Acordei um pouco desorientada, provavelmente efeito dos remédios que consistiam três doses diárias de um líquido espesso com um gosto adocicado. Anne abriu a janela deixando a luminosidade adentrar o quarto. Lucy cuidava da minha produção para o café da manhã, enquanto Mary preparava meu banho.

As tarefas diárias eram simples. Na verdade, apenas dar continuidade ao projeto da recepção junto com Kriss. Fiquei feliz com a minha sucinta programação diária, pois sinceramente eu não me encontro em boas condições físicas ou até mesmo mentais para realizar qualquer coisa mais elaborada.

Tomei meu banho. Em seguida Lucy me apresentou meu mais novo amigo. Um vestido rosa claro de alças, com uma fita de cetim cinza que o tornava acinturado. Simples, mas eu adorei. Quando vi as joia que o acompanhariam, então percebi que elas seriam o enfoque da produção. Um colar que começava como uma gargantilha que descia sobre meu colo formando uma espécie de renda de pedras preciosas escuras. Uma peça estonteante.

Encontrei o salão como sempre. A reação de Celeste, mais do que esperada. Olhar de raiva, que logo se transformava em um completo desdém.

Sentei ao lado de Kriss, e reparei que Maxon não estava. Conversei com ela, mas me preocupei mais em me alimentar.

“Viva a torta de morango.”

Depois seguimos para o jardim. Sentamos sobre uma mesa preparada para as duplas. As decisões seguiam:

– Oque você acha sobre as cortinas serem de seda perolada? Certamente daria um tom relaxante ao ambiente. – Kriss propôs.

– Seria o menos arriscado... portanto o melhor a fazer! –Respondi em um tom decisivo como um general. Ela riu e completou:

–Sim senhorita! Quanto menos riscos corrermos mais seguras estarmos de nosso sucesso! – ela afirmou em tom brincalhão.

Na realidade era muito difícil Kriss fazer suas próprias piadas... sempre ria de eventuais brincadeiras, mas como era muito tímida nunca levantava a voz. Sinceramente acho sua companhia muito agradável apesar de ficar um pouco ressentida com o fato dela dizer que realmente ama Maxon. Infelizmente não posso ser a única a amá-lo.

Já era quase noite quando decidimos encerrar o trabalho. Decidimos praticamente metade dos preparativos em um terço do tempo. Enquanto isso Celeste e Elise tentavam com afinco parecerem confiantes, mesmo sendo impossível não notar os olhares de soslaio de Celeste para nosso projeto.

O jantar foi como de costume. Maxon estava presente. Sinceramente estava um pouco ressentida por ele não ter me visitado o dia inteiro mesmo eu estando em condições consideradas um tanto quanto precárias. Durante a sobremesa notei Maxon cutucou a orelha, cutuquei também.

Quando subi para o meu quarto notei a presença de Aspen, que devido a presença de outros dois guardas pôde apenas lançar um olhar, que não pude compreender. Fiquei inicialmente aliviada, porém comecei a refletir.

“Aspen deve ter compreendido que quero distância, e desde a noite em que revelei que não o queria por perto ele nem me fitou. Porém hoje, mesmo sobre a presença de dois outros guardas ele decide lançar para mim um olhar que na realidade eu nem mesmo compreendi!? Isso significa alguma coisa? Sinceramente, espero que não.”

Maxon deve estar para chegar e não quero Aspen perto. Uma segunda vez geraria suspeitas.

Depois de meia hora ouvi um bater de porta. Aspen ou Maxon?

Levantei abria a porta e vi Maxon. Fiquei aliviada. Ele entrou e ele não deu um segundo e começou:

– Me desculpe América, eu fui péssimo não te visitando hoje mesmo sabendo que você não está bem... err... eu sinto muito...- mostrando sinceramente, arrependimento.

– Não se preocupe! Eu estou muito bem! – disse um com uma voz tentando parecer ávida.

– Eu tive hoje que ver sobre a lista de convidados da recepção que vocês estão organizando... e receberei pessoalmente meu melhor amigo Charles Donaclair, filho de Eloísa Werk, melhor amiga de minha mãe. – ele explicou.

–Sua mãe tem pouco tempo disponível para amigos, assim como você... não é mesmo? – quis saber.

