Faziam dois dias desde que Jonathan saiu da enfermaria, mas o bilhete ainda atormentava meus pensamentos. Jonathan já estava se enturmando no nosso “grupinho”, a única que ainda tentava matar ele era a Izzy, por mais que Jonathan tenha pedido mil vezes desculpa a nós. As armas chegaram logo após o interrogatório de Jonathan, que por sorte ocorreu tudo bem, e Jia achou injusto culpar o Jonathan, atual, dos crimes do outro Jonathan, por mais que Robert a contrariasse. Minha mãe ficou feliz por ter seu outro filho de volta, mas a preocupação tomava conta de todos nós, eu e Jace decidimos que seria melhor contar do bilhete.

Já estava entardecendo e eu e Jace estávamos no terraço, vendo o por do sol, debruçados no parapeito.

–Jace, eu sei que estamos todos tentando escondei isso, mas estou com medo.

Ele me abraçou e beijou minha testa.

–Eu... Eu também estou Clary. –Ele disse e me surpreendi com seu comentário, nunca imaginei que ouviria Jace dizer que esta com medo. –Vamos ficar bem...

–Vamos morrer... –Eu disse e ele ergueu meu queixo, me fazendo olhar para ele.

–Vamos ficar bem, temos ainda um pouco de chance...

–Claro que temos! Mas é uma em dez mil.

–Não... Não pense assim... –Ele desviou o olhar, parei de falar, pois sabia que se continuasse eu só acabaria ferindo cada vez mais Jace. Ele olhou novamente para mim. –Clary eu sei que você esta com medo, eu estou com medo, todos estão com medo. A única coisa que sei é que quero passar esse resto do nosso tempo com você. Independente de quanto ele dure. Quero estar com você para sempre, para o nosso para sempre, independente de quanto tempo nós ficarmos vivos o nosso para sempre será eterno, mais forte que a vida e que a morte. Meu amor por você é eterno Clarissa, sempre foi e sempre, sempre será.

–Isso foi lindo Jace. –Nesse momento eu já estava com os olhos cheios de lágrimas e me segurava para não chorar.

–Sempre que te vejo, dês do primeiro momento que te vi, senti que você seria alguém para mim, alguém que possa me curar de todas as dores, me salvar de todos os medos e me amar de todos os jeitos. Eu te amo Clary. –Ele se ajoelhou a minha frente. –Clarissa Adele Morgenstern aceita se casar comigo. –Ele puxou uma caixa preta e a abriu, dentro continha um anel dourado com um pequeno cristal na ponta e do lado contrario a letra “H”.

–Sim eu aceito! –Disse sem pensar duas vezes, agora nem me importava mais com minhas lagrimas, Jace colocou o anel em meu dedo.

–Então eu nos declaro marido e mulher! –Jace disse. –Eu fiz tudo certo? Eu não sei muito sobre casamentos mundanos.

–Com exceção dessa ultima frase, foi tudo perfeito. –Me joguei em seus braços, ele logo retribuiu.

–Agora você passa a ser a senhora Herondale.

–Ai meu Deus já posso sentir o medo de patos crescendo dentro de mim. –Disse me segurando para não rir.

–Não brinque com isso Fray...

–Achei que eu fosse Herondale agora...

–Ficaria confuso... –Ele me olhou e nos beijamos, Jace passava a mão em meus cabelos, e eu o segurava para não se afastar, ficamos assim por vários minutos até o sol se por.

–Então... Quem vai contar a novidade para Jocelyn?

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–Vocês perderam o juízo? –Minha mãe gritou para nós.

–Não se pode perder o que nunca se teve... –Luke falou.

–Mãe, eu e Jace nos amamos! Qual é a dificuldade de entender isso? Mais dia menos dia isso ia acontecer.

–Ela tem razão. –Luke disse e minha mãe olhou para ele, que apenas deu de ombros.

–Mas não podiam esperar todo esse problema com demônios passar para vocês se casarem?

–Ela tem razão. –Luke falou, olhei mortalmente para ele.

