O Coração da Rainha escrita por Ami


Capítulo 6
Pagãos em Êxtase


Notas iniciais do capítulo

ahhhhhhhhhhhhh eu já tinha postado esse capítulo, buuuut deletei sem querer T_T
whatever, estou postando de novo! Digam o que estão achando!



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O amor é cego

E o amor te engana

Você chegou e me capturou

Agora estou aprisionado aos teus olhos





– Você ainda é um pingo de gente – eu ri, olhando de soslaio a careta que ela fez.

– E você ainda gosta de mim?

Silêncio.

Meu coração derretido endureceu e palpitou forte. Ajeitei a gola, suei.

– Do que está falando, Mary? - ela virou-se de frente para mim, embora eu ainda estivesse de lado, nervoso.

– Bash, o que sente por mim?





– Está louca – gaguejei, rindo, como se ela tivesse falado a maior estupidez do mundo.

– Gosta ou não, Bash?

– Gosto – nem me atrevi a olhá-la. Sei que minha expressão não combinava com o que eu havia acabado de falar para ela. Fiquei retesado. Mary me abraçou.

– Desde quando se tornou tão evasivo? – Mary acariciou meu cabelo. Ninguém além da minha mãe fez isso em mim. Comecei a sentir vertigem e o estômago apertado. Por favor, não seja dor de barriga. Não seja dor de barriga. Não seja dor de barriga.

– Ah, Mary... - suspirei. Esqueci que estava do lado dela.

– O que é?

– Nada – meus olhos estavam arregalados. A respiração dela muito perto do meu ouvido estava me fazendo tremer.

– Você está estranho – ela estava olhando os peixinhos próximos à superfície com vontade de comer. Abraçava-me, mas eu não o fazia. Não podia alimentar um amor sentido por apenas uma pessoa – Está apaixonado, Bash?

– Estou – por que falei aquilo? Ela ficou surpresa.

– Por quem?

– É brincadeira – eu fingi a risada mais engraçada da minha vida.

– Bobinho – Mary tinha seu queixo apoiado no meu ombro. Coçou minha barba.

– Por que você faz isso? - segurei a mão dela e finalmente a olhei nos olhos – Mary... Por que você não vê?

Nós nos olhávamos... ela cheia de perguntas e eu cheio de respostas.

– Faço o quê? Não vejo o quê?

Estávamos perto demais. Que se dane o futuro, que se dane a Escócia e a França. Eu ia beijá-la e ia ser agora. Segurei o rosto dela com as duas mãos e ela ficou envergonhada.

– Mary, eu...

– Mary! - uma terceira voz. Eu já até sabia quem era: meu irmãozinho. Afastei-me de Mary e continuei olhando para o lago.

– Não se atreva a pensar que não vai me dizer o que tinha para dizer! - ela apontou o dedo no meu rosto. Francis chegou.

– Mary, me perdoe – dizia ele – Meu pai conseguiu contactar uma tia de Olívia. Ela irá embora amanhã. Mary, me perdoe se não consegui ser indelicado com Olívia, é só você que eu quero.

Mary e Francis se abraçaram. Eu quis vomitar.

– Vou deixá-los a sós – sorri por educação e Mary ficou me olhando por cima do ombro dele. Estavam reconciliados, apaixonados, se amando. E era assim que tinha que ser.

Voltei à minha solidão. Não sei por que me permito dar esperanças a mim mesmo. Não sei por que ainda fico triste. Não sei por que ainda a quero. Não sei por que espero...

– Mamãe, tinha um sacrifício no meio da estrada – falei ao encontrar minha mãe. Ela estava passando sua maquiagem leve e bonita quando entrei. Dizem que herdei a beleza dela.

– Sacrifício – despertei a curiosidade dela. Levantou-se e veio ver meu emblema de alce.

– É o símbolo dos pagãos, filho – minha mãe foi até a janela e arremessou-o, nervosa – Você o tocou, não pode ter tocado! Por que fez isso?

– Porque tinha seu nome na jarra com sangue. Eu quebrei tudo e enterrei.

Minha mãe ficou nervosa. Colocou a mão na cabeça.

– Por que essas coisas tem que me acontecer?

– Mãe, o que isso tudo significa?

– Nada, filho. Nada...

Ela teve trabalho para dormir. Deitei-me ao lado dela e acariciei seu cabelo.

