Guinea P escrita por Gaby Molina


Capítulo 6
Capítulo 6 - Segundas Chances?


Notas iniciais do capítulo

Awn, o Derek é muito lindo, né?
Vamos ver se a Jess concorda com vocês, porque né.



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Jess

— Jess? Você está bem? — perguntou James baixinho.

Não respondi. Meu olhar continuava cravado nos olhos verdes de Derek, que sorriu levemente. Não retribuí. O louro franziu o cenho e caminhou até nós.

Cada passo dele era como um tiro, e fingir que não ligava para nada estava sendo mais difícil do que nunca.

— Oi, pessoal — Derek acenou levemente. — E animais — ele encarou James.

— Bom dia, Woopert — murmurei.

Ele me fitou por um minuto. Um surto de entendimento transpareceu em seus olhos claros e ele mordeu a parte de dentro da própria bochecha.

— Bom dia, 1124.

— Meu nome é Jessica.

— Derek — ele se apresentou.

Aquilo era tão depressivo quanto um enterro, e ninguém ali fazia ideia.

— Tem mais alguma coisa a dizer? — encarei-o, séria.

Ele hesitou.

— Suponho que... vou vê-los no feedback do teste.

— Pode ser que eu me atrase.

Ou que não vá, pensei.

— Espero que não se atrase — algo no olhar dele parecia sincero, mas eu não estava no clima de acreditar. — Tchau, então. Foi um prazer, Jessica.

— É.

E então observei-o se afastar.

— Preciso de um minuto — murmurei, me levantando.

Corri rapidamente até o primeiro corredor que encontrei. Encostei na parede e relaxei minhas pernas lentamente, deslizando até acabar sentada no chão.

Eu estava acostumada a não ser digna de confiança, acostumada às mentiras. Mas elas sempre vinham de pessoas que não eram importantes para mim. Menina tola que baixou a guarda rápido demais.

Muito bom, Jess. Como se a vida já não fosse um porre por si só.

Foi quando ouvi passos.

— Derek, dê o fora daqui antes que eu chute essa sua bunda branquela! — berrei, sem desviar os olhos do chão.

Os passos não pararam.

— Podemos conversar? — Valerie me fitou com os olhos castanhos bem claros, diferentes dos do irmão mais velho. — Mas só se você prometer não chutar a minha bunda branquela.

Tentei esboçar um sorriso, mas não pareceu muito sincero.

— Bem-vinda à festa de autopiedade. O que está fazendo aqui?

Valerie se sentou ao meu lado.

— Eu conheço Derek. Ele não é um babaca — disse ela. — Bem, na maior parte das vezes.

— E daí?

— Qual é — ela abriu um leve sorriso. — Dava para ver o jeito que vocês se olhavam.

— Eu não o conheço.

— Sei.

— Não conheço, mesmo. Sequer sabia o sobrenome dele.

— "O que há em um nome? Se chamarmos aquela que denominamos rosa de qualquer outro nome, continuaria possuindo o mesmo cheiro doce".

— Não venha com Shakespeare para cima de mim.

Valerie riu.

— Você deve a ele uma chance de se explicar.

— É, talvez. Mas não estou muito a fim no momento. Posso ficar sozinha?

Valerie parecia um pouco decepcionada, mas assentiu e se afastou.

Quando eu estava voltando ao meu dormitório, uma mão segurou meu pulso. Eu estava prestes a soltar algum comentário rude, mas não era Derek. Era James.

James

— Oi — sorri levemente.

Eu queria perguntar se ela estava melhor. Bem, ela parecia melhor, mesmo que eu não fizesse ideia de por que ela não estava bem. Fora Valerie quem dissera que Jess precisava de um tempo sozinha, então imaginei que fosse alguma ligação psíquica feminina.

Além do mais, Val geralmente estava sempre certa sobre as pessoas, enquanto eu geralmente estava sempre errado.

Resolvi, então, perguntar do jeito tradicional:

— Está melhor? — cravei meu olhar em seus olhos escuros como os meus.

Ela assentiu.

— Faltei na reunião sobre o teste — ela abriu um leve sorriso satisfeito. — Suspeito que isso não vai acabar bem.

— De fato. Não se preocupe, eu já faltei a várias.

— Por quê?

Franzi o cenho.

— Porque eu não estava a fim de ir. O que eles podem fazer comigo?

—... Te jogar no Ômega?

Sorri.

— Certo, eu definitivamente traumatizei você. Tem algum compromisso hoje?

— Como diabos eu teria algum compromisso?

Mordi minha bochecha, hesitante.

— Bem... Não é tudo que se possa compartilhar. Enfim. Aula de Muay Thai às duas?

— Tudo bem.

— E... Jess.

— Sim?

Encarei-a, sério.

— Dessa vez, se não aparecer em cinco minutos, eu não vou ficar esperando.

— Justo — ela assentiu. — Até depois, James.

— Até.

* * *

Depois do almoço, minha irmã veio falar comigo no corredor.

— Tá a fim de jogar pôquer com um pessoal aí? — ela sorriu.

Valerie sempre encontrava atividades banais para fazer no subsolo.

— Não posso, tenho que estar em um lugar agora.

— Tudo bem, você é uma merda em pôquer, mesmo.

— Ei!

— E depois?

— Fiquei de treinar Muay Thai com a Jess. Só que, se ela não aparecer em cinco minutos, eu estou livre.

Valerie riu.

— Até parece — disse e saiu andando.

— Como é que é?

— Nada, querido irmão. Nada.

* * *

— Cem por cento? — Dylan Tender ergueu uma sobrancelha para mim.

Tentei olhar para ele, mas estava deitado em uma maca, e a luz acima de mim era forte demais.

— Parece que sim. Pelo menos, tudo parece mais nítido do que da última vez.

— Acho que já está na hora de anunciar.

Suspirei.

— Graças a Deus.


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Notas finais do capítulo

No que acham que Tender e James vêm trabalhando? Dica: o que do James poderia se tornar mais nítido? Sabem, algum sentido que talvez não funcione direito...
Hehehe. Calei a boca agora.