"And you take the time to tell me how you feel

When you listen to my words

And I know you've heard, I know it's real"

– Madonna

O resto do caminho foi silencioso. Nenhuma palavra foi emitida de ambas as partes. Zach ligou o ar condicionado no quente e eu agradeci mentalmente por isso. Assustei-me ao ouvir a voz de um apresentador de rádio dizer:

– Grande parte de Mullingar está alagada graças a uma das tempestades mais fortes do ano, então, aqueles que estiverem saindo de casa agora, sugiro que repensem, entrem e não saiam tão cedo, afinal essa tempestade irá demorar para passar.

– Que ótimo! - Zach disse emburrado. Um tanto consternada, continuei observando a paisagem, por mais que eu quisesse conversar com ele naquele momento. Ele me encarou e questionou parecendo nervoso:

– Eu poderia ir para sua casa, Valerie? - Franzi o cenho diante daquela pergunta quase sem conseguir assimilar o que ele dizia. - Eu juro que não sou um psicopata, ou maníaco sexual, eu apenas preciso de um lugar para ficar até que essa tempestade passe...

O encarei por alguns instantes, respirei fundo e disse:

– Tudo bem, mas só até a tempestade passar! – Falei como uma exigência. Eu não acreditava que realmente iria abrigar uma pessoa que eu detestava em minha casa.

Não demorou muito para chegarmos a minha casa, ele estava com um sorriso maroto no rosto, como se estivesse adorando o que estava acontecendo. Bufei irritada e adentrei em casa pisando forte. Ele entrou e seguida e disse:

– Bela casa...

– A sua deve ser melhor – murmurei com ironia, sem ter certeza de que ele havia escutado. – Eu vou tomar banho, trarei um cobertor para você – falei mais alto, para ter certeza de que ele ouviria. Zach apenas assentiu e eu disse: - Sente-se, eu já desço.

Subi as escadas praticamente me arrastando. Meus pés doíam e eu estava morrendo de cansaço. Fui até meu quarto, peguei um cobertor grosso de lã e desci as escadas rapidamente, dando o cobertor a Zach.

– Obrigado – ele murmurou apenas, se cobrindo. Assenti e subi as escadas novamente, pegando um moletom azul e uma calça jeans preta. Entrei no banheiro, tranquei a porta e abri o chuveiro, sentindo a água quente cair por meu corpo, relaxando meus músculos.

Esfreguei meu corpo e fiquei mais alguns minutos debaixo do chuveiro, sentindo-me bem sob a água quente. Desliguei o chuveiro, sequei-me e coloquei minha roupa, ajeitei os cabelos, pus uma pantufa e desci as escadas.

– Zach, quer chocolate quente? – Perguntei adentrando na cozinha.

– Sim – ele disse da sala. Respirei fundo e peguei o leite na geladeira, colocando na leiteira e acedendo o fogo, pus o leite para ferver e peguei o chocolate em pó e os marshmallows dentro do armário.

Esperei o leite ferver e coloquei em duas xícaras diferentes e coloquei três marshmallows em cada xícara. Levei as duas canecas para a sala e sentei ao lado de Zach, que me encarou e sorriu, dei a ele seu chocolate quente:

– Obrigado – ele murmurou segurando a xícara com ambas as mãos. Assenti e tomamos o chocolate em silêncio, enquanto eu bebericava meu chocolate.

Na televisão, a moça da previsão do tempo dizia que grande parte das ruas estava alagada pela tempestade de hoje mais cedo. Só então me lembrei de Gabi e Juliet. Telefonei para a ruiva e ela atendeu rapidamente:

– Alô?

– Oi Gabi, sou eu, você está bem?

– Eu estou presa no meu trabalho, mas estou bem sim – Gabi disse calmamente. Sorri e ela disse:

– E a Juliet, onde está?

– Eu não sei, irei ligar para ela agora okay? Beijos.

– Beijos amiga – ela falou sorrindo. Ela desligou a ligação e logo em seguida telefonei para Juliet, que demorou para atender.

– Alô?

– Oi Jul, onde você está?

– Eu já estou chegando em casa Valerie, estou na esquina – sorri diante da informação até lembrar que havia um membro da boyband que ela adorava na nossa casa.

Pigarreei e disse, meio rápido:

– Gabi, o Zack Melck está aqui em casa.

– Como é que é?!

– É isso mesmo o que você ouviu, Zach Melk está aqui em casa.

– Mas por quê?!

– Ele me deu uma carona e graças a essa chuva torrencial ele não podia voltar para a casa, porque estava tudo alagado, então deixei que ele ficasse – resumi tudo em poucos detalhes. Ouvi-la suspirar profundamente e disse:

– Bem, eu vou desligar.

– Okay, beijos – ela falou desligando. Encostei no sofá e perguntei a Zach, que prestava atenção no filme que passava na televisão:

– O chocolate quente está muito bom – ele falou simplesmente.

– Obrigada.

Ele pigarreou e passou a mão pelos cabelos castanhos, parecia nervoso. Eu apenas prestava atenção na televisão, enquanto ele encarava sua xícara como se tal ato fosse a coisa mais interessante do mundo.

Suspirei profundamente e continuei bebendo meu chocolate. O silêncio estava me incomodando um pouco, porém não ousei abrir a boca para dizer nada.

Assustei-me ao ouvir o som de um trovão do lado de fora da casa. Zach me encarou rindo, o que me deixou irritada:

– Está rindo do quê?

– Nada – ele disse depois de finalmente conseguir parar. Revirei os olhos e cruzei os braços irritada. Como alguém podia ser tão irritante? Mordi o lábio inferior e comecei a bater o pé contra o chão, fazendo um barulho que irritava até a mim mesma.

– As suas amigas morar aqui também? – Ele questionou parecendo curioso.

– Sim, elas morar comigo – falei simplesmente. Conversar com um astro famoso da música pop não era exatamente algo com que eu estivesse acostumada. Ele sorriu para mim e manteve-se em silêncio.

– Eu posso trocar de canal? – Ele questionou me encarando. Simplesmente assenti e ele trocou para a MTV, onde agora tocava a minha música predileta, Never Say Never.

– Gosta dessa música?

– Sim, é uma das minhas prediletas – falei sorrindo. Ele mordeu o lábio inferior, parecendo não ter certeza sobre alguma coisa. Eu brincava com meus dedos incessantemente, me sentindo estranha com toda aquela situação.

Zach Melck estava na minha casa, me encarando com uma expressão incerta, enquanto minha música predileta tocava na televisão. Quais são as chances disso acontecer? Perguntei-me cogitando a possibilidade de estar ficando louca.

– Valerie... – ele murmurou encarando-me sério.

– Diga – sussurrei nervosa.

– Você quer sair comigo?