Minha mãe era a melhor mãe do mundo. Não sei se eu era o melhor filho, mas eu a conhecia. Ela estava pensando em algo que eu não gostaria.

Eu adormeci. Acordei de leve ao senti-la tirando os cabelos da minha mão e colocando uma capa. Eu a vi pela janela, andando nas sombras. Pegou o anel que jogou e rumou para a estrada. É ÓBVIO que eu a segui. Eu a vi de longe encontrando-se com pessoas estranhas com sinais no rosto e no corpo desnudo. Alguns vestiam cabeça de bode, ovelhas, alces, animais em geral. Fiquei curioso.

– Aquele era o nosso sinal, Diane. É hora de retribuir o favor que nos deve.

– Não posso – ela falou – ele é o meu filho!

– Eu te avisei que não jurasse por algo tão precioso! - falou o cabeça-de-alce, que parecia ser o líder, o xamã deles.

– Era a única coisa preciosa que eu tinha! E foi por ele!

– Agora é tempo de retorná-lo a nós, Diane.

– Não, por favor – ela chorava, de joelhos. E eu estava enlouquecido de fúria. Com ela, com todos – Eu conheço as suas leis e ainda posso me oferecer em sacrifício.

– Está bem, Diane. É sempre assim. Conquistam o que querem e depois tomam decisões contrárias. Venha conosco.

– Espere! - ela pediu – Apenas gostaria de me despedir do meu filho. Tenho que dar instruções a ele, por favor, façam, isso! Depois podem me ter por completo para seu sacrifício. Um sacrifício por vontade própria.

– Está bem – disse o líder – Mas você sabe o que vai acontecer se não voltar.

Voltei para casa mais do que depressa. Continuei sentado na cama dela numa posição incômoda, fingindo que estava dormindo. Ela escreveu uma carta com um vestígio de luz da vela e beijou minha testa. Quando estava abandonando o castelo, eu a empurrei para dentro do armário de vassouras e tranquei a porta. As portas são grossas, só de manhã que, com cuidado, ela seria ouvida. Minha mãe não se entregaria a alguns pagãos doidos. Peguei a carta que ela deixou para mim.




Meu amado Bash, sei que quer saber o que aconteceu com sua mãe. A verdade é que, quando você nasceu, seu pai e eu não tínhamos vínculos fortes, nosso destino era incerto. Ou melhor, era certo. Decapitação, se Catherine descobrisse. Ela mandou soldados ao nosso encalço para nos matar, porque não era importante para ela a nossa existência. Foi quando conheci os pagãos. Eles me ofereceram mil coisas, mas tudo que eu queria era que seu pai o reconhecesse como filho. E não nos deixasse morrer. Quis nossa proteção.

Sempre que se recebe algo deles, o preço vem com o tempo. Você cresceu bonito e forte, reconhecido por seu pai. Os pagãos o escolheram para ser rei da França e assim, permitir que a religião deles fosse aceita, pois você passou a ser um deles, assim como eu. Eles vieram cobrar o preço. Eles o querem, querem sua saúde, sua influência, querem doutriná-lo para isto. E vê-lo forçado a algo que não deseja não é uma coisa que uma mãe possa permitir. Eu o coloquei nessa, eu o tirarei. Adeus, meu filho. Nos vemos no paraíso.”




Como ela ousou fazer isso? Me oferecer em sacrifício e depois se sacrificar por mim? Não posso permitir. Tranquei ela no armário e fiquei a manhã toda escoltando o castelo. Nada se aproximaria dali.

Todos acordaram bem cedo. Começaram os preparativos da festa. Catherine acordou com a corda toda. Tinha muita coisa a monitorar e muita gente para azucrinar para que a festa saísse perfeita e os arranjos de flores fossem bem dispostos, num ambiente harmonioso.

– O que está fazendo aqui? - Catherine me perguntou – Os caçadores têm de estar prontos desde cedo para a cerimônia da manhã, em que apresentamos os prêmios da caça.

– Desculpe, mas não vou participar. Estou trabalhando na segurança hoje.

– Tem certeza? Você matou o alce. Vai levar o prêmio.

– Tenho certeza - falei, absoluto.

– Melhor para o meu filho – ela sorriu majestosamente e continuou os seus afazeres.

