O quarto poderia ser considerado uma passarela, de tanto que já andei pra lá e pra cá, parando vez ou outra para me olhar no espelho, morder os lábios de tanto nervosismo, e voltar a andar novamente.

Acalme-se Rose.

—Tanto nervosismo assim por causa do sapato? – Lily entrou no quarto com meus sapatos na mão, de salto alto e completamente vermelhos.

—Onde estavam? – perguntei pegando-os, mas ainda aflita. – Onde está a rosa, Lily?

—Os sapatos estavam na sua casa, você esqueceu-os no seu quarto, e aqui está a...

Peguei a rosa antes que ela pudesse terminar.

—Graças a Merlin! Obrigada Lily – e abracei-a, tomando cuidado pra não amassar meu vestido.

—Já vi que o nervosismo não era pelo sapato – ela riu.

—O sapato não me importa tanto quando essa rosa – falei, prendendo a rosa na parte de cima da trança.

Eu havia transformado a rosa que Scorpius me dera anos atrás em uma espécie de presilha para usar no cabelo, especialmente naquele penteado e naquele dia tão especial.

—Filha – minha mãe entrou no quarto e eu podia ver o brilho em seus olhos castanhos ao me olhar. – Você está deslumbrante!

Senti que ela queria me abraçar, mas decidiu não arriscar, quase que com medo de estragar algo, então eu mesma fiz o gesto.

—Obrigada mamãe, onde está a Tris?

—Na sala, diz que quer te ver só quando você entrar.

Sorri e me olhei no espelho novamente. Meu vestido de noiva era estio princesa, a parte de cima era tomara que caia com alguns bordados, mas nada muito chamativo. Assim como minha maquiagem, meu cabelo também estava simples em uma trança lateral.

Pouco mais de quatro meses haviam se passado desde que eu havia saído do hospital, eu havia conseguido um trabalho no ministério de Londres e me acertei com Luke, fiquei sabendo que ele havia ido me visitar no St. Mungus enquanto eu dormia, e depois ainda veio me ver e conversar comigo. Parecia que estava bem melhor do que aquele dia em que nos falamos e eu contei a ele sobre Scorp.

E agora ele estava aqui para o meu casamento, e como padrinho! Scorp havia concordado, mas não sem antes fazer um drama básico. E Al – apesar de estar sendo padrinho ao lado de Roxanne – estava saindo com uma garota do trabalho chamada Mary, mas segundo ele ainda estava cedo demais para apressar, ele ainda sentia muito a falta de Molly, assim como eu...

Lily e Cole também eram meus padrinhos, assim como Lucy e seu namorado, Hugo e sua namorada e a prima de Scorpius com seu marido, como tínhamos em mente praticamente os mesmos padrinhos, ficamos apenas com esses poucos, visando que qualidade era bem melhor do que quantidade.

—Maravilhosa – Lily pegou minha mão e olhou em meus olhos. – Vamos Rose, sua hora te espera.

Eu sorri quase querendo chorar e abracei Lily antes de perceber que meu pai estava parado a porta do quarto, com lágrimas nos olhos. Ele me abraçou com cuidado, mas sem hesitar, estava tão emocionado que eu novamente quase chorei só por vê-lo naquele estado...

—Minha princesinha – ele sussurrou. – Não consigo nem acreditar, ah minha Rosinha...

—Eu te amo papai – falei. – E eu vou sempre ser sua princesinha.

Ele sorriu e eu retribui, e só depois que os padrinhos e Tris entraram nós fomos para a entrada d’a Toca. Não quisemos nos casar na igreja, porque queríamos uma cerimonia mais simples e eu fiz questão de casar no gramado da antiga casa de meus avós, e achei que teria muito mais significado pra mim.

Eu respirei fundo antes de a porta ser aberta finalmente, mas mesmo assim parecia que eu estava completamente sem ar, meu coração batia freneticamente e quando vi Scorpius sorrindo para mim foi que quase desabei de tantas emoções misturadas num instante.

Meu pai me entregou para Scorpius e disse o clichê “cuide bem dela, ou então...”, eu olhei em seus olhos quando ele pegou minha mão e como sempre me senti protegida, amada e apaixonada por ele. Nós sorrimos um para o outro e eu sentia que meu coração poderia sair pela boca a qualquer momento.

Depois da celebração e do beijo apaixonante do final, eu e Scorp nos abraçamos demoradamente, mas curiosamente eu nem mesmo senti o tempo passar.

