O Namorado da Minha Melhor Amiga escrita por Naty Valdez


Capítulo 23
Capitulo 23 - A saída


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Tá, eu sei que era pra mim ter vindo ontem e tal, mas eu tive que atualizar outra fic e não deu pra responder os reviews, e eu só posto depois que respondo todos! Estranho, não? Mas, enfim, cá estou eu, e quero agradecer a todas que ficaram por aqui, pra mim encher o saco delas u.u
Bem, antes de lerem, alem de agradecer as que comentaram, tenho que agradecer aquela diva, linda da " Miss Sweet Bitter " que fez a sexta recomendação da fic! Menina, ficou muito, muito muito perfeita! Só tenho a te agradecer, Okay? Linda!
Pronto, agora podem ler o capitulo que ficou grandão! Tá, eu confesso que quando eu estava digitando ele, eu o perdi aqui no meio desso monte de pastas, mas enfim eu o achei e to postando kkkk' Aproveitem!



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Pov’s Percy

— Eu ainda não consigo acreditar que eu finalmente vou sair daqui. Essa, com certeza, foi a melhor noticia que você poderia ter me dado, Percy!

Rachel me abraçava totalmente feliz. Provavelmente era, de fato, a melhor noticia que ela recebera em toda essa semana.

— Sim, eu sei que você está muito contente. Mas eu gosto muito de respirar, sabia?

Rachel segurou meu rosto, levou minha boca em direção a sua e me beijou.

Desde a primeira vez em que eu beijei a Annabeth, eu nunca mais beijei Rachel nos lábios. Eu não conseguia. Não só pelo fato de não parecer certo. Eu era dominado por uma mistura de repugnância e culpa. No era possível beija-la.

Agora não foi diferente. Eu tentei me afastar, mas não consegui. Rachel me segurou com força, pois queria muito que eu a beijasse em seu momento de felicidade. Então, me lembrei: nada de suspeitas. Forcei-me a beija-la.

Era cruel, eu sei. Mas o seu beijo não me encantava, não me viciava. Não mais. E, pra piorar a minha crítica situação, havia uma loira perto da porta do quarto, observando a cena. Afastei-me de Rachel e pude notar, ao me virar pra trás, que os olhos da loira brilhavam, mas não era de alegria.

— É... — ela disse, quando percebeu que eu a olhava — Mas você não pode se esquecer de seu tratamento. Sua dieta controlada, as seções com a psicóloga...

— Sempre chata, não é Annabeth?

— Os velhos hábitos custam a sumir.

Elas riram de si mesmas e, como sorrir é contagioso, eu fui obrigado a sorrir com elas. Então, do nada, Annabeth parou e ficou completamente seria.

— O que foi, Annie? — perguntou Rachel.

— É que... — ela se aproximou de Rachel, e ficou do lado contrario em que eu estava na cama — Tenho que te contar uma coisa.

— E o que é?

— Lembra-se da ligação que eu recebi hoje de manha?

— A do Nico? Ele finalmente pediu pra namorar com você?

Aquilo doeu e, de fato, fiquei com ciúmes. Cruzei os braços, irritado, imaginando o que Rachel sabia sobre Annabeth e Nico que eu não sabia. Então me liguei de outra coisa: Annabeth não ligou pra Nico; ele que ligou. Lutei contra um sorriso idiota que se formaria em meu rosto. Ele teria aparecido se eu não estivesse tão interessado na resposta de Annabeth.

— Claro que não, Dare! — disse Annabeth, indignada, e olhou de relance pra mim — Depois. Depois que eu te liberei da gororoba horrorosa que parecia gelatina.

— Sim, sei. Continue.

— Era o meu pai. E ele me chamou pra passar um tempo com ele e minha mãe lá em casa. Eles vão chegar hoje à noite em Manhattan.

— E... — Rachel hesitava — Você vai?

— Bem, sim. Você sabe, eu não os vejo há meses, e, bem, acho que eles mudaram um pouquinho. Quero passar um tempo com eles, sabe. Ver se ainda são os mesmos de sempre.

— Eu entendo, Annie — Rachel estava com uma expressão de quem não estava acreditando em nada — E quando que você vai? Daqui uma semana?

— Amanha. Amanha cedo. Já liguei pra ele e ele vem me buscar.

