Sentada no banco frio de pedra a morena observa o lago Serpentine. A água de cor escura, já deixa o gelo do inverno se derreter ao sol leve que bate em Hyde Park.

Uma brisa cortante passa por ela, fazendo-a se encolher.

O inverno em Londres fora rigoroso, na maioria dos dias só nevara.

Foram dias muito curto, e noites muito longas, porem ambos muito frios.

No entanto agora, quase no meio do mês de janeiro aquele ar frívolo já se dispersara um pouco.

A temperatura aumentou consideravelmente.

Fecha por olhos por breves segundos, apertando as mãos nos bolsos. Com um impulso se põe de pé.

Ha passos lentos caminha pela grama em direção a W Carriage Dr. Sua atenção se dispersa nos tantos casais sentados em bancos, alguns até se arriscam a deitar na neve, porém o ar romântico embala a todos.

Não deixa de notar também alguns solitários. Uns distraídos olhando o lago, outros lendo, alguns apenas olhando o horizonte.

Suspira longamente, arrumando o cachecol em volta do pescoço.

Mais a frente avista um carrinho de Hot Dog, seus olhos brilham e seu estômago gira com ansiedade. A língua lubrifica os lábios, e praticamente corre em direção ao veículo de comidas de rua.

Para ofegante sorrindo para senhora, que a olha de modo entediado.

–Posso ajudar?- indaga, a fumaça típica de dias frios, saindo da boca fina.

–Sim, eu quero um cachorro quente.- praticamente dá saltinhos ao anunciar o pedido.

–Ok.- morde os lábios, sorrindo em antecipação. É como se nunca tivesse provado um cachorro quente na vida!

–Pode colocar bastante molho.- pede. E cebola também.- completa, quase babando com tamanha vontade.

–Assim está bom?- a mulher a questiona.

–Hm, coloque mais um pouco de purê.- a senhora obedece, a olhando de modo estranho.

–Pronto.- murmura após empanturrar o pão com o creme de batata. Com cuidado ela entrega o lanche a Swan, que desesperada já tasca uma mordida.

Delicia-se com o sabor da linguiça de porco juntamente com o molho inglês.

–Quanto é?- pergunta após engolir o pedaço do sanduíche.

–10 libras.- responde se encolhendo.

–Tudo bem.- de modo espalhafatoso, retira a nota do bolso e sai caminhando sem se importar com o troco.

No momento a única coisa com que se importa é devorar seu Hot Dog. Em minutos termina a refeição.

Encosta-se no poste respirando profundamente.

A vontade saciada. Como é bom comer! Pensa, contente.

Faz gesto com a mão, parando um taxi. Adentra no veículo pondo o cinto.

–Para onde senhorita?-

– Croydon.- sibila simplesmente.

Sem dizer mais nada o motorista segue o percurso. Um leve mal estar abate e jovem, que respira fundo.

Não deveria ter comido o lanche tão rápido. Solta o cinto, sentindo o estômago pesado.

Comida de rua não faz bem, mas não pode resistir... Ao lembrar-se do cachorro quente, o enjoo aumenta.

Suas mãos soam geladas e tremem.

–Está se sentindo mal, senhorita?-

Isabella fecha os olhos, com uma leve tontura.

–Sim, só um pouco enjoada.- responde, sentindo a boca se encher com saliva.

–Se quiser eu ligo o ar.-

–Não há necessidades, obrigada.- agradece se sentindo melhor. Comi um sanduíche e parece que não me caiu muito bem.-

–Entendo. Essas comidas de rua são um perigo.- o carro para no sinal vermelho. Precisa tomar cuidado, geralmente causam intoxicação alimentar.-

–Não comerei mais.- diz rindo de leve. Tomarei um remédio em casa.- os dois trocam um sorriso pelo retrovisor, antes da sinalização abrir.

Quieta encosta a cabeça no banco. Parece que comeu um cavalo de tão cheia.

Nunca mais vai comer essas porcarias! Promete a si mesma. Nunca mais.

As mãos tremulam se apertam dentro dos bolsos, quando um novo enjoo a abate.

Uma ânsia sobe pela sua garganta, porém com rapidez tapa a boca conseguindo prender o vômito.

Ótimo! Tudo o que não precisa é lambuzar o taxi com aquele lixo que comera.

–Pode ir mais depressa?- pergunta mordendo a boca. Realmente não estou bem.-

–Irei tentar senhorita.- refuta baixo.

Ha pedido da Swan o motorista segue mais rápido, para alívio da moça chegando brevemente à residência.

