Desventura Divina: A Jornada de Ouro escrita por Lady Meow


Capítulo 6
A historia louca de como eu esqueci de tudo


Notas iniciais do capítulo

Hello Sweties?
Demorei, mas finalmente esse capitulo esta pronto :3
Só para avisar que esses dois próximos capítulos serão um pouco maiores que os outros
E também queria avisar que vou mudar os títulos dos capítulos, eles vão ficar mais curtos okay? E mais um aviso, agora a fic será dividida em 3 partes. Esse capitulo pertence a primeira parte.
Qualquer errinho, me perdoem e lets go?
Juro solenemente não fazer nada de bom



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VALENTINE

Se você pensa que viajar nas sombras também te garante uma chegada tranquila, você esta enganado. Fui praticamente cuspida para fora daquela sombra e sai rolando por uma faixa de areia negra banhada por um rio que corria um pouco devagar. Depois de um tempo deitada consegui me acostumar a respirar o ar daquele lugar, que era denso, pesado e quente. Muito difícil de ser respirado.

O reino do meu pai não era o tipo de lugar que em que eu gostaria de morar: a toda hora as filas de julgamento dos fantasmas se aumentavam, eles eram designados para 3 lugares: os Campos Elísios (se você tivesse sido um herói ou coisa parecida, poucas pessoa iam para lá, era deprimente), os Campos Asfodélos (se você tivesse uma vida equilibrada entre o bem e o mal, seu lugar final era lá) e por fim, os Campos da Punição (o nome já diz tudo, punição eterna para aqueles que foram muito, mas muito maus). Aquele lugar era enorme, porem estava mais cheio de almas do que de adolescentes em show de astros teen. Sair vagando entre elas sendo a única coisa viva ali não era uma boa ideia, principalmente com todos aqueles guardas, que para variar, também eram espíritos. Como eu iria encontrar o tal Rio Lete em um lugar enorme como aquele em menos de algumas horas? Mentalmente pedi que alguém me enviasse alguma ajuda: um mapa, uma bússola ou até mesmo um bilhetinho dizendo onde ele ficava.

Meu arco e a alveja com as flechas apareceram magicamente no meu ombro, Quíron disse que eles apareceriam quando eu precisasse, agora isso não era muito animador. O barulho de algo caindo próximo da onde estava me fez recuar e se esconder atrás de uma daquelas rochas vulcânicas. Peguei o arco e deixei uma flecha apontada para um garoto que estava caindo no chão.

Ele me assustou ao murmurar algo que não entendi e sem querer acabei disparando a flecha. Por sorte, não o atingi de forma letal.

– Você esta bem? – Dei um grito quando vi que a flecha estava fincada em seu antebraço. – Esta doendo muito? Ai meus deuses! Não queria te atingir é que...

– Esta tudo bem. Não esta doendo nem nada. Já sou um homem morto e não dá para morrer duas vezes, não é? – Por mais incrível que pareça, ele sorriu. Logo depois, arrancou a flecha do braço (por mais incrível que pareça, não estava sangrando e não tinha nenhuma marca nem nada) e analisou ela antes de me devolver, como se fosse uma espécie de especialista no assunto. – Ferro Estígio, nada mal. Primeira flecha desse tipo de material que eu vejo. Se eu fosse vivo, teria me matado na hora. Você atira bem, até mesmo por acidente.

– Eu quase te matei e você ainda me elogia? Qual seu problema garoto? Acho que loucura é um dos efeitos colaterais que essas flechas podem causar em seus alvos! – Eu ri, talvez um pouco tensa demais. – Como veio parar aqui?

– Sei lá, estava preso com os outros em nosso “recanto de férias” no tártaro e de repente fui praticamente sugado para dentro de uma sombra e ela me jogou aqui!

– Que outros?

– Outros semideuses, é claro. Tudo o que resta de nós esta preso lá. Tudo isso culpa daquela Gaia... – Uma parte do seu cabelo começou a pegar fogo, ele simplesmente bateu nas chamas e elas desapareceram, na maior naturalidade, como se isso acontecesse sempre. – Isso acontece sempre eu fico nervoso... E...

