"Kiss me like you wanna be loved

You wanna be loved, you wanna be loved

This feels like falling in love

Falling in love, we're falling in love"

– Ed Sheeran

Eu estou apaixonado por você, Val.A voz dele dizendo aquilo não saia de minha cabeça. Respirei fundo, mas parecia que tal ato era inútil, pois o ar a minha volta continuava rarefeito.

Mordi o lábio inferior ao perceber que, sem sombra de dúvidas, a recíproca era verdadeira. Mas como eu poderia admitir? Como dizer, em voz alta, tudo o que eu sentia por ele?

Às vezes, eu o odiava por quase um segundo, mas então, a paixão transbordava em meu peito, e não me deixava mais. Queria estar com ele. A mera ideia fazia meu coração acelerar.

O gosto dos lábios dele... Seu sorriso fácil. Seu olhar carinhoso... Tudo que já não me deixava em paz. Eu estava presa àquilo. Levantei, sem sequer pensar direito, e peguei minhas coisas, decidida a resolver aquilo de uma vez por todas.

O caminho até a casa de Nathan foi rápido. As estrelas brilhavam no Céu, enquanto as grandes e frondosas árvores mostravam sua imponência do lado de fora do carro.

Eu estava farta de me esconder... Era inútil. Quanto mais eu negava, mais aquele sentimento se apossava de mim, e agora, era hora de dar um basta em toda a negação. De nada adiantaria, no final, porque minha estrada e de Zach pareciam sempre se cruzar, chocando-se, tornando-se algo único.

Estacionei em frente à casa e saí rapidamente, sentindo o vento gélido bater contra meu corpo. Estremeci e bati na porta. Todo meu fôlego sumiu diante da imagem de Zach, que sorria. Não conseguia mais parar de olha-lo.

— Valerie - todo meu vocabulário sumiu quando o ouvi pronunciar meu nome. Um arrepio percorreu meu corpo e eu quase me joguei em cima dele. Respirei fundo, e disse, tentando, em vão, parecer calma:

— Eu preciso falar com você - pedi. Ele abriu espaço para que eu entrasse, e foi o que fiz. Respirei fundo, enquanto ele fechava a porta, e disse, fechando os olhos:

— Zach eu... Eu estou apaixonada por você - mais murmurei do que falei. Não tinha tanta certeza de que ele escutara. Eu jamais havia dito tais palavras para ninguém. Não queria sair machucada. Mas ele parecia ser uma exceção a todas as minhas regras.

Senti o mundo a minha volta congelar diante do sorriso mais bonito que já vi em toda minha vida. Meu coração praticamente parou, e eu ofeguei, em busca de ar. Ele se aproximou, e afagou meu rosto.

Como uma carícia suave, ele selou nossos lábios delicadamente. Era incrível como um simples dele era capaz de me enlouquecer. Meu corpo parecia agir sozinho, enquanto nossas línguas travavam uma batalha sem vencedores. Meu coração tamborilava loucamente dentro de meu peito, enquanto meu oxigênio tornava-se cada vez mais rarefeito.

Nos separamos ofegantes e sorri ao notar a forma como ele me olhava. Zach suspirou e disse, encostando nossas testas:

— Você não faz ideia do quanto esperei por isso - admitiu sussurrando. Senti meus pelos eriçarem e o abracei com força.

— Você não precisa mais esperar - falei abrindo um sorriso torto. Separei-me dele a contragosto e disse: — Preciso ir agora, as meninas irão ficar preocupadas - disse lembrando de Juliet e Gabi. Ele suspirou:

— O que vocês irão fazer no Natal? - Ele perguntou parecendo bastante interessado em minha resposta. Pensei um pouco e disse, dando de ombros:

— Nada, porquê?

— O que você acha de ir passar o Natal comigo e com os meninos na casa de campo do Nathan? - Arqueei uma sobrancelha, pensando na proposta. Ficar pertinho dele e ainda por cima em uma casa de campo? Porque raios ainda não aceitei?

— É claro que eu quero! - Falei sorrindo. — Vou avisar as meninas.

— Excelente, nós vamos na terça e voltamos no sábado - ele disse sorrindo. Fiz uma nota mental para que não esquecesse os dias, já que teria que pedir uma semana de folga para Richard.

Ainda faltavam duas semanas para o Natal, mas eu mal podia contar os minutos. Queria viajar o quanto antes! Nunca fiquei tão animada para uma viagem quanto estava para aquela.

Tentei, em vão, me despedir de Zach. Mas ele sempre me puxava para um beijo, pedindo para que eu não fosse tão cedo. Mas depois de muita insistência, consegui ir embora.

Quando cheguei em casa, minhas duas amigas estavam assistindo Titanic pela nonagésima vez. Eu praticamente sabia as falas de cor, mas por mais que soubesse todo o roteiro de traz para frente, aquele filme ainda me fazia chorar.

O filme estava em sua parte crítica, onde Jack morria. Ri ao ver Gabi se debulhando em lágrimas e sentei ao lado das minhas amigas, que pareciam nem ter notado minha presença.

Depois que o filme acabar, assim como os lenços de papel, finalmente senti que tinha a atenção delas.