Praticamente saltando do carro, a morena lança o dinheiro para o senhor correndo pra dentro.

Sobe as escadas de dois em dois, com as pernas moles, e sem parar para responder Sue a britânica se enfia no banheiro ajoelhando-se diante a privada.

Outra a ânsia a faz despejar todo o alimento que a sustentara.

–Bella!- ouve a madrasta exclamar, enquanto continua a expelir o que a fizera mal.

Náusea, após náusea.

Longos minutos se passam até a Swan apertar o botão para a descarga. Cansada desce a tampa da privada e se reclina sob ela.

Sente uma mão afagar seus cabelos e suspira sentindo a boca amarga.

–Como está querida?- a voz doce de Sue, adentra seus ouvidos.

–Enjoada.- responde simplesmente.

–Vou buscar um comprimido pra você está bem?- sem esperar a resposta da enteada a Clearwater sai do banheiro.

Bella permanece na mesma posição, desejando que o mal estar passa-se logo.

–Tome.- ergue a cabeça quando a madrasta retorna. Ignorando o copo com água, engole o remédio a seco. Irá se sentir pior Bella, deveria beber um pouco dágua.-

Nega abaixando a cabeça novamente.

–Quer ir ao hospital?-

–Não, logo estarei bem.- a voz sai fraca.

–Temos que saber oque causou isso em você querida.- a mulher faz afagos nas costas de Bella. Vamos eu acompanho você.-

–Não há necessidades Sue, já sei oque me fez mal.- senta-se ereta a fitando.

–E o que foi?- a madrasta retira a franja dos olhos castanhos.

–Um cachorro quente que comi.- murmura.

–Bella, comida de rua não é saldável.- Sue a repreende calmamente.

–Eu sei, mas... Deu-me uma vontade sabe? Não resisti.- deita a cabeça no braço fechando os olhos. Boceja longamente. Estou cansada.- reclama.

–Venha, tome um banho e depois durma um pouco. Irei preparar uma canja pra você.-

Com o auxilio da madrasta se põe de pé.

–Quer ajuda?-

–Não consigo tomar banho sozinha.- sorri retirando o casaco cinza. Pode pegar uma toalha para mim?-

–Claro, logo trarei.- reponde antes de sair e fechar a porta.

Ainda bamba se despe, a mão se esforça ao abrir o chuveiro ajustando-o na temperatura adequada.

Fecha os olhos e insinua-se de baixo da água quente, deixando-as escorrerem por suas curvas.

[...]

As mãos seguram no nó da toalha, evitando que ela caia enquanto Isabella caminha até seu quarto.

Realmente o banho a ajudara. Na verdade o banho a reanimara completamente.

Já não se sente enjoada nem tão fraca.

Fecha a porta passando a chave na tranca. Puxa a toalha de seu corpo a lançando em cima da cama.

Aproxima-se do espelho fitando seu reflexo.

A pele está realmente mais pálida do que o normal, e as olheiras ainda mais roxeadas.

A boca ressecada, e o olhar caído. Realmente aquela Isabella bem cuidada e refinada de semanas passadas desaparecera totalmente.

Suspira, se lembrando de coisas que já deveria ter esquecido.

Toda vez é a mesma coisa. Qualquer mero detalhe, a faz se lembrar dele e, aquela dor incrivelmente profunda se abre em seu peito novamente.

Uma angústia misturada com saudade e até mesmo raiva, faz a bela morena passar as madrugadas em prantos.

O pior é ter que fingir estar bem na frente da família.

Sorri mesmo sem vontade. Brinca mesmo sem querer.

Praticamente encarna uma personagem na frente deles, alguém que não existe. Alguém bem diferente da Bella real.

Exala o ar com força, sentindo os olhos molhados.

Maravilha! Reflete com um nó prendendo sua garganta.

Aquelas malditas lágrimas voltaram. Porém não pode chorar. Não agora.

Tem que ser forte, e mostrar a todos que está bem, mesmo estando cada vez pior.

Esfrega as mãos nos olhos, e segue até o armário procurando algo velho e quente para vestir.

Como um robô faz tudo de modo programado. Veste uma blusa de flanela, e outra de moletom por cima.

Abre a gaveta de peças intimas fitando as calcinhas. Abaixa-se apanhando uma de algodão um tanto quanto infantil, mas mesmo assim a veste.

Coloca um par de meias, e por ultimo uma calça térmica.

Os chinelos já gastos se encaixam nos pés pequenos, e lentamente a Swan caminha até a porta, deixando o quarto em seguida.

