Can I love you? — Clary & Jace escrita por Giovana Serpa


Capítulo 18
Merry Christmas


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem toda essa demora, mas esse capítulo foi difícil de se pensar (principalmente nos detalhes), foi tipo "OHMEURAZIEL, O QUE A CLARY DARIA DE PRESENTE DE NATAL PRO JACE? E O QUE O JACE DARIA PRA CLARY?"... Ignorem o meu sensacionalismo.
Espero que gostem, ok? Aliás, nem todo mundo mandou review no capítulo anterior, foram só 10, no máximo. Mas não vou pressionar vocês nem nada, entendo como é.

Boa leitura.



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O centro de Nova York nunca pareceu tão grande, mas eu já estava acostumada com todo aquele alvoroço nas vésperas do Natal. Tipo, antes de ir para a casa dos Lightwood, eu não fazia ideia de que precisaria comprar presentes, mas agora parecia errado não fazê-lo.

— O que acha disso para o Max? – perguntou Isabelle, apontando para uma réplica do carro de Hitler na loja de variedades.

Balancei a cabeça automaticamente.

Isabelle havia vindo comigo. Na verdade, ela quem havia me chamado para comprar presentes, porque havia se esquecido de fazer isso antes (não posso dizer que me surpreendi quando ela me disse isso).

Era véspera de Natal, e a quantidade de pessoas era inacreditável. Eu mal conseguia respirar direito no meio da multidão, e estava agradecendo por não estar tão frio a ponto de transformar as calçadas e ruas em pistas de gelo. Já até poderia prever meus escorregões e tropeços. Quero dizer, eu não sou lá uma garota muito graciosa, você sabe. Eu tropeçaria até usando sapatos com fitas adesivas nas solas.

— Acho que vou comprar aquilo para Alec.

Agora ela estava apontando para um conjunto de arco-e-flecha mais antigo e empoeirado que a minha avó – que, por sinal, eu nem sequer conhecia. Dei de ombros.

— É, vou comprar isso – Izzy decidiu. – Ele vai pendurar isso no quarto ou algo assim. Não me importo.

— Tudo bem, e o que eu dou ao Alec?

— Um livro?

— Livros de Natal?

— Tem razão. Ei, Alec gosta de estatuetas colecionáveis, talvez você possa dar uma a ele e fazê-lo comprar o resto. Tem aquela ali.

Ela caminhou dificilmente entre a massa de corpos até chegar a uma as vitrines espalhadas pelo lugar. Ali estava exposta uma estatueta de um anjo segurando uma espada com asas no cabo e um cálice. Eu reconhecia aquele cara das aulas de religião.

— Anjo Raziel – falei. – Cara interessante.

— E é colecionável – Isabelle mostrou outras várias estátuas pequenas. – Tem de outros caras importantes do cristianismo e tal.

Dei de ombros.

— Vou levar então.

Depois de comprar os presentes de Alec, nós saímos para a rua novamente, tomando cuidado para não tropeçar nas pessoas que passavam por nós falando em minúsculos telefones desesperadamente.

Parei subitamente na Comic Leroy, uma das lojas de gibis que eu e Simon mais gostávamos de ir. Cutuquei o ombro de Isabelle e ela parou para olhar também.

— Nossa – ela murmurou. – Isso parece totalmente o tipo de coisa que um nerd... – Seus olhos se arregalaram. – O tipo de loja perfeita para se comprar algo pro Simon!

Fiz uma careta.

— Vai dar um presente para o Simon? – Perguntei, odiando o tom esquisito da minha voz. – Vocês se encontraram o que, uma vez?

— Tem razão – ela suspirou, parecendo decepcionada. – Parecia desesperado demais se eu lembrasse dele no Natal.

— Tanto faz, eu estava pensando num presente para Max. Qualquer garoto de nove anos gostaria de ganhar coisas de super-herói no Natal.

Nós entramos na loja. Só havia caras ali, e eles estavam meio que encarando Isabelle – e ela certamente adorava isso, mas os ignorava. Caminhamos até o balcão.

