Mônaco, primeiro de Outubro.

Clary, não sei quando esta carta ira chegar, ou se ira chegar, mas quero avisar que haverá uma grande guerra dentro de quinze dias, não sei se estarei lá, quero dizer minha parte má, mas se me encontrar, me mate.

Antes de explicar quero que saiba que quem escreve esta carta não é um demônio, eu sou o real Jonathan, a parte boa, pelo menos por um tempo, agora luto contra minha outra parte, admito é difícil manter o controle, e sei que você pode pensar que é tudo mentira, sei que eu realmente não mereço sua confiança, mas ao menos tente acreditar em mim.

Antes de tudo, me desculpe, por todo mal que causei, mas não fui eu quem causou tuuudo isso, não estou jogando toda culpa em Valentin, ou em minha outra parte, mas eu me culpo também por não fazer nada, desisti de mim mesmo, fiquei apenas observando vocês sofrerem sem fazer nada,escondido em quanto coisas horríveis aconteciam, por favor me desculpe, por tudo, nunca quis o mal de ninguém, muito menos alguém de minha própria família.

Por favor, relate a Clave com antecedência e me assassinem se precisarem para acabar com todo o mal, não me importo... A verdade é que a guerra acontecerá na terceira semana de outubro, nosso exercito é grande e atacaremos com tudo, ou melhor, eles atacarão com tudo, ainda mais agora com o novo plano de Jonathan. (a minha parte má. Eu devia criar um apelido para ele, tipo Flurby, raio de sol, unicórnio, florzinha... Mas isso não vem ao caso, infelizmente...) Continuando, o plano de Flurby é alimentar os demônios com o próprio sangue, já que em caçadores o efeito de seu sangue passa com o tempo, ele acha que com os demônios isso não vá acontece, ele vem fazendo testes e não são bons, os demônios que tomaram do cálice ficaram mais poderosos, alguns estão até falando, outros estão correndo dez vezes mais que o normal, e vi um Iblis matando três mundanos com apenas um golpe isso me assusta. Mas vocês tem uma ótima arma, Jace. Flurby anda preocupado com Jace, ultimamente ele andava preocupado com a possibilidade dele usar o Fogo Celestial a seu favor, utiliza-lo como uma arma contra os demônios, e acredito que com o devido treino ele realmente consiga fazer isso, e você também, com seus dons e runas, você pode melhora-los com treino. Cuide, há traidores mais perto que você imagina, não sei dizer quem é, pois eles se comunicavam apenas por cartas, mas era alguém muito informado em relação ao que acontecia na Clave. Jonathan, quero dizer, Flurby nunca desiste e você sabe melhor que ninguém disso.

Quero te pedir que cuide de Jocelyn ela realmente merece e também de Jenna, ela passou por muita coisa, e boa parte é culpa minha e de Flurby, na verdade não sei nem se ela irá chegar, mas nunca amei ninguém como ela, e só lhe peço isso.

Desculpe-me, adoraria ter te conhecido melhor, ao contrario de mim você teria sido uma ótima irmã.

De seu real irmão, Jonathan.

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Era verdade, Jenna não mentiu, mas por que ela demorou tanto para trazer a carta? Se ela tivesse entregado antes da luta teria nos ajudado, mas por que só nos entregar quatro meses depois?

–Clary? –Jace interrompeu meus pensamentos.

–Jace venha aqui ver uma coisa.

Ele desceu as escadas correndo e se sentou ao meu lado do sofá, entreguei a carta para ele que me olhou com uma cara curiosa.

–Você leu a carta? –Ele perguntou para mim.

–Sim e ela foi escrita há uns quatro meses. –Disse para ele que ainda me observava. –É bom você ler também.

Ele pegou e abriu a carta, ao chegar a certa parte ele apenas me encarou.

–Sério. Flurby? Florzinha é bem melhor para ele.

Apenas ri e esperei ele terminar.

–O Jonathan deveria ter mandado por Sedex, se realmente quisesse que chegasse a tempo.

–Acho que nem assim chegaria tão cedo... Ainda mais porque ninguém saberia onde realmente fica Idris, seria o mesmo que mandar entregar uma carta ao Papai Noel.

