Silêncio Vermelho escrita por Ella NH


Capítulo 2
Capítulo 1: O branco da pureza


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, como prometi aqui está o primeiro capítulo. Espero que gostem...
Para avisar a partir daqui cada capítulo será inciado com um pedaço da carta, até a carta terminar e eu prosseguir a estória!
Espero que gostem...
O link com as fontes da pesquisa será colocado nas notas finais e quem quiser saber mais sobre a monarquia russa o google tem uma vasta fonte de informações muito interessantes!
Vem mais demora, boa leitura!



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Tola como sempre fui, desde que o conheci, nutri um amor de infância pelo jovem protegido da médica de minha família. Uma família que pertencia a elite de nosso amado país, meu rei.

Meu pai, um grande lorde, governava todo o condado com punhos de ferro e colocava estribeiras até no mais rebelde revolucionário. Não há quem podia com ele. Inspirava medo até no mais corajoso soldado e se impunha até no mais orgulhoso nobre de vossa corte.

Minha mãe, mulher dedicada e infeliz, tinha plena consciência do fardo que essa nossa vida de mulher nos impõe. Mesmo tendo tentado fugir disso foi fadada a culpa do eterno fracasso por não ter conseguido dar ao meu pai um filho homem e morreu de tristeza logo após o nascimento de minha irmã mais nova obrigando-me a não apenas cuidar de mim mesma como também de um pequeno bebê que acabara de chegar ao mundo.

Cresci infeliz sonhando com o dia em que eu finalmente poderia ser livre e encontrar alguém que finalmente me fizesse feliz. E foi isso que aconteceu. Eu o encontrei.

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A pequena menina de longos cabelos azulados corria ao redor do grande castelo de sua família. O vestido turquesa robusto e delicado pesava pelo pequeno corpo da jovem. Mesmo isso não prejudicou o desempenho e a velocidade em que a pequena corria pelos lúgubres e luxuosos corredores do castelo medieval. A ausência de sentimentos dos belos aposentos contrastava com o sorriso brilhante que se estendia pela face da criança de apenas oito anos de idade.

Por mais que não parecesse aquela pequena menina tinha uma vida difícil: Um pai rígido, a obrigação de ser uma mãe para sua irmã de apenas dois anos de idade, empregados frígidos e tão sem emoção quanto os corredores do castelo, a falta de carinho, amor, atenção, conforto... Tudo que aquela pequena, doce e tola menina tinha eram seus sonhos.

Sonhos coloridos se ilustravam na mente da jovem. Enquanto corria, podia identificar os dragões que a sequestrariam, os bruxos que a queriam transformar num lindo lobo de pelagem branca, cavaleiros malvados que a levariam embora para sempre e o seu belo príncipe encantado que a resgataria de todo e qualquer problema ou malfeitor. Ela corria ao lado de seu belo príncipe pela ravina coberta de neve sorrindo e brincando com o menino que a amaria e a resgataria de todos os problemas. Os flocos de neve caiam ao seu redor enquanto eles trocavam um beijo apaixonado e seriam felizes para sempre...

—Hinata! —Um grito alto retirou a menina da sua terra de fantasias, tirando seus pés do mundo mágico que criara e os trazendo para o fúnebre mundo real. Seu sorriso morreu instantaneamente colocando sua mascara de frieza que aprendera logo no início de sua vida. A máscara que parecia que todos ali tinham de usar.

—Sim papai! —A voz doce e lustrosa ressonou pelos aposentos. Como se pudesse saborear do mais doce néctar ou ver a mais brilhante e leitosa pérola a refletir os últimos raios do sol poente antes de ser obscurecidos pelo véu da noite. Essa é a voz da pequena lady. Límpida, ressonante, tilintante, como uma orquestra de um único som. O som da voz de um arcanjo.

—Foi lhe dito que não era correto uma lady andar errante pelos aposentos de sua casa de maneira inconveniente. Isso é algo para plebeus e servos! —A voz solene do homem soava. Com passos decididos e obstinados ele adentrou ao recinto.