— Sei... — Rachel apertou os lábios — Mas volte logo, viu Annie? Você sabe muito bem que aquela birosca de apartamento não é a mesma coisa sem você.

— E você acha que eu não sei?

Depois de se despedirem, se abraçarem e fazerem ameaças casos uma não consiga ver mais a outra, Annabeth se dirigiu a porta. Pra mim, ela não disse nada. Apenas acenou com a mão e saiu. Eu não podia fazer nada pra impedi-la no momento. Nada. Mas eu ia dar um jeito. Mais tarde.

— Sabe, isso não me convenceu — disse Rachel.

Ela havia sentado na cama com as pernas cruzadas e olhava para a porta como se Annabeth ainda estivesse ali.

— O que? — perguntei, ao sentar ao lado dela.

— Essa história da Annabeth. Não me convenceu nem a parte em que ela disse que foi o pai dela que a convidou. Nem um pouquinho assim — Rachel apertou o dedo indicador contra o dedão.

— Por quê?

— Ah — ela sorriu e balançou cabeça negativamente — A Annabeth não suporta a casa dela, Percy. Entende? Os pais dela dizem estar tranquilos, estarem de férias. Dizem que vão sossegar um pouco e descansar. Ficar com ela. E, aí, viajam. Por trabalho. Ela sempre fica sozinha.

— Então ela tem, praticamente, a mesma história que você? Quer dizer, as duas vivem sendo meio que... Desculpe a palavra... Abandonadas?

Rachel baixou o olhar.

— É, é exatamente isso, Percy. Mas o que realmente importa nesse caso é que ela não vai conseguir ficar lá por muito tempo. Eu realmente sei como é isso. É só ela quebrar a cara e ela volta.

Quebrar a cara? — repeti.

— Sim. Annabeth colocou na cabeça que seus pais mudaram e de que dessa vez tudo vai ser diferente. Eu tenho certeza de que nunca vai. Os pais nunca mudam, Percy. Quando ela quebrar a cara, vai voltar pro apartamento.

Então ela os detestava. E estava fazendo isso pra se afastar de mim, para, como ela disse, “pro meu bem”? Eu, mais que nunca, preciso evitar que ela vá.

— O que foi, Percy? Você ficou tão mudo de repente.

— Não... Não é nada. Mas... Se você sabe o que vai acontecer, porque não a impediu? Por que não impedir que ela sofra tudo isso?

Rachel suspirou.

— Annabeth precisa quebrar a cara por conta própria. Assim como eu. Foi muito bom pra mim ver que eles nunca mudaram e que morar sozinha é muito melhor. Mesmo que, lá em Washington, foi onde conheci você — Rachel remexeu em minha jaqueta, sorrindo maliciosamente.

— É, pois é — sorri sem graça.

— Sem falar — ela se aproximou mais de mim, meio que engatinhando — que agente vai poder passar uns tempos sozinhos. Desde que a gente veio pra cá, não fizemos nada com a Annabeth ali. ,

— Ah, Rachel, o que é isso? — me levantei — O que aconteceu com você? Você está estranha! E até meio... Atirada...

— Ah, Percy. Eu só acho que a gente já podia... Você sabe. E já que... — ela se aproximou de mim e ficou de joelhos em cima da cama — Ela vai sai, podíamos aproveitar.

Primeiramente, eu fiquei meio chocado pra dizer qualquer coisa. Fala sério, Rachel? Você foi direta desse jeito? Dois segundos depois, eu comecei a rir. Freneticamente. Não era o tipo de ração mais apropriada, mas, sei lá, eu fiquei meio sem fala. Rachel, é claro, ficou da cor de seu cabelo com isso.

— Ai, Rachel — e continuei rindo.

Ela se virou emburrada. Eu continuei rindo. Nunca imaginei que Rachel fosse dar uma de oferecida. Imaginei que, quem acabaria dando a ideia seria eu, não ela. Mas, como acabei meio ocupado com certos pensamentos a respeito de outra garota, esqueci completamente minha relação com Rachel.

Sai do quarto rindo, pra tentar me acalmar. Quando me acalmei e voltei pro quarto, Rachel estava dormindo. Dormi também, logo em seguida. Claro que antes fiquei me perguntando o que Annabeth estaria fazendo no apartamento, completamente sozinha.

***

Na manha seguinte, eu acordo bem cedo e percebo que Rachel já está acordada. Estava virada de costas pra mim e pelas bufadas que ela dava, não parecia estar de bom humor.

