A Sexta Guardiã escrita por Rocker


Capítulo 14
Capítulo 13 – A história de como me apaixonei


Notas iniciais do capítulo

Como eu já havia dito nas notas de Heimkehr, eu decidi não abandonar as fanfics atualmente em andamento. Estive pensando nisso por um tempo, mas como algumas delas faltam apenas poucos capítulos, não tinha porque não ter um desfecho. Estou usando as férias para ir escrevendo, ao menos para garantir que eu não tenha que esperar outro período acabar antes de atualizar novamente. De qualquer forma, agradeço muito por não terem me abandonado e espero que gostem desse capítulo (foi um dos que mais gostei de escrever ♥)



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Capítulo 13 – A história de como me apaixonei

— Okay... – disse, olhando a situação que encontrei na sala do globo. Jack e Coelhão tinham milímetros de distância entre si, encarando-se como se tentassem parecer ameaçadores, e Fada e Sandman apenas olhavam de longe, cochichando. Provavelmente fazendo uma aposta de quem ganharia entre os dois. – Tá bom, chega, eu preciso voltar pra casa e preciso dele inteiro, Coelhão.

Afastei os dois, que nem assim quebraram o contato visual.

— Coelhão, ele é todo seu depois que resolvermos todo esse problema. – garanti-lhe.

— O quê?! Vai me vender fácil assim?! – Jack se fez de ofendido, mas abriu um sorriso quando revirei os olhos.

— Vamos logo, garoto gelo, temos que encontrar Lily.

— É pra já. – ele disse, segurando minha mão com a mão livre do cajado e logo estávamos em pleno.

— Hey, eu ainda não estava preparada! – reclamei, tentando manter o ritmo do voo com minhas asas.

— Aos poucos você pega o jeito. – ele garantiu, abrindo um sorriso doce para mim enquanto voámos em direção à minha antiga casa.

~*~

Aterrissamos no meu quintal sem maiores problemas. Olhei em volta, procurando por minha irmã mais nova e, quando não a vi do lado de fora, entrei correndo dentro de casa. Ignorei os chamados de Jack atrás de mim enquanto eu ia diretamente até meu quarto, onde eu sei que ela estaria esperando por mim, como sempre fez. Encontrei-a em cima da minha cama, com meu antigo pinguim de pelúcia em mãos.

— Hey, Lily! – acenei, observando-a.

Nenhuma reação e franzi o cenho com isso.

— Lily... Lily! – tentei chamar a atenção dela ao balançar as mãos em frente ao rosto dela, mas de nada adiantou.

— Angel, ela não... – sua voz morreu quando Lily olhou em sua direção e o rosto dela se iluminou.

— Jack! – ela correu para abraçá-lo e isso foi como um tapa em minha capa.

A ficha caiu.

Lily não me enxergava mais. Ela não me enxergava porque para ela não havia me tornado um espírito guardião. Para ela eu havia morrido. Definitivamente as coisas não seriam mais como antes. Comecei a hiperventilar e me apoiei na penteadeira para não entrar em pânico, mesmo sabendo que aquilo tudo era psicológico.

Jack rapidamente saiu do abraço de Lily assim que viu a situação em que eu me encontrava e veio rapidamente ao meu lado.

— Angel, por favor, respira. – ele disse, segurando meus braços para me manter equilibrada. – Angie, se acalma, vai dar tudo certo.

— Jack? – ouvir a voz da minha irmã ao mesmo me acalmou e me trouxe mais pânico. – Com quem você está falando?

Jack olhou para meu rosto e assentiu quando viu o desespero em meus olhos. Me guiou até a beirada da cama – não mais minha –, onde eu enterrei meu rosto em minhas mãos e ele retornou à garotinha.

— Lily, eu preciso que você tenha fé, muita fé. – ouvi ele dizendo em uma voz doce que eu sabia que me convenceria até da pior mentira. – Preciso que você se lembre como soube que eu era real.

— Papai contava a história de como vocês se conheceram.

Depois de um momento de pausa, ouvi Jack respirando fundo antes de continuar. – Tudo bem. Quero que você acredite nessa história assim como acreditou na minha. Pode fazer isso?

— Que história? – ouvi a curiosidade na voz de Lily.

— A história de como me apaixonei.

Isso chamou minha atenção.

Desenterrei meu rosto das mãos e observei os dois. Lily abriu um sorriso animado e foi direto aos pufes que eu tinha à beira da janela, esperando que Jack a seguisse. Quando ele o fez, ele passou por mim e, por mais que tentasse evitar cruzar olhares comigo, ele acabou o fazendo e corando no processo, o que eu achei adorável. Ele finalmente se acomodou no pufe de frente à minha irmã e apoiou o cajado sobre o próprio colo.