Finalmente entendi: eu havia pedido algum tipo de ajuda, de alguma forma, as sombras podem realizar alguns pedidos e então elas o trouxeram para mim. Só acho que ele não tinha muito cara de ser um guia turístico: Cabelos castanhos encaracolados, um tanto grandes e chamuscados nas pontas. Usava blusa branca suja do que parecia ser graxa, calça com suspensórios e um daqueles cintos de ferramentas cheio de bolsos. Fora isso, ele tinha orelhas pontudas que o faziam parecer uma espécie de elfo latino do Papai Noel.

– Ah, sou Leo Valdez – Estendi a mão para ajuda-lo a levantar, ele era um fantasma como Nico, com um corpo físico e tudo mais. Leo ficou surpreso com isso. – Parece que eu estou vivo novamente...

– Eu sei... Sou Valentine Laurent.

– Então é mesmo real? A Jornada e tudo mais? Então, seu irmão estava certo? E no final você e a... – Não sabia se ele estava triste ou feliz com a noticia.

– Sim, no final nós teremos que morrer. É verdade. – Comecei a contar tudo: desde a chegada a aquele internato para garotas a parte da minha pequena missão. Leo era um bom ouvinte. Estávamos sentados atrás de uma pedra.

– O inventor do Argo II e do estilo magricela é o novo gostoso pra dedéu também pode ajudar garotas góticas bonitas! – Leo disse quando terminei de falar sobre minha tarefa no mundo inferior. Outra vez, eu ri.

– Sério, Valdez, estou tentando descobrir qual é o seu problema garoto, como consegue ser engraçado em uma situação dessa em que você foi deixado?

– O humor é uma forma de esconder a tristeza – Ele murmurou de volta, um tanto triste.

– Como eu queria poder conseguir pensar dessa forma – Falei isso pensando em como minha vida era antes daquele acidente de carro que acabou matando minha mãe.

Ainda tenho pesadelos com o policial de terno que havia batido na porta de casa em uma manhã de sábado, tinha 7 anos e fui eu quem atendeu a porta, a mulher que cuidava de mim estava ocupada fazendo o café. Lembro que logo depois, acordei em um hospital, sozinha, e só soube por uma enfermeira o que aconteceu: não sabia como, mas de alguma forma, acabei ferindo sem querer o policial. Ele ficou bem, minha babá ficou traumatizada com o que aconteceu e sumiu, me deixando sozinha naquele hospital, depois de alguns meses em um hospital psiquiátrico (as pessoas acreditavam que eu tinha surtado naquele dia porque tinha problemas mentais), fui para um orfanato próximo a minha casa, na França, e então fui transferida para outro orfanato em Nova Iorque. Só com 12 anos descobri o que realmente tinha ferido aquele policial quando em uma briga que tive com uns valentões companheiros de orfanato, eu acabei invocando guerreiros fantasmas com meus poderes, que deram uma surra neles e fizeram um estrago no abrigo. Isso só piorou minha posição social e me fez ganhar um apelido nada bom. Quando as pessoas do abrigo não me olhavam para mim com medo, era com ódio ou raiva. Ou os dois juntos. Também não foi nada fácil conviver com Darcy, uma criada morta-viva que acabei criando em um ataque de raiva e sempre a invocava quando me sentia sozinha.

– Comigo não foi tão diferente... – Ele disse depois de eu ter contado minha historia e passou a contar a dele, bom, ela era tão ruim quanto. -... E então quando eu estava voltando Ogígia, para resgatar Calipso, soube que Gaia havia destruído a ilha com ela junto. Assim que voltei para o acampamento, todos estavam comemorando a trégua que fizeram com os gigantes e a mãe deles quando todos no acampamento foram mortos, engolidos pela própria terra... – Leo usava um tom amargo na voz toda vez que falava do seu passado.

