"If I can see it, then I can do it

If I just believe it, there's nothing to it"

– Cody Simpson

Eu só podia estar drogada, mas muito drogada mesmo. Ou talvez com sono e não sabendo direito o que estava falando.

Como assim eu havia aceitado sair com ele? Eu só podia estar perdendo a sanidade!

Depois de longos, eternos e irritantes minutos a tempestade parou e Zach disse que iria arrumar algum jeito para voltar para onde estava se hospedando, pois já estava abusando da minha hospitalidade. E não discordo muito dele.

– Te pego às oito, pode ser? – um sorriso sapeca estava entalhado no rosto do astropop. Aquele sorriso estava começando a me dar nos nervos já e eu desejava bater minha cabeça na quina da mesa, para tentar saber de onde eu tirei para conseguir falar sim para o pedido dele.

Arrumei toda a sala, tirando os cobertores e as xícaras do meio e subi para o quarto, desejando minha cama mais do que qualquer coisa no planeta, mas assim que me joguei no colchão fofo, e afundei meu rosto no travesseiro ouvi a voz de Juliet no andar inferior. Rangi os dentes e me levantei da cama, arrastando os pés até a porta, para responder aos berros a minha amiga:

– O que? – disse me apoiando no batente da porta.

– A Gabi falou que vai demorar para chegar hoje, ela disse que tem reunião na loja ou alguma coisa assim com os funcionários – Juliet gritou de volta e eu rolei os olhos como se aquela informação fosse mudar a minha vida – Quer pedir comida chinesa?

Assim que ela perguntou aquilo senti minha garganta se fechar, meu estomago se embrulhar e minha mente girar, como se eu estivesse em uma montanha russa. Engoli em seco e tentei arrumar as palavras certas para usar com Juliet, para que ela não surtasse ao souber que iria jantar fora, com um dos integrantes da sua banda favorita.

– Então, Jul – comecei falar e finalmente sai do quarto, me arrastando até a ponta da escada, onde a morena estava, segurando os sapatos, só que no primeiro andar da casa – Eu não vou jantar em casa.

Mordi fortemente meu lábio e vi a sobrancelha bem feita de Juliet se arquear tão alto, quase tocando seu coro cabeludo. Ela soltou os sapatos no chão e cruzou os braços. Eu estava ali a pouco tempo, tempo curto demais para conhecer alguém e aceitar sair com essa pessoa, mas quando se trata de mim, nada é estranho demais.

– Como assim, não vai? – ela perguntou agora franzindo o cenho, como se ela fosse minha mãe e estivesse me dando uma bronca, se bem que a minha mãe não iria fazer aquilo daquela forma e sim quase me esfolar viva.

– Vou jantar com alguém, em algum restaurante, às oito horas – disse mordendo fortemente meu lábio, arrancando de tempo em tempo uma fina pelinha da minha boca.

– Que alguém, Valerie? – Julie disse agora séria, mais do que antes, e vi que realmente não teria saída a não ser contar para a morena onde e com quem iria.

– Zach me chamou para sair e eu aceitei – abaixei os ombros e suspirei alto. A única coisa que eu vi fora um vulto castanho correr a escada até mim e me agarrar como se eu fosse uma boneca de ultima linha tão sonhada por uma criança de cinco anos.

– Tá falando sério? – ela disse me apertando entre seus braços, e eu pude jurar que senti minhas costas estralarem, ou seriam os braços dela?

– Por que mentiria sobre isso? É desgraça demais pra uma pessoa só – disse e senti os olhos furiosos de Juliet encima de mim por falar aquilo.

– Vou te arrumar, você vai ficar linda! – ela disse animada me puxando para dentro do quarto. Não eram nem quatro horas da tarde e Zach só iria me buscar às oito. Por que ela quer que eu me arrume agora?

– Mas está cedo – tentei argumentar contra, mas Juliet simplesmente me empurrou para dentro do banheiro e me obrigou a tomar outro banho, mas agora bem mais demorado do que o primeiro, pois toda vez que eu desligava a torneira do chuveiro Juliet gritava para mim ficar mais alguns minutos, passando cremes no corpo e cabelo.

