Effie e Haymitch - Desde o Início (Hayffie) escrita por Denuyn


Capítulo 16
16


Notas iniciais do capítulo

Eu disse que postaria ainda durante o feriado C:
Espero que compense o tempo perdido :/
Enfim, esse aqui é ~Pov Haymitch :) Aproveitem o/



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No dia da entrevista com os tributos, Effie estava praticamente enlouquecendo.

– Sailee! Você ainda não tomou café da manhã? Gerren e Halai estarão aqui a qualquer momento, e você precisa de forças para se manter presente na entrevista! Henry, como assim você se cortou? Céus, precisaremos da equipe de médicos além da de preparação! Haymitch!

– O que é? – gritei da sala, querendo parecer bravo.

Ela me encarou por um momento, como se não soubesse por qual razão me repreenderia.

– Pare de beber.

Eu gargalhei e ela revirou os olhos. Massageou as têmporas e afirmou que estava com dor de cabeça.

– Mas uma razão para chamar a equipe de médicos.

– Esqueça – ela disse – Vou fazer um curativo na mão de Henry.

Dei de ombros e tomei mais um gole. Ela estava realmente deixando o stress dominar sua cabeça. Eu teria de encontrar alguma maneira de relaxá-la; um pouco de uísque, talvez? Eu nem sabia qual era sua bebida preferida. Perguntaria mais tarde.

No momento, eu admito, estava mais preocupado com os tributos do que com Effie. Eles pareciam determinados a não mostrar nenhum carisma desde antes da equipe de preparação chegar, e certamente continuariam assim até a entrevista. Eu tinha certeza absoluta de que não conseguiriam nenhum patrocinador com expressões assustadas e respostas esquivas; eu mesmo conseguira apenas um ou dois com língua ferina e sarcasmo, coisa que a Capital adorava, por ser motivo de risadas. Depois que Effie fez o curativo na mão dele, entrei no quarto de Henry, sem cerimônias, e joguei-me na cadeira que ele pedira para colocarem ali. Ele me olhou feio, mas não saiu da cama nem falou nada.

– Então – eu me manifestei, tomando mais um gole da garrafa – Você quer viver ou salvar a Sailee?

Ele me olhou estupefato, como se não acreditasse que eu fora tão direto. Então, ele pareceu lembrar-se de que era eu, e sentou-se na cama com uma expressão mais decidida.

– Eu devo isso a ela.

– Não – eu me afundei ainda mais na cadeira – Você deve um relacionamento estável e duradouro com seu irmão, coisa que ela já tinha restaurado sem sua ajuda.

– Como?

– Eles voltaram faz uns meses. Pelo menos foi o que a Effie conseguiu arrancar da garota – dei de ombros – Ela realmente gosta do seu irmãozinho.

Henry soltou um sorriso frustrado e balançou a cabeça.

– É claro. Eu devia imaginar que eles esconderiam isso de mim.

– Nada mais justo – falei – Mas a questão não é se contaram a você que ainda se amam ou não. É se você vai tentar devolvê-la ao distrito 12 ou se quer encarar o seu irmão com o peso da morte dela nas suas costas.

Henry pareceu interromper uma linha de pensamento e demorou alguns momentos para retrucar.

– A morte dela pode não ser minha culpa.

– Se você não tentar protegê-la será sim, sua culpa. Pelo menos na visão de toda a Panem. A não ser que vocês dois morram; aí seu irmão não vai poder culpar ninguém a não ser algum Carreirista.

Henry me encarou horrorizado.

– Como você pode ser tão sem coração? Realmente acredita que nenhum de nós tem alguma chance de sobreviver?

– Eu não disse isso – dei de ombros – Todo cidadão de Panem tem pelo menos uma mínima chance de sobreviver aos Jogos Vorazes; só precisa ter esperança. E um pouco de instinto assassino, é claro.

– Esperança? Você acha que esperança adianta alguma coisa?

– Esperança é mais forte que o medo, Henry. Sempre foi, mas a Capital te faz acreditar no contrário; não deixe que eles brinquem mais com a sua mente do que já brincaram com as vidas das pessoas.

Houve um silêncio levemente constrangedor, mas não me deixei abalar tomando mais dois goles da garrafa. Henry, então, me encarou com o par de olhos mais sérios que já vi em um tributo do 12 além de mim e disse:

– Então eu devo ter esperança de que manterei Sailee viva.

Tomei a mesma expressão e assenti.

– Fico feliz que tenha tomado uma decisão. Agora, se me dá licença, tenho que mijar. Eu nem sei o que estou bebendo, e olha que já está acabando.