– E você... sei lá... já encontrou com a alma dela por ai? – Perguntei, então logo me arrependi.

– Não, nem eu nem ninguém mais a achou. Ela se foi por completo... – Não sei por que, mas fiquei um pouco feliz com isso. Deuses! Que tipo de pessoa eu sou? Alguém que fica feliz com os outros sofrendo? Depois disso, comecei a ficar com raiva de mim mesma.

– Simplesmente odeio quando as pessoas dizem “sinto muito”, é claro que não sentem, elas não são nós... – Eu disse

– Sinto muito pela sua mãe...

– Sinto muito pelo sua mãe, seu dragão de bronze e sua... er ... namorada? – Sorri, ele sorriu também.

– Quase isso. – Então estendeu a mão para mim – Você ainda precisa da minha ajuda para completar sua missão suicida não?

Ouvi o barulho de asas de morcego que parecia estar sendo amplificado com uma daquelas caixas de som de shows. Aquilo não era um simples morceguinho. Me levantei no mesmo segundo.

– Abaixa. – Empurrei ele para atrás da rocha e usei a flecha que ainda estava na minha mão para atingir a tempo um monstro com pele cinzenta, pele de morcegos, presas e garras afiadas que carregava um chicote. Seja-lá-o-que-seja-aquilo se desintegrou em pó cinzento antes de nos atacar.

– Que era aquilo? – Mais uma vez, ajudei Leo a se levantar.

– Uma Fúria – Falou aquilo como se sua língua fosse cortada se dissesse essa palavra – Ou como chamamos, Benevolentes. Digamos que elas trabalham para Hades, são três irmãs e odeiam semideuses...

– Bom saber. Mas, vamos dar o fora daqui, não quero ver a reação das outras duas ao saber que matei sua irmã...

– Mas, Valentine, como acharemos esse rio? Acho que não serei um bom guia se meu trabalho for esse... Não conheço esse lugar... – Ele respondeu – Mas você...

– Que?

– Use seus poderes, é claro. Eles vão estar mais fortes...

– Eu não sei não...

– Tine? – E fez aquele olhar de cachorrinho pedindo alguma coisa. Eu não consegui resistir.

– Tudo bem. Isso pode dar certo. Só por favor, fique bem longe de mim, não quero machucar ninguém... Okay... Vamos lá.

Me concentrei e bati o pé com força conta o chão. Uma marca negra no formato do meu pé apareceu no chão e de dentro dela, uma mão esquelética brotou. Literalmente. Depois duas mãos, os braços e em instantes, um corpo completo.

A múmia era uma garota, com um vestido rasgado, daqueles que se usava no século XIX, tinha cabelos negros e imundos presos em um coque que se desmanchava aos poucos. Havia partes de seu rosto em que a pele transparente não existia mais, deixando o esqueleto a mostra. Eu não fiquei com medo, ver ela me trazia uma breve sensação se familiaridade, ao contrario de Leo, que havia agarrado minha mão e tremia mais do que um celular no modo vibrador.

– Daianne?

– Sim, minha ama. – Ela fez uma pequena reverencia – Estou aqui para fazer o que você deseja...

– Criados zumbis? Mas quem diria? – Soltou ele, largando minha mão.

– Daianne, por favor, precisamos saber onde fica o Rio Lete urgentemente e...

– Oh, claro minha ama. – A garota zumbi fez outra reverencia e começou a dizer: - O Rio Lete fica exatamente no meio dos Campos da Punição, próximo a caverna de Melinoe, a deusa dos fantasmas. Porem, tome cuidado, minha ama, a água desse rio faz as pessoas esquecerem tudo, uma só gota pode te fazer esquecer quem você é ou seu nome.

– Daianne, sem reverencias ou essas coisas exageradas okay? Vamos tomar cuidado e... obrigado. Você praticamente salvou nossas vidas.

– Não precisa me agradecer, minha ama, agora irei me retirar... Com sua permissão?

– Permissão concedida, muito obrigada novamente!