Era muito bom simplesmente conversar com Maxon.

– É, é verdade... mas ela sempre procura estar sempre em contato com Eloísa por ser amiga dela antes mesmo de ter se tornado rainha... quando pertencia à casta quatro...- ele afirmou.

– Hmm... Mas se Eloísa pertence à casta quatro, é muito difícil o contato entre elas... não?

– Na realidade Eloísa se casou com um soldado de nome Marcus, que concluiu seu trabalho, portanto se tornou uma dois. Teve dois filhos, Charles e Alicia, Charles tem a minha idade e Alicia tem 12 anos.

–Ah entendi, eles vão ficar por aqui até quando? – perguntei.

–Não tenho certeza, mas acho que Eloísa e Alicia ficarão uma semana e Charles vai ficar aqui por mais tempo para fazer companhia. – ele me falou, animado.

–Que legal! Você vai ter alguém para passar o tempo, que não sejam as meninas, é claro. – falei

Ele riu.

–Mas eu gosto de passar o tempo com meninas, pode ter certeza – ele disse e piscou para mim, eu ri.

–Da para perceber que sim – falei.

Fomos para a sacada ver as estrelas, o céu de Angeles estava divino, sem nuvens e as estrelas iluminavam o céu. Maxon passou a mão pela minha cintura e me olhou nos olhos, ficamos nos olhando por algum tempo, então ele me beijou, um beijo terno e suave, eu adorava.

–Preciso ir, desculpe, gostaria de ficar mais – ele falou – mas não dá, volto assim que puder.

–Ok, tudo bem – falei, fingindo desanimo.

Ele saiu e me deixou com meus pensamentos sobre o tal amigo, em quanto tempo ele tiraria de Maxon e na recepção. Esses pensamentos estavam me deixando estressada. Entrei no meu quarto novamente e tranquei a porta da sacada.

Pensei em Aspen. Ele não apareceu. Fiquei aliviada.

Anne entrou no quarto e eu levei um susto tão grande que caí da cama.

–Senhorita, me desculpe, quer ajuda? A senhorita está bem? Está machucada? – Anne me perguntou assustada.

–Não, está tudo bem Anne, você só quase me matou de susto, só isso – falei e ela riu.

–Vou te ajudar a tirar o vestido e vestir a camisola senhorita – ela falou, enquanto eu tirava as sandálias ela preparava meu banho, eu me banhei e vesti a camisola e fui dormir.

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Acordei me sentindo muito mal. É como se tudo o que eu sentia antes houvesse duplicado. Falei para as meninas do meu estado e permaneci na cama durante a hora seguinte.

Quando me dei conta percebi que seria uma grande falta de consideração com Kriss não aparecer para realizar as preparações.

Após o café minhas criadas arrumaram meu cabelo e colocaram um vestido azul escuro em mim, com mangas até os cotovelos porque estava doente. Desci e encontrei as meninas no Salão Das Mulheres.

–Oi America! Pensei que não ia aparecer, graças a Deus você apareceu, precisamos resolver o cardápio.

–Sim, eu não ia te deixar você sozinha para terminar a recepção – falei.

–Ótimo, vamos nos sentar – ela falou, nos sentamos.

A tarde passou rápido, almoçamos no Salão Das Mulheres e quando estava perto da hora do jantar nós terminamos, Elise e Celeste também terminaram, até antes de nós.

–Que tal se nos usássemos vestidos escuros? Eu adoro vestidos escuros. – falei.

–Claro, bem discreto. – ela falou.

–Sim, e as joias? – falei.

–Estava pensando, poderíamos colocar um colar leve, ou nenhum, e um brinco mais chamativo, de brilhantes.

–Ótima ideia – falei.

–Vou lá para cima discutir com minhas criadas sobre o vestido, e sugiro que você faça o mesmo, suas criadas são tão talentosas, vão fazer um vestido maravilhoso para você. – Kriss falou.

Assenti animada. Nos levantamos e fomos para nossos quartos, Lucy deu uma ideia de vestido, falando o nome dos tecidos e sobre colocar brilhantes, eu não entendi direito, mas assenti. Elas sugeriram o uso de um brinco longo de brilhantes e um salto azul escuro também, assenti novamente.