–Quer dizer que minhas cartas não foram realmente enviadas?! Isso é uma catástrofe! Talvez seja por isso que não fui escolhido para fazer o comercial de cuecas!

–Que comercial de cuecas? –Perguntei desconfiada.

–Vamos ver o que tem para o almoço?- Disse Jace pulando do sofá e indo em direção à geladeira.

–Sua mãe deixou Pizza para nós! –Disse Jace puxando uma caixa de dentro do Frízer. –Olha tem um bilhete: Jace não deixe a Clary cozinhar, a não ser que pretenda comer cinzas... –Jace riu claro que riu. Só porque queimei um ovo uma vez minha mãe agora acha que sou como Izzy. Tudo bem, não estou magoada...

–Eu vou para o banho enquanto você cozinha. –Disse para Jace que ainda ria do bilhete.

–Achei que você fosse cozinhar... Mas é melhor você ir mesmo para o banho esta fedendo.

–Garotas não gostam de ouvir isso. –Disse para ele.

–Eu sou um garoto e também não gosto de ouvir isso.

–Quem disse que você é um garoto pode ser uma bichinha, ainda estou em duvida... Sabe você e Alec passaram bastante tempo juntos... -Ele me interrompeu de novo.

–Cala a boca Fray, de noite irei te mostrar minha masculinidade! –Eu ri e subi antes de Jace começar a me atormentar de verdade.

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–Crianças? Voltamos! –Minha mãe gritou do andar de baixo, não importa quanto anos eu tenha, ela sempre irá me chamar de criança. Já deveria ser umas duas da tarde e eu estava começando a ficar preocupada.

–Estamos aqui em cima. –Gritei em resposta. –Já estamos descendo!

Desci as escadas correndo e arrastei Jace junto.

Jenna e minha mãe estavam no sofá e estavam conversando algo que não conseguia escutar.

–Ahm... –Disse pensando por onde começar. –Desculpa Jenna acho que começamos com o pé esquerdo... Bem... –Estendi a mão para ela. – Esse é Jace Her... Light... Bem sobrenome não é tão importante... Eu sou Clary Fray o que você já deve saber...

–Eu sou Jenna Youngfair. –Disse ela sorrindo delicadamente. Jenna era um pouco mais alta que eu, magra, de olhos azuis escuros, cabelo castanho também escuro e tinha algumas runas no pescoço e nas mãos.

–Jenna eu li a carta de Jonathan, mas ainda não confio totalmente em você e tenho algumas perguntas.

–Pode começar! –Ela disse como se estivesse acostumada com isso.

–Por que a carta chegou quatro meses depois de ter sido escrita? E como o Jonathan de verdade escreveu a carta se antes da guerra ele era o mesmo? O que está acontecendo com os demônios? Qual é o plano deles? Quem são os traidores que Jonathan menciona na carta? Como...

–Calma Clary! Irei responder tudo, mas com calma. Ahm a carta chegou atrasada porque Jonathan me expulsou de sua casa em Mônaco...

–Jonathan te expulsou? –Falei para ela, abismada com isso.

–Sim para minha segurança, quando ele era realmente ele, Jonathan falou que a parte má faria coisas horríveis comigo se eu não saísse de lá, e eu passei por varias coisas até chegar aqui. Eu acordei uma manha e vi que ele não estava no quarto desci e vi-o escrevendo as cartas e quando ele me olhou não tinha mais os olhos negros eles estavam verdes, mas ele falou que em breve voltaria a ser o mesmo de antes e me expulsou antes de isso acontecer, ele me mandou vir atrás de vocês e avisar o que ia acontecer, quando deixei sua casa ele tinha uma faca na mão acho que ele pretendia se matar, mas enquanto deixava a casa o olhei e vi que estava no chão tossindo sangue preto, isso já tinha acontecido algumas vezes enquanto ele tentava voltar, mas o sangue era vermelho ele me mandou ir embora... Eu obedeci, o deixei morrendo, ou sei lá o que, na casa dele. Não sabia se ele continuava o mesmo, se voltara a ser o demônio, se tinha se matado.