Desce as escadas, degrau por degrau assobiando uma musiquinha qualquer.

Um cheiro de sopa a faz parar.

Instantaneamente sua boca se enche dágua, e uma fome a atormenta.

Vai até a cozinha apressada, encontrando Sue, sentada a mesa, de olhos fixos no livro a sua frente.

–Que cheiro bom é esse?- pergunta já lambendo os lábios.

A madrasta a olha e solta um risinho.

–Fiz uma canja de legumes pra você.- anuncia se pondo de pé. Quer comer agora?-

–Claro!- exclama, se sentando. Me deu uma fome do nada agora... Vou engordar desse jeito.- brinca rindo.

–Uns quilinhos a mais é sempre bom.- pisca para a enteada enquanto lhe serve uma generosa porção do caldo.

–Não, não!- nega. Estou bem assim, não pretendo e nem quero engordar.- as duas riem de leve.

–O importante é estar saldável.- afirma Sue, servindo o prato para Bella que, logo começa a devorá-lo. Está quente! Cuidado para não queimar a língua!- a alerta rindo de sua ganancia.

–Hunrum.- concorda sem ligar para as palavras da mulher.

As colheradas são cheias e rápidas. Uma atrás da outra. Em minutos a jovem termina a refeição.

–Ual! Estava com fome mesmo hein?- a Clearwater a olha espantada. Pensei que nem fosse comer devido ao que houve mais cedo.-

–Capaz, já estou bem!- levanta e coloca o prato na pia. E além disse você cozinha maravilhosamente bem.- elogia lavando a louça que sujara.

–Vá descansar um pouco, ainda está pálida.-

–É eu estou com sono mesmo...- se espreguiça. Ando dormindo muito ultimamente. Preciso de um emprego.- analisa pensativa.

–Não quis fazer faculdade?-

–Na verdade eu quis, mas na época minha vida estava um caos. Estudar era a ultima coisa que vinha a cabeça.- responde se recordando do período triste.

–Bom, agora pode estudar. Converse com Charlie, acho que podemos financiar seus estudos.- sorri para a madrasta. Realmente não pudera pedir pessoa melhor para ocupar aquela posição.

–Vou pensar sobre isso, mas eu nem sei que curso fazer.- morde o lábio.

–Nunca se interessou por nada?- a pergunta de Sue rosa em sua mente, enquanto observa ela arrumar a toalha de mesa.

–Eu gostava de ciências.- diz após pensar. Eu era boa, na escola.- afirma.

–Pois então, procure algo nessa área que lhe agrade e pronto!-

–Hm, irei ver...- um bocejo escapa da morena. Vou subir para dormir um pouquinho.-

–Ok, querida. Bons sonhos.- lhe deseja com um sorriso carinhoso. A britânica sorri, em agradecimento, antes de sair da copa.

Coça os olhos enquanto sobe as escadas.

Seria uma boa fazer faculdade, mas... Será?!

Abre a porta de seu quarto e adentra no cômodo. Logo arruma a cama de um modo bem confortável.

Já pensara em fazer uma faculdade, porém isso fora antes. Antes de perder a mãe, de perder o pai também, antes dele...

Morde o lábio, chacoalhando a cabeça. Pensará nisso mais tarde, no momento quer apenas dormir.

[...]

O corpo curva-se para frente e com mais uma ânsia Isabella regurgita toda a comida de seu estômago.

Passa as mãos no rosto tremendo veemente.

Não deveria ter comido tanto! Seu estômago ainda estava fragilizado e a gulosa foi se empanturrar de comida.

Ha uns dias vem comendo de modo exagerado. É claro que em algum momento, seu estômago não aguentaria.

Ainda mais depois do que comera de manhã. Aquele cachorro quente só piorara a situação.

Cospe na primada, e se põe de pé. Ativa a descarga evitando olhar para o sanitário. Puxa o ar com firmeza, e se direciona até a pia. Lava o rosto, antes de escovar os dentes.

Fora dormir tão bem e acordara assim: Vomitando.

Enxágua a boca, começando a pensar na possiblidade de procurar um médico. Sim, é melhor.

Com saúde não se brinca, aprendera isso vendo a mãe que sempre lhe parecera muito saudável e do nada descobrira o câncer.

Arrepia-se só de lembrar, guardando a escova no armarinho. Uma tontura a desequilibra. Com precisão se apoia no balcão vendo tudo a sua volta girar.

Fecha os olhos, prendendo o lábio entre os dentes.

O coração fica disparado, e as pernas, como se possível, mais bambas.

