Foi como ter recebido um tapa na cara, não sabia se ria se gritava... Jonathan não é capaz de amar ninguém, como ela seria a namorada de alguém incapaz de amar?

–Namorada? E como você não sabe se ela é uma prostituta qualquer?-Gritei para minha mãe.

–Clary tenha respeito! E pelo menos escute a Jenna! –Ela gritou para mim.

–Por quê? Não quero desperdiçar meu tempo com mentiras toscas.

–Clary leia a carta que ele te escreveu... –Disse a tal de Renna, Jenna, sei lá enquanto me alcançava à carta.

Olhei com desdém para a carta e ri, como se eu fosse ler as desculpas de Jonathan, só porque uma vadia qualquer me mandou ler, minha mãe é uma tosca, será que ela não percebe o perigo de trazer para dentro de casa alguém que deve estar conspirando contra nós?

Subi as escadas e sabia que Jace vinha atrás de mim. Corri para que ele não me alcançasse, cheguei a meu quarto e tranquei a porta. Peguei um travesseiro e o atirei contra a penteadeira derrubando algumas coisas que estavam por lá. Fui até a poltrona, onde a calça de Jace estava jogada e retirei a adaga de seu bolso. Esfaqueei a almofada que estava em cima da cama.

–Maldito Jonathan! Não bastava estragar minha vida, tinha que mandar a namoradinha patética para terminar o trabalho. -Murmurei para mim enquanto terminava de esfaquear a almofada.

–O que a almofada fez de tão errado para ter um fim, trágico, como esse?- Logo reconheci a voz de Jace.

–Como você entrou? –Eu disse entre dentes, sem para de esfaquear a almofada.

–Magnus me emprestou seus poderes. –Disse ele erguendo a minha estela.

–Arg... –Atirei a adaga na porta do lado da cabeça dele, acertando a porta com raiva. -Não estou com humor para sarcasmo.

–Eu percebi quando você tentou arrancar meus olhos. E dês de quando você aprendeu a arremessar coisas assim? –Ele disse enquanto tirava a adaga da porta.

–Dês de que estou com raiva.

–Treinar ajuda, a não ser que você queira se embebedar de novo, ai eu sugiro uma boa dose de whisky, acho que você deve ter umas quatro garrafas lá em baixo... Mas acho que estragar esse belo quarto não é uma das melhores opções para isso.

–Não quero ver a cara da Renna ou de minha mãe por um bom tempo...

–Sem problemas saímos pela janela, bote algo quente e de couro, vou pegar as armas no meu esconderijo secreto que eu rezo toda noite para você não descobrir, caso contrario tenho a impressão que varias pessoas nessa casa sairiam feriadas em algum acesso de raiva seu como esse que acabou de acontecer... –Disse ele enquanto desaparecia pela casa.

Coloquei as roupas de combate e esperei Jace voltar com uma gigantesca bolsa cheia de armas.

–Vamos? –Ele falou e com isso pulou da janela me levando junto, aterrissamos e fomos correndo ao parque.

Chegamos lá e Jace pegou duas Serafins e jogou uma para mim.

–Não pegue leve amorzinho... –Disse ele me provocando.

–É claro que não...

Começamos com os movimentos básicos de proteção e ataque, e ficamos assim por uns trinta minutos, até eu perder a paciência, chutei a espada de Jace para longe e mirei a minha em seu pescoço.

–Você não brinca em serviço não é? Bem ahm... –Ele me girou e me segurou como se me abraça-se por trás e segurou a espada usando minha força contra meu pescoço. –Eu também não!

Chutei suas partes baixas com força fazendo-o se inclinar de dor, aproveitei a situação e me livrei de seu aperto, corri e peguei a espada que eu tinha chutado para longe. Levantei-me, mas fui empurrada por um Jace gordo que estava sobre mim.

–Ai! Acho que você quebrou meu braço seu gordo! –Gritei para ele que ainda não tinha saído de cima de mim.

–Deixa de frescura...

–Jace é serio!!! –Ele viu que meu braço estava no chão e que eu não consegui meche-lo.

