Can I love you? — Clary & Jace escrita por Giovana Serpa


Capítulo 26
Initiatives


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, eu não respondi os reviews do capítulo passado porque estou praticamente sem tempo agora, mas prometo responder depois, tá certo? É sério, eu estou muito ocupada ultimamente, porque começaram os testes e lá na escola os professores estão passando vários trabalhos semanais. Só mexo na internet pra ver Teen Wolf, e mesmo assim quando já tô na cama (e pelo celular) >
Então, espero que gostem desse capítulo :3 Tá meio grandinho, mas... Enfim. Eu escrevi rapidamente pelo celular enquanto "assistia" a uma palestra hoje na escola (era realmente entediante), então me desculpem se estiver horrível.
Não decidi ainda se esse vai ser o penúltimo, mas provavelmente sim :c Mas, acalmem-se, eu pretendo fazer um epílogo u_u

Boa leitura!



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— Tem certeza de que está bem, Clary? Você parece péssima.

Já era, literalmente, a sétima vez que Maia me perguntava aquilo. Eu lancei para ela o mesmo olhar que havia lançado durante toda aquela manhã, em que as aulas haviam sido suspensas e nós, os desafortunados com notas vermelhas em alguma matéria, fomos obrigados a comparecer nos preparos finais daquele baile idiota. Simon não estava lá: ele havia se safado por ter feito uma ótima partida de baseball. Ótimo. Eu quase me arrependia de ter matado as últimas três aulas de Educação Física, mas não estava com nenhuma vontade de dar várias voltas em nenhuma droga de quadra ao ar livre (tínhamos que fazer as aulas lá já que o ginásio estava sendo arrumado para o baile de inverno).

— Já disse que estou bem — repeti, pela sexta vez.

— Se você diz.

Continuei passando o glitter prata que enfeitava a coroa de rainha do baile. Era a coisa que eu aprendera a odiar desde o início do colegial, símbolo de futilidade, embora a escola achasse que aquilo simbolizava a simpatia grupal de uma pessoa. Sinto em dizer que não é, e vocês estão redondamente errados.

— Então, você vai vir? — Maia perguntou sem tirar os olhos da máquina de fumaça artificial em que ela remexia. — Para o baile, quero dizer.

Pensei por um momento, tentando inventar uma desculpa. Mas, droga, eu não tinha saída. Era vir ao tal baile ou apodrecer no segundo ano de Educação Física pelo resto da minha torturante vida.

— Acho que eu não tenho opções — bufei, observando a coroa. — Mas só vou vir porque sou obrigada a supervisionar. E você?

Maia corou visivelmente. Suas bochechas morenas adquiriram um tom gritante de vermelho, e ela pareceu querer fugir do meu olhar curioso, se esconder debaixo da mesa ou algo do tipo.

— Bem, eu... Err... Uma pessoa me convidou, então acho que eu deveria vir, não é?

Parecia mesmo uma pergunta, como se ela quisesse de verdade que eu respondesse. Dei de ombros, tentando afastar a ideia de que eu seria o único ser naquele baile sem um par. Ótimo. Eu sempre tinha que estragar tudo mesmo. Se eu fosse um pouco menos idiota, talvez eu pudesse levar Jace, nem que fosse apenas para me ajudar a sair dali sem ser percebida.

Ah, Jace... Por que pensar nele parecia trazer a mesma sensação de várias semanas sem tocar em chocolate ou café? Parecia que algo faltava no meu sistema, como se eu precisasse de complementos vitaminais e estivesse um longo tempo sem consumi-los. Me sentia... fraca. É, era isso. Eu me sentia enfraquecida longe de Jace, e isso com certeza me fazia parecer idiota. Certo, todas as garotas da minha idade já haviam chorado por um garoto algum dia, mas com Jace parecia diferente. Além do mais, eu não havia literalmente chorado por ele. Uma parte ingênua de mim ainda estava totalmente esperançosa.

— Pare de me encarar.

Pisquei várias vezes antes de perceber que eu estivera encarando Maia por alguns segundos. Pedi desculpas e comecei a me afastar, procurando por algo mais que eu pudesse fazer — mas não havia. Tudo já havia sido feito; não havia mais faixas para pendurar, nenhuma coroa para enfeitar e nenhuma máquina de fumaça artificial para remexer, como Maia estivera fazendo.

— Estou indo embora, Maia — falei para ela.

— Tudo bem — respondeu, com um sorriso leve. — Te vejo às sete?

Suspirei, demorando alguns segundos para responder:

— Te vejo às sete.