Cutuco de leve o seu ombro, mas ela está disposta a me ignorar. Com razão, é claro. Eu ri dela quase uma hora, só porque ela tentou dar uma de sensual pro meu lado, dando a entender que, hoje à noite, queria ir pra cama comigo.

Não quero fazer isso com ela, mas também não quero que ela pense que eu a estou rejeitando; é que simplesmente não vou conseguir iludi-la, sendo que eu tenho Annabeth o tempo todo em minha cabeça. Em termos desse gênero, eu e Annabeth concordamos: nós não queremos machucar a Rachel.

Levanto-me do banquinho e dou volta na cama. Seguro-a pra ela não se virar quando ela ameaça.

— Relaxe — eu digo — Não precisa ficar nervosa comigo. Só me diga o eu aconteceu ontem.

Ela sentou-se na cama, abraçando os joelhos e suspirou. Depois, disse:

— Você fez com que eu me sentisse uma louca varrida doida pra fazer sexo. E, claro, essa versão de mim foi uma tremenda piada, tanto que você desatou a rir.

Soltei uma leve risada. Se ela disse isso, com um leve tão sarcástico, significa que não está tão brava comigo quanto eu pensava, o que é bom.

— Desculpe, Rachel. É que... Não é muito comum.

— Eu sei. Mas é que... Sei lá, Percy. Eu achei que você queria, entende?

Tentei não fazer uma cara de muita indignação. Eu realmente dei a entender isso? É isso mesmo, Produção? Ando cada vez mais evitando contato físico com ela e ela achou que era por isso? Serio? Garotas são completamente estranhas.

Solto um risinho.

— Okay, então eu sou o louco varrido. Enfim, Rachel, eu nunca pediria isso pra você. Não acha que seria melhor se tudo acontecesse? Naturalmente? Em seu devido local e tempo?

Ela sorriu.

— Ah, Percy. Não sei de onde você saiu. Mas eu não quero perder você.

Ele ergueu-se e me abraçou. A culpa bate como um martelo em minha cabeça. Percy, seu idiota, você está apaixonando cada vez mais essa garota. Eu deveria desiludi-la, não fazer com que goste de mim cada vez mais. Me solto do abraço e ando até a porta.

— Aonde você vai?

— Vou o apartamento tomar um banho e trazer roupas limpas pra você vestir quando sairmos do hospital. Hoje é o dia da sua carta de alforria, lembra? Prometo não demorar.

— É, você tem toda a razão. — ela sorriu radiante — Diga a Annabeth que eu lhe mandei um tchau. Bom, se ela ainda estiver lá.

— Direi.

***

Ao abrir a porta do apartamento, deparo-me com Annabeth, uma mala preta e uma mochila escolar azul escura. Quando ela me vê, engole em seco, como se não esperasse me ver aqui.

— Já está indo? — questionei.

Annabeth olha para a mala e pra mim, com um olhar do tipo: não é lógico?

— Okay — respondo, quando vejo que ela está quase sorrindo, digo, soltando uma gargalhada — Então... Você não vai me dar o endereço da casa dos seus pais, certo?

Ela sorriu sem mostrar os dentes e negou.

— Mas... E as visitas? Você vai vir nos visitar, não é?

Ela ergueu as sobrancelhas e as mãos, indicando duvida.

— Nem uma ou duas vezes por semana?

Outro sinal de duvida.

— Caramba, Annabeth! Não vai dizer nada?!

Annabeth largou mochila em cima do sofá, abaixou a alça da mala, deu dois passos frente em minha direção, e disse:

— O que você quer que eu te diga, Percy?

Agradeci mentalmente pelo som de sua voz.

— Primeiramente — eu disse — me diga que você está indo pra lá por livre e espontânea vontade de ficar com seus pais, e não porque quer ficar longe de mim.

Annabeth olhou pro chão.

— Porque eu tenho que te dizer de novo, Percy? — ela levantou a cabeça — Francamente, eu achei que você fosse lerdo e não que tivesse amnesia. Eu já disse que vou embora exatamente por você. Mas, caso esteja preocupado, não vou morar com monstros. Vou morar com os meus pais. Eu realmente quero tentar me aproximar deles novamente.

— Não foi o que eu soube.

Annabeth me estudou.

— Como assim?

