Os Olhos que Encontraram os Meus escrita por Yukii


Capítulo 16
Capítulo 16 - Ciúmes de um Uchiha




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As noites de Konoha eram sempre quentes e ventiladas, e aquela noite não era diferente. O ar rodopiava pelas ruas, levantando as folhas do chão e refrescando os moradores que caminhavam pelas ruas. Ainda estava cedo, por isso ainda havia muita gente fora de casa. Mas aquilo não era ruim, pelo menos Sakura não achava. Nos últimos tempos, haviam acontecido tantas coisas tristes e preocupantes em sua vida que um pouco da calmaria da vida cotidiana caía muito bem.


A Haruno continuou a caminhar pela rua, apertando nos braços uma pequena cesta. Não podia negar que estava nervosa. Muito nervosa. Além dos pensamentos que cismavam em lhe atacar a cada minuto como facas em brasa, haviam outras coisas que a inquietavam. "Espero que não tenha ficado muito ruim", pensou ela, os olhos fixos na cesta. "É a primeira vez que cozinho esse tipo de comida."


No final da rua, havia o que antes fora o imponente bairro dos Uchiha. Agora estava desocupado; ninguém tinha coragem de morar num lugar onde um clã inteiro fora chacinado. Desocupado era um modo de dizer; havia uma única pessoa ali, a pessoa que menos se esperaria que morasse ali. Mas morava, e Sakura sabia.


As ruas do bairro eram escuras e mais frias que o resto da vila. No chão, não havia nada, além de uma areia barrenta que outrora deveria ter sido uma rua. As casas estavam com as telhas descoloridas e desfalcadas, e os muros cinzentos passavam uma impressão hostil e agressiva. A Haruno precisou de toda sua força de vontade e de seu amor para não sair correndo daquele local que ainda cheirava a morte.


A maior e mais imponente casa do bairro localizava-se na rua principal. "Ele está aqui", concluiu a kunoichi. "Era a casa antiga dele, não há nenhuma razão para ele estar em outra casa". Com esse pensamento, Sakura reuniu o pouco de coragem que lhe restava e bateu três vezes no imenso portão de mogno.


As portas se abriram trinta segundos após ela ter batido ali, revelando Uchiha Itachi. Sua expressão calma e indiferente não sugeria que ele estava morando no local onde vivera boa parte de sua vida e onde matara dezenas de pessoas numa única noite.


-Eu sabia que viria - disse Itachi com um leve suspiro, embora houvesse um quê de satisfação em sua voz -, apesar de eu não ter lhe contado onde estava morando.


-Eu deduzi - murmurou Sakura, abraçando o próprio corpo por causa do frio e largando a cesta no chão


-Que veio fazer aqui? Meu nobre e gentil irmão não vai gostar de saber que você esteve aqui. - o sacarsmo na sua voz era evidente.


A Haruno ignorou o comentário sobre Sasuke e olhou preocupada para ele, enquanto apanhava a cesta de volta. Numa resposta muda, Itachi deu um passo para o lado, deixando-a passar e fechando o portão em seguida.


-Não esperava sua visita, por isso não me importei com aquilo lá - com um gesto displicente, ele apontou para Sakura alguma coisa no jardim que lembrava uma enorme mancha de sangue, feita há muito tempo. Ela tremeu. - Se soubesse que viria, teria deixado tudo bem arrumadinho para você não ter nenhum pesadelo.


-Pare de debochar de mim - murmurou Sakura, fazendo o Uchiha rir.


-Tem razão. Talvez você não mereça. Ultimamente você tem tido bem mais sangue-frio que eu.


Ela abriu a boca, na intenção de perguntar o que significavam aquelas palavras, mas Itachi pôs-se a andar num ritmo tão rápido que Sakura precisou se concentrar ao máximo para acompanhá-lo.


A mansão Uchiha era grande e confortável, mesmo depois de todos aqueles anos vazia. Havia uma boa camada de poeira sobre as coisas, e ocasionais manchas de sangue; Sakura já vira tantas ali que estava começando a se acostumar. A Haruno seguiu Itachi até o aposento maior, que aparentava ser uma sala, cheia de pufes e tapetes.


-Normalmente, a minha educação convidaria você a sentar num lugar decente - comentou Itachi, olhando com certo asco para os pufes empoeirados -, mas isso provavelmente lhe levaria a contrair uma bela gripe, por isso, se não se importar, vamos sentar no chão.


O chão parecia ter sido limpo recentemente. A Haruno puxou a saia por debaixo das coxas e sentou-se, com a pequena cesta no colo. Itachi sentou-se defronte a ela, os orbes rubros lhe examinando.


-Imagino que não tenha vindo aqui só para saber como seu Uchiha anda se virando - arriscou o moreno, lançando um olhar divertido para Sakura.


-Não - admitiu ela, tentando estar tão tranqüila quanto ele estava. - Na verdade, me preocupei com o que você anda comendo... e resolvi trazer alguma coisa.


Ela empurrou a cesta para frente dele. Sem se mexer, Itachi ficou olhando para o objeto, até falar em tom irônico:


-Então, resolveu seguir o princípio que diz que lugar de mulher é na cozinha?


-Itachi! - ela falou o nome dele tão irritadiça que ele chegou a rir. Ainda com um quê de irritação no rosto, a Haruno continuou: - Não sei se ficou bom. Se não quiser, eu posso levar de volta.


-É, provavelmente um outro Uchiha não diria não à sua comida, não é?


-Do que está falando?


-Sasuke.


Ele pronunciou o nome com um tom de voz tão amargo que ambos ficaram em silêncio por alguns minutos, encarando o assoalho. Como se quisesse arranjar um pretexto para continuar calado, o Uchiha mais velho abriu a cesta com comida e enfiou a primeira coisa que viu dentro da boca.


