Sob o Brilho da Lua escrita por Bia Kishi


Capítulo 11
Capítulo 11 - Encontro com o Passado


Notas iniciais do capítulo

Enquanto minha confusão mental se instalava ainda mais fundo em minha mente, eu senti os braços fortes de Damon se estreitando em volta de mim. Ele me puxou para si, enrolando os dedos em uma mexa do meu cabelo.
— Quer dizer que você está comigo?
Quando as palavras saíram da boca dele, eu percebi que na verdade, Damon não tinha me prometido nenhum tipo de compromisso. Na verdade ele nem havia dito que teríamos mais que aquela noite, mas a verdade é que eu estava feliz por ter tido coragem de admitir o que eu sentia para Stefan.



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A noite se foi, um pouco mais rápido do que eu gostaria. Eu despertei enrolada no corpo de Damon. Minhas pernas em volta dele, meus braços em suas costas. Ele abriu os olhos e encarou os meus com seus oceanos profundos.

            Damon não falou nada, apenas sorriu com o canto da boca e beijou minha testa. Eu retribui o sorriso e puxei sua boca para a minha.

-           Garota, não esqueça que ainda sou um monstro!

            Eu sorri enquanto o beijava. Havia sido a melhor noite de toda a minha vida.

            Nós dois continuamos na cama, Damon continuou com seu corpo forte e pesado sobre mim. Quanto mais eu me mexia, embaixo dele, mais meu desejo aumentava, impulsionado pelo desejo dele.

            Damon separou um pouco minhas pernas com o quadril e se encaixou em meu corpo.

 -          Eu te quero Ayllin, eu te quero tanto.

-           Eu também te quero Damon, Deus sabe o quanto eu te quero.

            Damon me interrompeu.

-           Me quer, mas tem medo.

-           Você está zangado comigo?

            Ele parou de me beijar e os olhos dele encararam os meus. Ele levou as mãos até meus cabelos e os afagou, com uma gentileza que não era comum a ele.

 -          Não se preocupe, faz parte do seu charme.

            Ainda estávamos na cama, quando ouvimos batidas na porta.

            Damon se levantou e jogou a camiseta para mim, eu a vesti no segundo em que Stefan entrou pela porta.

-           Ah Ayllin, que porcaria! Eu te disse para ficar longe de Damon, e onde eu te encontro? Na cama dele.

            Eu abri minha boca para responder, Damon me interrompeu.

-           Isso realmente não é da sua conta irmãozinho.

            Eu me levantei e caminhei até Stefan. Antes que eu chegasse Damon me puxou pelo braço e me envolveu com seu corpo. Sua respiração fazia cócegas na pele do meu pescoço.

-           Você não precisa explicar nada a ele amor, não é da conta dele o que fizemos ou não.

-           Mas nós não fizemos nada!

            Stefan parecia um tanto quanto histérico para mim, mesmo assim, a condenação em seu rosto doía no meu peito.

-           Como assim, não fizeram nada? Eu não sou bobo Ayllin, não sou mais criança á muito tempo! Eu sei exatamente o que acontece quando um homem e uma mulher dormem juntos!

            Eu amava Stefan de todo o meu coração, e vê-lo chateado comigo doía bem fundo, mas se tinha uma coisa que me deixava irada era arrogância. Eu juro que tentei me segurar, eu tentei fortemente lutar contra minha metade incontrolável e engolir todos os xingamentos que brotaram em minha boca, alguns, escaparam.

-           Ei garoto, se eu bem me lembro, nós dois dormimos juntos algumas vezes e até onde eu entendo, não fizemos absolutamente nada!

            Eu o peguei de guarda baixa, ele gaguejou, engasgou e não conseguia dizer nada, por fim, algumas palavras saíram em meio a sua agitação.

-           Merda Ayllin, isso é diferente! Você é meu anjo.