— Eu sei que você não gosta dos seus pais. Sei que não suporta ficar com eles, Annabeth. Se isso será tão difícil pra você, eu não vou deixar que você vá. Esse é seu apartamento, não meu. Se alguém tem que sair daqui, esse alguém sou eu.

Annabeth mais uma vez olhou pro chão, mas logo ergueu a cabeça, só que estava sorrindo.

— Você é completamente ridículo. Jackson entenda: eu não vou sofrer por você. Não vou passar a pior época da minha vida por você. Você se acha demais, não? Francamente! Sim, eu vou sair daqui por você. Mas se eu não acreditasse que meus pais estão melhores, eu iria pra qualquer outro lugar, menos pra lá. Pra casa da Thalia, da Piper, do Nico — me irritei quando eu ouvi essa parte —, menos pra lá. Eu sei que eles mudaram e quero ficar com eles. É pedir muito?

— Tudo bem, tudo bem — ergui as mãos em rendição.

Ela suspirou.

— Vai me deixar ir embora agora?

— Vou — dei um passo para o lado e indiquei a porta com a mão.

Ela retomou a sua mochila e a mala e deus alguns passos em direção a porta. Quando ela passou por mim, eu pus o braço na sua frente.

— O que... — ela começou.

— Pelo menos me fala o que você realmente sente por mim. — disparei.

— Percy...

— Diga. Você vai embora mesmo, não é?

Ela largou a mochila e a mala novamente no chão. Em seguida, ela jogou os braços ao redor do meu pescoço, me abraçando. Eu estava tão perplexo que, antes de retribuir, perguntei:

— O que...?

Em resposta, ela me abraçou mais apertado. Talvez ela quisesse realmente dizer que gostava de mim. Ou ela simplesmente me abraçou só pra não ter que responder. Seja o que for, eu retribuí com a mesma intensidade.

Quando finalmente nos abraçamos, depois de um longo tempo, ela abre a lateral da mochila e pega alguma coisa bem pequena lá dentro, a qual esconde na mão, com o punho cerrado.

— O que é isso? — questionei.

— Pegue pra você — ela me estendeu a mão.

Annabeth querendo me dar alguma coisa? Nem é necessário dizer que a minha curiosidade chegou ao limite nessa hora, certo?

— Pode até parecer tosco da minha parte — ela torceu o nariz — Tudo bem, realmente é tosco da minha parte. Mas eu vou precisar me livrar disso por um tempo. Na verdade, eu quero que tudo o que eu amo fique por aqui, pra talvez ter espaço pra minha mãe e meu pai. Enfim, pegue pra você.

Ela pegou minha mão e depositou alguma coisa metálica e gelada em cima. Olhei para aquilo incrédulo, totalmente pasmo. Peguei com a ponta dos dedos da outra mão e levantei na altura do rosto.

— Jura?

— Juro.

— Tudo isso por causa de uma chave?

— Não é só uma simples chave, Jackson! — Annabeth me tomou a chame e começou a balança-la na frente do meu rosto — Não é a chave de uma casa, de um apartamento, de uma moto e nem se quer de um carro comum. É a chave da minha picape. Bem, não mais minha.

— Ah, tá. E o que você acha que eu vou querer fazer com isso?

— Ah! — ela cruzou os braços, indignada — O que você acha que você vai fazer com um carro, panaca? Catar latinhas no lixão?

— Hum, acho que não — falei no maior sarcasmo — Sabe o que eu realmente faria com o seu carro, Annabeth? Colocaria em um museu. E, bem, se é que posso chamar isso de carro.

— Oh! — ela tentou me socar, mas eu a segurei — Não fale assim do meu carro, Okay? Eu sei que você é rico tudo mais, mas não te dá o direito de falar da minha Ferrari sendo que você nem carro têm.

— Ferrari? Que grande ofensa ao meu carro!

— Você não tem carro.

— Aqui, em Nova York, não.

Ela soltou o peso dos braços, fazendo com que eu os soltasse também.

— Você está de brincadeira, não é?

— Não.

Com certeza não. Sem querer me gabar, eu tenho mesmo uma Ferrari em casa. Na minha casa, em Washington. Eu nunca comentei, por que... Bem, porque não importa, já que ela não está aqui. E também não gosto de me exibir por ai. Mas eu estou dizendo isso a Annabeth, por que... Porque eu não sei por que, de fato.