O vestido seria longo, disso eu sabia, mas elas falavam tão empolgadas, que percebi que elas imaginavam a graciosidade do vestido.

Decidi jantar no quarto, e depois fui dormir.

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Acordei com uma leve dor de estomago, mas não importava, as criadas me vestiram com um vestido lilás que batia nos joelhos e de alcinha, dava uma aparência angelical, elas deixaram dessa vez meu cabelo solto e passaram pouca maquiagem.

Avisei a elas do caso de nosso trabalho não ser escolhido, elas guardarem o vestido para a outra ocasião. Elas assentiram e eu deixei o quarto para ir ao salão tomar café da manhã, entrei lá e o rei, a rainha, Maxon e Elise estavam lá, ele me olhou maravilhado, novamente, minhas criadas conseguiam impressionar o príncipe, e isso de fato me impressionava. Sorri para ele e sorriu de volta, fiz uma reverencia a família real e me sentei, logo Kriss e Celeste chegaram.

–Kriss, que vestido lindo – falei, olhando para o vestido verde escuro dela.

–O seu é mais ainda America – ela falou e se virou para olhar Maxon, e aí que eu vi que ela percebeu que Maxon estava olhando para mim, maravilhado – você vê como ele olha para você? É tão fofo.

Eu corei, e olhei para baixo, Maxon continuava me olhando, e eu desejei que ele parasse.

–É ... ele é muito fofo – falei.

Conversamos sobre os preparativos da festa, Kriss iria com um vestido roxo e eu com um vestido azul escuro, e ambas com brincos longos de brilhantes.

O rei parecia entediado ouvindo Maxon falar e a rainha comia olhando para o prato, percebi que ela não gostava de se meter nos assuntos políticos.

Quando estávamos saindo, Maxon me puxou e falou que iria ao meu quarto as cinco horas, para passearmos no jardim, assenti e me dirigi ao Salão Das Mulheres. Silvia pegou nossos trabalhos e disse que iria escolher, junto a rainha Amberly e em uma hora trariam o trabalho vencedor.

Eu e Kriss sentamos em um sofá, eu apertava a mão dela, nós precisávamos ganhar, ou o rei iria fazer com que Maxon me chutasse de lá, e isso não seria bom.

Depois de uma hora a rainha e Silvia voltaram, nos levantamos e a rainha disse:

–Meninas, o trabalho de todas estão ótimos, porém uma das recepções é mais adequada para o evento, por tanto, Kriss e America, a recepção de vocês será montada.

Suspirei aliviada, Celeste estava a ponto de explodir de raiva, mas eu não me importava, eu me senti aliviada, afinal eu não ia ser expulsa.

–Meninas a recepção será amanhã, eu cuidarei da montagem da recepção para vocês relaxarem um pouco, e então amanhã as três horas da tarde começaremos o evento, estejam lá pontualmente – Silvia falou. Assentimos.

Nosso almoço foi servido no Salão Das Mulheres e ficamos conversando com a rainha sobre nossos interesses.

Celeste contou de como ama ser modelo, e que ser famosa é ótimo, que ela ama câmeras e ama ser o centro das atenções.

–E você America, gosta de fazer oque? – a rainha me perguntou.

–Bom, eu gosto de tocar piano e violino e cantar também, além de passar o tempo com minha irmã May – falei.

–Ah, tenho certeza que deve adorar passar o tempo com sua irmã, você deve estar com saudades – a rainha me falou, compreensiva.

–Sim, estou com muitas saudades de May, ela me alegrava nos piores dias – falei.

–Deve ser ótimo ter uma irmã assim – a rainha me disse.

–É sim, muito bom. – falei.

Parei de prestar atenção na conversa depois, pensando em May, em como estava com saudades, e quando essa história de Seleção acabasse, como ela ficaria feliz ao morar no palácio e usar vestidos todos os dias. Eu precisava ganhar, não só por mim, não só por Maxon, não só pelo nosso amor, mas pela minha família também.

Quando eram quatro e meia me lembrei de que Maxon iria ao meu quarto as cinco horas.

–Desculpem, mas eu preciso.. preciso ir ao meu quarto – falei.

Fiz uma reverencia e saí, sai correndo para o quarto, quando estava virando em um corredor esbarrei em um guarda e ele me segurou.