A aparência do homem combinava com sua voz. Alto, imponente, majestoso. O príncipe* Hyuuga era um exemplo para todos os membros da realeza. Ele era belo, imponente, rico, sofisticado, temido e, o mais importante, influente. Tinha contato com o próprio Czar. Mas seu coração... Esse era tomado por uma grande tristeza, dor, frustração, inaptidão. Ele era apenas uma casca, seu interior era vazio e o único motivo de ainda ter um coração batendo era suas filhas, embora ele jamais tenha dito algo a elas.

A menina encolheu-se perante a presença sufocante de seu pai. Não há quem não tenha medo de Hiashi Hyuuga, nem mesmo suas filhas fogem a regra.

Aquele era apenas mais um dia no castelo Hyuuga. A única coisa de especial era a visita da antiga médica de sua família e seu pequeno, pobre e miserável ajudante. Os comentários acerca do menino eram, no mínimo, interessantes. Alguns diziam da alma bondosa da médica que ao ver o pobre e miserável menino decidiu cuidar dele como se fosse seu. Outros dizem que ela fora gentil ao cuidar da mãe da criança que faleceu durante o parto, e não tendo seu pai, a boa médica fez o ato de caridade de cuidar da criança. Eram vários os comentários dentro da corte, mas todos se perguntavam sobre a ligação da jovem mulher com o pequeno menino.

Era a primeira vez que a médica traria seu protegido a casa da família Hyuuga. Ela também não era chamada a anos ao condado administrado por lorde Hiashi Hyuuga, porém a jovem lady Hyuuga Hanabi adoecera, e como tal a melhor médica de todo reino seria chamada para cuidar da frágil saúde da criança.

A movimentação nos arredores do castelo era grande. Todos sabiam que ninguém entrava ou saia da corte sem a permissão de seu lorde e essa permissão era tão rara que a mera oportunidade de ver uma médica e um menino era um acontecimento excitante para os moradores da pequena cidadela. As máscaras frígidas ganhavam pequenos sorrisos, a postura fúnebre ganhava um ar de inquietação, a morbidez era trocada pelo movimento e os olhos de lady Hinata ganhavam o brilho da infância que fora lhe tirado durante sua curta vida.

A terra da imaginação, seu reino colorido, tinha um pequeno pedaço em sua vida real. Era sua realização, mas também sua maldição.

Assim como os vilões de seu mundo de fantasia, ela agora seria obrigada ser lady exemplar, a futura lady Hyuuga e deveria como tal mostrar o status de seu pai. Seus demônios agora também estavam vivos fora do mundo da imaginação e ela sonhava que dessa vez também houvesse um lindo príncipe para salvá-la.

Ela sempre esperava por seu príncipe, mas esse nunca chegara. A mente tola e infantil ainda guardava a esperança de que um dia ele ainda viria, a levaria para longe de todos os seus problemas a amaria e ela seria feliz. Finalmente ela seria feliz!

O salão do hall de entrada era imenso e requintado. Adornado por ouro e veludo vermelho soava quase como imperial. Os três lustres de cristal tilintavam no alto tendo suas luzes bruxuleantes das velas refletidas por entre os cristais transformando o recinto ainda mais brilhante e caloroso, espetacular. O tapete de veludo vermelho se estendia desde a porta principal até a porta que daria acesso a sala de jantar. Os empregados se colocavam em uma fila reta e impecável ao longo da parede marcada com quadros com molduras de ouro entalhado. As paredes eram cobertas ora por marfim, ora por cedro e ora por puro ouro. Uma sala requintada demonstrando a quem quer que entre o tamanho da fortuna do lorde do condado.

A jovem abaixou o olhar enquanto se colocava ao lado de seu pai no salão de entrada do castelo, onde ela teria que ser a lady filha de Hiashi Hyuuga e estar ao lado de seu pai na recepção de seus convidados. Uma pequena lágrima solitária rapidamente escorreu pela face bela e delicada, mas que foi recolhida e esquecida enquanto ela armava um sorriso no rosto esperando ansiosamente seu príncipe encantado de sonhos.