***

— Os adolescentes se vestem mesmo assim em bailes? Na minha época, havia algo chamado vestido.

Revirei os olhos para minha mãe, tentando ignorar o desdém na voz dela. Não é como se eu fosse usar um vestido na frente do colégio inteiro, e, além do mais, havia esfriado lá fora (ok, clima, você já pode parar de ser tão bipolar). Eu vestia uma simples calça jeans, que era milagrosamente justa, uma camisa do Imagine Dragons sob o meu casaco de veludo verde e meus amados All Star.

— Mãe, eu não pretendo ficar lá por muito tempo — falei. — E não posso dormir tarde, porque temos a prova do vestido amanhã cedo, se lembra?

O fantasma de um sorriso atravessou rapidamente o rosto de Jocelyn.

— Tudo bem. Mas não acha que Jace gostaria de te ver usando um vestido? Deveria ter planejado isso antes, Clarissa.

Suspirei lentamente. Havia me esquecido totalmente de que minha mãe não fazia ideia do "desentendimento" entre mim e Jace.

— Sim, eu deveria.

Sem deixar que ela pensasse mais em alguma pergunta, eu simplesmente peguei minha bolsa de tralhas — queria que pelo menos uma das minhas coisas não trouxesse uma lembrança de Jace — e andei com passos apressados para fora.

Eu teria que ir andando porque, bem, não seria nada romântico para Simon e Izzy se eu estivesse no carro quando ele a levasse para o baile. Não estava a fim de atrapalhar, então tive que ir andando mesmo.

As ruas pareciam mais irritantes que o normal, como se tudo e todos estivessem dispostos a me aborrecerem. Tentei não olhar para o lado enquanto me apressava para o colégio, mas reparei em quase todos os carros conhecidos que iam na mesma direção que a minha: o Baile de Inverno.

Quando cheguei, estava cansada de tanto andar, porque era praticamente isso que eu havia feito o dia inteiro. Mesmo não estando tão longe, eu sentia muitas saudades da minha querida cama.

A primeira coisa que enxerguei me fez sorrir. Era Simon, vestido num smoking preto. Ele havia até mesmo tentado pentear os cabelos castanhos, mas obviamente fora uma tentativa fracassada. Ao seu lado, Isabelle parecia reluzir num vestido prateado justo, que ia até a altura de seus tornozelos; os cabelos negros estavam presos em uma grossa trança, adornada com contas brilhantes e fitas prata; seus saltos pretos a faziam ficar alguns poucos centímetros mais alta que Simon, mas eu duvidava que alguém repararia logo nisso.

— Ei, vocês — falei, caminhando até eles com um sorriso. — Parecem até um casal italiano chique.

Isabelle sorriu, mas Simon corou instantaneamente. Sempre com tanto jeito com as garotas, pensei, com certa tristeza.

— Obrigada — Izzy agradeceu. — Agora, por favor me diga que você ainda não está pronta.

— É claro que já, afinal, já estou no baile, não é mesmo?

— Meu Deus, você poderia pelo menos usar uma saia descente, ou algum casaco sem manchas de tinta. Você já ouviu falar em algo chamado "vaidade feminina característica"?

Revirei os olhos.

— Não funciona comigo — expliquei. — Agora, me deem licença, preciso cuidar disso aqui. Vejo vocês depois.

Eles acenaram, assim como eu fiz. Me afastei com passos pesados. Eu odiava admitir, mas estava começando a ficar ridiculamente depressiva naquele ambiente de pura felicidade. Como sempre, tudo parecia errado somente para mim.

Encontrei Maia perto da mesa de aperitivos, pegando um copo do ponche vermelho que — eu tinha certeza — estava batizado. Quando me viu, lançou-me um sorriso fraco. Estava usando um (uau) vestido dourado que ia somente até seus joelhos e tênis brancos, o que, de certo modo, combinava perfeitamente. Seus cachos castanho-dourados estavam soltos das típicas trancinhas, moldurando seu rosto em perfeita forma de coração.

— Vai mesmo beber isso? — apontei para o copo de ponche.

— Não — ela murmurou. — É pro Jordan.

Jordan? Desculpe, não sei se conheço esse indivíduo.

Ela revirou os olhos rapidamente, e olhou em volta como se para se assegurar que estávamos sozinhas, mas era óbvio que não estávamos.

— Ele não é desta escola, Clary — falou, finalmente.

— Ah, legal. Aliás... Meu Deus, você está usando um vestido! Maia Roberts, usando um vestido!

