Entrei na garagem e ajudei a sair do carro, apoiei seu corpo no meu e assim que entramos a sentei no sofá e corre ate a cozinha, preparei um rápido chocolate quente e voltei a sala.

–Tome um pouco, apenas para poder esquentar – pedi e ela tomou, ela agia como se estivesse totalmente no automático.

–Obrigado – agradeceu me entregando o copo o coloquei na mesa de centro e a olhei, Bella permaneceu olhando fixamente para a parede a sua frente ate que suspirou fechando os olhos – Era dia 24 – ela começou sem me olhar – eu acordei animada e meu dia passou normal, apesar de algo em mim estar agitado, eu iria ficar com minha tia, mãe de Emmett e papai e mamãe iriam há um jantar na casa de uns amigos, era para eles me buscarem por volta das 23 horas eu estava agitada já era mais de 01 da manha e quando a campanhia tocou corri e não era eles, era um policial, ele pediu para falar com minha tia e eu achei que Emmett tinha aprontado, já que ele havia saído, chamei minha tia e ela me mandou para a sala, fiquei lá ate que ela voltou com o policial e ela chorava – sua voz morreu, permanece calado e depois de respirar fundo varias vezes ela recomeçou – Minha tia chegou e chamou meu tio, quando ele chegou eu estava nervosa, ela estava com Emmett e nada dos meus pais, ate que eles depois de falarem com o policial me chamaram e foi quando eu soube, eu congelei, não havia nada, eles estavam mortos, eu perdi todos que eu amava, eu não consegui chorar eu simplesmente fiquei lá sem sentir nada, para mim esta data havia morrido com eles, eu cheguei em casa no outro dia e quebrei tudo, nunca abre nenhum presente que eles haviam comprados, estão todos guardados.

–Eu sinto muito – falei depois de Bella permanecer vários minutos em silencio.

–Você me fez sentir tudo aquilo, por que? – sua voz fraca me quebrou, peguei sua mão a fazendo me olhar e a puxei fazendo com que sua cabeça ficasse contra meu peito – Por que me fazer sofrer? – perguntou voltando a chorar.

–Por que você realmente não sofreu – disse e seu choro ficou pior – você ignorou jogou toda dor debaixo do tapete, o seu fechamento com os que te amam, as datas ignoradas foi um meio inconsciente de dizer que você estava perdida. Foi preciso algo forte para que você pudesse chorar, para que você libertasse toda dor pressa, você estava virando uma bomba relógio e quando explodisse poderia ser muito tarde.

–Por que eu? Por que você se importa? – perguntou contra meu peito ainda chorando muito.

–Por que eu vi em você uma tristeza tão profunda que me doeu – disse a apertando contra mim – Eu sei que seu primo ama você demais e sofre junto de você sobre isso tudo. Eu nunca me perdoaria se não tentasse te ajudar, você merece sorrir de verdade, merece ser feliz, seus pais iriam querer isso – a ultima frase pareceu a deixar ainda mais abalada e Bella se aninhou contra mim como um pequeno e frágil bebê que procura segurança, a aninhei e cantarolei uma canção de ninar que sempre que estava triste mamãe contava para mim, Bella passou algum tempo chorando tão forte que acabou por adormecer, nos ajeitei no sofá e respirei fundo passando a mão de leve sobre seu rosto secando as lagrimas, puxei uma manta que estava sobre o sofá e nos cobri, os aquecedores ligados não nos deixaria com frio por isso não preocupei em buscar mais nenhum cobertor.

***

Despertei e olhei para Bella, ela ainda dormia aninhada contra meu corpo, sorri e ajeitei uma mecha de seu cabelo que estava em seu rosto, estiquei a mão e peguei o celular que estava na mesa ao meu lado, eram 04:30 da manha, tentei soltar a mão de Bella que estava agarrada ao meu casaco e ela resmungou apertando mais forte, passei uma mão sobre seus joelhos e com extremo cuidado nos levantei, caminhei ate o quarto e a deitei, de certa forma ela se aninhou pegando meu travesseiro e suspirou, estiquei o corpo que estava um pouco dolorido e retirei seu presente que agora estava com o embrulho meio amassado, fui ate a sala e o coloquei sobre a pequena arvore que eu e Alice havíamos comprados.