— Bem, podemos começar sobre como a conheci. – Jack fez um pouco de suspense antes de discretamente virar suas costas para mim enquanto ainda estava cara a cara com Lily. – Eu estava meio desesperado, pois precisava encontrar um antigo amigo meu para que ele me ajudasse a resolveu um inimigo que havia ressurgido e o Norte falou que eu precisava achá-lo. Infelizmente, esse amigo já estava velho, mas eu tive a sorte de conhecer uma das filhas dele.

— A garota por quem você se apaixonou? – Lily perguntou, quase pulando sentada, e quando Jack assentiu, senti minhas bochechas tão coradas quanto as dele.

— Ela mesma. Foi possivelmente a mortal mais louca que eu conheci, mas também a mais adorável e forte. Só para você ter uma ideia, Lily, ela quase me esfaqueou quando eu acabei invadindo o quarto dela.

— Ela fez isso?! – Lily perguntou, quase tão surpresa quanto eu estive naquele dia.

Eu abri um sorriso ao relembrá-lo.

— Fez, e tenho quase certeza de que faria de novo, se necessário. – quase ri, pois eu sabia que ele estava certo. – Eu não entendia como uma adolescente podia ainda acreditar nos Guardiões, mas à medida que conversávamos e nos conhecíamos mais, fiquei feliz por ela não ter desistido com sonhos de infância. Mas então a levei ao Polo, pois já que não poderia encontrar meu amigo, a filha dele talvez nos ajudaria. Descobrimos que haveria uma nova Guardiã para nos ajudar e estávamos todos bem animados, mas então ela recebeu uma ligação dizendo que o pai dela estava bastante mal.

Lily franziu o cenho, e eu podia apostar que ela já estava começando a desconfiar.

— Depois do enterro do pai dela, eu quis animá-la, pois vê-la chorando era algo que eu não queria ver nunca mais. – Jack continuou, e pareceu tão absorvido na história que estava quase alheio à nossa presença. – Era uma dor tão desconhecida para mim que eu tive certeza que faria de tudo para vê-la sorrindo de novo. Então eu a beijei e tive certeza de que tinha estragado tudo com ela, tanto a nova amizade quanto a chance de ela nos ajudar, mas naquele momento eu só queria saber como era beijar alguém que gostasse. Mas então ela me beijou também e tudo pareceu perfeito.

— E o que aconteceu? – Lily perguntou, como se já soubesse que dali para frente a história só iria ladeira abaixo.

— E então nós fomos atrás da irmã dela, pois ela estava preocupada. Eu percebia o quanto ela amava a irmã mais nova. Só que no tempo em que voltamos à casa dela, a irmã dela havia sido capturada pelo cara malvado que eu e os Guardiões estávamos tentando derrotar. Ela nem pensou duas vezes antes de ir atrás da garotinha. Eu tentei o meu máximo para proteger as duas, realmente tentei, mas a garota por quem me apaixonei morreu em meus braços após ser atropelada por salvar a irmã. – sua voz já estava rouca a esse ponto e eu sabia que tinha derramado algumas lágrimas, assim como eu.

Lily parecia estupefata. – A-Angie?

— Isso. – Jack soltou um riso meio molhado, passando a mão no rosto, imagino eu, para secar as lágrimas. – Mas sabe qual a melhor parte?

— Qual, Jack? Ela está morta! – Lily também já chorava a esse ponto e isso me apertava o coração, mas eu precisava confiar em Jack.

— Não, não, não. – ele se apressou em dizer, colocando a mão sobre o joelho dela em forma de consolo. – Lembra como eu te pedi para ter fé nessa história como você acreditou na do seu pai sobre mim? – Lily assentiu, secando as lágrimas que caiam pelos pequenos olhinhos. – A melhor parte é que quando eu estava chorando sobre a morte dela, pensando em como mais nada iria ser igual, ela apareceu novamente. Completamente bem e com enormes e lindas asas nas costas.

— Angie virou um anjo? – ela perguntou de olhos arregalados.

Jack riu levemente.

— Quase isso, querida. Ela se tornou um espírito, assim como eu. Ela era a sexta Guardiã que estávamos esperando. E ela precisa da crença de crianças assim como todos nós.

— E-la...? – Lily parecia atordoada com toda a nova informação.

— O que acha de ser a primeira criança a acreditar nela, assim como seu pai foi o primeiro a acreditar em mim? – sugeriu ele e se virou para mim, mencionando minhas asas, e eu assenti, compreendendo quase imediatamente o que ele queria dizer.

— Sim! Sim! Sim! – Lily pulou animada, apertando o pinguim contra o próprio peito.

Levantei-me da cama, colocando-me de pé no meio do quarto e comecei a balançar minhas asas, sem realmente voar. À medida que a velocidade das penas aumentava, o ar dentro do quarto de remexia mais, criando pequenas brisas num lugar onde não deveria haver nenhum. Observei minha irmã com cuidado, vendo-a arregalar os olhos e, por fim depois do que parecia uma eternidade, ela finalmente focou os olhos em mim.

— An-Angie?!

Um sorriso doce se abriu em meus lábios ao perceber que ela finalmente era capaz de me enxergar.

— Oi, meu amor.


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