Can I love you? — Clary & Jace escrita por Giovana Serpa


Capítulo 22
Fall In Love


Notas iniciais do capítulo

Num momento, eu teclo de um esconderijo subterrâneo na África, por motivos de "TEM GENTE QUERENDO ME MATAR, CORRE CAMBADA". Sério! Pela primeira vez eu estou feliz por morar praticamente no fim do mundo xD Vocês nunca irão me encontrar! Mas eu entendo, cês tem motivos pra quererem me linchar. De qualquer modo, espero que vocês aproveitem esse capítulo. Não devo ser a única que curte uma tensão no ar, não é mesmo? Odeio romances água com açúcar, é totalmente sem graça.

Boa leitura, Shadowhunters do meu coração.



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O aquecedor do hospital não era suficiente para aumentar a temperatura do meu corpo gelado. Eu sentia que poderia desmaiar a qualquer momento, sentia-me fraca apesar de tudo. Ao meu lado, Isabelle encarava o nada.

Assim como eu e Max, ela não fora permitida entrar no quarto particular em que Jace estava. Ela resmungava de vez em quando, algo como "Vida injusta, médicos bocós, maldito Inferno".

— Clary, quer mais um café? - ofereceu minha mãe, que estava em pé ao lado da máquina.

Balancei a cabeça negativamente. Eu já havia tomado três copos de café ali no hospital, e quase poderia sentir a cafeína correndo pelas minhas veias, deixando meu cérebro mais alerta - embora eu ainda me sentisse fraca.

Minha mãe não estava ali só para me acompanhar. Maryse havia pedido para que ela tomasse conta de Max e Isabelle enquanto ela cuidava de Jace. Pelo o que eu sabia, ele havia tomado remédios para entrar num sono forçado - não exatamente coma, apenas um descanso.

Ele havia caído de moto na Quinta Avenida. Assim como eu, Jace não havia ido para casa depois do nosso "desentendimento". Havia percorrido as movimentadas ruas de Nova York com sua nova moto. É claro que eu me senta culpada. Se não fosse por mim, ele estaria em casa, na segurança dos muros da mansão Lightwood.

De repente, uma mão quente tocou meu ombro. Me virei para olhar para Isabelle.

— Sei o que está pensando - ela falou.

Um calafrio quase me fez estremecer, mas me segurei. Pigarreei.

— Sa-sabe? - gaguejei.

— Você acha que foi culpa sua, não é? Mas, Clary, você nunca poderia adivinhar. Vocês saíram, como vem fazendo ultimamente, e o destino idiota decidiu que Jace deveria colidir com um carro enquanto ele voltava para casa.

Permaneci sem expressão. Ela não sabia o que havia realmente acontecido, e uma parte de mim queria contar tudo para ela, desabafar todo o sentimento de culpa para aliviá-lo de algum modo. Mas eu não fiz isso, apenas forcei um sorriso para ela e assenti.

— Além do mais - ela continuou -, Jace vai se recuperar logo. Ele já rolou uma das escadas lá de casa, quebrou três ossos, só um mês foi necessário para que ele estivesse correndo como um louco pelos corredores novamente. Ele é um selvagem sem noção.

Não pude evitar sorrir, apesar de tudo. Ao meu lado, Max se remexeu. Estava lendo um dos mangás que eu havia dado a ele, e ajeitava seus óculos constantemente num sinal de inquietação.

— O que você tem, Maxwell? - perguntou Isabelle, também parecendo preocupada.

Ele apontou com o queixo na direção de algo à nossa direita. Seguimos naquela direção com o olhar. O médico, o mesmo que havia impedido nós três de entrarmos no quarto de Jace, estava caminhando pelos corredores com uma prancheta nas mãos, que ele analisava com atenção.

— Senhor - Izzy se apressou para ir até ele. - Sou Isabelle Lightwood, estou aqui com Jonathan Cristopher Herondale....

— Ah, sim - o médico a interrompeu. - Ele está inconsciente ainda, mas se recuperará em poucas semanas.

Semanas. Por que não dias? Horas? Minutos? Segundos? Por que ele não se recupera logo agora?!

— Quebrou o tornozelo e o pulso, teve queimaduras de segundo grau no ombro e poderia estar morto se não fosse pelo capacete - ele continuou. O pensamento me provocou calafrios. - Ele fraturou levemente duas costelas, também. Aliás, sabiam que ele tem uma costela esquerda à mais?

— Fato interessante - Isabelle falou, mas seu tom era sarcástico. - Enfim, podemos vê-lo?

— Senhorita, temo que...

— Por favor - me pronunciei, levantando-me num pulo ágil e correndo até eles. - Nós, hum, precisamos urgentemente estar com ele. Eu sou... Err... irmã dele, preciso apenas de uma visita rápida.

O médico levantou uma sobrancelha para mim. É, eu não era parecida com Jace de nenhum modo. Eu era ruiva e ele louro. Eu era pálida e sardenta, e ele bronzeado. Sem falar da altura.

