Summertime Sadness escrita por Pacheca


Capítulo 22
The Last Ones?


Notas iniciais do capítulo

Hello, peolpes :3 Então, sei que demorei algum (bom) tempo, mas voltei ~tyey ~ Enfim, fiquei sumida por causa de coisas maiores, infelizmente ;-; Mas espero que gostem desse capítulo :3



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POV Derek

Estava pronto às sete e meia. Ainda tinha uma hora livre, mas não via a hora de acabar com aquilo logo. Minha mãe ajeitou o nó da gravata, ainda de camisola. Ela tinha me dito antes que não iria.

– Quer mesmo fazer isso? – Ela me perguntou, alisando o terno. Simplesmente concordei com a cabeça.

– Ela me pediu antes de morrer, mãe. – Ela deu um suspiro, arrumando meu cabelo.

– Essa mecha está desbotando. – Sorri com o comentário, confirmando com a cabeça.

– Pensei em pintar a próxima de azul. – Tinha sido outra sugestão de Claire. Minha mãe não se incomodou com a ideia.

– Aquela sua amiga...Kramisha, certo? Ela vai com você hoje? – Concordei, de novo, só com a cabeça. Olhei para o relógio, me dando conta daquilo. Eu tinha chamado Kram para sair. A data coincidiria com o enterro de Claire.

A campainha tocou. Minha mãe me soltou, me entregando as duas cartas. Peguei os envelopes, indo atender a porta.

Kramisha e Lily estavam paradas na porta, as duas com roupas pretas. Bem, Lily usava uma camiseta preta e uma calça jeans escura. Roupa comum, mas não me importei. Kram usava uma roupa parecida, mas no lugar da calça, uma saia preta.

– Devíamos ir. – Lily falou, quebrando o silêncio. – Carly e Keane devem estar por lá.

– Então, vamos. – Kram falou. Fechei a porta, colocando os envelopes no bolso do paletó. O pai de Kram nos levou até o cemitério de carro, em silêncio.

– Pronto? – Kram me segurou no carro, depois que Lily já nos esperava do lado de fora. Murmurei um sim baixo e esperei ela descer. Agradeci o pai dela e as segui.

– Bem, não somos os únicos. – Lily falou, franzindo o cenho. Olhei os dois caixões, ambos fechados. Ao redor, eu podia ver Keane e Carlotta sentados, falando ao sussurros. Um casal adulto observava os caixões, com uma expressão de verdadeira tristeza. E perto deles, um rapaz que eu não conseguia perceber o que sentia.

– Derek. – Carlotta o chamou assim que passou pela porta de vidro. Keane tinha os olhos um pouco inchados. – Quem são eles?

– Também não sei. – Dei de ombros, olhando por cima do ombro. A mulher chorava em silêncio, enquanto o homem me encarava.

– Com licença. – O homem falou, respirando fundo. Encarava-o, esperando. – Vocês devem ser amigos da garota. Claire.

Concordei com a cabeça. Até aquele momento, antes de ver os dois caixões escuros, parecia que eu não sabia bem onde ia. E agora, quando tive aquela percepção, comecei a tremer.

– Eli, querido, pelo menos se apresente. – A mulher secou o rosto, tentando nos dar um sorriso. – Eu sou Kate, e esse é meu marido, Elijah. William, venha cá.

– Olá. – O garoto parecido com um modelo nos cumprimentou, sério.

– Derek. – Conseguiu falar, estendendo uma mão. – Kramisha, Lily, Keane e Carlotta. Vocês são parentes?

– Oh, não. – Kate abraçava o braço do marido, segurando numa das mãos delicadas um lenço. ­– Eram nosso amigos. Nick, principalmente.

– Eram amigos dele? – Lily perguntou quase rindo em choque. Por sorte, Kramisha a repreendeu antes. – Desculpem.

– Nicholas era um bom homem. A família toda era. – Elijah começou a falar, suspirando. – Não consigo imaginar que as notícias sejam como as ouvi.

– E como as ouviu, senhor? – Kramisha perguntou, calma.

– Nos disseram que ela assassinou os pais. Deixou-os numa praça. E então, se matou. – Foi William quem falou agora, fazendo com que a mãe voltasse a chorar.

– Temo dizer que são as notícias reais. – Ela deu de ombros. – Bem, pelo menos não somos só nós.

– Por que ela faria isso? – Kate perguntou de novo, agora fitando os caixões.

– Olhem, talvez a gente até saiba a resposta, mas talvez não queiram saber. – Carlotta falou, hesitante.

– Conte-nos então. Que tipo de loucura assombrou essa garota? – Achei estranha a maneira quase poética com a qual o homem falava.

– Claire apanhava dos pais. Do pai, na maioria das vezes. – Vi a boca da mulher se abrir num “o” surpreso. Continuei falando. – E eles diziam constantemente que a odiavam por arruinar suas vidas.