— Queremos algo pra um garoto de nove anos – Isabelle disse, brincando com uma mecha de cabelo escuro e liso. – De preferência barato.

— Pode ser mais específica? – O cara perguntou, franzindo o rosto para Isabelle.

— Me dê aquela coleção de quadrinhos ali – apontei para a mais interessante, e mesmo assim barata, que consegui achar.

Entreguei o dinheiro e esperei até que Isabelle houvesse acabado de discutir com o pobre homem. Ela acabou comprando aquelas mãos ridículas do Hulk. Decidi não contestá-la, apenas carreguei-a para fora, para longe daqueles olhares de caras idiotas que parecem nunca ter visto uma garota.

— Agora só falta o Jace – falei, sentindo um estranho arrepio na nuca.

— Uau, isso vai ser difícil. Que tal aquele livro, Como Não Deixar Claro Que Você é Um Grande Idiota?

— Poderia ser útil, mas não acho que ele gostaria de ganhar um livro.

Isabelle deu de ombros. Nós fizemos uma parada no café mais próximo. Pedimos dois cappuccinos e cookies com gotas de chocolate. Era hora do almoço, mas quase nenhum restaurante nas redondezas estava servindo uma refeição descente agora.

— Esse cookie tem gosto de papelão – observou Isabelle, analisando um dos biscoitos atenciosamente. – Qual será a receita secreta para ser tão perfeccionista neste sabor?

— Devem ser velhos ou algo assim – falei. – A maioria dos cozinheiros está de férias agora, Isabelle. Você não saía muito mesmo, não é?

— Você sabe que não.

Nós terminamos de comer e seguimos o “passeio”. Não era mesmo fácil achar algo para Jace. Era como comprar um presente de amigo oculto para alguém que você nem sequer conhecia, mas eu não poderia simplesmente dar um CD dos Beatles para ele – até porque eu nem sabia se ele gostava de Beatles, sequer se ele apreciava música. Talvez eu pudesse perguntar à Isabelle.

— Jace gosta de música? – Questionei, enquanto passávamos por uma boate fechada.

— Clássicos – ela respondeu. – Nunca vi alguém gostar tanto de música velha. Acredita que ele até mesmo escuta discos de vinil?

Pensei por um momento. Jace parecia mesmo o tipo de cara atípico que escuta clássicos e usa discos de vinil.

— Ótimo – falei. – Só temos que achar uma loja de música. Mas não ouse roubar a minha ideia!

Isabelle revirou os olhos e gesticulou para mim. Fiquei imaginando se era uma péssima ideia.

— Tanto faz – falou, num tom levemente irritado. – Eu só quero acabar logo com isso, meu sutiã está me machucando. Aliás, você não comprou um presente para mim, Fray.

Levantei as sobrancelhas. Eu já havia cuidado daquilo.

— Comprei seu presente ontem – falei.

— Acho bom mesmo.

— Você comprou o meu?

— Vou cuidar disso logo. Ei, que tal um ursinho de pelúcia?

***

Acordei irritantemente cedo, mas percebi que fora eu quem havia programado meu celular para despertar naquele horário. Grunhi, sem abrir os olhos, e me levantei. Que dia era mesmo?

— Ei, veja quem acordou.

Abri os olhos instantaneamente. Isabelle estava parada em pé, apoiada contra a porta fechada do quarto com as mãos na cintura.

— O que está fazendo aqui? – Perguntei, mas então a resposta veio até mim. – Eu escondi muito bem o seu presente, tudo bem?

Os ombros de Izzy caíram.

— Tudo bem, já vou indo.

Sorri e caminhei até o banheiro. Bem, era Natal. Eu precisava de alguma roupa especial ou sei lá? Acho que era melhor garantir. Depois de tomar um longo banho, sequei meu cabelo o melhor que pude e deixei-o solto, caindo irritantemente contra o meu pescoço.

Aquilo me fez lembrar sobre o que Jace havia dito sobre preferir meu cabelo solto. A lembrança do momento em que ele havia dito aquilo me fez corar, mas eu tentei não deixar aquilo transparecer, embora eu estivesse sozinha naquele banheiro com cheiro de lavanda.

