Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Não vou matar o Alex. Eu vou matar o Alex.

Droga, como se mata a morte?

Já passou da hora se dormir e aqui estou eu, abraçada com o senhor Pikachu debaixo do cobertor com muita raiva do maldito deus da morte que não veio me ver até agora.

Qual o problema dele? Por que se atrasa? Caramba, ele se teletransporta e tem super velocidade! Qual desculpa alguém assim tem para se atrasar?

Bufei mal-humorada e me enfiei ainda mais debaixo do cobertor com meu Pikachu estiloso. Já que ele está demorando quando chegar que me chame e acho bom trazer comida se não vou ficar muito brava.

Não sei quanto tempo passou até que eu acordei sentindo uma mão acariciando meu rosto, assim que abri as pálpebras encontrei um par de olhos castanhos me encarando.

– Cheguei muito tarde? - Alex estava sentado na ponta da cama ao lado do meu travesseiro. O rosto pálido dele estava rosa no nariz e nas bochechas, flocos de neve estavam espalhados pela confusão de fios negros em sua cabeça e pelas suas roupas pretas.

– Não, imagina – sentei-me usando o cobertor como capa contra o frio que dominava o local – Onde esteve?

– Muitos lugares – ele respondeu sorrindo – E você?

Gostaria de ter respondido que até segunda ordem eu estava presa em um Instituto para sobrenaturais em um país sobrenatural que não conheço e não tenho para onde ir quando alguém bateu na porta do meu quarto, com o coração a mil me virei para encarar Alex que parecia calmo e confiante.

“ E agora?” , perguntei movendo os lábios.

Uma das principais regras do Instituto é que os horários devem ser respeitados e após o sinal que indica a hora de dormir as visitas são proibidas.

– Pode abrir, só você está me vendo.

Com o coração a mil por hora abri a porta do quarto esperando encontrar uma diretora lobo muito brava. Não pude conter o meu suspiro de alívio ao me deparar com Morfeu.

– Bonne nuit.

Mas que porcaria ele disse? Isso é uma macumba? Soa como macumba. Ai meu deus ele me jogou uma macumba!

– Hãm? – foi tudo que disse com medo de falar besteira e piorar minha situação.

– Isso significa “boa noite”, em francês.

– Você fala francês? – não Alice, ele disse boa noite em francês, mas na verdade fala turco.

– Um pouco – sorriu – Eu morei um tempo na França.

– Que inveja você comia croissant na terra do croissant – lembrei então do horário e de Alex no quarto – O que está fazendo aqui?

– Vim ver como você está se sentindo e pedir desculpas pelo Encanto.

– Como se eu fosse desculpar um cara que deliberadamente tentou me seduzir – bufei de raiva – Espere sentado pelo meu pedido de desculpas Sr. Morfeu.

Levei a mão até a maçaneta pronta para fechar a porta na cara dele.

– Vamos lá, Alice – ele segurou minha mão – Não vamos começar do jeito errado – senti um pequeno choque no local em que ele segurava minha mão – Eu não sabia que você desconhecia o Encanto, fadas também usam bastante e pensei que não ia ter efeito – ele encarou meu rosto procurando algum sinal de fraqueza - Você é amiga da Melody, então vamos nos encontrar muito por ai se me perdoar agora vai evitar constrangimentos no futuro.

Olhei para a cama atrás de mim onde Alex assistia a cena com o Senhor Pikachu no colo, preciso acabar logo com isso.

– Tudo bem – falei.

– É sério? – algo faiscou no seu olhar.

– Sim – respondi – Agora vá embora antes que alguém te encontre aqui.

– Nunca vão me encontrar – ele sorriu demonstrando confiança – Ninguém desconfia de um hamster – ele piscou com apenas um olho.

– Você se transformou em um hamster para vir até aqui? – perguntei incrédula.

– Mas é claro – ele respondeu como se fosse óbvio – A Flor é muito malvada comigo.

– Pelo menos uma mulher que não caiu nos seus encantos.

– Espero que ela seja a única – ele deu um rápido beijo na minha bochecha e se afastou – Boa noite, Alice.

