Epitáfio escrita por Ana Carol M


Capítulo 6
Capítulo 6




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– Onde estamos? Digo, que cidade? – Perguntei.

– Estamos no interior e indo para uma fazenda onde fica a Mansão. – senti que Thomas se sentiu aliviado por eu ter feito alguma pergunta. Meu silêncio o deixava preocupado.

– Nós vamos tentar encontrar sua família e você vai se sentir melhor.

– Sim – murmurei. Thomas queria que eu encontrasse o pedaço que faltava pra que eu voltasse à vida. O grande problema é que faltava tudo, já que eu me sentia vazia. Durante toda viagem passei me lembrando da sensação de ter sugado um humano. Mas não contei isso a Thomas, porque eu sabia que era errado. E tentei buscar no encontro da minha família um pouco de esperança, mais por Thomas do que por mim. Afinal eu não queria ser uma psicopata.

Nós chegamos à instituição perto das seis horas da tarde, enquanto Thomas tirava as coisas do carro fui procurar Abigail. Ela estava em reunião, então uma moça de cabelos ruivos me entregou uma pasta cheia de coisas. Lá dentro havia meus horários, livros e a chave do meu quarto.

Ficava no segundo andar e Thomas levou tudo que era meu para lá. Ele me ensinou a dobrar as roupas, pendurou uns pequenos quadros e fez questão de trocar aquelas cortinas horríveis. No final, meu quarto estava confortável e hospitaleiro, diferente do quarto de hospício que parecia antes.

– Venho buscar você amanhã, às nove da manhã. Tudo bem?

– Sim, você não dorme?

– Não mais – e ele riu me deixando sozinha no quarto.

Desembrulhei as coisas que estavam na pasta. Havia um crachá, três livros: Como lidar com caçadores, Respeite a vida humana e A nova realidade.

Achei patético o nome dos livros, mas não me importei. Coloquei a grade de horários e eventos colados na porta do meu guarda-roupa e me deitei. Fiquei pensando em como Thomas poderia não dormir, e esperava que também não pudesse. Pois ter aula à noite e procurar minha família de dia ia ocupar todo o meu tempo.

Foi quando alguém bateu na porta. Era a garota mais bizarra que eu já havia visto, não que eu tivesse visto muitas pessoas. Mas de certa forma eu tinha noção de que ela estaria em um daqueles sites de terror na internet. Ela era extremamente branca, com olheiras fundas e olhos avermelhados, magra demais e alta demais para ser real. E respondendo ao meu olhar assustado ela sorriu. O que me fez dar um sorriso sinistro a ela.

– Sou Eliza, você deve ser Alicia. Abigail me mandou vir recepcioná-la. Vou te mostrar o resto da mansão.

Era enorme, era gelado e tinha muita gente estranha. Notei que era grande pelo tamanho dos corredores, era gelado porque parecia um frízer e sobre as pessoas estranhas, comecei a notá-las quando avistei um garoto pendurado no lustre e outro se jogando contra a parede. Parecia um sanatório pra falar a verdade, apesar da aparência gótica e eu sabia que não queria ficar ali. Assisti a todas as aulas e depois fui dormir. Só desejava que o tempo passasse e eu pudesse ir encontrar com Thomas.

Foi quando finalmente consegui descansar o corpo e deixar minha mente vagar que comecei a notar que eu não era mais uma morta comum. Eu estava no cemitério outra vez, vendo meu antigo corpo ser arrastado e todo arrebentado. A pessoa que me arrastava estava toda borrada, ela me jogou no caixão e riu. Não consegui ver quem era, quando ela tampou o caixão meu corpo começou a gritar e se debater, e acordei no meu quarto na mansão.


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