– Isso não é nada – Ela piscou com seus olhos verdes arregalados e se desfez em poeira dourada.

– Ela vai voltar – Eu disse ao perceber a cara que Leo estava fazendo.

Ω

Eu definitivamente nunca queria passar o resto da eternidade nos Campos da Punição.

Imagine um campo de capim negro, cortado por rios de lava, onde as almas condenadas a punição eram torturadas das mais diversas formas: alguns andavam em cacos de vidro ou brasa, eram obrigados a empurrar rochas duas vezes maiores que seu próprio peso ou pior, eram obrigados a ouvir musicas agonizantes de cantores que usavam e abusavam do Auto-Tune por eons (não vou citar nomes, não quero fãs querendo me linchar, já estou ferrada demais para também ter que aturar isso). Eles eram vigiados por aqueles guardas-fantasmas que estavam tem todos os lugares

– Sinto que o rio fica um pouco mais adiante... vamos? – Me virei para Leo, que parecia que iria começar a passar mal se ficasse vendo aquelas cenas de tortura por mais alguns segundos. Puxei sua mão e então descemos uma pequena colina, onde uma alma de um homem empurrava uma pedra gigantesca. Passamos correndo por ele quando o mesmo nos lançou um olhar de ódio, como se eu fosse culpada pela sua punição.

Mais a baixo, um rio de aguas esbranquiçadas corria a toda velocidade por seu leito um tanto pequeno comparado ao do Rio Estinge. Aquele era o Rio Lete.

Do outro lado da margem do rio tinha uma pedra próxima ao leito que não estava completamente submersa, talvez se eu conseguisse subir nela, ficariam bem mais próxima da agua e então conseguiria pegar o que eu quero. Infelizmente, eu teria que estar do outro lado para fazer isso e a largura entre a margens era muito grande, ou seja seria possível pular sem cair na agua. E agora?

As coisas não podiam ficar piores quando eu ouvi um grande latido e chão começou a tremer com grandes passadas. Alguém soltou os cachorros... Ou melhor, o cachorro. Parecia um rottweiler normal com duas vezes a altura de um mamute, era quase impossível de vê-lo naquele lugar escuro e as três cabeças (sim, o bichinho tinha três cabeças) recebiam uma coleira vermelha com um pingente de identificação tão grande que deu para ler de longe: CÉRBERO. PERTENCE A HADES, MUNDO INFERIOR. ELE MORDE.

– E agora? Eu estou fora do tártaro, onde devia estar junto com os outros e agora ele vai me devorar... – Leo se desesperou. Eu apertei sua mão e pedi para que ele ficasse para trás. Eu brincava com um esqueleto de cachorro antigamente e acho que ele não seria muito diferente do grandalhão aqui. (Mais uma da série: Coisas esquisitas da minha infância. Em breve no cinema).

– Ei, garotão! – Balancei as mãos pro alto numa tentativa de chamar a atenção dele, antes que nos atropelasse. Ele parou e esmagou uma alma que estava ali perto com seu traseiro enorme. O cachorrão me olhou com aquelas suas 3 cabeças e lambeu os beiços, provavelmente pensando nas melhores formas de me devorar, seu rabo balançava e batia no chão com tanta força que tive que rezar para não de desequilibrar e cair. Achei que a cabeça do meio iria abocanhar minha mão quando se aproximou, mas não, ele a lambeu com aquela língua enorme e latiu de felicidade, como se nós fossemos velhos amigos se reencontrando.

– Por favor, garoto, para com isso – Eu disse rindo, enquanto as suas cabeças vaziam um ótimo trabalho em bagunçar meu cabelo para cima com seus beijos caninos. Acariciei suas seis orelhas – Para por favor ou eu vou ficar cheia de baba de cachorro... Aiii – A cabeça da esquerda me agarrou pela jaqueta e me jogou em cima de suas costas. Cérbero estava pronto para levar sua mais nova amiga para um passeio, quando eu tive uma ideia brilhante: - Ei, garoto, você pode me deixar do outro lado do rio? – Eu disse, fazendo carinho em seu pescoço. Bem obediente, se aproximou da borda (quase teria atropelado Leo se ele não tivesse corrido antes), esticou o pescoço e abaixou a cabeça de direita já no outro lado. Fiz carrinho novamente e então pulei. – Obrigado grandão!