– Não pode ser. Nick era tão...

– Ela tinha cicatrizes. – William falou, parecendo fora do ar. – Ela disse que a conseguiu caindo com uma faca. Mas não foi isso.

O clima ficou ainda pior. Tive vontade de correr para longe dali e fingir que aquilo nunca acontecera. Infelizmente, a realidade de que nunca mais veria aquele casal horrível me manchara.

– Não acho que venha mais alguém. – Keane falou, tentando quebrar o gelo. Concordei, tirando os envelopes do bolso.

– Tenho que entregar as últimas. – Respirei fundo, ainda um pouco trêmulo. – Mas nunca vão lê-las.

– Leia por eles. – William sugeriu. – Se estiverem por aqui, ouvirão.

De novo, concordei. Parecia ser a única coisa que eu fizera nos últimos minutos.

– Vamos rezar antes. – Kate sugeriu. – Todo mundo merece perdão. Inclusive as piores almas.

– Ok. – Kramisha me deu um sorriso fraco. Sabia que ela só queria me convencer, então aceitei.

Rezamos. Não acreditava que surtiria muito efeito, mas ainda pronunciei cada palavra com veemência.

– Vamos ler agora. – Carly falou, quase chorando. Só de estar ali, todos pareciam se sentir esmagados com aquela atmosfera.

– Ok. Vou ler a da Joan primeiro. – Peguei o envelope com a escrita delicada de Claire, as letras formando Joan Cooper. Respirei fundo e peguei a carta, desdobrando a folha.

Corri os olhos pela carta antes, sentindo todos os olhares sobre mim. Até a dos empregados da funerária, que enterrariam os corpos. Não me surpreendia tanto assim pelo conteúdo.

– Muito bem. – Respirei fundo e comecei, tentando não gaguejar.

Mãe.

Devo te chamar assim? Pode ser estranho o que eu vou dizer aqui, mas é apenas o que sinto. Bom, agora não sinto mais nada. Mas a questão não é essa.

Sinto muito. Por ter feito a senhora sofrer tudo o que a senhora teve que passar. Ele batia em você também. Mas não posso me desculpar por algo que não tive culpa.

Não te odeio. Te acho injusta, só isso. Espero que, agora, sem minha presença, consiga ser mais feliz. Largue meu pai, você não merece isso.

Mas saiba que qualquer coisa que cair sobre você, se alguém lhe fizer sofrer como você fez comigo...Pelo menos pelos próximos anos, você vai merecer. Todo mundo paga pelos pecados, não?

Eu tentei te amar, mas você não me deixou. Mas saiba que tive simpatia por você.

Até mais. Claire.”

Era aquilo. Dobrei a folha novamente e coloquei-a no envelope, pegando agora a do pai dela. Provavelmente, pior. Kramisha pegou a carta de Joan e deixou-a sobre um dos caixões.

– Agora a do pai dela. Nicholas. – Respirando fundo, comecei a ler.

Nicholas Cooper,

Tenho todo o direito de te chamar de pai, mas simplesmente não quero. Porque você não merece ser chamado assim.

O senhor é uma pessoa horrível. Pelo menos comigo era. Comigo e minha mãe. A única vez que o senhor não me olhou com raiva foi quando Elijah e a família dele estava lá. Por que todas as noites não podiam ser daquele jeito? Por quê?

Porque o senhor só sabia me culpar por coisas das quais eu não tinha nada a ver. A culpa não é minha por nascer, sabia? Nem por vocês se casarem. Nunca pedi isso.

Cada berro seu, cada grito meu de dor quando você me acertava com seu cinto, cada lágrima minha que caiu naquela casa. Acho que tudo aquilo vai ficar ali, manchando aquele lugar.

Quando escrevi a carta da mamãe, não tinha nada disso em mente. Mas passei anos travando uma guerra na minha mente. E no fim um dos lados venceu. Mas sabe, agora eu posso te perdoar.

Porque agora tenho certeza de que não está lendo isso.

Deve estar debaixo da terra, ou virando um punhado de cinzas inúteis.

Porque você está morto.”

Fiquei chocado no final. Todos ficamos, de fato. Ela escreveu antes de matá-los. Não a de Joan, mas a Nicholas com certeza. Dobrei a folha e a coloquei no envelope quase rasgando o papel, de tanta força que fiz.

Kramisha pegou aquele também e jogou sobre o outro caixão, como se fosse sumir. Um dos funcionários limpou a garganta.

– Podemos levá-los?

– Por mim. – Soltei a gravata, saindo de perto dos caixões correndo. Kramisha me seguiu.


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Notas finais do capítulo

Espero vê-los em breve num próximo capítulo :3 Até mais :)



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