Can I love you? — Clary & Jace escrita por Giovana Serpa


Capítulo 27
That I Love You


Notas iniciais do capítulo

Bom, primeiro eu quero me desculpar por essa demora exorbitante (adoro essa palavra, mas prefiro "plausível", é mais interessante). Eu demorei tanto por causa da minha enrolação total com a escola >
E eu queria dizer também que esse é oficialmente o último capítulo da fanfic (#choremos). Pois é, galerinha! Estamos chegando ao fim da história. Quero que vocês saibam que eu vou sentir muitas saudades de vocês, DE VERDADE. Mas não se preocupem, tenho duas notícias que vão provavelmente animar vocês:
a) A FANFIC TERÁ UM EPÍLOGO (um epílogo feliz, não do tipo "AI. MEU. RAZIEL. VAMOS. MORRER", que nem os epílogos da Cassandra)!
b) Eu estou pretendo fazer mais duas fanfics de TMI, e não só mais uma. A primeira será focada em Sizzy, e a outra (que eu postarei mais futuramente) em Clace, e poderá ou não ser uma continuação desta aqui. Não, não estou fazendo mistério, eu realmente só não sei se será ou não uma continuação.

Enfim. Espero que gostem, aproveitem, comentem, recomendem e etc. Amo vocês, leitores lindos, que tiveram paciência de ler essa bagaça até aqui.

Boa leitura!



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A televisão pendurada na parede da lanchonete era a minha escapatória dos olhares de Jace. Eu sequer gostava do programa que estava passando — tampouco sabia do que se tratava —, mas preferi ficar encarando a televisão como uma boboca: era a melhor opção que eu tinha.

— Então — Jace interrompeu meu momento Finja Que Está Assistindo TV. — Você não disse que queria conversar?

Ele fez questão de enfatizar a palavra "conversar", o que me deu vontade de revirar os olhos, mas não o fiz. Suguei mais um pouco da chantili do meu chocolate quente e olhei para minhas próprias mãos.

— É, eu disse — falei. — Mas não sou boa em começar assuntos. Não sei o que dizer.

— Bem, podemos comentar sobre o tempo, o que acha? — ele me encarou com olhos faiscando. — Acho que é tudo culpa do aquecimento global, na verdade.

— A culpa é nossa, não do planeta.

— Então, se é assim, a culpa é de Deus por ter nos colocado aqui. Se pensar bem, é tudo culpa...

Balancei a cabeça.

— Jace, não estamos aqui para discutir sobre o tópico "Quem provocou o aquecimento global" — interrompi ele no meio da frase. — Ou sequer sobre Deus.

— E pra quê estamos aqui, então?

Eu sabia a resposta para aquela pergunta — e Jace sabia disso também, eu tinha certeza —, mas meu orgulho me deixava acuada à ideia de reproduzi-la em palavras. Pensei por um momento, tamborilando os dedos na mesa e produzindo um barulho irritante (mas não é tão irritante quando é você mesma que está fazendo o barulho).

— Vários motivos, na verdade — falei.

— Pode citar um deles?

— Talvez.

— Então faça isso.

Suspirei. Por que ultimamente lidar com qualquer coisa que estivesse ligada a Jace era tão difícil? Certo. Talvez o problema fosse eu, e não exatamente ele. Jace não havia feito nada, não é mesmo? Eu sabia que isso era verdade, mas alguma sensação estúpida no meu estômago fazia com que eu relutasse em admitir que eu realmente era a única pessoa errada ali.

— Jace — comecei, apenas para puxar mais a atenção dele. — Você... Você provavelmente não se lembra, mas... — a queimação atrás dos meus olhos se intensificava na medida em que eu falava, mas eu tentei ignorá-la e continuei, sem sequer tentar encarar os olhos dourados de Jace com a mesma intensidade que ele fazia. — Quando você sofreu aquele acidente, eu visitei você no hospital. Aliás, se algum médico perguntar para você se tem uma irmã, diga que sim.