Voltei ao quarto e sorri para a visão de Bella em minha cama, essa menina-mulher mexia com algo em mim de forma tão avassaladora que de certa forma eu estava assustado, caminhei ate ela e com cuidado retirei seus sapatos, logo após retirei os meus e me deitei, sabia que o certo seria ir ate um quarto de hospedes, mas eu precisava tê-la em meus braços novamente, ela suspirou contra meu peito e eu pude enfim dormir.

Senti um movimento em minha cama e abri os olhos, sorri, vendo Bella tentando se levantar sem fazer grandes movimentos.

–Espero que esteja indo ao banheiro e não fugindo de mim – disse e ela me olhou assustada – Bom dia querida.

–Eu...bom dia – disse se levantando, me sentei e passei as mãos no cabelo – eu...eu preciso ir, desculpe.

–Vá fazer sua higiene pessoal – disse ignorando sua frase final – irei fazer nosso café – me levantei e passei por ela.

–Edward eu preciso ir – ela disse e eu me virei.

–Chocolate quente ou café? – perguntei novamente a ignorando.

–Chocolate quente – disse se rendendo, suspirei e fui ate ela e dei um beijo em sua testa.

–Eu disse que lhe ajudaria, que cuidaria de você e irei fazer isso – disse e sai a deixando para trás, fui direto para a cozinha comecei a preparar o chocolate e coloquei um bolo e alguns pães sobre a bancada, estava de costas quando ouvi seus passos pela cozinha – Pode se sentar que irei nos servir – disse sem a olhar, terminei o chocolate e os coloquei em duas xícaras e me virei, Bella estava sentada de frente para mim, seus cabelos antes soltos agora estavam presos em um coque frouxo.

–Obrigado de verdade – disse pegando o chocolate.

–Por nada – disse e me sentei – Agora coma – falei fazendo gesto para os pães e bolo há nossa frente – Talvez devesse ligar para seu primo depois – falei quebrando o silencio e ela assentiu.

–Edward? – me chamou quando me levantei em busca de mais chocolate a olhei e seu medo por algo estava estampado em seu olhar.

–O que foi? – perguntei preocupado.

–Você...você....bem poderia me levar há um lugar? – perguntou gaguejando.

–Claro, onde gostaria de ir? – perguntei voltando a me virar.

–Ao cemitério – imediatamente levantei minha cabeça e pelo vidro vi o reflexo de Bella – preciso ver meus pais – disse e um sorriso se formou em meus lábios.

–Claro eu levo – responde e depois voltei a olhar – quando gostaria de ir? – perguntei voltando a me sentar.

–Pode ser após terminarmos, se não tiver que fazer algo claro – falou tímida e eu neguei.

–Sou seu hoje e quando precisar – suas bochechas ficaram vermelhas e eu sorri – Esqueci de dizer papai Noel deixou seu presente nesta noite – seus olhos brilharam e eu me levantei estendendo a mão para ela – Venha ver – meio hesitante ela pegou minha mão e sorriu se levantando, segui ate a sala e indiquei a pequena arvore de natal sobre a mesa e ao lado seu embrulho – Vá lá ver seu presente – incentivei e sem graça Bella soltou minha mão e foi ate a arvore, pegou o embrulho e o abriu toda cuidadosa, quando ela abriu a caixinha seu soluço foi alto, fui ate ela e de repente ela se virou se jogando contra meu corpo, seu choro de certa forma me assustou, mas eu sabia que ela precisava disso.

–O-obrigado – disse com a voz tremula – sei que fiz tudo errado e mamãe e papai me xingariam ao ver que desisti de tudo por eles – falou e levantou seu rosto e me fitou – Obrigado por me devolver a magia do natal, por me devolver a fé nas pessoas e me mostrar que eu estava errada. Obrigado por querer seu meu amigo – ela sorriu tão lindamente e eu me vi respondendo, meu coração batia acelerado, os lábios de Bella pousaram levemente sobre minha bochecha e eu sorri diante seu ato, eu poderia ignorar o que crescia em mim por ela, eu apenas seria seu amigo, como ela precisava.

–Feliz natal, minha linda – responde dando um beijo em sua testa.