— Meninas, eu tenho algo muito importante para contar - falei respirando fundo ao ver a expressão de expectativa das duas. — Eu e Zach estamos juntos - falei rapidamente.

1... 2...3! Assustei-me ao ouvir os berros de Juliet e Gabriela, que pareciam duas loucas. Gabi pulava no sofá, batendo palminhas, e Juliet me abraçava com toda sua força. Depois do pequeno surto delas, pude explicar com todos os detalhes o que acontecera naquele dia.

Após terminar, recebi as congratulações de ambas e subi as escadas praticamente me arrastando. Entrei em meu quarto e me joguei na cama, sentindo um sorriso bobo formar-se em meus lábios.

Meu coração batia loucamente, e minha mente era habitada por apenas um nome... Um rosto. Era como se tivessem jogado um feitiço sobre mim, e agora eu já não podia, nem queria quebrá-lo.

Assustei-me ao ouvir o som de meu celular avisando sobre uma nova mensagem, e eu o peguei às pressas, quase o deixando cair no chão de madeira.

Sorri ao ver uma nova mensagem de Zach. Ele estava me desejando boa noite, como sempre. Respondi rapidamente e deitei. Mas eu simplesmente não conseguia dormir. Minha mente funcionava rapidamente, fazendo-me indagar o que ele estaria fazendo. Se ele estaria lembrando de mim, pensando em mim...

O tempo foi passando, e eu finalmente cedi ao sono...

Os dias passaram rapidamente, assim como as duas semanas que antecediam o Natal. E nesse momento, eu estava dentro de uma vã com duas meninas tagarelas e cinco meninos que não batiam muito bem da cabeça.

Eu e Zach estávamos sentados um ao lado do outro, nossas mãos entrelaçadas enquanto a neve caía lentamente do lado de fora do carro. Olhei para o rapaz ao meu lado, e corei ao vê-lo sorrir para mim. Eu parecia uma boba apaixonada. Mas não conseguia evitar.

— Você fica ainda mais bonita quando cora - ele comentou afagando a maça de meu rosto. Corei ainda mais, fazendo-o rir. Revirei os olhos e olhei para frente novamente.

Eu não fazia ideia de para onde estávamos indo, mas pelo o que as meninas me disseram, era uma região da Irlanda onde se encontravam as paisagens mais bonitas. Eu mal podia esperar para vê-las ao vivo e à cores!

Depois de três horas de viagem, finalmente chegamos a Moher. Fiquei estarrecida a ver a tal casa de campo de Nathan. O que eles chamavam de casa, era na verdade um palacete de dois andares com uma grande varanda no andar de cima, no que aparentava ser o cômodo central da casa.

Retiramos nossas malas e cada qual escolheu qual seria seu quarto. Fiquei com um quarto menor, mas no qual eu me sentiria confortável. Eu não acreditava que o primeiro Natal que eu iria passar na Irlanda iria ser na companhia de um astro internacional.

Olhei para o relógio e me assustei ao ver que já eram cinco da tarde. Eu sabia que os meninos nos levariam para algum lugar, só não sabia qual, ainda. Peguei minhas coisas e decidi tomar banho.

Lavei bem meus cabelos, passei um hidratante, e sequei. Agora hidratados, meus cabelos tinham um aspecto diferente. Coloquei uma blusa preta, e por cima um casaco comprido branco. Coloquei um cachecol preto e uma calça jeans escura. Escolhi minha melhor bota de cano alto e calcei. Olhei-me no espelho e bufei ao notar que estava com olheiras.

Passei uma base para esconder as olheiras, e depois, passei rímel, uma sombra clara, e um batom rosa. Arrumei meus cabelos e assustei-me ao ver que fiquei mais de uma hora me arrumando. Eu nunca demorei tanto em toda minha vida!

Desci as escadas e sorri ao ver que a mesa do jantar já estava sendo colocada. Comemos conversando sobre coisas comuns e finalmente fomos para o lugar que Zach jurou de pé junto que era lindo.

Não demorou muito para chegarmos, mas fiquei boquiaberta ao ver Ed Sheeran bem diante de meus olhos. Eu não sabia o que fazer, e tive a leve impressão de que ia desmaiar, mas era só uma impressão.

— Ed, essa é Valerie - Zach disse como se fosse a coisa mais normal do mundo.

— Oi, tudo bem? - Ele perguntou sorrindo para mim. Assenti, quase que mecanicamente, e disse, com a voz trêmula:

— Prazer - notei que minhas amigas tiveram praticamente a mesma reação que eu ao vê-lo ali, em carne e osso.

Havia uma fogueira e dois bancos para cinco pessoas. Nos sentamos e Ed começou a tocar Kiss Me, minha música predileta dele. Sua voz era suave como veludo. Estremeci ao ouvir Zach sussurrar, ao pé do meu ouvido:

— Quer dançar comigo? - Eu apenas assenti, emudecida, fazendo-o rir. Aquela risada era a mais adorável que eu já havia ouvido em minha vida. Ele levantou-se, e estendeu a mão, que eu segurei sem hesitação.