Maia mostrou a língua para mim, e depois olhou para minhas roupas.

— Quer mesmo conversar sobre roupas consideradas aceitáveis num baile?

— Tanto faz — dei de ombros e me virei.

Andei até a pequena tenda em que o Comitê de Organização ficava reunido durante o baile. Era escondido o suficiente para não atrapalhar as danças, diversão e etc. Uma garota loira da minha turma de Geografia acenou para mim. Para o meu alívio, ela também não usava um vestido. Certo, ela usava uma saia, mas ainda não era um vestido.

— Chegou um pouco atrasada, Clary — ela falou.

— É, me desculpe, eu meio que estava atarefada em casa.

Bela mentira, Clary. A verdade era que eu ficara enrolando durante quarenta minutos inteiros, tomando café e falando para minha mãe que o baile era, na verdade, às oito. Me sentei numa das cadeiras espalhadas pela tenda e apenas observei enquanto eles pareciam discutir se o globo de discoteca estava ou não balançando perigosamente. Fiz uma pequena anotação mental: Não ficar perto do globo de discoteca.

Quando eles finalmente pararam de discutir (depois de, pelo menos, uma hora), nos foi permitido aproveitar o baile, o que, no meu caso, significava ir embora. Certo, Simon e Izzy estava lá, poderia ser divertido, mas eu não estava com ânimo nenhum.

Enquanto andava apressadamente pelo ginásio, fui parada por Simon, que disse:

— Onde você vai?

— Embora — respondi, simplesmente.

— Por que vai embora? Não pode fazer isso — protestou Isabelle, cruzando os braços. — É o baile, Clary.

— Acredite, Izzy, eu sei disso. Além do mais... não estou me sentindo muito extrovertida hoje.

Ela suspirou, como se estivesse prestes a me dar um soco, mas ao mesmo tempo quisesse me dar um abraço.

— Por favor, Clary — insistiu. — Eu não conheço praticamente ninguém aqui, só você e Simon.

Era a minha vez de suspirar.

— Tudo bem, eu fico, deixe-me só comprar um café na lanchonete aqui do lado, certo? — desisti, sem conseguir manter meu argumento perante os grandes olhos de Simon e Isabelle. — Prometo que vou voltar.

Não era mentira. Eu sabia que, se voltasse às nove para casa, minha mãe perceberia que havia algo de errado. Talvez aquele episódio não fosse tão torturante, mesmo que os garotos de smoking me fizessem pensar em Jace — e todos os garotos estavam usando smoking, até mesmo Simon, que raramente usava algo além de calças jeans.

Eles assentiram, sorrindo, e eu me apressei para as portas dos fundos, que davam para o estacionamento. O ar do lado de fora estava gelado e seco, diferente do interior do ginásio, que estava quase abafado. Apoiando minha bolsa num ombro, eu corri para fora do estacionamento, na direção da entrada do colégio.

Depois de comprar o café, eu voltei para dentro pelo mesmo caminho que havia saído. Simon e Isabelle estavam sentados em uma mesa, bebendo do ponche (eu não faria aquilo) e rindo enquanto conversavam. Me sentindo uma intrusa, eu me sentei na cadeira da mesa que restava. Nem sequer tentei participar da conversa, de repente toda a animação havia se esvaído, se é que um dia ela existira.

A música eletrônica que estivera tocando de repente foi substituída por uma muito mais lenta, que eu identifiquei depois como Don't Cry, do Guns N' Roses. Isabelle de repente parou de falar, antes de agarrar a mão de Simon e dizer:

— Temos que dançar essa. Já voltamos, Clary.

Assenti, mal prestando atenção. Eles saíram, e eu percebi que era a única que não estava na pista de dança — a única sem um par, obviamente, mas aquilo não era exatamente o fator de maior importância. Observando os casais dançarem, eu pensei em Jace, quase que involuntariamente. Tudo no que eu conseguia pensar era em como queria abraçá-lo agora, mas era orgulhosa demais até para admitir isso. Talvez fosse esse meu problema, o orgulho. Quero dizer, acho que deve ser difícil para todas as pessoas admitir estar errado, mesmo que você saiba que está. É como admitir um crime grave: poucos fazem. Mas eu sabia que estava passando dos limites.

Como num impulso, eu peguei meu celular no bolso e comecei a discar o número de Jace. Parei apenas por um momento, encarando os números na tela, até finalmente apertar o botão para iniciar a ligação. Vários toques se seguiram, e em seguida a ligação caiu na caixa postal.