–Jocelyn eu amo a Clary, e nada que você faça vai me impedir de casar com ela! –Jace falou, trincando os dentes.

–Palavras erradas, Jace. –Sussurrei em seu ouvido.

–Quem você acha que é para falar comigo desse jeito?!

–Opa! O que ta acontecendo aqui? –Jonathan que descia as escadas puxando Jenna com ele.

–Sua irmã vai se casar com Jace.

–Meus parabéns cunhadão! –Jonathan falou e abraçou Jace. –Já que estamos em clima de casamento e romance, não vejo momento melhor para falar que eu e Jenna vamos nos casar! –O queixo de minha mãe caiu, e esperei ela recomeçar o xingão.

–Mas que droga vocês acham que estão fazendo, vocês são um bando de crianças querendo brincar de casinha! Não percebem isso!

–Joce, você vai ter que entender que eles cresceram, são adultos agora, e eles se amam você sabia que um dia isso ia acontecer. –Luke felizmente falou e levou Jocelyn para o quarto deles antes de ela poder continuar nos atormentando.

Depois de nos parabenizarmos fomos cada um para nossos respectivos quartos.

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Tudo pegava fogo, Idris estava em chamas, e eu observava tudo, todos queimando, eu estava perdendo tudo, de novo, sentia um vazio dentro de mim, o cheiro de fumaça me intoxicava aos poucos, atingindo pulmões, cérebro, e coração, minha dor não demorou muito, tive tempo apenas para sentir algo me atravessando e ver Jace correndo em minha direção, antes de tudo ficar branco e minha dor desaparecer.

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–Clary, acorda! –Jace me sacudia.

Eu o abracei e cai em prantos.

–Ta tudo bem, minha pequena. Não foi real. –Ele me dizia tentando me acalmar.

–Não quero te perder. –Disse em meio aos soluços.

Seus olhos transbordavam preocupação, ele me olhava, me obriguei a parar de chorar, pois eu sabia que se continuasse seria pior para ele. Deitei novamente na cama.

–Porque com nós? –Pedi a ele.

–Não sei Clary, eu poderia dizer qualquer baboseira do tipo “os momentos ruins existem para reconhecermos os bons”, mas não sou idiota para dizer isso, eu não sei por que com nós... Vamos ficar bem independente do que aconteça. -Ele pegou minha mão e colocou em seu coração. -Lembra? –Concordei com a cabeça, e o abracei de novo. Ele ficou passando a mão em meus cabelos até eu me acalmar, Jace é um dos únicos que já me viu chorar, e todas elas foram por causa de pesadelos, não gosto de demonstrar fraqueza. Jace é tudo para mim. Adormeci ainda pensando nele.

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Fomos até um lugar mais isolado, para treinarmos, Magnus nos teletransportou porque ninguém concordou com a ideia de Jace, para dizermos que no saco de armas tinha um cachorrinho muito grande, nem mesmo eu. Fizemos duplinhas, para treinarmos, Simon e Magnus ficaram de fora, provavelmente com medo de apanhar, Jace fez dupla com Alec, ficou com medo de apanhar de mim obviamente... Ta bom.. É porque eles são parabatais. As outras duplas eram: Jordan e Maia, Jonathan e Jenna e eu e Izzy, sim eu estava com medo de perder a cabeça... Peguei uma espada Serafim, mais moderna das que tínhamos, as armas todas pareciam mais letais que as outras, tinham de todos os tipos, tamanhos e cores, mortais aos demônios.

–Então senhora Herondale, está pronta par morrer? –Ela falou para mim com o chicote em sua mão.

–Não e você senhora Lewis? –Apertei a minha nova serafim contra minha luva de couro que deixava meus dedos gelados de fora.

–Ah vá se catar Clary!

–Vai você primeiro!

Ela lançou o chicote em minha direção, mas fui mais rápida e agarrei na metade dele antes de me atingir, senti algo subir por minha perna, a outra metade do chicote rastejava por mim. Gritei e logo Izzy fez o chicote se desenrolar de minha perna.

