Os Filhos do Olimpo escrita por Larissa Haguiô, Noah Rinns


Capítulo 19
Going to death.




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ALASTOR

A mulher sorria com os dentes branquíssimos que eram de encantar os olhos de qualquer um.

– Flórida? - Perguntou Lara, observando o jornal nas mãos da deusa. - É muito longe daqui, seria impossível chegarmos lá.

– Observe bem isto, observe. - Deméter levantou o jornal, onde havia uma notícia a respeito de neve na Flórida. - Está fora de estação. Estamos no verão, portanto, não pode nevar.

– Está nevando na Flórida? - Exclamei, aproximando-me. - Isso é bizarro.

– Para os mortais, é apenas um fenômeno. - Comentou ela. - Mas é óbvio que isso é obra de algum semideus, e é por isso que vocês devem ir até lá investigar isso.

– Você acha que algum semideus que controla a neve esteja na Flórida tentando fazer o verão virar inverno? - Perguntou Lucy.

– O que você chama de semideus que controla a neve, talvez seja um filho de Quione. - Falou Deméter.

– Arrisco-me a dizer que essa é a deusa da neve. - Comentou Connor, que ainda não havia dito nada desde a morte de Gump.

– Obviamente. - Respondeu Adam.

– Mas não devemos tomar atitudes precipitadas. - A deusa caminhou em direção a uma porta de madeira velha do outro lado da sala, e alisou a maçaneta. - Vocês precisam consultar um velho... amigo.

– Quíron está aí dentro? - Perguntou Lua, percorrendo a mão pelos cabelos longos e loiros.

– Não, minha querida. - Respondeu Deméter, com um sorriso singelo. - Estou me referindo ao oráculo.

O pouco que eu sabia de mitologia foi o suficiente para me lembrar d'Oráculo de Delfos, dedicado ao deus Apolo. Mas não faria sentido alguém se referir ao oráculo como um velho amigo, muito menos ele estar ali, no porão de uma casa de campo.

– O oráculo vai dar-lhes direção. - Disse a deusa. - Irá dar-lhes uma profecia.

Caminhei em direção a ela, olhando fixamente para a porta de madeira.

– Vá, meu jovem. - Disse ela para mim. - Você é o líder do grupo, não é? Vá, vá.

Deméter me deu caminho para que eu pudesse abrir a porta, e assim fiz. Virei a maçaneta lentamente, e virei-me para trás.

Todos me olhavam apreensivos, então caminhei para frente. A porta atrás de mim se fechou, deixando-me num corredor todo escuro. Demorou alguns minutos para que eu pudesse me adaptar a escuridão, mas finalmente pude distinguir uma escada mais a frente.

Caminhei lentamente, e fui descendo cada degrau com cautela. A escada de madeira rangia a cada passo que eu dava, e soube que qualquer movimento brusco poderia fazê-la desabar.

Finalmente senti o solo firme sob meus pés, e caminhei pelo porão procurando algo que pudesse iluminá-lo. Felizmente, esbarrei em algo na parede e uma lâmpada se acendeu. O porão só tinha objetos de porcelana quebrados nos cantos. Coisas que nunca poderiam ser concertada.

Foi então que percebi a criatura mumificada sentada sobre um trono empoeirado no fim do porão, que estava inclinado sobre a parede.

– Olá? - Falei, como se a coisa pudesse ter vida.

Fui surpreendido novamente quando soube que ela realmente tinha.

– Sou o espírito de Delfos. - A voz rouca ecoou pela sala e me causou calafrios. - Aproxime-se e pergunte sobre seu destino.

– Ahn... senhor oráculo. - Pigarreei, ainda sem jeito. - O que será de nós daqui pra frente?

Comecei a perder as esperanças após dois minutos de silêncio, mas finalmente a profecia se formou.

– Apesar dos problemas, conseguiram chegar a casa da deusa. Receberão auxílio, mas também um dilema. Uma prole de Atena irá se oferecer, para o novo problema que irá nascer. Uma vida será tirada, mas apenas se for feita a escolha errada. Se o que escapou da morte primeiramente se oferecer pela vida do justo, a harmonia continuará sobre os jovens sem qualquer custo.

– O que? - Exclamei, tentando decifrar o significado da profecia.

O oráculo não respondeu. O corpo parecia morto novamente, como se nunca tivesse aberto a boca. Um único pensamento se formou na minha mente: se fosse feita uma escolha errada, Adam ou Annie morreriam.

Enquanto subia as escadas para voltar à sala de estar, tentei compreender os outros versos. A vida de Adam ou Annie poderia ser poupada se alguém que tivesse escapado da morte se oferecesse por um deles. Mas o problema era que todos nós havíamos escapado da morte, então qualquer um de nós teria de dar a vida para que a prole de Atena possa viver.

Abri a porta e todos ficaram em silêncio, esperando que eu dissesse algo. Recitei uma profecia falsa, sobre ter de encontrar algo que nos levasse para a Flórida para que pudéssemos salvar o filho de Quione. Todos pareceram acreditar, então tive um tempo para pensar sobre o que fazer a respeito da verdadeira profecia.

Já durante a noite, percebi que havia algo errado, quando Deméter começou a ter um comportamento estranho.

– Oh não. - Dizia ela, balançando a cabeça. - Saiam da minha propriedade! - Ela estava indo até o sofá onde estávamos sentados para nos servir biscoitos integrais. O prato com biscoitos caiu, e a deusa ficou perturbada, andando de um lado para outro.

– Você está nos mandando embora? - Perguntou Dianna, fechando o punho.

– Vocês não. - Respondeu Deméter. - Eles. - A deusa estendeu o braço na direção da janela e um vento bateu, tirando a cortina do caminho.

Uma horda de cavalos avermelhados pastava pelas plantações de trigo, abrindo a boca e colocando tudo em chamas.

– Merda. - Exclamou Annie, se levantando com a adaga em mãos.

Adam veio correndo da cozinha já com sua espada, acompanhado de uma Lucy assustada.

Eu não poderia deixar os dois filhos de Atena saírem naquele momento.

– Vamos! - Falou Annie, chamando Dianna em direção à porta.

– Não, eu vou. - Falei.

– Sozinho? - Lara foi até a estante no canto da sala de Deméter e pegou seu arco e aljava que estavam apoiados ao lado. - De jeito nenhum.

Adam correu para a porta, segurando a espada com força - tanto que suas veias pareciam prestes a saltar de sua mão. Ele virou a maçaneta e olhou para trás.

– Vou acabar com essas criaturas.

– Não, Adam! - Falei. - Você não pode ir. – Me virei para Annie, envergonhado. - Vocês dois não podem ir. Eu menti.

Todos eles pareciam perplexos, inclusive a deusa.

– Menti a respeito da profecia. - Respirei fundo e contei a verdade. - Ela dizia que um de vocês dois, filhos de Atena, irão morrer.

Adam ficou boquiaberto por um instante, ainda parado ao lado da porta. O vento quente entrava pelo vão aberto, começando a deixar a sala silenciosa abafada. O garoto ajeitou a espada em mãos e caminhou para fora.

– Estou apenas cumprindo meu dever.

E correu em direção as plantações - ou em direção à morte.


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