— Olha, se quiser, aceite — ela disse por fim, vendo que eu venci nossa rápida briga de olhares e porque, provavelmente, usou seus truques pra saber que eu no estou mentindo — Não vai me afetar em nada, mas...

Enquanto ela dizia, tirei as chaves de sua mão.

— Acho que vou ficar com isso — mostrei-lhe a chave — Mas como você vai par a casa de seus pais?

— Ele virá me buscar. Você já sabe disso.

— Certo.

Ficamos olhando para o chão por um tempo. Até que o celular de Annabeth tocou e olha o olhou. Provavelmente, era uma mensagem. Quando ela o guardou, disse:

— Meu pai chegou. — e começou a pegar suas coisas.

— Nem ouse Annabeth — soltei — Eu levo isso pra você.

— Mas...

— Silencio. — peguei a mala e a mochila e me direcionei para a porta, deixando Annabeth pra trás.

Pov’s Annabeth

Eu simplesmente não aguento mais esse Percy e seu cavalheirismo completamente encantador.

A única coisa que eu consegui fazer o vê-lo pegar minhas coisas e sair do apartamento foi sorrir. Sorrir como uma idiota, imaginando porque que eu tenho um cara desses na minha frente e ainda não casei com ele.

Ah, é. Esqueci que minha melhor amiga namora com ele. Sim, vida, muito obrigada pelo “pequeno” obstáculo que você me impôs.

Andei até a porta. Antes de sair, dei uma ultima olhada pra dentro do apartamento. Fui fechando a porta, imaginando cada momento que eu passei aqui. Momentos bons — como a minha chegada ao apartamento junto com Rachel —, momentos ruins — como eu e Rachel brigando —, momentos estranhos — como Percy me defendendo do entregador de pizza —, momentos únicos — como eu e Percy nos beijando no terraço. Não quero esquecer nada disso. Não quero e não vou.

— Até logo, birosca de apartamento.

Fecho a porta e dirijo-me ao elevador.

— O que estava fazendo lá em cima que demorou tanto? — perguntou Percy, assim que me viu chegar ao estacionamento do prédio.

— Estava me despedindo do apartamento. — respondi, enquanto ele colocava a mala e a bolsa no chão — Não vou vê-lo por um tempo, certo?

— Você fala como se fosse demorar anos pra voltar — ele se aproxima de mim.

— Acho que isso é um fato provável e improvável ao mesmo tempo — peguei a minha mochila do chão e a coloquei nas costas.

Escuto o barulho de buzina e eu e Percy nos viramos em direção ao carro prateado de meu pai, que está a mais ou menos seis metros de nós. Meu pai está na janela, acenando pra mim.

— Acho que é a hora de eu ir.

— Eu ainda não aceitei isso... Você sabe.

Olhei para o lado e encontrei a minha preciosa velha. Esse carro está comigo há meses e é um dos itens a qual eu mais sinto ciúmes. Mas agora eu o dei a Percy, pois quero deixa-la com alguém que sei que cuidará bem dela.

— Cuide bem dela, Cabeça de Alga.

— Não melhor do que você.

Porque ele tem que ficar dizendo isso? É algum tipo de implicância? Uma maneira de tentar me convencer a ficar?

— Eu sei. — dei-lhe um ultimo sorriso e virei às costas.

Mas ele me segurou e me deu outro abraço que eu retribuo de imediato. Passei as mãos por seus cabelos desgrenhados e não resisti em dar um beijo em sua bochecha. Em seguida, dei-lhe as costas novamente e, sem olhar pra trás uma única vez, andei até o carro.

Coloquei minha mala a mochila no banco de trás do carro, e sentei-me no banco carona da frente.

— Oi filha — meu pai tem um sorriso no rosto. Por incrível que pareça, ele usava roupas normais, não seus fieis ternos para todos os eventos. Fiquei feliz em ver isso.

— Oi pai — respondi, tentando esboçar o meu melhor sorriso.

— Quem era? — ele indicou o lado de fora, a qual Percy esteve há poucos segundos.

— Meu amigo da residência — respondi. Acho que meu pai não iria gostar nem um pouco de saber que eu moro em um apartamento junto com um garoto.

— Ah, sim. — e, assim, sem dizer mais nada, ele deu a partida.