–Ele te amava e só queria seu melhor! –Disse tentando reconforta-la. –Mas em relação aos demônios e aos traidores?

–Bem os traidores são da aqui, possivelmente alguém próximo a Clave, mas nas cartas se identificavam apenas como de ajudantes de Jonathan, não sei dizer quem são. Sai de Mônaco e tive que achar um instituto próximo, por isso demorei, passei por varias coisas no caminho. E em relação aos demônios, eu fiquei presa os últimos meses aqui em Idris, em uma espécie de refugio, ontem eu consegui fugir, eu estava no mesmo lugar em que vocês estiveram me lembro da confusão.

–Mas eu destruí aquele lugar! –Disse para ela.

–Você também fez um escudo, e o escudo protegeu o lugar de ser destruído, e como aquela não era a única entrada, todos ficaram bem... Lá todos tomavam de um cálice com uma bebida negra, ela nunca acabava por mais que eles bebessem, e aquilo os deixava mais forte Jonathan vinha fazendo algumas experiências em relação a isso. Enquanto estava lá também ouvi que eles pretendem atacar em poucas semanas, e eu sei melhor que ninguém como a tropa deles é grande, e eles não pretendem deixar nenhum caçador vivo, assim como mundanos e membros do submundo.

Eu e Jace nos olhávamos, não queríamos mais lutar e ter que passar pelo medo de perder um ao outro.

–Era só o que faltava... –Disse decepcionada.

Luke entrou em casa com uma expressão preocupada, algo incomum da parte de dele.

–Estão discutindo o que fazer com Jenna, e as coisas não estão indo muito bem, agora Jia está conversando com Robert. Ela disse que no máximo amanhã irá nos avisar sobre o veredito. Enquanto isso Jenna pode ficar aqui no quarto de hospedes e espero que vocês, -Luke disse passando os olhos em Jace e parando em mim. –a tratem bem.

–Sim Luke nós já nos entendemos, estava pensando em apresentar Jenna ao pessoal. –Eu disse para ele, que suavizou a expressão.

–Ótima ideia! Então se divirtam. –Ele disse nos expulsando de casa, e se voltando para conversar com Jocelyn.

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Passamos na casa de Izzy e na dos Penhallows e depois fomos para a praça.

–Essa é a Jenna Youngfair e ela é a namorada do Jonathan. –Eu a apresentei para todos que também disseram seus nomes.

–Ta, mas como Jonathan é capaz de amar? Achei que ele só gostasse de prostitutas. –Alec perguntou para ninguém em especial, Jenna estava meio escondida atrás de nós talvez por vergonha ou timidez.

–Flurby é o que gosta de prostitutas, e surpreendentemente Jonathan, a parte boa, está apaixonado por ela. –Eu disse.

–Flurby? –Magnus me perguntou.

–A parte má de Jonathan. –Eu falei e pude ver todos arqueando as sobrancelhas com um ponto de interrogação na cara.

–Quer dizer que vocês chamam um cara super maligno de Flurby, que... Adequado... –Disse Helen.

–Foi Jonathan que deu esse nome para ele na carta. –Eu disse.

–Que bonitinho, ele até escreveu uma carta! –Disse Simon me provocando como sempre.

–Cala a boca sanguessuga, e como anda aquela sua pequena namorada como é mesmo o nome... Maureen certo? –Disse provocando-o.

–Ah ela ta bem... Bem morta, eu espero... Quero dizer... Ninguém consegue me vencer! Muahahaha. –Ele falou com sua voz falsa e começamos a rir.

–Ta, mas e quem ficou de líder? –Perguntou Maia.

–Raphael quem mais você acha que ficaria... –Simon respondeu.

–Eu não tenho culpa de ser desinformada. –Ela disse se defendendo.

–Ah, tem sim... –Disse Jordan.

–Ahh cala a boca, cantorzinho de quinta... –Disse Maia.

–E falando em cantor como é o atual nome da banda de vocês? –Izzy interrompeu a briga do casal.

–Vocês deviam por Blood Sucker, em homenagem ao Simon. –Disse Jace, provocando.

–Você é tão engraçado cara! Que eu quase ri! Nós deveríamos por Patos Assassinos, o que acha Jace?