Preparativos, gente correndo, tropeçando, Catherine gritando. Fiquei de olho em todos. Quem entrava, quem saía. Abordei três ou quatro pessoas que traziam ornamentos artesanais. Ninguém suspeito.

– Bash, bom dia! - Mary apareceu toda linda, com sua amiga Aylee.

– Bom dia, Mary. Bom dia, Aylee – sorri para elas. Aylee sempre me olhava de cara feia. Para mim e para Francis.

– O que ia me contar naquele dia – ela parecia ansiosa em saber – conte, diga.

– Ah, Mary, eu nem me lembro – fiz uma careta.

– Pois eu lembro. Você disse que tem uma coisa que eu não percebo.

– Mary, eu estava bêbado – menti – Eu vivo bêbado, não preste atenção ao que eu digo.

– Não estava, não!

– Mais tarde conversamos sobre isso – apontei minha espada para ela – Estou trabalhando, não está vendo?

Ela fez uma cara feia.

– Grosso! Até mais, bobão...

Mary se foi. Aylee ficou. Aylee era estranha.

– Não se meta com a Mary – ela disse, como se fosse a guarda-costas dela.

– Não sei do que está falando – não podia ter sido mais sincero, não tinha ideia mesmo.

– Estou falando do jeito que você olha para a Mary. Você é só um bastardo, não pense que tem chances com nossa rainha!

O ruim de não ser importante é nunca poder rebater à altura. Ela se foi, após me expor o que sou com pedantismo. Será que eu estava dando nas vistas tanto assim? Eu precisava me controlar mais. Olhar menos para Mary. Será? Será que Mary sabia? Impossível.

Ocorreu a entrega dos prêmios. Francis ganhou com o porco que capturou. Pelo peso, o meu alce me dava a vitória, mas eu tinha que cuidar de todos que entravam no castelo.

Minha mãe deveria estar faminta. Fui até a cozinha, roubei um frango e alguns pães, com vinho e levei até ela. Levei água também.

– Você está cometendo um erro - ela disse, sentada no banquinho. Ela tentou correr, tentou sair e falei:

– Eu sei o que estou fazendo. Ninguém vai tirá-la de mim! - fechei a porta. Ninguém iria sacrificar minha mãe. Nesse meio tempo que saí da escolta, algo aconteceu. Eu vi umas sombras andando pelo castelo.

Deve ser a fome.

Comi uns pães e pedaços de bolo. Não estava com tanta fome, mas se eu ia lutar pela minha mãe, tinha que estar forte. Bebi muita água e comi o máximo possível.

No final da noite, nada tinha acontecido. Exceto que Francis dançava com Mary alegremente. Ah, ela estava linda. Estava vestida de verde como uma elfa da floresta, a rainha elfa. Tão linda. Se fosse minha...

Foi então que eu vi a sombra da figura mascarada andando em volta dos arcos de vinha, onde Mary dançava. Fui correndo atrás, devo ter esbarrado em algumas pessoas. A sombra correu, correu. Despistou-me. Fiquei olhando ao lado de um grande carvalho.

Quando ouvi um galho seco quebrando-se, virei-me para ver quem era.

– Bash? - ela perguntou, soluçando. Espirrou.

– Mary, que susto – falei, puxando a mão dela – Você vai voltar para o castelo agora mesmo.

– Ei, eu sou a rainha aqui!

– Mary, não estou brincando! Estou atrás de um assassino, volte por onde veio! - olhei para ela com total seriedade. Ela ficou assustada.

Eu tentava convencê-la com meu olhar sério e ela tinha os olhos arregalados. Daí desatou a rir.

– Você está bêbada? - perguntei – Mary, volte. Você corre perigo.

Mary começou a equilibrar-se na ponta do pé e fez um passe lindo de balé.

– Você ainda não disse o que sente por mim – ela se contorcia segurando a perna esquerda, apoiando-se toda na ponta do pé direito.

– Mary, no momento sinto raiva por você não me obedecer. Você corre perigo aqui, entende?

– Por que sempre que estou com Francis você fica irritado? Parece que sente ciúmes – ela falou, bailando alguns poucos passos de que se lembrava.

– De que adianta eu falar? Você não vai se lembrar amanhã.

– Eu escrevo num papel.

– Mary... - eu olhava para a lua, tentando me concentrar – Digamos que talvez eu goste de você, o que mudaria?