Fez-se silêncio por todo o salão durante a entrada de Lady Senju Tsunade, a baronesa de maior repercussão da corte russa. Mesmo sendo mulher, era reconhecida pela corte pela sua genialidade na medicina. No início era considerada uma bruxa por todos da corte, mas com o tempo, ela ganhou notoriedade e passou a ser a mais influente médica de toda a Rússia, tendo cuidado da própria rainha, e hoje ela estava responsável pelo cuidado da pequena lady Hanabi.

Andando suntuosamente pelo corredor a bela mulher de lindos cabelos claros era admirada por todos os homens do recinto. Sua beleza inocente, seu corpo de mulher, sua firmeza e convicção já encantaram os mais diversos homens, rapazes e senhores, nobres e plebeus, desde a mais alta corte até a fileira mais indigna da sociedade, muitos caiam pela beleza estonteante de lady Tsunade, mas todos sabiam que o coração da mulher já pertencia a um homem, embora ela negasse veementemente até mesmo para si mesma. Sua presença era tão grande que poucos notaram o jovem rapaz que a seguia. Poucos, sim, mas apenas Lady Hinata reconheceu nele o príncipe que tanto sonhara ao longo de sua vida.

Os cabelos loiros eram os raios de sol do alvorecer que cintilavam derretidos expulsando o manto das trevas, raios brilhantes e corajosos estendendo seus dedos sobre a negra manta da noite. Os olhos límpidos de uma pureza impecável como água cristalina recém-nascida da fonte mais pura, eram de um azul celeste tão profundo que só era visto no dia mais ensolarado do verão, e mesmo esse não fazia jus ao brilho e leveza que apenas aqueles olhos possuíam. O rosto firme e obstinado também era angelical e a bondade transpassada por ele era mais intensa do que qualquer cantiga poderia querer expressar. Os membros franzinos pareciam ter uma força quase invisível, mas que a pequena lady podia, mesmo de longe, sentir a segurança e o conforto que passavam. Passos obstinados, porém alertas refletiam o caráter decidido que sua postura adquiria.

Os olhos de lua da menina de cabelos de noite revestiram o jovem rapaz com a armadura brilhante que seu príncipe encantado usava, por que ele era o seu príncipe e finalmente ele ira resgatá-la de seus algozes, iriam se casar e ser felizes para sempre.

Uma lágrima de alegria brotou na face floral da jovem e mesmo que seu belo sorriso não desabrochava em seu rosto nesse instante, foi como se o sol finalmente nascesse em sua vida. Ela podia viver, sonhar e ser feliz. Seu príncipe finalmente chegou.

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Obs.:

*Nessa estória Hiashi aparece com o título de príncipe, na Rússia do século XVII esse título não pertencia realmente a família real, mas a nobreza, os parentes do Czar, ou rei se prefirir, recebiam o título de grã-príncipe ou grã-duque. A hierarquia dentro da nobreza era feita da seguinte maneira: O Czar (rei, imperador), grã-príncipes (os filhos ou irmão do rei durante seu reinado), grã-príncipes ou grã-duques( recebido pelos netos do rei, esposas[depois da reforma de Pedro, o Grande]) , príncipes ( nobres de alto escalão, estimasse que existisse mais de 2.000 príncipes), Condes, Barões ( esses eram concedidos apenas para banqueiros, médicos ingleses, grandes industriais, cavaleiros ou homens que mostrasse dignidade para receber tal título) e por fim, a nobreza não titular.


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Notas finais do capítulo

E aí pessoal, como sempre colocarei o clássico romance, mas o mais interessante não é o romance em si, mas a relação das personagens com o motivo da carta ter sido enviada ao Czar!
Alguma ideia dessa relação?
Beijão pessoal e até mais!
Link da pesquisa:
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Nobreza_da_R%C3%BAssia



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