Duas semanas depois...

James conseguira encontrar facilmente a fonte da sua culpa. Aurora estava certa: ele precisava se perdoar para ser feliz. Ao menos uma vez na vida estava fazendo o que realmente era certo.

Las Vegas era uma cidade sem leis, que ficava no meio de uma área completamente desértica. Os limites da cidade eram marcados por areia e alguns trechos de puro campo.

Bebendo goles longos de uísque, James cava intensamente embaixo de uma árvore com flores bonitas. Eram cerejeiras. Caroline Miller gostava daquelas flores.

Segundo os heróis que monitoraram todas as áreas onde houveram batalhas, todos os vilões ressuscitados voltaram para suas covas.

Isso incluía Caroline.

James coloca um buquê de cravos dentro da cova, acompanhado de uma caixa de bombons e uma garrafa de Coca-Cola.

A terra retirada é colocada de volta sem delongas. James não demora muito para firmar uma pedra ali com as iniciais “C.M”.

Bebe metade da garrafa antes de se sentar em frente à cova improvisada.

— Eu nunca te pedi desculpas pelo que fiz com você — o Turner começa sendo repentinamente tomado pela chuva de lembranças.

— Qual seu sonho? — Caroline indagou James, seu sorriso iluminando todo seu rosto.

Ambos estavam nos jardins dos Turner, fazendo um lanche da tarde após brincarem juntos.

Naquela noite, a Liga das Sombras iria buscá-los antes que seus pais entregassem ambos para a morte.

— Sobreviver — James foi taxativo, pensando principalmente em Ashley.

— Para, James! Seu sonho é apenas esse? — questiona Caroline com cenho franzido.

O Turner não tinha tempo para sonhos. Na verdade, metade do seu tempo era dedicado a não infernizar a vida de inocentes com seu poder.

— Que tal ir para Las Vegas? — sugere Caroline com um sorriso. — Eu penso muito em ir para lá um dia.

James avaliou a possibilidade. Parecia legal no fim das contas.

(...)

— James! — Caroline retirou um baralho de dentro das vestes negras. Com quinze anos, deixou a faceta jovial e inocenta da infância para trás completamente.

A Liga das Sombras mudava as pessoas. James terminou de vestir o casaco preto de lã. Fazia frio no covil das Sombras, e nevava intensamente do lado de fora.

— O que foi? — James voltou sua atenção para Caroline.

Ela estendeu o baralho para ele, que surpreso, o pegou.

— Consegui na minha última missão — Ela sorriu, observando-o misturar as cartas, completamente maravilhado com o presente. — Você precisava de um novo depois daquela missão contra aqueles meta-humanos daquele bueiro em Nova York.

James sorriu para a loira, a intensidade dos olhos azuis sendo tudo que o moreno conseguia enxergar naquele segundo.

— Obrigado, Caroline. Fico te devendo essa.

(...)

James a beijava intensamente e ouvir seu corpo impulsionar a cama para trás repetidas vezes o deixava maluco.

Caroline gemia alto. James se deleitava com o cheiro e a maciez do corpo dela. As pernas da loira o envolviam conforme ele a penetrava sem cessar.

Assim que os dois chegaram ao ponto alto do prazer, James caiu do outro lado da cama, aceitando que Caroline o abraçasse.

— Amo você — sussurrou ela ao seu ouvido, aconchegando-se mais contra seu corpo.

No entanto, James não conseguiu dizer o mesmo. Tinha dezenove anos afinal. Talvez mais tarde conseguisse retribuir tal sentimento à Caroline.

Talvez...

— Dois dias depois você supostamente morreu — fala James em voz alta, observando a lápide. — Então eu fui buscar a minha cura. E você... Retornou. Eu assumi a culpa pelo que lhe causei. Se não fosse por mim, você estaria sã. Não teria colocado sua vida em torno de alguém como eu. — o moreno cerra os punhos.

Fecha os olhos por um momento, colocando a mão em sua própria testa.

— Me perdoe Caroline. Por... Estragar tudo. Estou tendo a chance de amar alguém. De mudar. De viver uma vida melhor que aquela de antes. E você... Não teve a mesma chance.

Levantou-se, deixando a garrafa de uísque vazia ao lado da lápide. Entreabriu os lábios.

— Adeus — falou em um sussurro.

Tirou uma carta do seu baralho e prendeu a terra, antes de finalmente deixar o lugar. Durante a semana seguinte, James visitou os hospícios e cemitérios onde se encontravam as vítimas de seu maldito poder. A culpa ainda residia em seu peito, entretanto, a sensação de que estava seguindo pelo caminho certo começava a inundar seu peito.

E aos poucos, James Turner conseguia se perdoar pelos anos que causara tanto mal.