Ela não respondeu. Quando olhei para ela, tinha uma mão pálida cobrindo a boca dela. Mary estava assustada. Estendi minha espada. Era o cabeça de urso, justo ele. Era um brutamontes, mas eu não tinha medo.

– Deixe-a ir! - falei – Ela não tem nada a ver com isso.

– Ela tem tudo a ver – disse o cabeça de alce – Se não quer que o Urso arranque a cabeça dela, venha conosco.

Olhei bem para Mary, que estava atônita olhando para mim. “Corra”, era o que eu queria dizer. Ela entendeu. Deu uma cabeçada no nariz do urso, que cobriu o nariz quebrado com a mão. Eu agi traiçoeiramente mesmo, golpeei a cabeça dele com a espada, fazendo uma fenda que quebrou o crânio. Era minha Mary que ele estava ameaçando. Outros vieram pegar Mary.

– Mary, corra!

– Não!

– Chame ajuda! Vá!

Mary saiu correndo e eu tentei fazer com que nenhum outro a perseguisse. Veio o cabeça de raposa, o cabeça de cavalo. Lutei com alguns deles, matei mais dois e fui ferido por um dardo no braço. Era um dardo venenoso. Apaguei.





Mary





Bash foi pego. Ai meu Deus.

Fiquei escondida atrás de uma moita. O cabeça de coiote estava atrás de mim. Ele tinha uma lança, o que eu tinha? Nada. Só podia ficar esperando a noite toda ele ir embora. Esperei. Ele foi.

Quando cheguei no castelo, não encontrei Francis, nem o rei, nem Diane. Apenas Catherine estava lá.

– Catherine, precisa me ajudar. Bash foi capturado por uns pagãos.

– Deus ouviu minhas preces – ela falou, ajoelhando-se e estendendo as mãos aos céus.

– Como pode ser tão egocêntrica?

Catherine meramente sorriu para mim, satisfeita.

– Espere Olivia ter filhos de Francis e entenderá como me sinto. Enquanto for uma criança, observe como os adultos fazem. Não dispensarei sequer um soldado a esse intuito. Henry e Francis não estão. Lamento.

Ela ia indo embora. Aguentei calada até pensar em algo para dizer.

– Dizem que a ingratidão não prolonga os dias de um rei, pelo contrário. O que mais se fala sobre Bash nesse reino é o quanto já salvou Francis. Bom saber que não é recíproco. Tudo bem, então. Eu vou sozinha. Continue alimentando suas calopsitas e seus periquitos enquanto o mundo acontece lá fora, Catherine.

Fui embora enquanto ela sorria, vitoriosa. Dois coelhos com uma cajadada só. Eu e Bash mortos no mesmo dia era tudo que ela sempre quis. Mas não daria aquele gostinho a ela. Peguei um arco qualquer e coloquei uma aljava nas costas. Na casa de armas tinha várias coisas. Kenna passou pelo corredor e me viu ali.

– Mary, o que está fazendo?





Bash





Eu estava amarrado a uma árvore com uma coroa espetada na cabeça. Jogaram sangue de animais sobre mim. Meu peito estava nu, com várias gravações em fogo.

– O que querem de mim? - perguntei – Não vou ser rei, não vou colaborar com vocês. Podem me matar.

– Algumas sementes podem mover a sua vontade – ele colocou aquela fumaça no meu nariz e senti-me tonto. Não havia mais dez pessoas ali, havia uma centena em cores diversas. Falavam uma língua que eu não entendia, a minha própria. Minhas veias queimaram, minha cabeça latejou, meus pulmões se fecharam. Então, a mais absoluta paz. Uma sensação de prazer maior que o amor ou que uma vingança completa. Meu corpo estava leve, não tocava mais o chão. Eu senti apenas um décimo do que as vertigens em meu corpo estavam realmente fazendo comigo. Na verdade eu estava babando, me debatendo, aquele mero cheiro estava me matando enquanto eu adorava.

Mary.

Estava angelical vestida de fada. Nós nos amávamos sob a lua minguante. Eu a beijava, eu não queria sair desse sonho. O melhor sonho de todos.

Eu quero mais dessa droga. Quero voltar ao paraíso. Porque a vida normal é muito tediosa.