“Graaaaaaaaaaaau” – essa foi sua resposta antes de voltar a se sentar do outro lado e fazer um penteado aparecido com o meu no cabelo do Leo, que quase caiu na água com o susto.

Me virei e encarei uma caverna, aquela deveria ser a caverna de Melinoe, a tal deusa dos fantasmas.

Minha mãe estava bem próxima a entrada da caverna. Seus cabelos loiro-escuros estavam soltos, e os olhos castanhos tinham um brilho assustador. Vestia um de seus melhores vestidos, ele era totalmente preto com partes roxas, ele estava na nossa família a uns 3 séculos e agora, o vestido original era meu (se não o tivesse deixado na minha antiga casa antes de se mudar para os EUA). O que era assustador era que aquela era a primeira vez que a via com uma expressão tão zangada, nunca tinha visto ela assim até mesmo no dia em que sem querer quebrei seu conjunto de chá raro.

– Marie Valentine... – Ela começou a dizer, era a mesma voz, porem havia algo diferente nela... – Sua imprestávelzinha... Você devia ser como eu, mas não, tinha que puxa o outro lado da família...

– Mãe? É que... – De repente esqueci todas as palavras possíveis e minha mente parecia ter entrado em estado vegetativo, não conseguia fazer mais nada. Meu corpo simplesmente congelou de pavor.

– Eu não deveria ter morrido, e sim você. Ela queria você e agora tudo isso é culpa sua...

Doeu? Claro que doeu! Mas ninguém precisava saber, então um focinho gigantesco me empurrou e cai de joelhos. Cérbero cuspiu Leo, que saiu rolando no não, ensopado de baba de cachorro. Eu teria rido, mas estava tensa demais para isso.

– Você vai ficar me devendo essa e o seu cachorrinho também – Ele sorriu e me ajudou a levantar – Quando a ela. Melinoe era conhecida por assustar as pessoas se transformando nos fantasmas de entes queridos que já morreram...

– Então por que ela não se transformou nas pessoas que você perdeu?

– Acredito que não estou em divida com elas. E olha:

Melinoe tinha voltado a sua aparência “normal” e não era uma das melhores, então resolvi não descrever. Até eu estava um pouco assustada.

– Aaaaaaah, mas olha só quem apareceu: a futura heroinazinha dos meio-sangues! Cadê a outra? Não era duas? Aaaaaaah, tanto faz – ela deu uma risada amarga – Agora já sei quem vou atormentar quando você sabe... – E piscou para ele antes de desaparecer.

Depois de alguns minutos de silencio, eu ainda não conseguia absorver tudo aquilo, foi ele quem falou primeiro:

– Espere ai, seu nome é Marie Valentine? Quem nesse mundo tem um nome assim?

– Eu tenho, meu pai escolheu o primeiro e minha mãe o segundo. – Dei um suspiro cansando – Parece o nome daquela gatinha francesa de um desenho da Disney... Irônico não? Acredite, isso era motivo de zombaria no orfanato...

– Acho que a Disney se inspirou em você para fazer a personagem, sabe literalmente, porque vc é muito gati... – Ele começou a falar

– Sério mesmo? Não precisava falar isso alto sabia? – Disse séria, depois comecei a rir feito retardada. – Okay, mas agora como a gente vai pegar a agua? Não tenho nenhum copo com tampa

– Talvez isso possa ajudar – Ele enfiou a mão dentro de um dos bolsos do cinto e tirou um daqueles copos do Starbucks, só que estava vazio e me entregou.