Ele franziu a testa.

— O que?

— Nada. Enfim. Enquanto eu estava lá, eu... Eu percebi a coisa mais importante da minha vida, Jace.

Finalmente olhei para ele, e percebi que ele estava encarando o nada, como as pessoas fazem quando estão imersos em algum pensamento — ou lembrança. Esperei até que seu olhar entrasse em foco novamente.

— Você estava mesmo lá? — perguntou. — Não foi, tipo, um sonho?

Era a minha vez de ficar confusa. Lembrei de Jace deitado, dormindo como um verdadeiro anjo, seus olhos inquietos em um sonho.

— É, eu estava lá — respondi. — Você se lembra disso?

Ele pigarreou antes de responder:

— Talvez. O que você estava dizendo mesmo?

— Estava dizendo que percebi a coisa mais importante da minha vida — falei, depois de um longo suspiro.

Um minuto de silêncio se passou, e eu comecei a ficar com medo de como Jace reagiria ao que eu estava prestes a dizer. E se ele achasse graça ou me desprezasse? Isso seria definitivamente mais do que desagradável.

— E... o que você percebeu? — perguntou, tão baixo que eu quase não escutei.

Um calafrio atravessou minha espinha, e percebi que minhas mãos estavam mais trêmulas do que nunca. Escondi-as dentro dos bolsos do casaco e engoli em seco.

— Percebi que... — pisquei, tentando não parecer tão idiota quanto eu me sentia. — Que eu te amo, Jace Herondale.

Ele ficou imóvel, tão parado que parecia uma estátua pintada toda em preto e dourado. Seus olhos não piscaram uma vez sequer, sempre parados em mim como se tentasse adivinhar o que eu estava pensando. Os minutos se passaram dolorosamente devagar, e tudo parecia se mover em câmera lenta — até respirar era difícil.

Depois de muito tempo, Jace finalmente se moveu.

— Clary, eu...

Ele foi interrompido por um dos garçons, que chegou até nós com uma expressão quase raivosa e disse:

— Sinto muito, estamos fechando.

Suspirei, embora estivesse levemente aliviada por aquele momento torturante ter sido interrompido de alguma maneira. Sem olhar mais para Jace, que parecia tão quieto quanto antes, eu entreguei alguns dólares para o garçom e falei:

— Fique com o troco.

Mal percebera que meu chocolate quente já havia acabado. Me levantei, olhando em volta só para comprovar o que o garçom havia dito: éramos os únicos clientes ainda ali.

Caminhei para a rua, esperando que Jace saísse logo de seu estado totalmente paralisado. Do lado de fora, a neve havia começado a despencar como num dilúvio de gelo. Bufei. Antes eu adorava o frio: as roupas grandes, chocolate quente, café. Mas agora havia se tornado a estação mais irritante possível.

— É melhor sairmos logo daqui — falei, quando Jace parou ao meu lado, antes que ele pudesse falar mais alguma coisa.

— Clary...

— Venha logo.

Coloquei o capuz sobre a cabeça, tanto para evitar a neve quanto para esconder de Jace o quanto meu rosto queimava, e corri de volta para o estacionamento do colégio, que era coberto. Quando cheguei perto da porta para o ginásio, senti Jace me segurar pelo cotovelo e, mesmo que de má vontade, me virei para ele.

— O que foi?! — perguntei, soando mais brava do que pretendia, mas não consegui evitar.

— Você não pode parar por um segundo e simplesmente escutar? — ele rebateu, no mesmo tom que eu havia usado.

Pisquei, um pouco surpresa, e ele me soltou. Ele arfava, como se houvesse corrido um longo percurso. Seu cabelo estava cheio de flocos de neve derretendo, assim como seus ombros, e seu rosto corado pelo frio, e eu não poderia imaginá-lo mais bonito.

— Eu não deveria ter falado aquilo — murmurei, me sentindo derrotada.