Mary





Todos dançavam ali em volta da fogueira. Bash estava passando mal, se matando com aquela droga que estavam lhe fazendo cheirar. Oh, céus.

Os que ainda estavam conscientes eram o cabeça de alce e o de coiote, o que me caçou ontem.

– Eu te perdoo por ter matado um alce ontem – disse o xamã – Agora o ritual está completo. Mate todos aqueles que conhece. Ponha a culpa em alguém e tome o trono. Assine o papel que lhe enviaremos. Assim, estará livre finalmente.

Bash concordou.

Ele concordou! Ele estava fora de si. Não era o Bash bobinho nem o Bash gordinho. Ele pegou uma faca e veio andando em direção ao castelo. Fiquei apavorada.

– Matar todos? - o coiote perguntou.

– Sim, principalmente a menina que você deixou escapar?

– Mas por quê?

– Você vai ver.

Oh, céus. Eu estava com meu arco em cima de uma árvore e fiquei com muito medo do Bash. Aquele não era o Bash que eu conhecia. Desci da árvore e saí correndo para voltar ao castelo. Precisava de ajuda.

Não demorou nem dois minutos de corrida para Bash já estar no meu encalço. Deram a ele arco e flecha, algumas adagas, dardos venenosos. Ele me acertou um dardo com uma pontaria que vou te contar. Pegou de raspão no meu braço. Ó céus. Ele caiu sobre mim e rolamos pelo chão. Bash começou a me enforcar, por mais que eu tentasse afastá-lo e me debater. Ele era muito forte, ainda mais com o demônio no corpo como ele estava.

– Bash! Pare – minha cabeça estava vermelha – Lembre dos nossos momentos juntos!

– Eu lembro dos seus momentos junto com meu irmão! - ele apertou mais forte.

– Bash, somos amigos! - eu sussurrava, passando os dedos no rosto dele tentando afastá-lo, mas não conseguia - Por favor! Eu te imploro, pare! Eu vim para te salvar! Eu gosto de você, Bash, não faça isso!

Nenhuma palavra mais conseguiu sair de mim.

Então ele recebeu uma panelada na cabeça. Era Kenna.

– Largue a minha rainha!

Kenna ajudou-me a levantar. Eu resfolegava, ele quase quebrou minha traqueia. Passei muito mal.

– Kenna, não posso deixá-lo aqui. Bash está possuído por alguma coisa maligna. Eu tenho que salvá-lo.

– Como sua súdita, tenho que guiá-la no momento da loucura! - disse Kenna – Se não vier comigo, essa panela vai bater na sua cabeça!

Ambas foram derrubadas ao chão ao mesmo tempo e imobilizadas. Era o cabeça de alce e o cabeça de coiote. Em poucos minutos estávamos na lareira de novo.

– Mate-a! Mate-a! - disse o xamã – Mate-a e seja consagrado o cabeça de leão.

Deram a Bash uma adaga e ele veio na minha direção.

– Bash, por favor – eu chorava – Eu não quero morrer assim.

Ele não parou. Só havia raiva em seu coração.

Ele ergueu a espada.

– Espere! - eu falei para o xamã – Já que vou morrer, tenho direito de realizar meu último desejo?

– Depende de qual seja seu desejo – o xamã cabeça de alce falou.

– Não precisa soltar minhas mãos. Apenas quero que Bash devolva meu arco ao castelo. Pertence a Francis e quero que ele tenha-o de volta.

– Está bem – disse o xamã, concedendo a Bash o direito de fazer aquilo. No momento em que ele se aproximou para pegar o arco em minhas costas, eu aproveitei para morder a boca dele num beijo violento. Ele ficou estático recebendo o beijo mais grosseiro de sua vida – Agora pode me matar!

O cabeça de coiote me jogou no chão por causa dessa ousadia. Mas estava feito. Morri, mas morri beijada.

A expressão de Bash mudou, ele estava assustado, manipulado e irritado por isso. Bash estava de volta. Eu conhecia o brilho de seus olhos. Com o arco em mãos e a aljava, mirou a seta na minha direção. Atirou. Era o fim.




O amor é cego

E o amor te engana

Você chegou e me capturou

Agora estou aprisionado aos teus olhos

Preso no tempo

Eu não consigo deixá-la

Sou só um prisioneiro dos teus olhos



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham adorado!
Comentem! Beijos!