The Forgotten escrita por Panda Chan


Capítulo 4
Patos


Notas iniciais do capítulo

Oooi gente estou gostando de ver os reviews *U*
Obrigada pessoas e olá leitores fantasmas
Boa leitura



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Ouço um grito.

Um grito de pavor banhado em medo. Um grito aterrorizado.

Um grito que podia sentir fazendo meu corpo vibrar.

— ALICE!

Alguém estava me chamando. Olhei para os lados sem ver nada além do vermelho.

Vermelho?

— Pelo amor de Deus – algo molhou meu rosto – Acorde, Alice!

Eu estou dormindo?

O grito estava diminuindo, ficando mais baixo enquanto eu tentava abrir os olhos.

Agora sei de quem era o grito, era meu.

Respirei fundo e comecei a tossir, foi como se o oxigênio fosse lava derretendo tudo por dentro.

— Graças a Deus! – Stella me abraçou com força.

— O que – quase tossi meus pulmões pra fora – Aconteceu..?

— Eu cheguei em casa e te encontrei dormindo no sofá – ela se afastou e pude ver lagrimas caindo por seu rosto – Quando eu tentei te acordei percebi que você não respirava e ai você começou a gritar... Eu fiquei com tanto medo querida.

— Eu não respirava?

— Alice – ela secou as lagrimas e sorriu tentando me acalmar – Você morreu querida.

—x-x-x-x-x-x-x

Estou em uma sala branca cheia de patos amarelos.

A sala é decorada com uma mesa azul cheia de pequenos patinhos de porcelana, duas poltronas azuis, um armário de madeira branco que tem vários patos de pelúcia em cima e um pote de cookies em forma de pato. Tem uma mesa de criança perto da janela, a mesa é amarela com duas pequenas cadeiras amarelas que se parecem com uma miniatura da poltrona na qual estou sentada. Sobre a mesa tem um pequeno conjunto de chá decorado com ... Quem adivinhar essa, ganha barras de ouro que valem mais do que dinheiro.. Isso mesmo, patos.

Esse é o consultório do Dr. Williams, ele é meu psiquiatra desde que tinha cinco anos.

No inicio era impossível me concentrar em qualquer coisa quando entrava aqui, culpo os patos por isso. Malditos patos. Hoje em dia é mais fácil conversar com o Dr. Williams e ignorar os patinhos amarelos ao meu redor.

— Desculpe meu atraso – ele apertou algum botão em seu celular e sorriu –Meu filho está tendo problemas.

— Ora Dr. Williams, você devia saber ser psiquiatra do seu próprio filho não é uma boa idéia.

Dr. Williams tem a pele morena, olhos castanho escuro, uma barba que está sempre por fazer e um sorriso que usa toda hora como se fosse o Coringa. Acho que ele nunca percebeu como isso assusta os pacientes.

— Você me conhece Alice, sempre me envolvo demais com as coisas. O que aconteceu pra sua tia te trazer aqui de forma tão urgente?

Suspirei. O que me traz aqui? As pernas talvez. Ou o carro que me trouxe a maior parte do caminho. Pressionei os lábios com força. Devo ou não falar?

— Ontem eu tive um sonho muito estranho com sangue e uma garotinha gritando – esse sonho veio depois que eu segurei o ursinho de pelúcia que um garoto que mal conheço me deu, completei mentalmente- Minha tia disse que enquanto eu dormia não estava respirando e que comecei a gritar do nada.

— Você vem tendo esses sonhos há muito tempo?

— Não – encarei um patinho com orelhas de coelho – Eu só tive ontem.

Dr. Williams apertou um botão no telefone e pediu pra que sua secretaria desmarcasse todos os compromissos que ele iria ter no dia, tentei convencê-lo a não fazer isso, mas ele disse que isso devia ser feito por que eu sou uma paciente diferente.

— Mas eu nunca quis ser diferente – resmunguei enquanto ele saia pra combinar algo sobre os exames.

Fiquei encarando o patinho de porcelana com orelhas de coelho, ele sem duvida é novo na decoração.

Um patinho com orelhas de coelho, muito original.

Passei o dia todo fazendo exames, quando cheguei em casa, já anoitecendo, fui recebida por Totó com seu estranho rebolado de cachorro filhote.

— Oi cachorrinho – fiz carinho nele que ficou feliz e começou a rebolar mais ainda.

— Ele deve ser o único cachorro que rebola – Stella se sentou no chão e pegou Totó no colo – Vá se deitar um pouco, o dia foi longo.

— Você deveria fazer o mesmo – disse.

Stella é uma corretora de imóveis, o que não significa que ela pode ficar desmarcando compromissos como fez hoje, ela ficou do meu lado durante cada exame proposto pelo Dr. Williams.