Faíscas saíram da sua pele enquanto ele diminuía até se tornar um hamster e sair correndo.

Fechei a porta e voltei minha atenção para Alex que agora estava com a cartola do Senhor Pikachu na cabeça.

– Então – foi tudo que ele disse. Não sei dizer se foi uma pergunta ou uma afirmação.

– Então o quê?

– Quem é esse cara?

– Um amigo – respondi.

– Amigo. Sei.

Foi impressão minha ou essa frase dele veio carregada de ciúme?

– É, amigo – repeti – Algum problema?

– Ele usou Encanto em você – ele parecia sério – Quer um problema maior que esse?

– Não é culpa dele, isso é automático.

– O Encanto é uma maldição – Alex colocou a cartola de volta na cabeça do Senhor Pikachu – Há muitos séculos atrás existia uma bruxa que era apaixonada por um humano que veio a falecer, um metamorfo tentando ser “engraçadinho” se transformou no homem e a bruxa saiu contente pelas ruas de braços dados com seu amado. Quando descobriu a farsa ela jogou a maldição do Encanto nos metamorfos, assim eles nunca saberão quando alguém os quer pela sua beleza ou por quem são.

– Morfeu me disse que ele pode desligar o Encanto.

Alex se levantou e veio até mim que automaticamente fui dando passos para trás. Ele se aproximou mais e mais até que me vi presa entre ele e a parede.

– Só se a pessoa sabe da magia e quer resistir á ela isso funciona – tirou uma mecha de cabelo do meu rosto – A questão é: você quer resistir?

Não respondi, eu estava perdida. Perdida no castanho dos seus olhos que estavam mais escuros que o normal. Perdida na respiração que se misturava a minha dada a nossa aproximação. Perdida nas pontas da franja dele que caiam sobre o rosto. Perdida na mão dele que havia colocado uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e agora repousava em meu ombro. Estava perdida nele.

Alex deve ter interpretado meu silêncio de forma errada, pois se afastou e foi até a escrivaninha no canto do quarto onde alguns dos meus Hqs estavam.

– Vim te trazer um presente – ele anunciou.

– Outro amuleto amaldiçoado de família? – o talismã da minha mãe estava debaixo da minha blusa bem escondido para ninguém encontrar.

– Não – ele se virou sorrindo de canto – Você vai ter que se acostumar com o que tem.

– Então o que é?

Alex colocou a mão dentro do casaco e de lá tirou um caderninho com capa de couro preto.

– É um diário, não vou estar sempre presente para vir até você e Stella também não então esse vai ser seu melhor amigo quando precisar desabafar.

Peguei o diário de suas mãos, ele tinha o tamanho de uma agenda e lembrava um livro antigo na frente meu nome estava escrito em letra cursiva com tinta prateada.

– Obrigada – murmurei.

– Não foi nada. Eu sei o que aconteceu com você essa tarde e quero que comece a usar o amuleto nas aulas de combate, mas deixe-o guardado o restante do dia – assenti como resposta, ele prosseguiu – Agora vou me ausentar um tempo, mas em breve volto para te ver.

– Quanto tempo?

– Ainda não sei – respondeu – Mas volto logo.

Ele foi até a porta do meu quarto e suspirou.

– O que foi? – perguntei preocupada.

Ele veio até mim e me abraçou com força.

– Eu vou voltar – sussurrou – Prometo.

– Boa sorte – respondi.

Então ele sumiu.

–x-x-x-x-x-

Acordei com dores por todo o corpo causadas pela noite de sono mal dormida. Olhei ao redor do meu quarto que parecia ainda mais frio que antes e peguei o diário que Alex me deu, abraçando-o.

Hoje não tenho Alex ou Stella para me visitar e não tenho Nana para me fazer sorrir. Hoje estou sozinha e pela primeira vez, isso não me assusta.

Metas para realizar o mais rápido possível!!!

Por Alice Knight

1. Encontrar uma forma de ajudar a Nana

2. Descobri porque Pudim estava com raiva de mim

3. Comprar roupas mais quentinhas

4. Falar com Alex

5. Descobrir como esconder o amuleto/talismã/ sei lá que nome dou pra isso de família sem que descubram.