— Por que não? — ele encarou os próprios sapatos. — Por acaso era mentira?

Franzi a testa.

— O que? Não! É claro que não — respondi, quase indignada.

Meu estômago gelou quando Jace me olhou. Ele parecia tão sério que era assustador: nunca havia, de fato, visto Jace sem a luz do divertimento ou hostilidade em seus olhos. Talvez não fosse um bom sinal, e ele permaneceu daquele jeito durante um longo tempo.

Até que me beijou.

Um enorme nó de tensão se desfez dentro do meu peito, e eu nem sequer pensei quando me levantei na ponta dos pés e agarrei o pescoço de Jace. Eu não havia visto, mas sabia que havia pessoas no observando — e não dava a mínima para isso. Tudo no que eu conseguia pensar era nos lábios de Jace, e em como suas mãos quentes acariciavam meu rosto agradavelmente.

Quando meus pulmões já estavam queimando, eu dei um empurrão de leve em Jace e arregalei os olhos para ele. Meu Deus, eu queria dizer, mas eu não conseguia formular nenhuma palavra.

— Só queria dizer — ele falou, ainda com uma das mãos em minha bochecha. — Que eu também te amo, Clarissa Fray.

O mundo pareceu parar de girar de repente, e eu não conseguia mais sugar o ar para os meus pulmões. Não conseguia desgrudar os olhos dos de Jace, que agora sorria de leve — assim como eu fiz, depois de um longo tempo.

— É sério? — perguntei, piscando. — Sério mesmo? Quer dizer... Jace... — soltei um longo suspiro. De algum modo, aquilo parecia perigoso, errado até. — Espere. Não sei se isso está certo.

Ele me olhou como se pudesse me dar um chute, e eu não poderia dizer que discordava.

— O que quer dizer? — ele falou.

— Quero dizer que isso está se tornando impulsivo demais — gesticulei indicando nós dois. — Parece que não somos capazes de controlar a nós mesmos. Isso está errado. Não é assim que funciona, eu acho. Numa hora estou com vontade de te jogar de um precipício, e na outra estou te beijando. Não é normal; não é típico.

Eu esperava que Jace revirasse os olhos, bufasse ou desse meia-volta e fosse embora. Mas ele não fez nada disso. Ele apenas sorriu novamente.

— Mas é por isso que é tão emocionante — riu. — E é por isso que eu te amo. Você não é típica ou nada disso. Coisas típicas e normais são chatas. Eu odeio coisas chatas. Eu amo você.

Agarrei-o em um abraço apertado, tentando controlar a felicidade quase explosiva que eu sentia se expandir cada vez mais. Um riso escapou involuntariamente pela minha boca, e eu finalmente soltei Jace. Ele também sorria, seus olhos dourados quase totalmente engolidos pelas pupilas. Imaginei se os meus também estariam daquele jeito.

— Vai soar duvidoso, mas esse é realmente o melhor dia da minha vida — ele murmurou. — De verdade.

— O meu também — respondi, sorrindo. — De verdade.

O sorriso de Jace se alargou, e ele pegou minha mão suavemente. Ele olhou para os lados e depois novamente para mim.

— Que tal entrarmos? — ele perguntou.

Fiz uma careta.

— Não estou com muita vontade — dei de ombros.

— Vamos entrar assim mesmo — ele falou, me puxando para dentro.

Apesar de não estar nada animada para voltar ao baile, eu o segui, com um sorriso no rosto. O lugar estava um pouco mais vazio agora. Olhei para a hora em meu telefone e me surpreendi ao perceber que já eram quase dez e meia. As pessoas provavelmente estavam indo para a “pós-festa”, que significava apenas três coisas: drogas, bebidas e uma certa atividade não apropriada para menores de 18 anos.

— Ei, Clary, você está aí — era a voz de Izzy. Me virei para olhá-la, e ela arregalou os olhos ao olhar para as minhas mãos, entrelaçadas às de Jace. — Hmm...