Coloquei um suéter vermelho com duas listras verdes no peito que disfarçavam o pouco de busto que eu tinha. Eu parecia uma garotinha com ele, mas não ligava pra isso. Coloquei uma calça jeans preta e tênis azuis que não combinavam com nada naquilo tudo.

Quando desci para o café da manhã, já estavam todos lá, até mesmo Isabelle. Me senti esquisita por ter me atrasado mais do que ela. Sentei-me entre Max e minha mãe – que decididamente evitava olhar para mim ou me dirigir qualquer palavra. Nem sequer reparei no que estava comendo. Meus pensamentos voavam, embora em coisas totalmente aleatórias.

Depois que toda a comida já havia acabado, nós fomos na direção da sala, onde uma árvore de Natal de dois metros estava montada. Como eu não havia reparado naquela árvore antes? Bem, não importava agora.

Foi rápido, como se ninguém estivesse com vontade de fazer aquilo. Era esquisito, porque os presentes eram realmente legais, mas ninguém dali parecia empolgado com o Natal. Como se aquilo não importasse, ou não fizesse sentido.

Maryse e Robert foram os primeiros. Eles deram presentes para todos, e me deixaram por último. Agradeci com um sorriso, me sentindo culpada por ter comprado apenas coisas superficiais para eles, e comecei a desembrulhar os dois presentes.

Depois que tudo já estava desembrulhado, me senti ainda mais culpada. Maryse havia me dado um conjunto de maquiagem francesa – embora eu não pretendesse usar aquilo, ainda era caro demais – e Robert um conjunto de tintas não industrializadas – essas sim eu usaria.

— Sua vez, Clary.

Me despertei do meu leve devaneio e inclinei-me para os presentes que eu havia comprado. Eles estavam empilhados ao meu lado. Peguei a caixa quadrada embrulhada com papel de presente de renas e sorri para o garoto sentado.

— Pra você, Max – falei.

Ele sorriu e rasgou todo o embrulho. Quando finalmente viu a coleção de gibis, seus olhos se arregalaram em uma expressão maravilhada.

— Obrigado – ele falou, parecendo empolgado. – De verdade, muito obrigado.

Sorri para ele também, e passei para o próximo presente. Era uma pequena caixa retangular de veludo vermelho sem embrulho.

— E isso aqui é pra você, Izzy – levantei as sobrancelhas para ela, que estava sentada do outro lado da sala, perto da árvore.

Ela veio saltitando até mim e me deu um grande abraço com cheiro de perfume caro. Isabelle demorou um pouco para abrir a caixa, mas o fez mesmo assim (acho que ela estava com medo de estragar sua manicure provavelmente cara).

— Oh. Meu. Deus! – Ela estava quase gritando quando finalmente viu o que estava ali dentro. – Clary, você é a melhor pessoa em escolher presentes do mundo!

Me deu outro abraço, mais desesperado e doloroso dessa vez. Em seguida, pegou o colar que eu havia lhe dado. A corrente era prateada, com uma grande pedra reluzente como pingente, cercada por uma moldura esculpida de prata enegrecida.

— Isso deve ter sido muito caro – ela observou, já pendurando o colar em seu pescoço.

— Não importa.

A verdade é que eu havia trocado várias “obras-primas” minhas na loja de penhores por aquilo, mas não queria que Isabelle se sentisse culpada por conta disso. Já estava mesmo na hora de me desfazer daqueles quadros.

Peguei a outra embalagem, um pouco maior que a caixa do colar de Isabelle, que estava embrulhada com um simples papel azul. Era o presente de Alec. Apontei a caixa para ele, que se levantou quase relutantemente e caminhou até mim.

— Você comprou mesmo algo pra mim? – Perguntou, parecendo mesmo não acreditar naquilo.

Enquanto ele desembrulhava, dava pra ver que ele não estava animado com o presente. Talvez achasse que eu havia comprado uma xícara para ele ou algo assim.

— Isso por acaso é colecionável? – Ele perguntou, sorrindo de lado para a estatueta do anjo.

— Certamente – respondi.

— Obrigada, Clary – ele sorriu, e eu retribuí. – Me desculpe por aquele dia, você sabe.

