O Senhor de Gondor escrita por Will Snork


Capítulo 15
Capítulo 2 - O Abismo de Mordor




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Senti minha cabeça pesar ao acordar, era um local totalmente frio e escuro, as pedras eram geladas e úmidas, e o ar continuava pesado, porém mais fácil de respirar. Não conseguia ver absolutamente nada, meus pés estavam descalços sob as pedras frias, e não demorou muito para o pânico começar a tomar conta de mim. Eu andava por aquele local com as mãos na frente, tentando encostar-me em alguma coisa, mas tudo que eu encontrava eram pedras geladas e afiadas, muitas vezes cortando a palma das minhas mãos.

Quando andava, muitas vezes acabava pisando em espinhos e acertando meus pés contra as pedras, então depois de algumas horas procurando algum sinal de luz ao meio daquela cega escuridão, eu desisti e sentei-me ao chão frio, e tudo que consegui fazer era lamentar a minha tolice.

Eu pensava se aquele seria o meu fim, se minha jornada acabaria ali, naquele mesmo lugar, em meio à escuridão, se nunca mais veria os meus pais, ou completaria o meu sonho de conhecer toda a Terra-Média. Quando eu escutei uma voz, fria e desprezível.

— Quem está ai? – eu perguntei, mas nada me respondeu, mas a voz não havia parado, eram como sussurros.

— Quem está ai? - Eu perguntei novamente.

Então pude observar um pouco a frente, se rastejando em meio às pedras, uma sombra. Sim, uma sombra, uma sombra dentro da escuridão, era como olhar dentro do vazio, uma sombra desprezível e insignificante, que se rastejava até mim como um verme. Aproximava-se de mim, se lamentando.

— Me ajude – disse a sombra.

— O que é você? – eu perguntei a ela assustado.

— Me ajude, eu posso tirar-nos daqui. – respondeu a sombra.

A sombra se aproximava de mim, e eu me afastava, até que minhas costas tocaram uma grande pedra, e a sombra me alcançou e me tocou.

Ao sentir aquele toque frio, eu pude sentir quem ela era, e muitas lembranças de sua vida vieram em minha mente. Aquela sombra insignificante que se rastejava até mim, implorando ajuda e misericórdia, era Sauron.

— Se afaste de mim! – eu disse a ele, e me afastei – Eu não vou ajudar alguém como você, nunca!

Me levantei e tentei correr, acertei meu pé em uma pedra, mas mesmo assim continuei a caminhar, mas a sombra nunca deixava de me perseguir, sempre dizendo que poderia nos tirar de lá, que poderia acabar com meu tormento. Mas eu sabia que ele estava tentando me enganar.

Eu caminhava sem parar, sempre com as mão para frente, tentando procurar um sinal de luz. E então a fome começou a me deixar mais fraco, e a sede começava a ser infernal. O noção de tempo já havia acabado, eu não sabia mais quanto tempo já havia passando naquele lugar, e tudo que eu conseguia escutar era o barulho de meu estômago, e a única coisa que conseguia enxergar era uma sombra dentro da escuridão, que me perseguia incansavelmente.

Eu estava morrendo, a fome estava me deixando louco, a sede já havia secado a minha boca a muito tempo, e a escuridão me fazia esquecer de quem eu era. Eu já não sabia o que era uma luz, de olhos fechados ou abertos nada mudava. Então houve um momento em que cai, meus pés estavam machucados demais, meus joelhos estavam ralados e minhas mãos sangravam. Andar por aquele lugar era como enfrentar uma estrada cheia de espinhos.

Ao cair eu adormeci, sonhei com o vento tocando o meu rosto, com o toque na grama, com comidas e bebidas. E então eu acordei, ao meio do nada novamente.

A sombra veio até mim, e se sentou ao meu lado.

— Você está morrendo. – disse ela – Você não precisa disso, deixe-me tirá-lo daqui, juntos conseguiremos sair.

Eu não conseguia dizer uma palavra, minha boca estava seca, e eu estava tão exausto que não conseguia ao menos mexe-la.

— Vamos, eu posso tirá-lo daqui – disse a sombra novamente.

Adormeci novamente, e sonhei com um campo vasto e verde; e meus pais estavam lá, sob o topo de uma colina em baixo de uma árvore, junto a eles o livro que deixaram para mim, eles sorriam e me esperavam, e eu estava longe, tentando chegar até eles, mas cada passo que eu dava era como se estivesse indo mais longe para a direção opostas, então no sonho minha mãe se levantou e estendeu sua mão para mim, e eu estendi a minha. Então eu acordei.

Minha mão estava estendida, e a sombra havia agarrado ela, e então eu disse:

— Me tire daqui.

Então aquela sombra me envolveu, ela era fria como a neve, e um sentimento de fúria e vingança apareceu dentro de mim, um sentimento que não era meu, mas eu não conseguia controlá-lo, era grande demais, e poderoso demais, e minha consciência se apagou novamente.

Ao acordar eu estava em frente ao abismo, e em frente estava meu livro. Ao abrir os meus olhos a luz quase me cegou, coloquei a mão em frente aos olhos para tentar evitá-la, então percebi que meus cortes e ferimentos haviam sumido, e também não sentia mais fome e nem sede.

Levantei-me e tirei a sujeira de minha roupa, e então caminhei de volta para Gondor, e deixei o livro para trás, como se ele não tivesse mais importância para mim.

Caminhei até Gondor, e ao entrar em Minas Tirith encontrei Karick, ele estava com uma grande mochila nas costas, indo em direção da saída.

— Eithor. – disse ele. – Você sumiu por um bom tempo, conseguiu escrever bastante coisa em seu livro?

Então eu o olhei de cima em baixo.

— Não, eu perdi o livro. - Eu respondi a ele.

— Ah, eu lamento, ele era importante para você não é mesmo? – lamentou Karick.

— Não se preocupe. – eu respondi.

— Você está com uma cara péssima. – disse ele.

— Porque acha isso? Eu estou ótimo. – eu perguntei

— Seus olhos estão profundos, e você parece desanimado. – disse ele.

— Não, eu estou bem, e para onde você vai com essas coisas? – eu perguntei por causa da grande mochila.

— Desculpe-me Eithor, eu terei que partir por um tempo. – disse ele. – Théowyn está grávida, e provavelmente quando o pai dela descobrir iremos ter um grande problema. Então resolvemos fugir, e encontramos um pequeno vilarejo onde ficaremos um tempo.

— Compreendo – eu respondi.

— Mas logo voltarei, Eithor. – disse ele olhando em meus olhos. – eu voltarei para buscá-lo para viver conosco, ou você achou que iria abandoná-lo aqui? – terminou com um sorriso no rosto.

— Tudo bem. – eu respondi

— Por enquanto é muito perigoso, se nos pegarem pelo menos você será poupado de minha tolice. – disse Karick lamentando.

Então nos despedimos, e ele partiu para Rohan, e eu fui até minha casa. Encontrei minha cama e deitei sobre ela, e então adormeci.

Com o tempo uma grande raiva dominava meus sentimentos, eu não entendia o porquê, mas o tempo passava e eu só via defeitos em todas as coisas, como se aquele mundo não fosse o que eu queria; eu sentia raiva de algo que não sabia o que era, quebrava os moveis da casa sem motivo algum, e minha alegria estava desaparecendo, minha vontade de sorrir havia abandonado o meu ser, e com o tempo acabei-me esquecendo de meus pais, e de quem eu era, e tudo em que eu conseguia pensar era em vingança, sobre algo que eu ainda não sabia o que era.


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