POV Jace

–Magnus faça alguma coisa! –Gritei para ele.

–Faça você! –Ele gritou para mim, em quanto alguns raios azuis saiam de sua mão atingindo o machucado de Clary. –Faça um Iratze e um amissio nela, a arma pelo que percebi apenas perfurou parte do intestino, ela só esta perdendo muito sangue, se continuar assim não vai aguentar muito tempo.

–Calma Jace! –Alec se ajoelhou ao meu lado e colocou seus dois dedos no pescoço de Clary. –O coração dela ainda esta batendo!

Peguei minha estela e segurei o corpo de Clary, ergui sua blusa e comecei a desenhar, me esforcei ao máximo para fazer as duas runas perfeitamente, mas as lagrimas que novamente ameaçavam a sair dos meus olhos me atrapalhavam cada vez mais, eu precisava ser forte pela Clary, eu sentia meu mundo ruindo pelos meus pés, sem conseguir toma-lo de volta, Alec mantinha uma mão em minhas costas como apoio, sempre soube que ele e Clary nunca seriam grandes amigos, mas também sentia que ele estava triste, não só por mim, mas por Clary também. Depois de terminar as runas entreguei a Clary para Magnus, que tentava fazer com que seu coração continuasse batendo ou qualquer coisa do tipo.

Sempre pensei que seria o primeiro, tinha esperanças que tudo acabaria bem, que teríamos lindos filhos, e que moraríamos em uma bela casa, com todos que amo, e esperaria a velhice bater na porta e eu seria o primeiro a partir, esperaria Clary voltar para mim, para que lá de cima nós dois observássemos nossos filhos, netos e bisnetos tão lindos quanto eu e Clary. Sempre tive a esperança que ficaria brincando até tarde de luta caso nosso filho fosse menino, e o tornaria um ótimo guerreiro, mas com um coração puro e uma boa alma, se fosse menina faria a mesma coisa e Clary me reprenderia por estar sujando as roupas dela e que quando ela crescesse, eu me tornaria o pai mais protetor do mundo, fazendo com que todos os garotos que se aproximassem dela se identificassem com nome, sobrenome e tipo sanguíneo. Eu ensinaria o menino a não ser tão galinha como eu fui e falaria para ele que existe e sempre existirá uma única mulher na vida de um bom homem, uma mulher capaz de transformar seu mundo, fazer os dias mais coloridos e mais alegres. Passaríamos todos os fins de tarde vendo o sol se por em Nova York como uma família, e quando chegasse a hora de dormir, nós dois contaríamos histórias para eles dormirem, falaríamos sobre nossa adolescência e todas nossas aventuras, eu os ensinaria a nunca, nunca confiar em patos e idolatrar as mangas. Eu e Clary nos deitaríamos e pensaríamos em como nossa vida é feliz e todas as noites eu me lembraria de que sou o homem mais sortudo por ter a melhor mulher do mundo deitada ao meu lado, minha Clary, minha pequena Clary. A mulher que neste exato momento estava entre a vida e a morte. O que seria de mim sem ela? Nenhum dos meus sonhos se tornaria realidade, e junto com sua alma minha alegria iria embora, somente Alec seria capaz de manter ou me motivar neste mundo, se não fosse por ele já não estaria mais aqui, ele ainda mantinha sua mão em minhas costas, como sempre fez desde que eu era pequeno, presente nos piores e nos melhores momentos. Virei em sua direção e o abracei chorando em seu ombro, tinha certeza que ele também sentia minha dor e o vazio que ocupava meu coração, Clary sempre foi mais forte que eu, todos foram na verdade, eu apenas escondia minha dor, e só agora pude libertar toda ela, que sentido tem me manter fechado se não há mais nada dentro de mim? Se todo meu amor e minha vida foram sugados de dentro de mim? Sinto-me vazio, há um buraco em mim, uma ferida que a cada momento que passa, dói mais. Não serei capaz de me recuperar sem ela.

Abracei meus joelhos, tentei fechar os olhos e fingir que nada disso estava acontecendo, mas o barulho do caos que acontecia a alguns metros de onde estávamos tornava isso impossível. Comecei a soluçar como uma criança e chorei tudo que deixei de chorar na minha vida inteira. Meu peito ardia e a dor arrasava tudo dentro de mim, queria acordar e descobrir que foi tudo um pesadelo, mas sei que é real e que nem todas as histórias acabam com finais felizes.

Abri meus olhos, Jocelyn e Luke corriam em nossa direção. Alec apareceu em minha frente e me estendeu seu braço, me pus de pé, mas sentia o peso da dor querendo me colocar para baixo.

–Jace é melhor deixar Jocelyn e Magnus cuidarem dela. –Alec falou.

–Mas eu não quero deixa-la! –Falei como uma criança fazendo birra.

–Jace, vai ser melhor para você, vamos cuidar dela. –Jocelyn falou segurando minhas mãos.

Abracei-a, provavelmente surpreendendo com meu gesto.

–Cuide dela, você sabe tudo que ela é para mim. –Falei para Jocelyn.