            Agora ele realmente tinha me irritado. Eu me soltei do abraço de Damon e comecei a andar em direção a ele. Só percebi que estava chorando, quando minha voz começou a soar mais como um chiado do que palavras.

-           Eu nunca te disse que eu era perfeita! Eu sempre te disse que as coisas eram complicadas para mim. Que porcaria Stefan! Eu não sei o que dizer, não consigo entender o que está acontecendo comigo.

            Nesse momento, eu me virei para Damon, seus lindos olhos claros estavam quentes e docemente sedutores. Eu percebi que Damon esperava uma resposta minha. Que ele esperava mais do que eu estava falando. Naquele breve instante, eu me lembrei de tudo que aprendi com Miguel. Lembrei-me sobre dar crédito as pessoas, acreditar em suas mudanças. Era isso que me fazia um anjo, ter fé. Fé em mim, fé nos outros. Então eu continuei, soando mais aos gritos do que eu realmente queria.

-           Eu não sei o que está acontecendo Stefan, eu só sei que eu amo Damon. Amo de verdade e não posso, nem quero mudar isso. Não me importo se vocês dois tem problemas de relacionamento. Eu não estou nem aí para o passado dos dois, não quero saber o que a tal garota fez a vocês, eu só sei de mim. Pela primeira vez em muito, muito tempo mesmo, eu quero pensar em mim. Eu o amo quer você queria, quer não. Seria ótimo ter você ao meu lado nisso Stefan, mas não vou mudar minhas decisões. Eu estou com Damon!

            Damon permaneceu imóvel, a não ser pelo lindo sorriso que ele tentava – e não conseguia – disfarçar no canto dos lábios. Stefan apenas saiu pela porta, saiu e levou metade do meu coração com ele. É estranho explicar o tipo de relação que eu anjo tem com seu humano – ou no meu caso, com meu vampiro – é como se dividíssemos um coração. Eu sabia exatamente o tamanho da tristeza de Stefan, sabia também da indignação e da raiva e de um pouco de ciúme.

            Enquanto minha confusão mental se instalava ainda mais fundo em minha mente, eu senti os braços fortes de Damon se estreitando em volta de mim. Ele me puxou para si, enrolando os dedos em uma mexa do meu cabelo.

-           Quer dizer que você está comigo?

            Quando as palavras saíram da boca dele, eu percebi que na verdade, Damon não tinha me prometido nenhum tipo de compromisso. Na verdade ele nem havia dito que teríamos mais que aquela noite, mas a verdade é que eu estava feliz por ter tido coragem de admitir o que eu sentia para Stefan. Eu olhei nos olhos de Damon e tentei consertar as coisas.

-           Eu disse isso, porque... porque...

            A verdade é que eu não tinha idéia de por que diabos eu tinha dito aquilo. Até ontem á noite, eu nem tinha certeza se queria ficar com o garoto. Na verdade, ontem eu tinha certeza de que ele era uma aberração maldosa que tinha me tirado a única chance de saber algo sobre o meu odioso pai, e hoje eu estava toda derretida nos braços dele – eu definitivamente estava ficando louca, ou surtada, ou os dois. Damon interrompeu mais uma vez minha tagarelice mental, erguendo meu queixo com a mão.

-           Você disse por que é verdade. Você quer estar comigo, Ayllin, como eu quero estar com você.

-           Você sabe isso vai ser complicado, não sabe?

            Damon me rodou em seus braços, como num passo de dança, e me segurou novamente.

-           Eu nunca gostei de coisas fáceis. Agora se aprece, se é que ainda pretende ir á escola. Eu levo você.

            Eu parei e olhei em seus olhos, usando meu olhar de sarcasmo.

-           Você vai me levar á escola?

Ele me soltou e caminhou com seu jeito de bad-boy, com as mãos nos bolsos. Parou na porta, deslizando a mão pelo cabelo escuro, despreocupadamente.

-           É isso que os namorados fazem, não é?