Depois de alguns segundos, o médico finalmente desistiu.

— Você tem dez minutos.

— Obrigada!

O quarto em que ele estava era no segundo andar. Ignorando os olhares mortais que Isabelle e minha mãe me lançavam, subi pelas escadas. Eu não tinha tempo de esperar pelo elevador.

O corredor cheirava à... tristeza. Comecei a caminhar por ele, procurando pelo quarto 17, onde Jace estava. Avistei-o no final daquele corredor escuro. A porta tinha um vidro transparente pequeno no centro, onde eu poderia ver claramente Alec e Maryse ao lado da cama de Jace, que dormia feito um anjo. Um anjo muito engessado.

Suspirei e bati na porta. Ambos olharam para mim pelo vidro. Maryse sorriu, mas Alec me olhou quase com desprezo. Por um momento, eu havia pensado que ele finalmente poderia parar de me tratar como o monstro do lago Nessie, mas aquilo com certeza estragara tudo. Ele provavelmente me culpava por tudo aquilo.

— Pode entrar, Clarissa - convidou Maryse.

Sorri para ela enquanto entrava no quarto. Estava mais gelado do que do lado de fora, e eu mal conseguia tirar os olhos de Jace. Mesmo machucado, ele ficava lindo enquanto dormia. Seu cabelo loiro estava amassado contra o travesseiro, e sua boca meio aberta. Eu senti uma estranha vontade de beijá-lo, mas apenas desviei os olhos para meus sapatos.

— Como ele está? - perguntei, apenas por casualidade.

— Quebrado - respondeu Alec, sem olhar para mim.

Segurei o impulso de formar uma carranca para ele e mordi o lábio. Eu já me sentia horrível, ele não precisava forçar mais a barra.

— Eu... - tentei formular uma frase. - Só vim até aqui para vê-lo. Aliás, se o doutor perguntar, fale que eu sou irmã dele. Tive que dar essa desculpa para poder entrar.

Maryse riu levemente, mas Alec apenas balançou a cabeça - apesar de que eu quase poderia ver a sombra de um sorriso se formar em seu rosto.

— Alec, querido, preciso assinar as fichas - Maryse falou. - Venha comigo. Clarissa, você pode ficar aqui.

Abri e fechei a boca, procurando por algo para dizer, mas no final apenas assenti. Mesmo que de má vontade, Alec seguiu sua mãe para fora.

Me sentei na cadeira ao lado da cama de Jace, apenas para observá-lo melhor. Sua pele estava pálida de frio, e eu conseguia enxergar veias roxas em sua bochecha. Tracei as marcas azuis e roxas com um dedo, segurando meus pensamentos dentro de uma caixa apenas por um momento, para poder aproveitar aquele breve momento de silêncio com ele.

Nossa discussão ainda estava fresca em minha mente. Eu havia repassado-a durante o dia inteiro. Era uma lembrança torturante, difícil de admitir para mim mesma.

Os olhos e Jace piscaram fechados. Ele provavelmente estava tendo um sonho ou algo assim. Fiquei pensando se alguma vez ele já sonhou comigo, porque já sonhei com Jace algumas vezes. Sorri. Ele era tão bonito... Naquele momento, eu percebi uma coisa que já deveria estar ciente a muito tempo atrás. Era forte demais para guardar para mim mesma, então, depois de hesitar um pouco, eu murmurei, apenas para Jace:

— Estou apaixonada por você, Jace.

Era verdade. Embora fosse difícil de admitir, eu sabia muito bem daquilo. Minha confusão não importava. Se havia algo de que eu tinha certeza, era aquilo. Na verdade, era provavelmente a única coisa da qual eu tinha consciência.

De repente, um sorriso de lado se abriu no rosto de Jace, me fazendo desencostar dele.

— Também estou apaixonado por você, Clary - ele murmurou fracamente, tão baixo que eu quase não ouvi.

Antes que eu pudesse ter qualquer reação, o sorriso sumiu, e seus batimentos cardíacos desaceleram um pouco. Ele havia dormido novamente.


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Notas finais do capítulo

"Eu sou... Err... irmã dele [...]" HEHEHEHE, vocês entenderam por que isso é engraçado, né?
Esse capítulo ia ser mais cruel, iria ter briga e tudo mais, mas eu vi "Os Miseráveis" nessa madrugada e já tinha sofrido demais (Deus, nunca chorei tanto vendo um filme ou lendo um livro, mas Os Miseráveis revolucionou) pra conseguir desestruturar Clace mais ainda.
E, hey, pessoal, temos quase 100 leitores (92 acompanhando e 24 favoritaram) *0* Olha que coisa linda. Imaginem se todos eles mandassem um review por capítulo?! Eu estaria lotada de reviews, até recomendações, eu acho :3 Nunca tive uma recomendação :v
Tá parei, beijinhos, mandem reviews.

PS: Não se animem muito com essas declarações, hehe.