A festa – que também foi simples e também aconteceu no gramado, sobre uma tenda branca – começou logo após a cerimônia, sem enrolações nem nada. Al tirou algumas fotos nossas, mas não ficamos muito tempo nos prendendo a isso ou a ir cumprimentar os convidados, na verdade eram eles que vinham até nós e não o contrário.

Dançamos até a madrugada vir e nossos pés e pernas já não aguentarem mais, Al e Lily disseram que a arrumação era por conta deles, em parte como presente, e minha mãe e meu pai ficaram encarregados de Tris, que se despediu de nós, que ficaríamos fora por uma semana, visitando Veneza, na Itália.

Só que Scorp disse que tinha uma surpresa pra mim antes disso, e eu nem questionei, não até estarmos no carro e só depois de algum tempo.

—Scorp, para onde está me levando? – pergunto curiosa. Estava dentro do carro de Scorpius e já estávamos andando faziam pelo menos vinte minutos.

Ele estacionou em frente a uma grande casa, que ficava um pouco afastada da cidade, tinha um gramado enorme. Ele abriu a porta para mim e pegou minha mão, passamos pelo portão e fomos em direção à casa, que era revestida de mármore branco e era composta por uma varanda por toda a sua volta.

Quando entramos vi que a casa era mesmo enorme, paramos no primeiro cômodo, que era o saguão de entrada, e então Scorpius olhou em meus olhos e falou:

—Bem vinda à nossa nova casa, Rose Malfoy – ele me pegou no colo e eu sorri, instantes depois nos vimos em um quarto enorme com uma cama de casal também enorme.

Ele me colocou em cima da cama e me beijou docemente.

Estava maravilhada com a capacidade dele de cuidar de mim, de me tratar bem, e agora isso, uma casa só nossa. Scorpius era perfeito, e meu.

—Você gostou? Quer ver toda a casa? – ele perguntou com os olhos brilhando para mim.

—Eu amei meu amor, mas acho que podemos deixar a casa para depois – respondi e me levantei, tirando a jaqueta de seu terno, ele me lançou um olhar malicioso.

—Rose Weasley Malfoy – Scorpius passou os dedos pelo meu cabelo, depois envolveu minha cintura em seu braço e me levou para mais perto de si. – Eu te amo.

Depois de tudo, depois de nove anos eu ainda era como uma adolescente, senti meu coração disparando por simples palavras, que significavam tudo.

—Eu te amo – falei suspirando e caminhando minha mão por seus cabelos. – Eu te amo, eu te amo... Eu te amo e você é meu, meu príncipe, só meu a partir de agora.

Ele fez que não com a cabeça, sorriu e colou nossos corpos mais ainda, se é que isso era possível.

—Sempre fui seu, só você não percebia isso. Minha princesa, meu amor, meu anjo, minha vida, minha, minha e minha.

—Sua – sussurro em seu ouvido e nos abraçamos por um momento, sentindo o calor um do outro, sentindo a presença do amor verdadeiro em cada palavra que dizíamos.

Scorpius me deitou na cama e começou a me beijar docemente, mas eu já sabia onde aquilo iria resultar.

Ele começou beijando meu pescoço e me fazendo estremecer, fiquei toda arrepiada fácil demais, ele me deixava louca. Mas de repente, Scorpius parou e me olhou profundamente, ele estava com a respiração acelerada.

—Eu te amo Rose, e você sabe que eu te quero mais do que tudo no mundo, não sabe?

—Eu sei – respondo, minha respiração também fora de ritmo.

Tenho que dizer que nesse dia, Scorpius me levou aos céus, eu estava realmente no paraíso e nada menos do que isso, era uma onda inacreditável de prazer.

—Rose?

—Sim?

—Eu quero fazer amor com você assim por toda a nossa vida.

—Eu também.

A coisa mais linda naquela frase era que ele dizia que queria fazer amor comigo, e não simplesmente transar ou fazer sexo, era amor. Aquilo era amor, o amor mais lindo de todos.

—Eu te amo, meu amor – conclui dando-lhe um beijo profundo.

—Eu também te amo meu amor– ele disse passando os dedos pelo meu cabelo e me olhando de forma apaixonada.

Nós adormecemos juntos, dormimos de conchinha e eu tinha certeza de que meu sorriso permaneceu no rosto por toda a noite enquanto dormia. E mais, sabia que ele iria continuar por toda a vida, assim como Scorpius ao meu lado.