–Round 2! –Ela falou.

Estávamos longe uma da outra ela lançou o chicote novamente em minha direção, mas dessa vez pulei para o lado tentando me esquivar dele, segurei a ponta com formato de cobra e o arranquei da mão de Izzy. Agora ela estava desarmada, larquei o chicote e corri em sua direção, ao chegar perto, ela deu um mortal de costas parando atrás de mim e me chutando para o chão. Puta merda, to ferrada! Senti tudo ficar mais lento me esforcei para ficar de barriga para cima, puxei seu pé e a fiz cair ao meu lado, fiquei em cima dela com minha serafim, essa era mais leve feita de bronze prata e Adamas, Izzy ergueu os braços em sinal de rendição.

–Toma na cara Lightwood! Engole essa! –E eu comecei a fazer minha dançinha da vitoria, todos que ainda lutavam pararam para me olhar, ai eu percebi que estava pagando mico e parei.

–Deixem de serem molengas e voltem a fazer o que estavam fazendo! –Gritei para eles.

Ouvi Jonathan resmungar algo tipo não acredito que ela é minha irmã. Jace e Alec se entreolharam e começaram a rir nunca entenderei esse negocio de parabatais.

–Vou pegar uma Serafim para mim. -Izzy falou e logo voltou com uma um pouco mais longa que a minha.

Batiamos nossas espadas freneticamente, ficamos assim por minutos, ouvíamos insultos e gritos dos outros lutando, mas nem nos importávamos, por um momento Izzy ficou com o cabelo laranja, e olhei com o canto do olho para Magnus que sorria como quem não fez nada, mas não nos importamos. Acabei tropeçando em uma pedra e caindo de costas, izzy colocou os joelhos sobre os meus pulsos e os seus pés sobre minha perna me imobilizando.

–Perdeu Fray. –Ela colocou a espada em meu pescoço e logo retirou e se levantou, me ajudando logo depois. Eu estava descabelada e meu cabelo estava azul... O de Izzy continuava laranja e ela estava com o rabo de cavalo todo torto, ambas estávamos com feridas no braço e no rosto. Nós duas fomos parar a metros de distancia dos outros. Fizemos-nos Iratzes e fomos encontrar os outros.

Chegando lá eles estavam falando com Aline e Helen que seguravam papéis na mão. Quando nos viram aproximando todos ficaram quietos.

–O que foi? –Disse Izzy ainda sorrindo.

Vi Alec concordar com a cabeça em direção a Aline, todos tinham uma expressão séria no rosto e percebi que Aline havia chorado. Uma bomba estava a caminho...

–Eu encontrei estes papeis nas coisas da minha mãe. -Ela entregou os papeis a Izzy.

–Mas... –Olhei os papeis com Izzy, a maioria dizia “Nos vemos de noite” ou “Nos encontramos as oito.” E a maioria era assinada ou por “De Seu Robert” ou apenas por “R”.

Izzy devolveu as cartas e saiu correndo, fui atrás dela para consola-la. Chegamos a um lugar cercado por árvores. Ela sentou em uma pedra e eu sentei ao seu lado ela olhou para mim, só percebendo minha presença agora.

–Ele traiu minha mãe de novo! –Ela disse e afundou o rosto em sua mão. Eu a abracei e logo pude ouvi-la começar a chorar, estranhei de inicio, pois não é de seu comum chorar, ela retribuiu o abraço. Ela estava com os punhos cerrados e vi que saia sangue de onde suas unhas estavam logo ela começou a arranhar seu próprio braço. Sai de seu lado e fui para sua frente.

–Izzy! Para, você só esta se ferindo mais, se mutilar não vai mudar nada. –Eu disse segurando seus pulsos para ela não continuar.

–Clary, é tão difícil! –Sentei novamente ao seu lado e a fiz apoiar a cabeça em meu colo, como minha mãe fazia quando eu era menor e eu entrava em desespero. Ficamos assim até eles virem nos procurar.