Ashley sempre gostou de clichês. Um esbarrão, um toque de mãos, um café no Starbucks, um beijo suave... Seu romantismo não era exatamente visto, mas não significava que deixava de existir.

Sentada à mesa de um café qualquer em Paris, exibe tranquilamente seu visual conceitual e moderno (principalmente seus sapatos novos Louboutin). Aproveita a última semana de tranquilidade antes de retornar para a tão agitada Nova York, onde levará a carga de experiências que viveu nos últimos três meses na cidade francesa.

Primeiramente conheceu inúmeros ícones da moda. Seu coração quase pulou para fora do peito nas vezes em que trombou com algum famoso e fingiu estar acostumada com aquilo (obviamente que não! Como encontrar Selena Gomez em uma boate francesa e ficar calma? Como?).

Trocava mensagens com Stella e Sophia frequentemente. Pensava seriamente em seguir para Los Angeles e falar com Aurora pessoalmente. Sentia tantas saudades da amiga... Desde que fora fazer o curso de artes cênicas em uma faculdade conceituada da cidade.

— Senhorita — o garçom com sotaque forte se aproxima, gentil, servindo-lhe uma xícara de chocolate quente. — Aqui está.

— Desculpa, mas... Eu não pedi isso — Ashley franze o cenho.

O garçom meramente sorri.

— Um homem pediu para deixar aqui para você.

Um homem? Antes que pudesse fazer mais perguntas, o garçom deixou-a para atender outro cliente. Ashley olhou ao redor, buscando alguém que lhe encarasse. Nada. O café continuava alheio à sua presença.

Era sua mistura favorita. Chocolate e bem quentinho. Sorriu, bebendo um longo gole. Quem quer que fosse, sabia bem seu gosto.

Deixa o café, satisfeita, e assim que pisa do lado de fora sente os primeiros pingos de chuva que caem sobre si. Bufa.

Um trovão soa pelo céu, e a tempestade cai. Ashley corre pela calçada pensando no hotel que a aguarda dali uns dois quarteirões.

Nenhum táxi está à vista no ponto, e Ashley tem de continuar correndo, agarrando-se ao seu casaco. O frio impregna os poros do seu corpo, congelando-a. Droga.

É então que inesperadamente, sente a aproximação tão familiar... Vira-se, mas tudo que vê é um grupo de homens e mulheres elegantes atravessando a rua em busca de abrigo para a chuva.

Ashley chega à frente do seu hotel, com um sorriso confiante em seu rosto. Lembra-se das fotos que tiraria para a Vogue antes de partir. Graças à um concurso que participara um mês atrás, ganhou a viagem a Paris para um curso básico na revista de moda (em sua opinião) mais incrível, além de fotos exclusivas que apareceriam em algumas páginas da próxima edição.

Respira fundo ao entrar no elevador, sua mente seguindo até o café em que estivera. Quem seria o misterioso que lhe pagou um chocolate quente?

As luzes piscam, e Ashley é retirada de seus pensamentos bruscamente. Um solavanco no elevador. Escuridão total.

— Merda! Que dia bosta! — esbraveja, pegando seu celular e acendendo o flash.

Emite um grito, recebendo uma gargalhada em troca. Seu coração acelera de desespero, surpresa e pânico.

— ZACK! — grita, colocando a mão sobre o peito. — Mas que merda é essa? Que susto!

— Olá, senhorita Turner. Que honra encontrá-la aqui — Ele faz uma reverência, ainda dando risada.

Ashley bufa.

— Babaca! Pensei que estava em Asgard...

— E estava — Zack se aproxima, sorrindo. — Mas voltei!

Ela tem a leve sensação de que sabe muito bem quem lhe pagou o chocolate quente mais cedo.

Sem hesitar, sua mão voa contra o rosto do loiro, acertando-lhe um belo tapa. Zack recua para trás, a bochecha vermelha diante do estalo e da dor.

— ASH!