É realmente precisa ir ao médico. Conclui após voltar ao normal.

Sue disse que lhe acompanharia. Lembra saindo no corredor.

Isso irá conversar com a madrasta. Suspira convencida, seguindo pelo corredor até a escada.

A voz do pai é alta e mesmo vinda do andar de baixo pode ser ouvida.

–Eu entendo, claro que entendo.- ouve o policial murmurar. Ficou com ela uns dias, sabe como Isabella é teimosa.- a curiosidade brota na mente da jovem que desse mais alguns degraus para ouvir melhor. Já tentei conversar com ela Edward, mais ela me ouve? É claro que não!-

Edward! Ofega, com o coração vindo a boca!

Seu Edward! Seu grego!

Charlie esta falando com Edward! Um sorriso aparece nos lábios pálidos de Bella ao imaginar a voz rouca do loiro. Aquele arrepio parte de sua nuca percorrendo toda sua espinha.

Quanta saudade sente dele! De sua voz! De seu toque!

–Imagino...- o pai volta a falar após alguns minutos de silêncio. Precisa explicar a ela o que tem com Tanya também.- o nome da loira a faz despertar de seus sonhos.

Tanya. Cerra os dentes com ira. Aquela Denali filha de uma boa mãe bate o pé na escada.

A conversa de Edward e Esme retorna a sua cabeça, juntamente de todas as vezes que presenciara uma ceninha entre o loiro e a loira.

Não! Não vai deixar aquele maldito grego enganar Charlie novamente. Não mesmo!

Com fúria ela termina de descer os degraus e vai até o pai que assustado a observa tomar o celular de sua mão e pronunciar raivosamente.

–Escute aqui seu grego infeliz, você não vai enganar meu pai novamente ok?- diz entredentes. Eu quero que você suma da minha vida! Eu quero que você morra!- pronuncia. Entenda de uma vez que eu sinto asco por você, e tenho vontade de me esganar toda vez que lembro que me deitei com você.- toma fôlego. Agora faça o favor de seguir a sua vida e se esquecer de mim e tudo que me envolve, por que eu já esqueci de você faz tempo!- sem dar a ele o direito de resposta ela desliga.

Os olhos marrons fervendo com puro ódio.

–PORQUE ESTAVA FALANDO COM ELE CHARLIE?- grita lançando o aparelho celular contra o chão. O celular se reparte em vários pedaços. JÁ NÃO CHEGA O ESTRAGO QUE ELE FEZ NA MINHA VIDA, E VOCÊ AINDA FICA DE PAPINHO COM ELE?-

O Swan se põe de pé, arqueando as mãos.

–Filha se alcame...- pede.

–ME ACALMAR?- fica inconformada. COMO VOCÊ QUER QUE EU ME ACALAME? COMO?- fecha as mãos apertando-as. VOCÊ JÁ FERROU COM A MINHA VIDA UMA VEZ, E COMO SE NÃO BASTASSE AGORA VIROU AMIGUINHO DAQUELE MONSTRO, QUE FOI CAPAZ DE ME COMPRAR?!-

–Bella, por favor...- volta a pedir vendo a filha descontrolada.

–POR FAVOR, O CARAMBA!- lágrimas escorrem dos olhos dela. EU JÁ ME CANSEI DELE, E DE TUDO QUE ELE ME FEZ PASSAR! ELE SÓ ME FAZ MAL! POR MIM ELE CAIRIA MORTO..-

–JÁ CHEGA ISABELLA!- o grito do pai a faz se calar. Já chega de escanda-lo!- a morena soluça ardendo de raiva. Você já falou tudo o que tinha pra ser dito, só que agora você vai escutar.-

–NÃO...-

–CALADA!- Charlie praticamente berra. Sente-se.- ordena a ela que não obedece. Isabella...- pronuncia o nome sem paciência.

Temerosa à morena se senta, mordendo os lábios com força.

–Vou te contar a verdade.- fala. Irei te contar tudo que aconteceu naquela noite.-

–Obrigada mais eu dispenso os detalhes sobre sua aposta suja com Edward e ainda mais o modo ridiculamente fácil como ele me ganhou.- soluça as palavras de cabeça baixa.

Charlie respira fundo nervoso.

–É ai que você se engana, Isabella.- o pai diz alto. Não apostei você com Edward, ele na verdade nem estava na mesa de jogo.-

Surpresa arqueia a face encarando o pai.

–Como é?-

–Isso mesmo que você ouviu.- impaciente anda pela sala. Edward não participou da aposta!- repete deixando-a paralisada.