— Oi, Isabelle — Jace disse, e começou a me puxar de novo. — Tchau, Isabelle.

Nós deixamos ela para trás e começamos a avançar a porta pela qual Jace havia entrada poucas horas antes. A neve havia parado de cair de repente, e as nuvens se dispersaram para mostrar o céu escuro. Olhei para ele, tentando expressar uma dúvida, quando paramos na rua quase deserta.

— Vou te levar para um lugar — ele falou.

Levantei as sobrancelhas.

— Que lugar? — ele olhou para mim com uma sobrancelha levantada. — Não, não fale, deixe-me adivinhar. É uma surpresa?

Ele assentiu, o sorriso em seu rosto se intensificando.

— Exatamente.

***

— Devo confessar — falei, quando Jace abriu a porta do carro para mim. — Não é nada como eu esperava.

Ele riu, mas era verdade. Alguns morros se estendiam maravilhosamente à nossa frente, tornando-se prateados à luz da lua cheia. A calçada terminava em uma estrada de terra, e Jace me levou até lá em silêncio. Nós subimos até o topo de um dos morros, que não era exatamente alto. Eu não sabia o que pensar ou dizer, então permaneci quieta até Jace parar de andar e olhar para cima.

— O que estamos fazendo aqui? — perguntei, sem aguentar mais.

Jace olhou para mim. Seus olhos pareciam maiores e mais brilhantes no escuro, se possível.

— Eu costumo vir aqui quando preciso pensar nas coisas — murmurou. — Na verdade, ultimamente eu só venho aqui para pensar em você.

— Jace...

— É um lugar especial porque eu costumava vir aqui com o meu pai antes de ele morrer — ele suspirou, me ignorando. — Nunca vim aqui com ninguém além dele, mas queria que você visse.

Tentando não expressar o quanto me sentia constrangida e feliz ao mesmo tempo, eu perguntei, depois de um minuto:

— Queria que eu visse o quê?

— Isso — Jace apontou para cima, na direção do céu.

Demorei um tempo para perceber o que ele queria dizer. Mas era só o céu — de um jeito que eu nunca havia visto antes. As estrelas eram de várias cores, diferentes das raras prateadas que eu via no Brooklyn. Os pontos azuis, prateados e dourados se espalhavam em todas as direções em diferentes tamanhos, formando tantas constelações que eu nem sequer conseguia identificar todas. A lua se punha exatamente no topo do céu, tão dourada e brilhante quanto os olhos de Jace.

— Uau — exclamei, sem conseguir evitar um sorriso. — Jace, eu nunca havia visto o céu tão bonito antes.

Ele encolheu os ombros.

— Para falar a verdade, nem eu — disse, e se virou para mim. — Talvez seja porque você está finalmente aqui. Realmente aqui.

Não tentei entender o que ele queria dizer, porque, mesmo que só houvesse alguns centímetros entre nós, eu sentia que estava a quilômetros dele. Acariciei de leve seus cabelos e me coloquei na ponta dos pés, como havia feito antes.

O beijo durou apenas alguns segundos, até que ele mesmo se afastasse. Meio confusa, eu franzi a testa para ele, que riu.

— Só achei necessário repetir que — ele murmurou — Eu te amo.


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Notas finais do capítulo

PE-LO AN-JO. Até eu que escrevi isso tô vomitando arco-íris aqui xD Então... Gostaram? Odiaram? Foi clichê demais? Meloso ao ponto de causar diabetes? Idiota? Nada emocionante? Deixem a opinião nos reviews, e isso vale pros fantasminhas também! A fic está acabando, vocês poderiam colaborar um pouco u_u Até porque temos quase 200 reviews, yay :3


E, hey, vocês provavelmente não querem saber, mas eu descobri que tenho miopia e vou ter que usar óculos -.-' (E se tiver algum erro na escrita, provavelmente é porque eu preciso forçar bastante a vista para enxergar direito, e isso é doloroso)

Beijos!