            E então ele saiu, e me deixou com um sorriso imbecil espalhado pelo rosto. A palavra “namorado” ainda estava ecoando em meus ouvidos. Eu corri feito uma boba pelo corredor, até o meu quarto, dançando e sorrindo – perfeitamente idiota – e entrei no banheiro. Deixei a água cair quente, sobre meu corpo, enquanto eu lavava os cabelos. Quando desliguei o chuveiro, o banheiro todo estava cheio de névoa.

            Eu enrolei meu cabelo em uma toalha e olhei no espelho. Atrás de mim, um vulto claro se mexeu e eu dei um pulo, batendo minha testa na quina do armário.

-           Ai! Eu murmurei um pouco antes de dois braços finos e frios envolverem meu rosto.

-           Eu disse que tinha sentido!

-           Híade!

            Minha irmã estava sentada na pia – e sim, anjos se movimentam tão rápido quanto os vampiros – eu a abracei longamente, sentindo o cheiro familiar da minha casa. Híade quase quicava de tanta animação.

-           Eu disse! Eu disse a você que eu senti!

            E aí, me ocorreu um pensamento.

-           Híade, você não estava me espionando ontem a noite, não é?

            Ela fez uma cara de ofendida que a deixou ainda mais culpada, mas eu ignorei esse fato e escutei a explicação que se seguiu.

-           É claro que não!

-           Híade?

-           Ok, só um pouquinho. Mas eu juro que foi só um pouquinho mesmo. Além disso, nem aconteceu nada de tão importante!

 -          Híade!

-           O que? Me desculpe, mas eu não sou tão ingênua quanto você pensa.

            Eu sorri e a abracei novamente. Era bom estar perto deles. Era bom sentir o cheiro de casa e saber que alguém lá em cima ainda se preocupava comigo, apesar das burradas que eu andei fazendo.

-           Eu preciso ir para a escola.

-           Tudo bem, eu também preciso ir embora mesmo. Só passei para te dizer que eu estou muito feliz que você enfim tenha encontrado alguém, sabe era muito chato você sozinha.

-           Prometa que não vai contar nada a Miguel! Eu não quero que ele saiba por outra pessoa, quer dizer, tem toda a história da minha mãe e o vampiro. Eu não quero que ele pense que a história vai se repetir.

            Híade levantou a mão direita, em um solene – e muito engraçado – juramento.

-           Eu prometo não dizer nada ao anjo superior sobre sua pegação com o vampiro totalmente gato.

-           Acha mesmo que ele é gato?

Ela saiu do banheiro e se jogou em minha cama, enquanto eu tentava encontrar uma blusa decente para ir para a chateação do segundo grau. Minha irmã continuou revirando os olhos na cama.

-           Ayllin, fala sério, ele total e absolutamente um gato. Ele é, ele é... sei lá, quente e sensual e totalmente gostoso.

-           Híade!

-           Ok, eu já vou indo porque o bonitão está vindo te buscar.

Ela me mandou um beijo no ar e desapareceu, um segundo antes de Damon abrir a porta do meu quarto.

            Eu estava fechando o zíper do meu agasalho rosa da Victoria Secret’s que eu usava com uma calça jeans justa e uma blusinha de alças preta, quando ele apareceu na porta.

            Damon veio até mim, lindo, com uma calça preta e uma camiseta da mesma cor. Ele me juntou em seus braços novamente e me beijou, tirando o meu fôlego e todo o senso de chão que eu tinha.

-           Preciso te lembrar o quanto eu sou ciumento e possessivo?

-           Não, Damon, não precisa! E eu preciso te lembrar que odeio isso?

-           Sempre!

-           Bobo.

            Nós saímos rindo pelo corredor. Eu estava bem feliz até que passei pelo quarto de Stefan e o vi lá dentro. Ele ainda estava com aquela expressão de condenação no rosto, o que me fez sentir culpada e triste. Damon percebeu, e praticamente me empurrou pelo corredor, para fora da pensão.