— VOCÊ SUMIU! SUMIU! SABE QUANTO TEMPO FIQUEI ESPERANDO POR UMA MENSAGEM? UMA CHAMADA? UMA FOTO? UM SINAL DE FUMAÇA? QUE PORRA ZACK! — grita Ashley, enfurecida. — Eu fiquei preocupada com você!

— Desculpa! É que em Asgard não pega sinal — brinca Zack, recuperado.

— IDIOTA! — Ashley está pronta para lhe acertar mais um tapa, quando com um movimento rápido Zack a prensa contra a parede do elevador.

— Foi você que me pagou um chocolate quente hoje? — Ashley questiona com a respiração forte diante da aproximação do Oliver.

Zack sorri com seu nariz roçando contra o dela.

— Eu lá tenho cara de quem paga chocolate quente para alguém?

E quebra a distância entre ambos, beijando-lhe suavemente. Ashley abraça Zack, não querendo que ele lhe deixe. E ele aperta a cintura dela conforme o beijo torna-se mais intenso.

Ashley enrosca suas pernas na cintura do loiro, impulsionando-se para cima. Zack continua beijando-a, dessa vez com suas mãos passeando por dentro da blusa da morena.

A eletricidade entre ambos ultrapassa qualquer limite calculável. A mistura de sentimentos e saudade impregna o pequeno espaço, intensificando cada vez mais suas ações.

— Espera — Ashley afasta Zack, que já dedicava beijos e leves mordidas em seu pescoço. — Por que voltou? Você disse que ficaria um ano em Asgard. O que aconteceu? Seu pai te expulsou?

Zack franze o cenho.

— É sério que você quer conversar agora?

Ashley dá de ombros, sorrindo. Zack afasta a franja da testa dela, beijando-lhe em seguida. Permite que ela pise no chão novamente, sentando-se no piso do elevador.

— Estamos em um ritual sabe — comenta o loiro lentamente, limpando a garganta. — De laços.

— Laços? — Ashley demonstra interesse.

— É. Loki se arrependeu de seus crimes e está vivendo entre nós. E meu pai está feliz com a Jane Foster — deu de ombros. — Minha mãe verdadeira está morta, mas fizemos uma cerimônia de despedida antes de eu vir. E agora... Meu pai e meu avô querem conhecer a nova integrante da família.

— Nova integrante da família? — Ashley indaga com as sobrancelhas arqueadas. — Você tem uma irmãzinha ou algo assim?

Zack ri, meneando a cabeça. Encara-a fixamente, pegando uma de suas mãos e entrelaçando seus dedos.

— Amar você é tipo jogar GTA de olhos fechados. Posso me dar muito bem, como posso ter um belo game over — ri, observando a expressão da morena de pura surpresa. — Eu estava buscando uma definição para o que sinto por você durante esse tempo que estive longe... Nada mudou. Nem mesmo depois de quatro anos desacordado. Você ainda é meu GTA.

Ashley sorri abobada, com lágrimas pontilhando seus olhos.

— Droga, Zack! Eu não estou com maquiagem à prova d’água!

O loiro beija sua mão, chamando-lhe a atenção.

— Eu preciso saber se você sente o mesmo por mim.

A morena respira fundo, sorrindo.

— Você sabe que não sei ser muito romântica — Ela o encara com intensidade. — Pela santa Kim Kardashian, a turnê maravilhosa da Katy Perry e os meus sapatos do Christian Loubountin... Eu te amo!

Zack se sente mais preenchido do que nunca. Nem mesmo as garotas mais incríveis de NovaHead o faziam se sentir daquela maneira... Tão... Feliz. Quem diria que a patricinha e o galinha teriam algo juntos?

— Então você é a integrante da minha família agora, Ashley — Zack retira do bolso um anel prateado com detalhes em ouro. — E quero que venha para Asgard comigo. — E sorri diante da surpresa dela. — Lá tem muito mais chocolate quente que no Starbucks.