Fui furada, hipnotizada, tirei raio x da cabeça, colocaram fios em mim, me mostraram imagens estranhas e até fizeram um teste para ver se estou usando alguma droga alucinógena ( me senti muito ofendida por ter que fazer esse exame), tudo para no final o Dr. Williams olhar para mim e dizer:

— Parabéns! Você está se lembrando das coisas, seu bloqueio está acabando.

Ele disse isso com tanta animação na voz que imaginei ser a mesma que um médico usa quando diz que a mulher está grávida.

Tranquei a porta do meu quarto e me joguei na cama encarando o teto coberto por posters.

Meu quarto é como minha cabeça, uma bagunça única. As paredes um dia foram brancas, hoje são cobertas por posters de bandas, animes, games e filmes que eu gosto, meu guarda-roupa tem fotos de famosos com roupas que eu tento copiar, o chão está sempre coberto por uma bagunça infinita já que tenho uma mania muito feia de desenhar algo, não gostar e jogar no chão.

Divido o espaço da minha cama com um livro que estava lendo, dois ursinhos de pelúcia e um travesseiro com fronha do Pikachu.

Acho que a única coisa arrumada nesse cômodo é a minha prateleira de livros.

Parabéns, ele disse, Você está se lembrando das coisas.

Isso não deveria ser lago ruim, certo? Vou me lembrar do sorriso da minha mãe e da voz do meu pai, dos momentos que tive com eles. Isso é bom, certo?

Então por que eu sinto como se fosse errado lembrar disso? Por que eu desejo que o bloqueio não acabe?

Dormi agarrada com meu travesseiro.

—x-x-x-x-x-x-x-x-x

Sexta-feira é o melhor dia da semana sem sombras de dúvida, acho até que deveriam fazer uma estatua de uma bela mulher e gravar algo como ‘ Sexta-feira é a deusa eterna da Alice e o melhor dia da semana’.

Tem como não amar uma bela manha de sexta-feira na qual metade dos alunos da escola faltou? Claro que não, acho que só a amaria mais se Aline não tivesse vindo.

— Então eles disseram que você está se lembrando das coisas? Uau.

O problema da Nana é que ela não consegue ficar muito tempo sem comer e por isso vive com um chiclete na boca fazendo bolas irritantes que estoura menos de 30 segundos depois.

— Pois é, meu psiquiatra agiu como se isso fosse a melhor noticia da minha vida.

— E não é? – ela perguntou.

— Deve ser – respondi.

Na verdade eu não tenho certeza se isso é algo bom, quero dizer, vou ter todas aquelas lembranças dos meus primeiros cinco anos de vida com meus pais e tudo mais, só que também terei a lembrança do tempo que passei com o assassino deles.

Tenho medo de descobrir o tipo de coisa que presenciei.

Entrei na sala com Nana do meu lado falando sobre o seu novo namorado.

— Ele é tãããão perfeito amiga – suspirou – Queria passar todos os instantes da minha vida olhando pra ele.

— Alice! – olhei para o lado de onde a voz veio e me surpreendi ao ver Alex sorrindo.

Alex estava radiante, seu sorrido era enorme e seus olhos brilhavam, fiquei surpresa ao ver que ele estava sentado no lugar atrás de onde me sento com todas as meninas da sala ao redor.

— O que eu perdi? – sussurrei para Anna.

— Alex é popular agora.

— Popular? – perguntei surpresa – Mas ele está aqui a menos de uma semana. Como ele é popular e eu não?

— Você não gosta de sorrir muito – deu os ombros – Acho que isso te deixa um pouquinho assustadora.

— Eu não sou assustadora – declarei.

— É sim – me virei e vi que agora Alex estava atrás de mim – Mas tudo bem, não tenho preconceito e acho todos igualmente assustadores – sorriu.

— Você sabe bem o que dizer para que uma garota se sinta especial.

— Obrigado.

Nana começou a rir e cumprimentou Alex.

Fui me sentar sendo seguida pelos dois que conversavam animadamente sobre algo, eu não faço idéia sobre o que era porque não estava prestando atenção na conversa e sim nele.

Algo nele me intriga.

— ... Alice também vai.

Ouvir meu nome fez com que acordasse do transe estranho em que estava.

— Vou onde? – perguntei.

— Na Pandemônio hoje – Anna revirou os olhos – Você não ouviu nada do que eu disse não é?

— Não quero ir pra lá.

— Mas o Alex quer – ela começou a fazer biquinho – E ele não conhece ninguém aqui , né Alex?

— Sim – ele também fazia biquinho – Ficaria feliz com sua presença.

Revirei os olhos.

— Ta bom, eu vou. Por favor, parem de fazer essas caras bicudas assustadoras.

— Eba – disseram juntos.

Ótimo, ele já fez uma aliança com Nana para me manipular. Daqui a pouco esse menino consegue ser presidente, pode esperar.


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Notas finais do capítulo

MUAHAHHA Eu imagino que agora você está com raiva de mim, mas não se preocupe aos poucos vou te dando peças do meu mágico quebra cabeça do passado da Alice
Beijos pequenos cupakes azuis



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