Epitáfio escrita por Ana Carol M


Capítulo 7
Capítulo 7




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Foi então que comecei a perceber que eu nunca estive viva, pois se estivesse seria quem estava se debatendo no caixão, e ao contrário eu esta ali em pé apenas observando. Apenas esperando que a garota morresse para que eu pudesse usar o corpo dela para viver. Eu não entendia como aquilo era possível, mas se aquilo era verdade eu não era algo do qual me orgulhava.

Já estava amanhecendo e fiquei aliviada em saber que logo estaria com Thomas. Me arrumei e resolvi tentar agir como uma pessoa normal, o mais normal que eu conseguisse. Mesmo que fosse fingido. A garota que morreu deveria ser honrada e no caso vingada. Então me agarrei a isso, eu devia isso a ela o fim do mistério da sua morte, afinal ela havia me dado a vida. Mesmo que essa vida.

Bati no quarto ao lado e Elisa veio me receber, ela usava roupas largas para que parecesse mais gordinha o que era meio impossível. Ela sorriu e me acompanhou até o refeitório.

– Sabe, acho que mostrei a você os lugares errados da instituição, aqueles malucos se jogando contra parede estão em abstinência por isso são tão loucos. Aqui é um lugar tranquilo e seguro.

– Está tudo bem, por quanto tempo ficaremos aqui?

– O normal é por um ano, algumas pessoas tem que ficar mais para poder se controlar. E se você quiser pode ficar o quanto quiser, o que é meu caso. Estou aqui há três anos.

– Você não tem vontade de sair por ai e ter uma vida comum?

– Eu saí para, assim como você, procurar minha família. Descobri que eu havia tido uma doença muito grave e quando morri eu estava esquelética, o que não ajudou muito quando me transformei. Eu sei que pareço um cadáver.

– Ei, também pareço uma cadáver.

Ela me olhou, e aquele olhar me dizia “até parece, olho o jeito que eu estou”.

– As pessoas tinham medo de mim.

– E não há como reverter isso?

Ela suspirou – Eu já procurei em tudo, fui até viajar com o auxílio da instituição. Mas a única possível alternativa é inviável.

– O que você teria que fazer?

– Consumir a alma de um humano. – Naquele momento eu gelei e corei. Tudo ao mesmo tempo. – Eu sei é horrível. Eu jamais faria, jamais até sugaria a energia de um humano.

Eu tossi – Você vai encontrar algum jeito.

Nós nos sentamos para tomar o café da manhã e eu me peguei pensando em como eu deveria me sentir mal. E principalmente pensando que eu poderia ajudar Eliza a ter uma aparência normal, e não me sentia culpada por pensar daquele jeito.

Todo o dia era servido pelo menos três vezes um liquido transparente que passava de quente a gelado pela minha garganta. Aquilo era o que nos mantinha vivos. Era como um genérico da energia humana. Não chegava nem perto do que eu havia sentido no cemitério, mas me senti bem melhor depois de beber.

Às nove horas e um minuto Thomas bateu na minha porta e quase pulei em cima dele. Eu havia decidido que não ia contar do meu sonho a ele, era um segredo meu e da garota morta.

– Vejo que sentiu minha falta.

– Eu não gosto muito daqui – admiti.

– Tenho algo para contar.

Depois de avisar a Abigail que eu estava saindo e já longe dos portões da mansão comecei a pressão psicológica para que ele me contasse o que sabia.

Ele puxou um papel do bolso interno do casaco, e me entregou. Lá estava minha foto novamente, abaixo de um anuncio de PROCURA-SE.


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