–Vamos! Meus poderes não vão aguentar por muito tempo. –Magnus gritou e ela foi correndo se juntar com ele e com Luke que segurava Clary no colo.

Magnus estralou os dedos e em segundo eles já não estavam mais em nossa frente.

–Vamos voltar para a luta. –Falei para Alec que riu de mim.

–Você não está em condições psicológicas para isso loiro oxigenado.

–É natural. –Disse sem emoção.

–Não é o que toda a química que você usa para ajeitar seu lindo cabelo diz... –Ele falou conseguindo tirar um pequeno sorriso de mim.

–Eu sei que ele é li...

–Jace cuidado! –Alec se jogou na frente da flecha atingindo um pouco acima de seu joelho. Tirei minha Serafim e corri para matar o demônio Eidolon. Cravei minha espada em seu corpo fazendo com que ele desaparecesse.

Corri em direção ao Alec que tirava a flecha de sua perna, passei meu braço ao redor de seu corpo e o levei para uma das ruas onde a guerra não havia chegado.

–Você esta bem? –Pedi para ele.

–Sim. Vamos entrar em alguma casa, a flecha devia ter veneno demoníaco, minha perna esta ardendo.

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POV Izzy

Um demônio havia aparecido em minha frente, provavelmente um Oni pondo em consideração seus chifres e sua pele esverdeada. Lancei meu chicote e ele se enroscou perfeitamente no pescoço do demônio, depois de ele ter desaparecido quase completamente, ouvi um grito atrás de mim, Clary. Quando virei pude ver o demônio retirando sua espada do corpo de Clary, não sabia o que fazer, Jace correu e segurou Clary antes que ela caísse. Jenna correu em direção ao demônio e cravou sua espada acabando de vez com ele. Ela acabou chamando atenção de Jonathan e Simon que ainda não tinham reparado no ocorrido. Corri e abracei Simon, reconfortando-o, ele sussurrava que queria ir junto ajudar Clary, mas sabia que acabaria atrapalhando, tentei convencê-lo do contrario, mas ele falou que ficaria aqui para tentar evitar outras mortes.

Olhei para Jonathan, ele estava com os olhos vermelhos, provavelmente tentava não chorar, mas seu rosto refletia raiva. Concordamos com a cabeça, sabíamos o que precisávamos fazer. A ideia de permitir que ele faça isso ainda atormenta minha mente, mas não tínhamos outras opções, eu poderia me sacrificar, mas o risco disso dar errado seria muito maior, estávamos dando um tiro no escuro.

Grupos de Kuris, Onis e Rehabs se aproximavam de nós. Um Kuri vinha em minha direção, lancei meu chicote em para uma das garras que saiam de seus olhos e arranquei uma do lado direito fazendo um liquido preto sair de dentro dele. Uma de suas patas agarrou meu braço direito causando-o um grande machucado, peguei a serafim que havia guardado e cortei a garra que ainda me apertava, mais do liquido jorrava de sua pata. Avaliei o estado de meu braço, ele estava vermelho e sangue saia de onde ele havia cortado meu braço já começava a arder. O demônio cravou outra de suas garras em minha coxa me fazendo perder o equilíbrio. Cravei minha espada em seu corpo aracnídeo o fazendo voltar para sua dimensão de origem.

Olhei em volta, todos estavam com sérias feridas, Simon lutava a alguns metros nomeio de mim e de Jonathan, cravando suas presas como principal arma. Jenna estava mais longe de mim e usava todo seu corpo e uma espada curta como principais meios de ataques. Jonathan acabara de matar um Oni, ele estava a alguns metros de mim, abri minha mochila e peguei a Pyxis que continha o demônio que controla todos os outros demônios. Tentei caminhar na direção de Jonathan, mas a dor em minha perna tornava qualquer movimento impossível.

Caminhei mancando por alguns segundos, Jonathan também veio em minha direção, mas ele também tinha um machucado próximo à panturrilha. Não havia nenhum demônio entre nós, Simon tomava conta de todos eles. Segurei a caixa com minha mão esquerda, agradeci mentalmente a todas as vezes que Jace me convencera a aprender lutar e arremessar coisas com a mão esquerda. Ajeitei meu pé de apoio dando maior mobilidade para meu braço, joguei com o máximo de força que consegui o que infelizmente não era muito. Eu só não tinha percebido que era Simon quem esperava a Pyxis entre eu e Jonathan.

Ele pegou a caixa e olhou para mim com um sorriso meio torto.

–Eu te amo. –Ele gesticulou com a boca. Foi só neste momento que percebi que ele já sabia do nosso plano, tentei caminhar até ele, mas não consegui o suficiente, nem a tempo de impedi-lo.

Ele segurava um isqueiro com uma das mãos e abria a caixa com a outra, enquanto eu insistia caminhar em sua direção. Ele abriu. Eu observava a parte má de Jonathan entrar em Simon, em segundos ele não seria mais o mesmo. “Tentar evitar outras mortes.” Ele dissera anteriormente, agora eu entendo o sentido da frase.