–Fique ai que vou pegar o Kit de primeiros socorros. –Ta parecendo minha mãe... Não acredito que Jace caiu nessa. Ele saiu de cima de mim e começou a correu até a bolsa preta, mas não antes deu eu dar uma tranquinha e o fazer cair em minha frente, ele girou, ficando de frente para mim, e eu fui para cima dele, me ajoelhei sobre seus pulsos e peguei sua espada, direcionei as duas em seu pescoço.

–Perdeu playboy! –Disse para ele. –Quais são suas ultimas palavras?

–Sempre me lembre de nunca treinar com você quando estiver com raiva... –Ele disse enquanto arrancava os pulsos de meus joelhos e segurava os cabos das serafins. Ele me girou com facilidade e colocou seus joelhos em meus pulsos, girando as espadas e as colocando contra mim. –Isso é por me chamar de gordo, sua magricela...

Chutei suas partes novamente, mas agora com meu joelho.

–Ahh! –Gritou ele sem sair do lugar, chutei novamente, e mais algumas vezes até ele sair de cima de mim e começar a rolar na grama gritando de dor. –Desse jeito vou ficar estéril antes dos 20...

–Fique feliz se você conseguir andar novamente essa semana... –Disse rindo de seu estado deprimente.

Peguei as espadas que estavam no chão e as atirei, com precisão, nas duas árvores que estavam perto de nós, e fui ajudar Jace. Estendi minha mão para ele que ainda estava no chão.

–Desculpa Jace, mas foi você quem pediu por isso. –Disse para ele, me sentindo um pouco culpada ao ver seu estado atual. –Deixa de ser exagerado e levanta de uma vez.

Ele me puxou para o chão e começou a fazer cócegas em mim...

–Desculpa Clary, mas foi você quem pediu por isso. –Ele me fez cócegas até eu me render.

–Tá Jace eu me rendo! –Disse enquanto chorava de rir.

–Eu ia sugerir treinarmos um pouco de luta corporal, mas agora admito que estou com medo, talvez eu possa sair com um braço ou uma perna seriamente ferida. –Jace falou como se fosse duro admitir, e me ajudou a levantar.

–Deixa de ser medroso e venha enfrentar a minha ira! Muahaha. –Gritei para ele.

–A grande ira da baixinha, -ele riu ao dizer isso- e que venha a ruiva!

Tentei dar um chute alto, mas Jace pegou meu pé, antes de eu poder fazer mais estragos nele.

–Me larga!

–Você sabe muito bem a resposta! –Disse enquanto pegava minha outra perna.

–Louco! O que você acha que esta fazendo?! -Gritei para ele.

–Isso! –Ele puxou minha outra perna me deixando de cabeça para baixo.

–Jace faz o favor de me largar!

–Te largar não é um bom pedido. E isso... É para você aprender a não me chamar de medroso! Deve ser quase meio dia e nós necessitamos urgentemente de um banho... –Ele me botou cuidadosamente no chão e pegou a sacola de armas. –E só para avisar teremos que entrar pela porta a não ser que você queira escalar até a janela de seu quarto...

–Tudo bem... –E sai correndo, logo Jace me alcançou e chegamos em casa.

Para minha surpresa a casa estava vazia.

–Alguém em casa? –Gritei e não recebi resposta.

–Tudo bem então... Vamos para o banho Clary?

–Uhm... –Olhei para o sofá onde havia um bilhete e para a carta que Jonathan havia escrito. –Pode ir primeiro...

–Clary quando eu disse vamos eu quis dizer nós dois, entende?

–Hoje não Jace, tenho outras coisas para fazer, agora...

–Bom você quem sabe... Se mudar de ideia sabe onde estarei... –Ele disse com aquele sorriso cafajeste dele, antes de se virar e subir as escadas.

Peguei o bilhete e o li:

Clary nós saímos, estamos indo na clave, Jenna tem que falar algumas coisas para eles, e depois vamos ver Jonathan. Quando estiver mais calma, conversamos. Beijos Jocelyn.

Olhei para a carta, estava em um envelope, meio amassado e sujo, meu nome estava escrito com uma bela caligrafia. Demorei até tomar coragem e abri-la.