A Sexta Guardiã escrita por Rocker


Capítulo 12
Capítulo 11 - Eu nunca te deixaria cair


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, tem muitos meses que eu não posto e sinto muito. Primeiro porque estive ocupada estudando novamente para o Enem e depois porque realmente não consegui escrever nada. Deu um branco total que está realmente difícil de escrever qualquer coisa que seja. Tenho um rascunho ou outro de alguma one shot, mas quase nada de uma long que tenho, mas juro que estou me esforçando. Enfim, aí está o capítulo que tanto pediram e agradeço todos os comentários que recebi ♥



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Capítulo 11 – Eu nunca te deixaria cair

Quando acordei, a primeira coisa que senti foi uma sensação jamais experimentada antes.

Aquela sensação estranha de algo te preenchendo.

Uma luz prateada entrando e inundando minha mente por completo. Cada célula do meu corpo começou a formigar e depois, a queimar. A sensação de preenchimento deu lugar ao desespero. Minha pele queimava, como fogo derretendo o gelo. Meus olhos ardiam pela luz forte e meus ombros doíam, como se algo estivesse saindo de dentro da pele, irrompendo para fora. E então, de repente, nada mais.

Abri os olhos e me vi na escuridão. No momento, eu não lembrava de muita coisa. Eu não tinha ideia de como viera parar dentro de um saco. E o mais estranho era saber que tipo de saco preto era aquele. Um saco preto de necrotério. Tentei mexer meus músculos, mas depois de toda aquela ardência de fogo, pensei que seria um pouco difícil. Mas foi exatamente o contrário. Assim que mexi os dedos da mão, me vi fora do saco. Estava em um cômodo de hospital, cercada por paredes brancas e macas com sacos pretos. E eu reconheci aquele lugar. O necrotério do Hospital de Ottawa. Eu não entrava nele desde que meu pai morrera.

A porta se abriu e algumas pessoas entraram chorando, acompanhadas de um médico. Eu reconheci a mulher e a criança de sete anos; minha mãe e minha irmã. Senti que algumas lágrimas começavam a cair por minha bochecha, mas eu rapidamente as engoli. Elas passaram por mim, me atravessando. Tentei chamá-las, mas nada funcionava. O médico abriu o saco preto ao meu lado e vi. Eu vi a mim mesma ali. Meu rosto arranhado, deformado e sujo de sangue; e minha família chorou ainda mais. Em choque, eu levantei minha mão e toquei meu rosto. Estava intacto.

E, com o susto, percebi algo batendo à minha volta. Virei-me rapidamente, procurando pelo que quer que seja que batia, mas paralisei ao ver a janela. Parecia congelada, com muita neve do lado de fora. Mas o que me chocou foi o reflexo que vi. Eu, com meu costumeiro jeans surrado, all star preto, blusa do AC/DC, e cordão com um vira-tempo que quando abria virava um relógio de bolso - presente do meu avô. Mas algo estava diferente. Eu tinha asas. E não eram quaisquer asas, eram asas de anjos.

Mas então eu percebi outro detalhe. Não em mim, mas na janela. O vidro realmente estava congelado. Por completo. E mesmo com o frio que quase sempre fazia em Ottawa, era impossível congelar uma janela completamente. E eu sabia que somente uma pessoa poderia fazer isso.

E como se soubessem exatamente o que fazer ou aonde ir, as asas me levaram para fora do hospital, para longe da minha família e para longe do meu corpo. E eu tinha apenas um nome em mente.

Jack Frost.

~*~

Encontrei-o próximo ao lago congelado, parecendo cabisbaixo recostado a uma árvore. Eu reconheceria aquele lugar mesmo que minha mente não estivesse confusa – foi onde havíamos nos beijado. Pensei em pousar um pouco atrás e minhas asas logo obedeceram aos meus pensamentos. Minhas asas não arrastavam pela neve e nem meus passos ficavam marcados, mas aquilo não era nem de longe a coisa mais estranha que já me havia acontecido. Eu sentia o peso reconfortante do cordão em meu pescoço e a leveza das asas às minhas costas, como se eu tivesse nascido para viver tudo aquilo.

Jack não percebeu minha presença e continuou a fungar, o que trouxe um aperto ao meu coração. Não era legal vê-lo chorando e isso trazia-me uma tristeza imensa.

— Jack. – chamei-o calmamente.

Ele pareceu assustar-se e levantou-se num pulo, com o cajado em mãos, mas paralisou assim que me viu.

— Oi, Jack. – murmurei, com o tom de voz baixo como que para não assustá-lo mais do que já estava.

— Angel? Mas... O que? Como? – ele perguntou, atordoado, enquanto secava as lágrimas.

— Eu acordei assim no hospital. – respondi, abrindo os braços como que para mostrar algo que ele certamente já havia percebido.

— Mas eu te vi morrendo. – sua voz foi morrendo aos poucos, até não passar de um sussurro. – Você morreu em meus braços.

Um nó se formou em minha garganta ao imaginar. Balancei a cabeça para afastar tais pensamentos.

— Acordei no hospital e vi mamãe e Lily entrando. Elas não me viram, simplesmente me atravessaram, e eu vi meu corpo todo deformado num saco de necrotério. – estremeci. – E então quando me olhei pelo reflexo da janela, eu estava completamente normal, exceto pelas asas. Então eu só saí voando, sabendo que precisava te encontrar. Eu sentia que você poderia me ajudar.

Jack estava com os olhos arregalados e à medida que ele processava minhas palavras, um sorriso foi se abrindo em seus lábios.

— Elas te atravessaram? – ele perguntou, parecendo mais feliz, e eu assenti, confusa.

No segundo seguinte Jack me abraçava fortemente, girando-me no ar.

— Jack! – exclamei, rindo.

— Entende que isso quer dizer que você agora é como eu? – ele comentou, ainda abraçando minha cintura.

Sorri para ele. – Espero que isso seja bom.

— Pode parecer egoísta, mas para mim, isso é ótimo. – ele disse antes de se inclinar e me beijar.

Foi um beijo diferente daqueles que eu me lembrava. Até porque, a maioria das minhas lembranças pareciam meio opacas e tudo agora mais colorido. Eu já não sentia frio em seus braços, como se o fato de agora ser “imortal” me deixasse imune à sua temperatura fria. Na verdade, Jack para mim parecia quente. Não exatamente, mas era o que sentia à medida que ele intensificava o beijo. Era mais como uma onda elétrica. Descolei nossos lábios quando senti necessidade de ar.

— E agora você tem asas. – ele se afastou um pouco, sem realmente me soltar, e analisou minhas asas brancas com encanto, deixando-me ligeiramente envergonhada.

— Isso quer dizer que agora não preciso ficar com medo de cair. – brinquei.

Jack sorriu para mim e selou rapidamente meus lábios.

— Eu nunca te deixaria cair.

Jack iria começar outro beijo – que eu retribuiria de bom grado – se não fosse uma luz colorida que captei pelo canto dos meus olhos e me afastei dele. Olhando melhor para o céu, eu reconhecia o que era aquilo.

— Aurora boreal. – comentou Jack com um suspiro. – Preciso ir para o Polo. Vem comigo?

Eu sorri, concordando. Jack entrelaçou nossos dedos e, juntos, voamos.

 

 


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