-Que tem Sasuke? - perguntou Sakura, hesitante.


-Como assim? Você o conhece melhor que eu, deveria saber - respondeu o Akatsuki com certa irritação.


Sakura ficou calada um momento, mirando a cesta com um olhar pensativo. Não precisou de muitos minutos para chegar numa conclusão.


-Está com ciúmes? - indagou a Haruno baixinho.


-Eu? - a voz de Itachi soou aguda e ofendida, enquanto ele enfiava desesperadamente mais comida na boca. - Desde quando vou ter ciúmes de você com meu irmão pirralho?


Sakura não disse nada. Ficou olhando para o chão, calada e pensativa. Será que estava dando motivos para ele ter ciúmes? Será que havia algo na relação que mantinha com Sasuke que ultrapassava os limites da amizade? Essas eram as perguntas que lhe martelavam a mente há dias, e que agora pareciam dez vezes piores.


-Se bem que não se pode negar que você e meu irmãozinho tem uma certa ligação - continuou Itachi em tom de deboche.


-Por que está falando isso? - perguntou Sakura, sentindo o rosto esquentar, sem saber se era de vergonha, desespero ou raiva; quem sabe as três coisas.


-Vocês vivem andando juntos.


-Somos do mesmo time, é normal. O Naruto também fica com a gente.


-Nem sempre, ele está sempre treinando muito, não é? E você e o Sasuke ultimamente tem feito as missões sozinhos.


-Isso não é algo que dependa das minhas escolhas - murmurou Sakura, sentindo os olhos umedecerem um pouco.


-Tem razão - admitiu Itachi. - Mas você quase secou de tanto chorar quando ele foi embora, não é?


-Eu também chorei quando perdi você de vista! - gritou a Haruno, levantando-se de uma vez e encarando o outro com os olhos umedecidos de lágrimas. - Eu chorei muito! E nem por isso tive alguma notícia sua! Por que tudo isso agora, Itachi? Por quê? - ela soluçou, com uma lágrima escorrendo pelo canto do olho. - Você não confia em mim?


-Em você eu confio - respondeu Itachi, pondo-se de pé também. - Mas no Sasuke não.


-O Sasuke não quer nada comigo! - gritou a Haruno. - Eu admito que já fui apaixonada por ele, mas já passou! - sua voz tremeu, como se duvidasse de si mesma. - Ele não me ama!


-É verdade - concordou o moreno - mas ele não gosta de perder. Sasuke nunca gostou de perder nada o que tinha. Ele só valoriza o que tem quando perde para alguém. Escreva o que digo, aquele moleque vai começar a jogar charme para cima de você.


-E daí? - Sakura chorava baixinho. - Não importa. Você não entende? - ela deu um solucinho. - E-eu amo você! Não importa o que aconteça, eu amo você!


Itachi ficou paralisado, olhando para a Haruno que chorava à sua frente. Seus orbes rubros correram dos restos da comida no chão - que levara tanto tempo e disposição dela para ficarem prontos - para o rosto banhado por lágrimas dela. Ele pousou as mãos com leveza nos ombros dela e puxou-a para um abraço.


-Desculpe - murmurou. - Desculpe por eu ser tão idiota. Mas... você sabe... - o rosto dele ficou um pouco corado - eu não quero perder você, Sakura. Nunca.


Ela enfiou o rosto no peito dele, soluçando mais ainda, e ele beijou o topo da cabeça dela repetidas vezes. Ficaram naquele ciclo por um bom tempo, até as pernas ficarem doloridas.


-Por que você não dorme aqui hoje? - sugeriu Itachi com um olhar inocente para a Haruno. - Já está muito tarde, de vez em quando aparecem bandidos por aqui, é perigoso sair.


-Eu sei me defender - atalhou Sakura prontamente.


Itachi ficou olhando para o chão emburrado, como se um presente lhe tivesse sido negado. A Haruno ficou em dúvida.


-Bem... -ela corou.


-Eu juro que não vou fazer nada - falou ele, olhando-a sério. Até onde ia aquela seriedade? - Palavra de Uchiha.


-Quanto vale? - perguntou Sakura, fazendo Itachi rir.


-Para você, ela vale todas as coisas do mundo - sussurrou o Uchiha, antes de apanhá-la rapidamente no colo e sair andando com ela pela casa.


Sakura gritou, ao mesmo tempo que ria. Gostava daquilo; gostava de se sentir amada por aquele homem, na medida que ela o amava. Em poucos minutos, chegaram até o quarto; havia apenas uma cama de casal. Ela olhou mal-humorada para ele.


-Seu mentiroso - disse ela, com ar de riso. - Você disse que não ia fazer nada.


-E não vou - reafirmou Itachi. - O que há de mal em dormir na mesma cama? - um sorriso floreou-se nos lábios do moreno.


Ele pousou o corpo dela com delicadeza na cama, e cobriu-lhe o pescoço de beijos, fazendo-a rir. Ele apertou-a contra o corpo, e ambos desabaram na grande cama, lado a lado, as mãos entrelaçadas.


-Posso dizer uma coisa? - perguntou Sakura baixinho.


-Pode, se não for me chamar de mentiroso... - os dois riram.


-Eu te amo. - ela disse isso e plantou um beijinho na bochecha dele.


-Eu preciso repetir? - sussurrou o Uchiha, enquanto correspondia-a com um beijo na boca.


A Haruno adormeceu depressa; uma ou duas horas depois, ela estava adormecida, pousada delicadamente entre os braços de Itachi como uma pequena flor. Ele olhava-a cheio de carinho, embora houvesse preocupação por trás daqueles orbes rubros.


"Você não vai tirá-la de mim, Sasuke", pensou o Uchiha mais velho.


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