Henry revirou os olhos, não achando graça nenhuma, e balançou a mão, me dispensando. Suspirei e lancei mais um olhar de compreensão ao garoto antes de ir ao banheiro do meu quarto.

Depois dessa conversa animada, fiz questão de visitar o quarto de Sailee também.

Ela obviamente me lançou um olhar mortífero, mas, diferente de Henry, ela perguntou:

– O que você quer?

– Veja bem, eu não quero nada a não ser uma boa garrafa de uísque por dia e um par de calças decentes – e Effie, lembrei a mim mesmo -, mas a questão é o que Henry quer.

Ela me olhou com uma expressão absolutamente ultrajada, mas antes que dissesse alguma coisa, eu continuei:

– E o que Henry quer é se sacrificar pra te devolver ao irmão dele.

Impressionantemente, Sailee arregalou os olhos e abriu a boca, mas nenhum som saiu. Eu, obviamente, não iria deixar essa passar, então exclamei:

– Não! Sailee Herett está sem palavras?! Alguém chame o noticiário, isso aqui tem que ficar registrado na História de Panem! Céus, como estou honrado por ter tido a oportunidade de presenciar esse momento fantástico...!

– Cale a boca, Haymitch – ela disse – Só por um segundo.

Bufei e resmunguei sobre nunca poder usar meu humor brilhante, esperando que ela dissesse alguma coisa que prestasse. Com sucesso, alguns segundos depois ela suspirou e sussurrou:

– Ele disse que ia morrer pra me devolver ao Evan?

– É, por aí – dei de ombros – Ele disse que tem a esperança de mantê-la viva e tal. Não espere que eu repita a conversa toda, eu não tenho uma memória tão boa.

– Ele acha que eu consigo sobreviver aos Jogos?

– Sei lá. Você acha?

– Não. Nós dois morreremos lá.

– Não vai adiantar se você não acreditar, amorzinho. Esperança é importante.

– Esperança não vai me salvar de um Carreirista sedento de sangue.

– Talvez. Bem, isso, uma faca ou duas e bastante desespero.

– Foi isso que você disse a ele? Que eu não saberia me defender?

– Céus, garota, de onde você tira essas coisas? Eu nunca disse isso. Eu só contei que você e o irmãozinho dele já tinham voltado e que, se ele vencesse, teria de viver com a culpa da sua morte, entre outras coisas – completei.

Sailee arregalou os olhos.

– Effie te contou?

– Queridinha, eu sou o seu mentor. Se você espetar o seu mindinho numa farpa, eu vou saber – óbvio que não era verdade. Eu não era tão interessado na vida pessoal dos tributos; não queria me apegar. Então é claro que Effie me contou.

Ela balançou a cabeça.

– Não importa o quanto ele tente; nós dois vamos morrer lá. Eu agradeceria a ajuda se pudesse, mas acho que não terei tempo. Não sou rápida o suficiente para sobreviver ao banho de sangue.

– E que tal se você não participar do banho de sangue?

– O quê?

– É. Correr na direção oposta. Não posso dizer que foi isso que eu fiz, mas funciona para sobreviver no início. Só tente cooperar com a causa do Henry e talvez consigamos deixar todos os Capitalistas com cara de idiota.

Sailee não pareceu exatamente convencida, mas assentiu e falou que eu podia ir embora agora. Dei de ombros e voltei à sala, onde encontrei a equipe de preparação conversando com Effie.

Revirei os olhos antes de chegar ao campo de alcance da frivolidade e me tranquei no quarto, saindo apenas horas depois, quando Effie veio me chamar para levá-los à entrevista. Eu estava inapresentável, claro, então tive que me trocar, escovar os dentes e o cabelo, além de abandonar a garrafa no quarto. Ao ver os tributos, tive vontade de gritar.

Sailee tinha uma aparência sombria e cansada com um vestido de saia esfarelada que parecia feita de cinzas de carvão e uma maquiagem clara, com exceção de um batom escuro demais e ridículo em seu rosto jovem. Seus saltos eram negros e pareciam casca de madeira queimada. Henry vestia um terno que não tinha nada a ver com o 12; uma camisa verde-garrafa e um terno cor de chumbo, com sapatos azul-metálicos bem escuros e cabelo cheio de gel.

Preferi não me mostrar mais pessimista que o normal, então encarei-os e falei:

– O que vocês estão esperando? Vamos para o elevador.


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Notas finais do capítulo

Sério, realmente espero que tenham gostado ;-;
Posto o próximo logo, logo :) Abraços infinitos o/