– Tá bom... não vou comentar nada sobre isso, mesmo assim, obrigado. – Novamente me aproximei da margem, respirei fundo e pulei em cima da pedra. Ela estava lisa e por pouco eu não escorreguei, graça a solta de borracha do meu coturno.

Me abaixei e abri a tampa do copo, tinha que fazer tudo com muita calma e paciência. Quando finalmente enchi o copo, uma gota espirou e caiu na minha mão. Imediatamente a limpei na calça e tampei o copo e o guardei no bolso da jaqueta. Quando iria pular de volta, algo passou voado do meu lado e acabei perdendo o equilíbrio, caindo na agua gelada logo depois.

O rio não era fundo, alcançava no máximo a minha cintura. O único problema era que a correnteza era forte demais e água era mais pesada. Tive que me agarrar a pedra para não ser arrastada para longe. Tive que me agarrar a pedra para... Ah? Eu já tinha dito isso? Estava começando a perder a memoria, tinha certeza disso.

Uma das cabeças do cachorro gigante cujo nome eu havia esquecido me tirou da água e o garoto fantasma estava desesperado. Louis tirou uma toalha de seu cinto e entregou para mim. Que dia era hoje mesmo? Que lugar era aquele e o que eu estava fazendo ali? Ah lembrei, missão e mundo inferior. Missão e mundo inferior. Tentei repetir aquilo varias vezes para não esquecer...

– Valentine, você ficou doida? Malditas fúrias, talvez eu não seja não ruim com arco e flecha, mas você caiu lá dentro e vai esquecer tudo agora e...

– Ah... Leno... não... Lio? Também não. Larry? Ah? Loki???? Qual é seu nome mesmo?

– É Leo. Esta vendo, você já esta esquecendo as coisas... não vai demorar para você esquecer até seu nome...

– Leo, calma, eu estou bem, eu só não estou lembrando de algumas coisas... Isso vai passar... Isso vai passar e eu vou ficar bem, Loki. – Era impressão minha ou minha mente estava começando a ficar em branco? O que eu estou fazendo aqui mesmo? Quantos anos tenho?

– ISSO NÃO PODE ESTAR ACONTECENDO! – Ele bateu a mão no próprio rosto – Okay, Leo pensa, pensa garoto...

Cérebro lambeu meu rosto, em um tentativa fail de me ajudar a lembrar... O que eu era? Uma lobisomem? Vampira? Uma bruxa talvez? Não era isso, era outra coisa... ligada a mitologia egípcia? Quase não lembrava de nada. Usei a toalha para secar minhas pernas, porem não melhorou em nada.

– Valentine, você precisa voltar, eu tinha que te levar para o castelo do seu pai, mas não dá, sou apenas uma alma e existem guardas por lá, então você vai ter voltar para o seu irmão, lembra dele não lembra? – Leo tentou parecer calmo, mas estava desesperado.

– Meu irmão... Nico não é? Okaay, tenho que voltar para ele. – Me levantei e peguei minhas coisas, o cachorrinho me deu outros beijos caninos com suas cabeças.

– Lembre: Voltar. Nico. Qual era o nome da minha meia-irmã mesmo? Ah, lembrei: Voltar. Nico e Ronnie. Eles podem dar um jeito.

– Ok. – Repeti tudo aquilo mentalmente várias vezes – Mas, e você? Como vai ficar?

– Acho que Cérbero vai me ajudar, ele pode manter os guardas longe de mim até que vocês... Ah, esquece.

– Eu já estou esquecendo... – Dei um sorriso triste. Pelo menos, conseguia me lembrar como chamar uma sombra. Logo meu transporte chegou. Antes disso, dei um beijo de despedida na bochecha dele, que ficou extremamente vermelho. – Eu vou voltar, eu prometo.

Quando entrei dentro da sombra, já tinha esquecido praticamente 17 anos da minha vida.


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Notas finais do capítulo

Sinceramente, esse foi um dos melhores capítulos que eu já escrevi, sério mesmo >3
Acho que é isso... Malfeito, feito.
Bye Sweeties :333333333



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