Estar tão perto dele assim era como... Ah, nem há palavras para descrever a sensação. Apoiei minha cabeça no ombro dele, enquanto meu coração batia descompassado. Eu me sentia completamente envolvida e apaixonada por ele. Sentia-me segura em seus braços, como se eles fossem o lugar certo para eu estar. O odor dele me inebriava, assim como senti-lo tão perto de mim.

Fechei os olhos, deixando-me guiar por ele. Quando a música acabou, nos separamos relutantes, e ele puxou-me para longe do grupo. Fomos andando em direção a algum lugar desconhecido.

— Para onde estamos indo? - Perguntei curiosa. Ele sorriu e eu arregalei os olhos diante da imagem mais linda que vi em minha vida. Estamos diante de uma sucessão de penhascos e ao longe, era possível ver o mar.

— O que você achou? - Ele perguntou me abraçando por trás. Sorri e disse, fechando os olhos diante daquela proximidade:

— É simplesmente lindo - disse mordendo o lábio inferior ao senti-lo se separando de mim. Meu coração, corpo e mente protestaram, mas permaneci em silêncio. Sorri ao ver que no Céu, a Lua Cheia brilhava, e, abaixo de nós, as águas límpidas refletiam seu brilho.

Ele me puxou para perto, enquanto o vento gélido batia contra meu corpo e a neve caía sobre meus cabelos, formando uma penugem branca sobre o chão.

— Val - ele murmurou delicadamente. — Eu nunca senti por ninguém o que eu sinto por você... Quando estou com você é como se as coisas ganhassem um novo sentido - ele disse com um sorriso torto. Notei que ele retirou algo do bolso da jaqueta preta que usava, mas eu não soube dizer o que era: — E é por isso que eu preciso saber - ele parou novamente e disse, com um sorriso: — Você quer namorar comigo? - E então, senti como se o mundo tivesse parado.

Eu mal conseguia racionar. Meu coração parecia que ia parar de bater a qualquer instante. Zach me olhava com expectativa, mas eu simplesmente não conseguia falar. Era como se eu tivesse esquecido aquela pequena palavrinha com três letras. Contei até dez mentalmente e disse, com a voz ainda trêmula:

— Sim... É claro que sim! - Eu disse me jogando em cima dele. Abraçando-o pelo pescoço. Ele me abraçou também, mas depois de um tempo, nos separamos. Ele abriu a caixinha e sorri boba ao ver nossas alianças. Ambas as alianças eram prateadas e um pouco grossas.

Ele pegou a aliança e colocou em meu dedo, fazendo-me sorrir. Nem havia palavras para descrever a alegria que eu estava sentindo naquele momento. Eu poderia sair gritando e saltitando por aí de tanta felicidade. Peguei a outra aliança e coloquei no dedo dele, que apenas me puxou para um beijo desesperado. Nossas línguas travavam uma batalha sem vencedores, enquanto meu corpo exigia mais proximidade com o dele.

Minhas mãos subiram pela coluna dele, e se embrenharam em seus cabelos. Ele me puxou para mais perto, fazendo-me sentir uma corrente elétrica percorrendo meu corpo. O beijo se tornava cada vez mais urgente, e ele tentava me puxar para mais perto ainda, se é que aquilo era possível.

Nos separamos ofegantes e ele afagou meu rosto com cuidado, como se eu fosse quebradiça. Estremeci de frio e ele disse, puxando-me de volta para a fogueira:

— Vamos, não quero que você pegue um resfriado - caminhamos de mãos dadas para a fogueira a sentamos em nossos devidos lugares. Não iria contar para as meninas sobre o pedido naquele momento, preferia esperar até amanhã...

Ed estava conversando com o pessoal, enquanto eu e Zach apenas ficamos em silêncio. Ele se moveu ao meu lado e pegou um isqueiro. Franzi o cenho ao vê-lo abrindo uma caixa de cigarro e acendê-lo, pondo-o na boca em seguida.

Ele fuma? Por essa eu não esperava. Ele tragou e eu observei a fumaça se espalhar pelo ar. O odor fétido do cigarro invadiu todo o espaço a nossa volta e eu me afastei dele, tentando não ficar com aquele cheiro horrível. Ele me olhou confuso ao perceber que havia me distanciado dele e perguntou, tirando o cigarro da boca:

— Porque se afastou?

— Odeio cheiro de cigarro - respondi honestamente. Não havia gostado nem um pouco de saber que ele fumava. Aquilo iria destruir os pulmões dele sem sombra de dúvidas! — Quanto você fuma? - Perguntei verdadeiramente preocupada. Ele respirou fundo e disse:

— No máximo três cigarros... Eu estou tentando parar, eu juro! - Ele disse jogando o cigarro no chão e pisando no mesmo. Ele tentou se aproximar, mas eu me afastei mais e disse:

— Promete que vai tentar parar? - Perguntei o olhando seriamente. Não queria o ver sofrendo depois. Não queria vê-lo perdendo a voz, e consequentemente, a carreira que ele parecia amar.

— Eu prometo! E também prometo que não vou mais fumar na sua frente - ele disse arrumando uma das mechas de meu cabelo...