A Sexta Guardiã escrita por Rocker


Capítulo 13
Capítulo 12 – Isso não é possível!




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Capítulo 12 – Isso não é possível!

— O que aconteceu, Norte? – Jack perguntou, preocupado, quando pousamos perto do globo.

Todos já estavam reunidos, e quando Norte ouviu a voz de Jack, rapidamente veio em nossa direção.

— Finalmente conseguimos rastrear a guardiã, e você não vai acreditar em quem é! – ele exclamou, mas paralisou em choque assim que me viu.

Coelhão, Fada e Sandy também pareciam tão surpresos quanto Norte.

— Ahn, oi. – comentei, tentando tirar o clima ruim dali.

— Como aconteceu? – perguntou Coelhão, pulando para mais próximo de nós. – Não vai dizer que...? – insinuou, indicando nossas mãos entrelaçadas. Dei-me conta do que ele dizia antes de Jack.

— O quê?! – exclamei, pasmada apenas com a suposição. – Não!

— Ela morreu. – respondeu Jack. – Salvando a irmã mais nova. – ele disse simplesmente, com a voz baixa, e eu sabia que isso era doloroso para ele. Eu mesma não lembrava como havia acontecido, mas eu queria ver Lily. Logo.

— Isso não é o importante. – disse Norte. – Temos finalmente nossa guardiã!

Arregalei os olhos.

— O quê?! – perguntei, confusa. Até que me dei conta de que se referiam a mim. – Não, não. Isso não é possível!

— É a única explicação, garota. – Coelhão disse, dando de ombros. – Não tínhamos conseguido te rastrear porque você ainda não era como nós.

— M-mas... – olhei para Jack, como se pedisse ajuda, mas tudo o que fazia era me encarar com um sorriso meio incrédulo, como se, apesar de ter sido pego tão de surpresa como eu, estivesse adorando. Percebi ali que não haveria argumento que revertesse a loucura que se transformou minha vida em menos de uma semana. – Eu não sei nem como eu ainda tenho minhas lembranças!

Fada se aproximou de mim voando, com uma expressão que li como solidária.

— Isso deve ser coisa do Homem da Lua.

— Isso! – exclamou Norte, em seu crescente entusiasmo. – E sempre tem alguma coisa em mente e se você foi a única até hoje que ainda tem suas lembranças é porque elas serão importantes.

— Talvez seja por isso que seus dentes sumiram de repente. – comentou Fada, parecendo pensativa.

Franzi o cenho. – O que isso tem em relação com minhas lembranças?

— São os dentes que minhas fadinhas pegam que guardam suas lembranças da infância. Jack abriu a caixinha dele na época que virou guardião e o ajudou muito.

Virei-me para Jack, surpresa por não saber todos os detalhes da história por trás da amizade dele com meu pai. O garoto de cabelos brancos tinha toda a face rosada, claramente envergonhado e isso só conseguiu me fazer rir se sua timidez. Sandman, ao lado do Coelhão, começou a fazer alguns símbolos com a areia dourada sobre a cabeça. Todos prestaram atenção e, por mais que eu me concentrasse ao máximo, não conseguia deduzir metade do que aqueles símbolos significavam.

— Tem razão, Sandy! – exclamou Norte, causando-me um sobressalto, que gerou risadas de Jack logo atrás de mim. Dei-lhe um tapa no braço para que parasse de rir de mim, mas de nada adiantou. – Devemos tentar descobrir porque ela se lembra e porque são tão importantes para que O Homem da Lua as tenham mantido.

Eles então começaram a discutir tudo o que seria feito para tentar descobrir sobre mim e o que isso tenha a ver com os novos planos do Breu. Eu queria poder me vingar do Breu e também descobrir meus objetivos, mas aquilo tudo era demais para mim. Eu realmente precisava de um tempo. Primeiro eu conheço Jack, venho para o Polo Norte como ajuda substituta a meu pai, que morre não muito depois, volto para casa apenas pra descobrir que o bicho-papão em pessoa foi fazer uma visitinha pra minha irmã, beijo Jack – e mais de uma vez – e na segunda aparição de Breu, eu sou atropelada tentando salvar Lily, apenas para ser arrastada de novo ao Polo e descobrir que desde o início eu era a guardiã que eles procuravam.

Era legal saber que tinha asas e tudo mais, mas, caramba, perdi meu pai e minha mãe e minha irmã me perderam há menos de 48 horas. Era demais para uma simples adolescente. Eu já estava a ponto de entrar em parafuso. E foi por isso que sai o mais silenciosamente possível daquela sala, mesmo sabendo que ninguém notaria minha ausência nos próximos minutos, ocupados demais discutindo meu futuro para pensarem realmente no que eu faria agora.

Rondei por praticamente toda a fábrica, vendo o yetes colorindo e montando brinquedos de diversos os tipos e de diversas cores enquanto os duendes apenas tentavam apenas fazer algo de útil. Eu só consegui rir dos coitadinhos, enrolados nos fios de luzinhas coloridas. Atravessei o salão com um grande globo cheio de luzes amarelas, que eu não tinha a menor ideia do que era. Foi quando uma porta me chamou a atenção.

Entrei sem pensar duas vezes e me vi cercada por brinquedos que pareciam mágicos. Trenzinhos que voavam pela sala, carrinhos de plástico que passavam à minha volta no chão e milhares de outras coisas encantadoras. A única coisa que parecia inanimada era uma boneca ao canto de uma prateleira ao meu lado. Era uma matriosca, uma típica boneca russa que continha bonecas menores por dentro. Fui abrindo-a e colocando os troncos soltos em cima da mesa, até que cheguei à última. Não era maior do que meu dedo mindinho e tinha olhos enormes e azuis.

— Encontrou meu cerne.

Meu coração deu um sobressalto e deixei a boneca cair no chão com o susto.

— Droga, me desculpa, eu não queria entrar assim xeretando! – apressei-me em me desculpar enquanto me abaixava e recolhia a boneca.

— Não se preocupe com isso. – respondeu Norte ao se aproximar.

— Seu cerne é ter olhos grandes? – perguntei, franzindo o cenho, confusa.

— Isso! – ele exclamou tão animado que quase fui derrubada. – Olhos enormes para encontrar a beleza em cada coisa, em cada criança! Jack demorou um pouco para descobrir que o dele era diversão.

Observei a pequena boneca em minha mão.

— Acha que vou demorar a descobrir o meu?

Um longo período de silêncio e Norte finalmente se pronunciou.

— Nunca se sabe. Mas estaremos aqui do mesmo jeito.

Sorri timidamente. – Obrigada, Norte.

— Não há de que. Mas sei que o menino romântico está quase entrando em briga com o Coelhão pelas zoações quanto a vocês enquanto te esperam para ir.

Ri, imaginando uma cena em que os dois estariam rolando no chão entre chutes e socos enquanto Fada e Sandy apenas olhavam, sem saber como fazê-los parar.

— Tem razão, melhor eu ir.

Despedi-me de Norte e fui logo atrás de Jack. Precisávamos ir urgentemente atrás de Lily.

 


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