Era Aspen.

–Er ... desculpe, não queria te atrapalhar – falei.

–Não tem problema Meri – ele me falou me olhando nos olhos, me levantei.

–America ok? Não me chame mais de Meri, Asp ... soldado Leger – falei.

–Ãhn, ok – ele disse, triste.

–Tenha um bom dia – falei, e sai correndo.

–Você também... Meri – ouvi ele dizer.

Entrei no quarto, algum tempo depois ouvi baterem na porta.

–Entra Maxon – falei.

–Olá America – ele falou – a sua recepção ganhou? – ele perguntou preocupado.

Me aproximei dele e olhei nos olhos dele e falei:

–Sim.

Ele me abraçou e eu tomei um susto no começo mas o abracei também.

–Graças a Deus, não queria ter de te tirar daqui – ele falou, e me beijou.

–Então minhas condições por aqui não estão boas certo? Se eu posso ser tirada por uma simples recepção ruim... – falei.

–Não é isso, simplesmente meu pai quer que você saia, e ia ser difícil te deixar ficar, mas eu conseguiria, porque eu te... – ele falou.

Beijei ele e assenti.

–Eu também.

Ele sorriu e fomos para o jardim. Quando estávamos alguns metros de distância do castelo, nos deitamos na grama.

–Então, sobre o que você quer conversar? – ele perguntou.

Me virei para ele que estava do meu lado, nossas mão dadas, e falei:

–Nada, sua companhia é ótima.

Ele se virou para mim e me beijou, aceitei, e ficamos ali, olhando para o céu, nos beijando, abraçados, quando estavam perto das sete horas um guarda chegou e falou:

–Alteza, é inconveniente ficar no jardim, por causa dos rebeldes.

–Sim, entendo. Vamos America? – Maxon se virou para mim e falou.

–E eu tenho escolha? – falei, vi o guarda dar um riso discreto e Maxon riu também.

–É, acho que não – ele falou.

Voltamos para o palácio de mãos dadas, e entramos no meu quarto, Aspen estava na porta e me fitou ao entrar.

–Boa noite soldado Leger –Maxon falou.

–Boa noite Alteza – ele respondeu.

Maxon segurou minhas mão e entrelaçou seus dedos nos meus, me olhou nos olhos e disse:

–Quero que esteja radiante como está esses dias – ele me disse.

–Vou estar – falei

–America, por favor, tente não irritar meu pai ok? Quer dizer... depois de te ver tão maravilhosamente linda, não sei se aguentaria ver você partir – ele disse.

–E não vou – falei.

–É, eu espero que não – ele falou, sorrindo. Oque isso queria dizer?

–Então você não tem certeza se quer que eu fique? – perguntei.

–Claro que tenho! O problema é meu pai, só estou dizendo para tentar não arrumar confusões, e assim conseguirei deixar você ficar comigo, para sempre – ele falou.

Me derreti por dentro, meu Deus, como ele consegue ser tão fofo, abracei ele e ele me disse:

–Esteja radiante amanhã por favor, te vejo amanhã, preciso ir. – ele falou.

Me despedi com um beijo e ele saiu.

Logo Aspen entrou e disse:

–Não gosto desses seus encontrinhos.

–Você não precisa gostar – falei irritada, empurrei ele para fora e fechei a porta.

Logo a porta se abriu novamente, era Anne, ela veio retocar minha maquiagem para o jantar, mas escolhi ficar no quarto, ela assentiu e então me arrumei para dormir, algum tempo depois ouvi alguns barulhos, era a família de Eloísa, a amiga da rainha Amberly.

Fui para a sacada e vi eles entrando, Eloísa e Marcus estavam entrando, ela era ruiva como eu e Marcus loiro, não consegui ver a cor dos olhos deles, então foquei em quem vinha atrás, um garoto e uma garota, Charles e Alicia, ambos loiros, então Charles olhou para cima e me viu, seus olhos eram verdes, eu me assustei e ele riu, fiz um sinal com a mão, e fiz um gesto com a boca dizendo “xiiu”, ele riu e continuou entrando.

Depois fui dormir, pensando em como era ter alguém como May no palácio, e pensando em Charles, que parecia ser um ótimo rapaz.