            O dia estava frio e um pouco nublado, Damon acionou a capota do porsche preto e nós entramos nele. Era muito estranho estar com Damon em público, principalmente quando ele parou o carro em frente á escola e desceu abrindo a porta para mim. Ele encostou-me no carro e encostou o corpo no meu, fazendo as borboletas se agitarem dentro de mim – será que isso nunca ia passar?

-           Até mais, amor.

            Ele me disse se afastando e beijando minha mão com delicadeza.

            Eu me despedi dele e quando me virei de frente para a entrada, percebi que Matt me esperava junto á porta. Andei até ele, pensando no que dizer depois da cena que ele provavelmente tinha presenciado. Eu já estava preparada para revidar o ataque – provavelmente pensando na reação histérica de Stefan – quando Matt se aproximou e me deu um beijo na bochecha.

-           Então, como você está?

-           Matt, eu sei que você deve estar chateado comigo, e...

            Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, Matt me interrompeu, deslizando o dedo indicador pela minha bochecha.

-           Ayllin, se você está feliz, então eu estou também. Eu não sei muito sobre Damon, mas posso ver nos olhos dele que ele se importa com você.

-           Matt você é maravilhoso, sabia?

            Matt sorriu para mim e eu o abracei. Eu amava ficar perto de Matt e quase me esqueci o quanto eu estava triste com Stefan. Digo “quase” porque assim que eu me sentei para a aula, Stefan entrou sem nem ao menos olhar para mim. Eu senti meu rosto corar. A indiferença dele doía ainda mais forte do que a raiva.

            Eu me perdi em pensamentos e nem percebi a entrada do novo professor. Continuei focada no vazio pensando que eu era uma porcaria de anjo da guarda, quando senti uma pequena e quente lágrima escorrer dos meus olhos. E junto com ela, quase que instantaneamente, uma mão suave e gentil a secou com a ponta dos dedos.

-           Uma jovem tão linda, não devia chorar.

            Eu ia levantar o rosto, pronta para perguntar: “o que ele tinha com isso?” quando meus olhos encontraram os dele. Eu não conseguia explicar a sensação. Algo que eu nunca senti, uma emoção misturada com carinho e um pouco de segurança. Ele era jovem e muito, muito bonito mesmo, mas seu rosto era firme e sincero. Não se parecia com qualquer garoto que eu encontrei na terra. Eu tinha a sensação de que ele havia vivido sei lá, por séculos.

            Eu acho que fiquei olhando para ele com cara de boba, porque ele sorriu para mim, e estendeu a mão para me cumprimentar.

-           Eu sou o professor Alaric Saltzman. Muito prazer.

            Eu segurei a mão dele, ainda tentando – e não conseguindo – soar normal.

-           Sou Ayllin Salvatore.

-           Ayllin! Um nome muito bonito e intrigante para alguém tão jovem. Além disso, Ayllin, seu nome não tem nenhuma origem italiana.

-           Não, não tem.

            Eu não sabia o que dizer. É claro que não tinha nada de italiano no meu nome, eu não era italiana! Eu queria ter encontrado uma explicação melhor, na verdade eu tinha até pensado em uma explicação melhor, mas na hora nada saiu da minha boca. Era como se eu não conseguisse mentir para ele, como se eu não pudesse esconder nada daqueles olhos cor de âmbar.

            Alaric voltou sua atenção para a turma novamente, e minha atenção se voltou de Stefan para ele. Eu não conseguia parar de olhar para ele. Eu sentia como se o conhecesse, como se não fosse a primeira vez que eu o encontrava. Ele ás vezes voltava os olhos para mim, e eu sentia como se pudesse ler minha alma.

            Algo naquele homem me intrigou profundamente, eu não conseguia saber o que era, mas eu sabia que era algo muito, muito importante.


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