da mudança. Preciso admitir que gosto muito mais da Hallie amiga do que da Hallie chata, arqui-inimiga, que não aguentava nem ficar perto de mim sem me encher o saco.

Sorri e escondi meu rosto ainda mais em seu pescoço.

– Também sou obrigada a admitir que adoro o Colin que você virou desde que a gente deixou a implicação pra trás. – Falei, um pouco envergonhada de admitir isso em voz alta.

– Eu sempre fui um Colin maravilhoso. Só que você nunca quis enxergar isso, com todo esse seu ódio por mim te cegando ai. – Ele falou, se afastando, e eu ri, assim como ele. Me afastei também, um pouco contra gosto. Ficar abraçada com ele, daquele jeito, era realmente muito bom. Ele colocou as mãos na minha cintura e se aproximou de mim, depositando um beijo em minha testa. – Dorme com Deus, pequena.

– Amém. – Respondi, enquanto abria a porta do quarto e ia me colocando para dentro, ao mesmo tempo que ele se afastava e ia para seu quarto. Estava quase fechando a porta quando o ouvi chamando meu nome. – Sim?

– Sei que te deixei morrendo de vergonha lá na sala quando falei que você era gostosa. Mas eu só queria dizer que de verdade, eu sempre te achei linda. Nessa parte eu não tava brincando. – Ele falou, sorrindo, e eu só pude sorrir em resposta enquanto observava ele entrar no quarto e fechar a porta.

Fechei minha porta logo em seguida, me largando na mesma e deslizando até o chão, com o sorriso mais idiota do mundo na cara.


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Notas finais do capítulo

O que acharaaaaam? Gostaram de ler tanto quanto eu gostei de escrever? Quero opiniões sinceras!
Antes de qualquer pergunta, quero só dizer que: Agora as coisas vão começar a andar pra todo mundo! E não quero adiantar muita coisa, pra não deixar ninguém na expectativa (mentira, quero sim), mas tem POV Colin vindo aí. Sim, POV Colin!
Espero de todo o coração que tenham gostado do capítulo, e nos vemos no próximo!
Beijocas!



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