***

Não conversamos o caminho inteiro. Não nos olhamos durante o caminho inteiro. Talvez tenhamos trocado um sorriso forçado aqui e ali, mas nada, além disso.

Entramos em um grande condomínio. Uma casa branca brandia ao centro e era de mais ou menos três andares. Havia um gramado verde e um jardim em volta. Uma calçada cinza ia do portão até a porta.

Demoraria alguns dias até eu me acostumar a uma casa novamente. Morar em um apartamento em um prédio comum, trás costumes difíceis de tirar.

Desci do carro e peguei minhas malas. Despois olhei pra casa, admirando o seu tamanho.

— Linda, não é? — disse meu pai, se referindo a casa.

— Sim — continuei olhando-a — Pra que compraram uma casa nova, papai? A antiga que tínhamos também era linda.

— Sim, mas... É uma época de mudanças, certo?

Andamos até a porta e entramos. De cara, encontro uma sala enorme que dava direto em uma escada pro segundo andar. Meu pai pega as malas de minha mão e entrega a um empregado novo que não reconheço. Ele sobe as escadas e, provavelmente, se direciona ao meu quarto.

— Filha?

Viro-me e vejo minha mãe, com seus cabelos escuros presos em um rabo de cavalo, seus lábios rosados abertos em um sorriso de felicidade, e seus olhos cinzentos como os meus cheios de alegria. Ando em direção a ela e a abraço. Nessa hora, percebo que não abracei meu pai quando o vi. Enfim, o abraço foi meio desajeitado e involuntário, mas foi bom ver minha mãe depois de todos esses meses em que ela ficou fora da cidade. Ela me soltou depois de um tempo, mas ficou segurando meu rosto, como se não acreditasse que eu estava ali.

— Como você está diferente! Mais bonita, deixou o cabelo crescer! Parece até mais madura! Como foi todo esse tempo, filha? Você vai nos contar tudo, não vai? Ah, senti tanto a sua falta!

É por isso que nunca me ligou?, pensei na hora. E logo me adverti mentalmente. Você está aqui pra mudar, pensei. Pra melhorar as coisas. Você já os perdoou. Como seu próprio disse, é uma época de mudanças.

— Vou contar tudo, mãe — assegurei.

— Atena, querida, não pressione a menina, por favor — meu pai se aproximou de nós duas e pôs a mão no ombro de minha mãe, que ainda segurava meu rosto. — Deixe a menina ir para o quarto dela! Nós mesmos ainda precisamos dar uma arrumada.

Foi quando finalmente notei as caixas espalhadas pela casa: na escada, nos cantos, no corredor que ia dar provavelmente na cozinha. Provavelmente, não tiveram tempo de arrumar tudo ainda.

— Sim, claro, Frederick. — disse minha mãe — Eu estou um pouco ocupada agora e, Frederick, preciso de sua ajuda aqui na cozinha. Annabeth, porque não vai pro seu quarto conhece-lo? Suba a escada, penúltima porta lá do fundo.

— Está bem.

Fiz o que ela pediu.

Quando abri a porta do quarto, vi que ele era exatamente ao meu antigo quarto da minha antiga casa. Até as paredes, que eram brancas, continuaram brancas. Havia uma cama de casal no centro, sem edredom. Minha escrivaninha, meu armário pra livros, porta do closet, do banheiro, entre outras coisas. Minhas malas estavam em um canto. Imaginei que não havia trago muitas coisas pra encher todo esse espaço. Não queria faze-los pensar que iria ficar ali por muito tempo.

— Toc-toc-toc — alguém bate na porta e imita o barulho — Vejo que você continua preguiçosa como sempre, não é Annabeth?

Viro-me.

— Héstia! — levanto-me da minha cama em um pulo e corro em direção a porta, me lançando nos braços de Héstia e praticamente obrigando-a a me tirar do chão.

Héstia, como já dito, é, era, a minha babá de quando eu era ainda um criança e meus pais viajavam. Ela passava mais tempo comigo do que a minha mãe.

— Como você cresceu! — Héstia dizia enquanto me soltava. — Tudo bem, nem cresceu tanto assim! Mas você está mais bonita, mais charmosa, mais mulher!

— E você também não perdeu sua beleza, Héstia. Por favor, me diz que já está casada e que eu estou prestes a ter um afiliado pra puxar bochecha e saco!