Quando finalmente eu saí do banheiro Juliet me empurrou para dentro do quarto, onde quase cai nos meus próprios pés, mas a morena segurou meu braço me reerguendo.

– Não vá cair, você tem que estar intacta – ela disse como se eu fosse realmente uma boneca.

– Juliet, por que está fazendo isso? – perguntei me sentando na cama e vendo a minha amiga retirando todas minhas roupas do armário, que eu mal havia arrumado direito.

– Procurando uma roupa bonita para você usar – ela disse revirando os olhos – Você sabe aonde ele vai te levar?

– Não faço a mínima ideia.

Juliet rugiu como se fosse obrigação minha saber onde ele iria me levar e eu simplesmente rolei os olhos, pegando o secador de dentro da gaveta e começando a secar meu cabelo. Não gostava de fazer tal, mas não estava afim de pegar um resfriado.

A morena começou a colocar algumas peças de roupas encima da minha cama e eu apenas observava-a enquanto secava meu cabelo.

– Você vai passar maquiagem dessa vez? – Juliet perguntou esperançosa e como resposta eu ri gostosamente. Era obvio que não, nunca passei maquiagem e não será agora, por causa de um garoto insuportável que irei passar.

Juliet revirou os olhos e voltou a se concentrar nas minhas roupas. Depois de secar meu cabelo passei lápis preto nos olhos e fiquei esperando a menina terminar de arrumar meu guarda roupa, depois de tirar todas minhas roupas de dentro dele.

– São essas suas opções – ela disse sorridente com seu bom trabalho. Eu até sorri para ela orgulhosa por ela ter sido prestativa comigo, mas depois ao pensar para que eu teria de usar aquela roupa meu sorriso sumiu.

Comecei a vestir cada roupa de uma vez, e cada vez que Juliet fazia uma careta eu tirava as peças e colocava outra.

Quando eram sete e meia eu ainda estava provando peças e mais peças de roupas, agora não apenas minhas, mas dela e de Gabriela também, que já havia chegado e já havia surtado muito mais do que Juliet.

– Adorei! – a baixinha disse batendo palma ao me ver de saia. Eu arqueei as sobrancelhas. Não me importava com a saia, mas não queria morrer de tanto espirrar.

– Sério? – questionei e ela simplesmente fez um bico. Juliet me entregou uma meia calça grossa e preta, um short jeans e uma blusa de manga longa preta com a parte do busto meio transparente. Vesti-me rapidamente e vi os olhos das minhas amigas brilharem.

Olhei-me no espelho e gostei do que vi. Realmente havia ficado bonita aquela roupa em mim. Gabi me entregou uma toca de lã preta, que encaixei na minha cabeça e Juliet me deu um sobretudo também preto com seus botões prateados.

Minutos depois de ter me arrumado ouvi a campainha soar pela casa. Meu estomago se contraiu e vi as minhas duas amigas darem um “pequeno” surto. Tive de eu ir atender a porta, enquanto as duas arrumavam o quarto e falavam alto sobre mim.

Quando abri a porta Zach estava parado, observando a rua, como se ela fosse a rua mais bonita que o mesmo já viu. Tive de cutucar seu ombro para que o mesmo notasse que eu já estava ali.

Assim que ele se virou totalmente para me encarar vi seu queixo cair e seus olhos brilharem.

– Vamos indo? – perguntei sorrindo tímida me sentindo uma idiota.

– Você está linda – ele disse e eu senti minhas bochechas esquentarem. Tive de abaixar o rosto para tentar esconder minhas malditas bochechas dos olhos castanhos de Zach.

– Obrigada – disse agradecendo mentalmente por não gaguejar.

Fechei a porta de casa e acompanhei-o até seu carro, que estava estacionado na frente de casa. Ele abriu a porta do lado do motorista para que eu pudesse entrar e a fechou quando eu já estava dentro do carro.

Eu tive de piscar algumas milhares de vezes para ter a fixa caída de que eu realmente estava saindo com Zach Melck.