— Jace, sou eu, Clary — eu meio que gaguejei. — Nós... Nós precisamos conversar. Me ligue depois, se puder. Tchau.

Fechei o telefone com força, tentando ignorar o nó na minha garganta. Eu ainda lembrava perfeitamente de alguns dias atrás, quando eu havia encontrado Jace no Pandemônio. Beijá-lo fora um alívio tão grande que eu nem sequer conseguia descrever, como quando você fica vários anos sem ver a pessoa que mais ama no mundo e a encontra ocasionalmente enquanto perambula. Um alívio oportuno, mas inesperado e chocante.

Isabelle e Simon voltaram, com sorrisos no rosto. Eles falaram alguma coisa, mas eu não estava escutando. Só prestei atenção quando Isabelle me cutucou no ombro.

— O que foi? — perguntei.

— Eu não quero assustar você, mas... Olhe.

Ela apontou para as portas duplas do ginásio, e eu segui naquela direção com o olhar. Parado na porta, parecendo totalmente bagunçado com os cabelos jogados para trás e as roupas amassadas, estava Jace, olhando em volta como se procurasse por algo.

— Venha, Simon, vamos dançar — Izzy o puxou.

— Não! — protestei. — Vocês não podem me deixar aqui! E está tocando Nicki Minaj!

Simon deu de ombros e seguiu Isabelle. Tentei me obrigar a lembrar-me de socá-los depois.

Encolhi-me na cadeira. Embora quisesse ver Jace, não estava preparada para aquilo ainda. Nem sequer sabia o que falar! Santo Deus, o que eu falaria se ele me visse? "Então, eu fui uma idiota, você estava certo, podemos esquecer isso e simplesmente ignorar o fato de que eu ainda continuo sendo uma idiota"?Não, não parecia adequado.

— Olá, Clary.

Droga.

Levantei a cabeça lentamente. Jace estava em pé ao meu lado.

— Você me viu — falei, antes que eu conseguisse evitar.

— A maioria das pessoas não tem o cabelo tão ruivo — ele falou, parecendo despreocupado, mas eu sabia pela tensão em seu maxilar que não estava.

Suspirei, sem olhar para ele. Tentava decidir o que estava sentindo. Alívio? Medo? Nervosismo? Ansiedade? Alegria por estar vendo Jace? Talvez uma mescla de tudo isso?

— O que está fazendo aqui, Jace? — murmurou.

— Eu ouvi a mensagem que me mandou — falou, se sentando na cadeira em que estivera Isabelle. — Disse que precisava conversar, e eu também acho.

— Disse para você me ligar.

— A coisa é mais interessante ao vivo.

Seu tom era quase hostil, mas eu sabia que ele estava fazendo aquilo totalmente de propósito. Eu não sabia como, mas alguma coisa me dizia que ele estava, na verdade, escondendo algum tipo de emoção que não queria deixar amostra. Era o tipo de coisa que Jace fazia.

Percebi que ele era sempre o que tomava decisões entre nós dois. Jace estava sempre tomando a iniciativa, e ele poderia estar cansado disso. Era totalmente plausível, eu também estaria sem paciência se estivesse no lugar dele. Certo, era a minha vez de tomar a inciativa. Eu conseguiria fazer aquilo; teria que conseguir, se quisesse Jace.

Tudo bem, Clary, disse para mim mesma. É hora de parar de ser tão insegura.

Depois de esconder o copo de café que eu levava, perguntei para ele:

— Este lugar é muito barulhento, que tal ir na lanchonete ao lado?

Jace pareceu pensar por um momento, e depois deu de ombros.

— Tudo bem, se você insiste.

Revirei os olhos e comecei a caminhar para fora enquanto Jace me seguia. Não trocamos olhares ou sequer nos tocamos. A atmosfera parecia estranha demais, e eu estava prestes a desistir quando vi que Jace estava, na verdade, tão nervoso quanto eu.

Reprimindo um sorriso, eu avancei porta afora.


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Notas finais do capítulo

Yay, pelo menos alguma felicidade nessa bagaça o Quero dizer, felicidade entre aspas, mas vocês já devem prever o que vai acontecer, hein?
Eu sei que está grande, e o começo é entediante, mas mandem reviews e recomendações assim mesmo c:
Aliás, acabei de ter uma ideia para o próximo capítulo *u* E prometo que não é uma ideia do tipo perversa (pelo menos ainda não), é mais do tipo "meio que perigosamente melosa".
Beijões, galera! Até os reviews!