— Claro que não, Annabeth — Héstia sorria sem um pingo de vergonha. Héstia era uma mulher muito bonita, com cabelos castanhos cinzentos. Ela tinha dezoito anos quando começou a tomar conta de mim, aos quatro. Agora, doze anos depois, eu com dezesseis e ela tem trinta e até hoje não a vi com namorado nenhum. — Mas e você?

— Eu o que?

— Tem namorado?

— Há! — virei às costas e comecei a gargalhar. Como Héstia era minha segunda mãe, eu sempre lhe dei essa liberdade de perguntar sobre minha vida. Basicamente, sempre foi assim. Tanto que foi com a Héstia que conversei sobre minha primeira menstruação, a primeira vez que beijei um garoto, coisas do tipo. Mas, quando ela me perguntou dessa vez, senti um sentimento de vergonha e hesitação em contar qualquer coisa desse tipo pra ela. — Bem... — arrisquei dizer — Namorado não.

— Duvido. — ela sorriu — Acho que você está me escondendo alguma coisa, Annabeth, sua cara te condena, sabia?

— Ah, claro! Mas vamos arrumar as coisas primeiro, Héstia. Depois te conto tudo, tudo, tudinho o que você quiser. Juro pelo rio Estige — jurar pelo rio Estige sempre foi uma brincadeira entre a gente.

— Okay.

Pov’s Percy

— Ande logo, Rachel! — chamei.

Rachel estava trocando de roupa no banheiro do quarto já tinha quinze minutos. Quem demora tanto tempo assim pra penas trocar de roupa? Sinceramente, eu acho que ela está costurando lá dentro e não trocando de roupa. E eu que pensava que ela não ligava pra aparência...

Depois de mais cinco minutos, ela finalmente saiu, usando saia jeans, blusa de Manga verde escura, All Star, cabelos soltos e um perfume muito doce.

— Que tal?

— Vinte minutos pra só isso? — isso soou tão rude quando eu disse que até eu fiquei indignado comigo mesmo. Afinal, eu deveria dizer “Você está muito linda” ou “Tudo isso é pra mim?” que geralmente os namorados dizem pras suas namoradas, mas não saiu.

Mas, Rachel levou numa boa e sorriu como se achasse graça e me fez língua logo em seguida. Depois, me deu um leve soquinho no ombro.

— Vamos logo? — ela disse— Estamos atrasados!

Não por culpa minha!, pensei.

— Okay — eu disse.

Seguimos pra fora, Rachel na frente e eu logo em seguida, carregando a bolsa com as roupas que ela usou. Do lado de fora, o medico nos esperava.

— Olá Rachel. Percy — sim, nós havíamos dado a ele essa intimidade — Que bom que já sabe que está liberada, senhorita. Espero que tenha prendido a lição com isso.

— Com certeza — disse Rachel.

— Bom, então espero que siga com rigor a sua nova diet. Coma coisas saudáveis de três em três horas e você ficará saudável e em sua boa forma. Não cometa o mesmo erro duas vezes.

— Não se preocupe, doutor — eu disse — Eu mesmo vou me certificar que isso não voltará a acontecer.

— Excelente. Ah, e não se esqueça de suas seções com a psicóloga. Ela também é essencial para o tratamento. Por favor, vá a todas as seções.

— Tudo bem, doutor. Podemos ir? — Rachel parecia mais ansiosa que o normal. Acho que ela não gostou do ultimo conselho do médico sobre ir à psicóloga.

O medico concordou e nós saímos finalmente do hospital. Espero não voltar pra ele tão cedo.

— Finalmente livre! — Rachel gritou do lado de fora.

Demorou pra Rachel entender o porquê da picape vermelha e velha da Annabeth ter sido “dada” mim. Disse a ela que Annabeth me deu porque é feia e ela disse que pareci comigo. Rachel riu na hora. Depois acrescentei dizendo que Annabeth disse que Rachel não merecia um namorado sem meio de transporte

— Concordo com ela. — Rachel disse.

E, assim, finalmente, ela se convenceu e nós seguimos pra casa.


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Notas finais do capítulo

E ai? Estão com vontade de me matar? Eu já esperava isso! Pelo que vi no comentários no capitulo anterior... kkkk' Foi mal, gente, mas era necessário, confiem em mim, porque eu não confio u.u
Enfim, deixem reviews, Okay? E favoritem! E Recomendem! u.u Beijos da Naty ♥