–Eu amei cara, simplesmente amei, mas se queria fazer uma homenagem a mim deveria por Jace é Divo, não que as pessoas já não saibam disso.

–Tá! –Disse irritada. –Qual é o nome da banda!

–O nome é No Name. –Disse Simon.

–Sério? Sem nome? Isso é tão criativo! –Disse Izzy.

–Preferia Jace é Divo... – Jace falou.

–Vocês tem uma banda, legal! –Jenna falou, talvez estivesse perdendo a timidez...

–Não se anima tanto assim, porque eles não são tipo... Bons... –Magnus disse.

–Na verdade eles são o desastre que alguns ousam chamar de musica... –Disse Alec

Ficamos conversando, na verdade mais se provocando, e quando percebemos o sol já estava se pondo. Quando olhei para trás vi Jia e Robert saído da reunião, eles estavam rindo, talvez tenham decidido deixar Jenna em paz, ela já estava até se enturmando com nós. Eles vieram conversando até nós.

–Crianças! O que estão fazendo aqui uma hora dessas? –Jia perguntou.

–Mãe! Não somos mais crianças! –Protestou Aline.

–Então qual foi o veredito, sobre mim... –Disse Jenna, ansiosa.

–Só iremos dizer amanhã, querida. –Ela disse como se estivesse cuspindo a ultima palavra.

–Agora está na hora de criança ir para a cama... –Robert disse.

–Eu posso até ir para a cama, mas não vou dormir. –Jace sussurrou em meu ouvido, enquanto íamos para casa.

Jantamos e pude perceber que Jenna estava um pouco nervosa, mas quem não estaria no lugar dela? Depois de eu mostrar o quarto para ela decidi conversar um pouco.

–Então Jenna muito nervosa? –Disse me sentando na beirada da cama.

–Mais ou menos, sinto que Jia não gosta muito de mim... –Ela disse sentando-se ao meu lado.

–Ela é assim, mas deve ser porque ela vem tendo muito trabalho, e ela não aceita que Aline e Helen namoram sem contar o que aconteceu com Sebastian... Em fim espero que de tudo certo... –Disse para ela.

–Eu também... Clary, você poderia me emprestar uma roupa... Eu perdi as minhas e sua mãe disse para eu pedir emprestado...

–Pode deixar se precisar de mais alguma coisa é só pedir... –Disse enquanto observava suas roupas rasgadas. –Jenna vocês foram ver o Jonathan hoje, não é?

–Sim. Por quê? –Jenna me perguntou.

–E como ele esta? –Pedi para ela.

Ela sorriu para mim.

–Parece que ele esta dormindo, eu não sei, ele parece tão vulnerável... Não parece o mesmo... É tão ruim ver ele assim...

–Sinto muito, eu sei como você se sente. Você parece ser uma garota boa, Jonathan tem sorte de te ter.

–É mais provável que seja o contrario... –Ela disse enquanto eu saia de seu quarto.

Depois de entregar as roupas para Jenna fui para meu quarto e vi Jace dormindo, ele é tão fofo, me deitei ao seu lado e nos cobri. Até que senti alguém mordendo minha orelha.

–Jace! Achei que estivesse dormindo! –Gritei para ele.

–Como eu disse, eu não ia dormir e ainda vou te mostrar minha masculinidade. –Ele me falou rindo maliciosamente.

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Estava escuro eu apenas escutava vozes, que não consegui entender.

–Ela é uma traidora, pode acabar com nós! –Disse uma voz rouca.

–Concordo, mas tudo e todos cairão sobre nós! –Disse outra voz com a mesma rouquidão, mas mais grossa.

–E a verdade?

–Esqueça a verdade! Quero dizer... A verdade é mais importante que eu?

–Não, mas...

–Mas você sabe o que teremos que fazer... –Disse a voz grave.

–Se é assim que você quer... Mas saiba que podemos morrer por isso, não percebe o perigo?

–Relaxa! Isso não vai acontecer qual quer coisa ela poderá ficar juntinha aos pais.

A outra voz riu uma risada estridente e doentia, que me fez acordar de meu sonho.