Assenti. Entreguei os presentes de Robert, Maryse e minha mãe e eles não se empolgaram muito. Poderia até entendê-los, é claro, mas não é como se eu soubesse o que diabos dar de presente para três adultos.

Deixei Jace por último. Eu não sabia por que exatamente, talvez estivesse apenas curiosa para saber o que ele daria para mim depois.

— É um pacote muito grande esse nas suas mãos – ele observou. – É o meu dia de sorte?

Revirei os olhos.

— Apenas pegue isso.

Ele sorriu, meio que rindo também, e pegou o pacote. Eu ainda estava indecisa. E se ele odiasse aquele presente? E se Izzy estivesse errada? Talvez ele nem sequer gostasse de escutar música.

Oh, Deus, por que eu tive que comprar logo isso?

Enquanto Jace rasgava o papel de embrulho, meu estômago se enrolava em pequenos nós, levando minha garganta fazer o mesmo. Observei enquanto ele segurava os discos, sua expressão se transformando em algo que eu previa ser raiva...

— Adorei – ele declarou, atrapalhando meus pensamentos excessivamente dramáticos. – Clarissa Fray, é o melhor presente que eu poderia imaginar, ninguém nessa casa tem bom gosto musical. Sabe como é horrível ter que ouvir as músicas Pop idiotas de Isabelle?

Ele me deu um abraço repentino, quase sufocante, e eu me esforcei para comandar que meus braços retribuíssem o gesto. Jace se virou para o resto da família:

— Por que vocês nunca me deram isso?

Os Lightwood encolheram os ombros.

Uma espécie de alívio percorreu meu peito e eu soprei um suspiro. Parecia que havia sido o presente certo afinal. Tentei não ficar tão ansiosa, talvez Jace nem houvesse comprado um presente para mim, afinal.

Mas fui eu que recebi o presente dele primeiro.

— Sem querer me gabar, eu sou ótimo em escolher presentes, então eu sei que você vai adorar – ele falou.

O pacote era enorme, uma caixa de papelão que eu não conseguia decidir se era quadrado ou retangular. Franzi a testa para Jace, mas ele apenas sorria abertamente, um sorriso tão grande que enrugava todo o seu rosto. Era um pouco estranho, mas bonito mesmo assim.

Suspirei, e comecei a desembrulhar. Era de fato uma caixa de papelão, muito pesada por sinal. Jace ainda sorria, a expectativa transbordando em sua expressão.

Quando abri a caixa, mal podia acreditar no que estava vendo. Olhei para Jace, perplexa.

— Isso é mesmo o que eu estou vendo ou a minha mente está me enganando? – murmurei.

— Bem, é uma réplica quase perfeita – ele falou, ainda sorrindo. – Eu tinha encomendado pra mim, mas achei que você gostaria mais do que eu.

Fiquei encarando o quadro, sem palavras. Era uma réplica totalmente perfeita do quadro da Mona Lisa, e eu não conseguia ver nenhuma diferença sequer, embora eu suspeitasse que fosse pela felicidade.

Naquele momento, eu queria me lançar sobre Jace e dar-lhe o abraço mais demorado do mundo. Me limitei apenas a um abraço ligeiramente demorado e um sorriso idiota.

— Foi o melhor presente do mundo, Jace – falei. – De verdade. Tem certeza que não quer ficar com o quadro? Quer dizer...

— Não – ele me cortou, gentilmente. – Você é mais obcecada por esse tipo de coisa que eu.

Apenas alarguei mais o sorriso. Ganhei mais alguns presentes legais naquele dia – inclusive um perfume importado de Isabelle que eu achei adocicado demais, mas foi legal assim mesmo –, mas nenhum significava tanto quanto o de Jace.

Enquanto aquela manhã prosseguia, alguma coisa parecia inflar dentro do meu peito, como um balão carregado de arco-íris. Sabia que poderia ser estúpido, mas sabia que essa sensação estava ligada a Jace.


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Notas finais do capítulo

Raziel fazendo uma pequena participação na fanfic. Hehe. Mandem reviews c: