Effie e Haymitch - Desde o Início (Hayffie) escrita por Denuyn
Notas iniciais do capítulo
Aproveitem esse capítulo com a narração da Effie!
Eu praticamente não conseguia parar de sorrir; era impossível. Lembranças da noite anterior inundavam minha mente: quando Haymitch me beijou depois da reprise das Colheitas, do modo como olhou para mim antes que eu o jogasse na cama e... bem, o resto.
O claque-claque irritante dos meus saltos ecoava pelos corredores enquanto eu e Haymitch nos dirigíamos à Sala dos Patrocinadores. Era um salão ornamentado, exagerado e entupido de televisões que reproduziam vídeos dos tributos até os Jogos começarem, onde os Capitalistas interessados em “colaborar” com os tributos ficavam, indo e vindo como quiserem. Antes dos Jogos, os mentores e escolta passeavam pela Sala e pelo complexo do edifício, tentando conseguir patrocinadores que ajudassem seus tributos.
— Temos mesmo que fazer isso agora? – Haymitch resmungou, sem que ninguém ao nosso redor ouvisse – Eles ainda nem fizeram a avaliação dos Idealizadores! Ninguém vai querer patrocinar dois mineradores se nem sabem se são bons em alguma coisa.
— Temos, sim. Eles saberão que nossos tributos são bons porque é o que contaremos. E se quisermos que pelo menos um deles sobreviva, teremos de conseguir patrocinadores desde cedo.
Haymitch ficou em silêncio por um momento e, ao me encarar, sussurrou:
— Qual deles?
— O quê? – arregalei os olhos.
— Qual dos nossos tributos ajudaremos?
— Ora... os dois, claro!
— Mas os dois não sobreviverão. Temos de fazer o máximo para manter só um vivo.
— Eu... não me peça para escolher, Aber.
Ele hesitou, desviando o olhar.
— É inevitável, Effie, e você sabe disso.
Ele estava certo. Eu sabia.
Percorri o salão sozinha, deixando Haymitch no bar, e me esforcei para sorrir a todos os Capitalistas que olhavam para mim, isso quando olhavam. Então, chegando à TV que transmitia o desfile do 12, encontrei nada mais nada menos que duas pessoas contemplando a tela. Uma mulher alta, praticamente esquelética, usando uma peruca rosa-chá, cílios postiços imitando penas e saltos absurdos, deixando-a mais alta que todos no salão. O homem tinha um topete verde clarinho, um terno laranja brilhante e um rosto anguloso. Impressionada pela quantidade de duas pessoas acima do esperado, me aproximei com um sorriso radiante estampado no rosto.
— Belo, belo, belo desfile, não acham? Adorei como a maquiadora escureceu os olhos de Sailee, vocês não?
Eles me olharam com uma expressão vazia e acenaram com a cabeça positivamente, para depois voltar a assistir a reprise do passeio de carruagem.
Desconcertada, vacilei no sorriso, mas continuei com a aparência de quem estava tendo o melhor dia de sua vida.
— Ah, me desculpem, esqueci de me apresentar! Sou Effie Trinket, escolta dos tributos do 12! E a senhorita e o senhor, como se chamam?
A mulher virou-se para mim, ensaiou um sorriso mas desistiu.
— Sou Larain Eschel e este é meu irmão Cornelion. Gostaríamos de patrocinar os tributos do distrito 12 desse ano.
— Mesmo? Quero dizer, ah, fantástico! Fico muito feliz!
Cornelion deu um sorriso de lado, meio de deboche, mas não pareceu hostil.
— E onde está o mentor desses tributos maravilhosos? – Larain conseguiu dar um sorriso, mas saiu forçado e falso. Provavelmente porque não acreditava que meus tributos eram maravilhosos.
— Ah, Ab... Haymitch deve estar logo ali, no bar... Haymitch! – chamei ao avistá-lo. Acenei de maneira frívola, balançando os dedos e sorrindo. Ele me ouviu e virou depois de tomar mais um gole de licor. Franziu o cenho e depois arregalou os olhos ao ver os Eschel, levantando-se e andando meio mole até nós.
— Prazer, Haymitch, sou Larain Esch...
— Eu sei quem vocês são – ele cortou, passando a mão no cabelo parecendo preocupado – Irmãos Eschel, multimilionários, praticamente os únicos seres caridosos da Capital. É a primeira vez que ajudam os tributos do 12. Por quê querem fazer isso?
Surpreendi-me que Haymitch soubesse quem eles eram e eu não, mas aquele era o meu primeiro ano como escolta e eu nem me lembrava em quantos Jogos Haymitch serviu como mentor.
Cornelion esboçou um sorriso malicioso e falou pela primeira vez, com um tom altamente sarcástico e uma voz grave e ressonante:
— Nada de mais, apenas queríamos arranjar um modo mais ridículo de desperdiçar dinheiro.
— Cornelion – Larain repreendeu-o – Deixe de ser sarcástico – e depois, virando-se para nós – O que ele quis dizer é que estamos interessados em virar o jogo; seria muito divertido ver os tributos mais desprezados vencerem os Jogos, pra variar.
Haymitch franziu o cenho novamente, mas acenou em concordância.
— Maravilhoso! – sorri amplamente – Estamos muito gratos pela ajuda! Esperem só até os resultados dos testes; tenho certeza que não se arrependerão!
Os irmãos voltaram à expressão vazia e acenaram com a cabeça antes de saírem andando pelo salão até a porta. Virei-me para Haymitch e sorri genuinamente feliz.
— O que achou disso? – perguntei com um ar triunfante.
— Nada bom. Eles só querem diversão; podem mandar presentes absolutamente inúteis nos momentos de maior necessidade.
Extingui o sorriso de meu rosto e resmunguei:
— Não precisava ser tão pessimista.
Haymitch quase riu e disse:
— Você não tem noção de quanto eu quero te beijar agora.
Pisquei, como se estivesse falando bobagem.
— Mas é óbvio que tenho.
Ele riu e, antes de voltar para o bar, disse:
— Se tivesse 2º round, você provavelmente não iria querer.
Idiota. É claro que eu iria querer.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Bem, espero que tenham gostado. Vou postar o próximo ainda durante o feriado, se possível. Abraços infinitos e muito, muito, muito amor Hayffie c: