"And I don't want the world to see me

'Cause I don't think that they'd understand

When everything's made to be broken

I just want you to know who I am"

– Goo Goo Dolls

Nós ficamos o restante do dia juntas no sofá assistindo filme, o que foi super legal, pois naqueles últimos dias nós sempre nos desencontrávamos. Juliet se trancava em seu próprio mundinho no celular conversando por mensagem com Liam, Gabriela chegava tarde do trabalho e ou vivia tentando fazer coisas novas na cozinha, o que estava me deixando preocupada. Talvez ela estava levando a sério demais o velho ditado de que se conquista um homem pela barriga...

Aos poucos as duas foram se despedindo e subindo para o quarto para dormir, e eu fiquei sozinha na sala de estar escura pensando na vida e em tudo que havia acontecido. Senti meu celular vibrar e ao olhar na tela do mesmo senti meu rosto se abrir em um sorriso.

Zach havia me mandado uma mensagem de boa noite e rapidamente respondi-a. Eu me sentia uma adolescente de quinze anos, apaixonada mais uma vez pelo cara popular da escola, só que dessa vez, não era apenas a escola que o adorava, mas sim toda a população feminina.

E então como se não bastasse eu responder a mensagem, me deu uma louca vontade de ligar para ele e ouvir sua voz. Me encolhi no sofá e disquei o numero dele em meu celular. Quando ele atendeu com uma voz embriagada de sono meu coração parou de bater. Só de imaginar de estar perto dele quando ele estivesse com sono meu corpo entrou em combustão.

– Desculpa ligar... São quase meia noite, vá dormir - disse mordendo fortemente meu lábio inferior e me encolhendo ainda mais no sofá, desejando que o mesmo me engolisse.

– Está tudo bem - ele bocejou e eu senti mais uma vez meu coração parar de bater - Aconteceu alguma coisa? Está tudo bem com você? - ele perguntou preocupado e eu sorri ao notar seu tom de voz.

– Sim está sim, só queria ouvir sua voz - disse sentindo minhas bochechas esquentarem.

Uma risada rouca ecoou pelo telefone e eu quis morrer. Como ele conseguia fazer aquilo comigo?

Ficamos conversando durante toda a madrugada até finalmente Zach dormir, mesmo comigo ainda na linha. Resolvi não desligar a chamada e ficar ouvindo sua respiração. Aquilo me parecia ser estranhamente errado, mas eu não conseguia desligar, simplesmente não conseguia.

Olhei para o relógio digital ao lado da televisão e ele marcava quatro e meia da manhã. Suspirei pesadamente sabendo que o dia seguinte iria ser péssimo, pois não iria dormir nada e teria que trabalhar muito.

Subi as escadas e entrei no quarto. As minhas duas amigas estavam em um sono profundo o que me tranquilizou, pois meu falatório no andar de baixo não havia acordado ninguém. Me deitei e olhei para a tela do celular, onde piscava o nome de Zach e mostrava que a ligação ainda não havia sido finalizada. Respirei fundo e finalmente desliguei o celular fechando os olhos e relaxando o corpo.

Quando finalmente peguei no sono fui acordada pelo despertador do celular de Juliet, que saiu derrubando varias coisas pelo quarto, apenas fazendo ainda mais barulho. Me sentei na cama e cocei os olhos sentindo-me cansada ao extremo. Mordisquei o lábio e me levantei indo para o banheiro.

Não estava tão péssima quanto eu imaginava. Fiz minha higiene matinal e para esconder as leves olheiras que haviam se formado peguei um pouco de maquiagem da Gabi, passando base da cor da pele e um pouco de rímel e lápis. Voltei para o quarto e as duas garotas já não estavam mais lá. Coloquei uma calça legging cinza, uma blusa branca de estampa de tigre, um sueter cinza claro e peguei meu sobretudo. Nos pés calcei uma bota preta. Desci para o primeiro andar onde as duas meninas tomavam café calmamente. Cumprimentei cada uma e peguei uma fruta de cima da bancada.

– Não quer café? - Gabi disse bebendo da pequena xícara rosa.

Dei de ombros e mordi mais uma vez a maça olhando para a janela. Estava um dia cinzento, frio e estranho. Terminei de comer a fruta e bebi um gole do café de tanta insistência de Gabi.

Fui andando para o trabalho e ao chegar lá vi que Richard e mais outro garoto novo estava lá. Meu chefe me explicou quem aquele garoto era e o que estava fazendo ali. Disse ser seu sobrinho e que iria trabalhar na parte financeira da loja durante duas semanas, até ele conseguir achar alguém permanente.

O dia se passou rápido, com o movimento de sempre e uma grande quantidade de meninas que aparecia lá só para ter certeza de que ninguém da banda estaria ali tomando um café.

Estava servindo uma mesa de quatro pessoas quando uma garota esbarrou em mim, deixando quase a bandeja inteira cair sobre mim e as pessoas que eu servia. Olhei para a garota com uma das sobrancelhas arqueadas e vi que ela me encarava de cara amarrada.

– Posso ajudar? - perguntei finalmente terminando de colocar as coisas sobre a mesa do grupo. Ela colocou as mãos sobre a cintura e balançou a cabeça negativamente, como se eu soubesse do que ela estava falando.

– Você nem é tão bonita assim, o que ele viu em você? - ela perguntou e eu fiquei ainda mais com cara de interrogação. Do que aquela garota estava falando?

– Desculpe, o que disse? - perguntei abraçando a bandeja contra meu peito.

– Muito espertinha você, não é tão velha assim para dar um golpe tão grande, podia achar alguém que ame de verdade, mas prefere ser interesseira e ir atrás de quem tem dinheiro... Pobre Zach - a menina disse ainda balançando a cabeça negativamente. Arregalei os olhos ao ouvir aquilo saindo da boca de uma menina que eu nunca havia conhecido na vida. Como assim ela me achava interesseira? Eu nem queria conhecer ele por inicio de conversa!

E do mesmo jeito que apareceu foi embora, quase levando meu ombro junto com ela. Respirei fundo e voltei para trás do balcão.

Aquelas palavras não sairão da minha cabeça pelo restante do dia. Será que Zach me achava interesseira? Eu não conseguia parar de imaginar o que os outros pensavam. Parecia que todos me olhavam com receio nos olhos, com medo de se aproximar, como se eles fossem a minha próxima vitima.

Mordi fortemente meu lábio segurando a vontade de chorar. Eu precisava esclarecer aquilo à ele!

Quando Richard finalmente me deixou ir para casa peguei meu sobretudo e sai correndo da loja, indo direto para a casa de Nathan, mesmo sem saber direito onde era. Já tinha ouvido falar em uma conversa das meninas onde era a casa dele, e com sorte consegui chegar na casa do irlandês sã e salva. Ou quase isso.

Bati freneticamente na porta da casa esperando que alguém abrisse-a e depois de umas cinco batidas finalmente a porta se abriu. Nathan estava com uma cara de sono, com os olhos vermelhos e o rosto amassado.

– Nathan, o Zach está? - disse desesperada. O loiro coçou os olhos parecendo tentar me olha melhor. E então Zach apareceu atrás do loiro com os olhos arregalados.

– O que faz aqui? - pergunto eu o moreno e Nathan bocejou e saiu do meio de nós entrando na casa.

– Eu queria te dizer que eu não sou interesseira, eu nunca pensei no seu dinheiro eu não sei por quê estão falando essas coisas - eu disse gesticulando com as mãos.

– Ei, calma, eu sei disso - ele disse colocando as mãos sobre meus ombros e me segurando, tentando olhar em meus olhos.

Mordi fortemente meu lábio e olhei em seus olhos tão escuros e penetrantes.

– Eu estou apaixonado por você Valerie - ele simplesmente disse, jogou aquelas palavras no meu colo em um momento em que eu estava desesperada e o que aconteceu? Eu simplesmente fiquei mais desesperada, eu não sabia o que falar.

Então meu celular começou a vibrar dentro do bolso do sobretudo. Fechei os olhos fortemente e tirei o aparelho de dentro do bolso a voz de Juliet ecoou em meus ouvidos e ela pedia encarecidamente para eu ir para casa, pois Gabriela estava quase colocando fogo na casa.

– Eu... Eu preciso ir, me liga mais tarde - disse começando a correr, o que deixou Zach ainda mais confuso, com o cenho franzido e parado na porta da casa de Nathan.

Demorei meia hora para chegar em casa. Meus pés estavam me matando e eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser no que Zach havia dito. Me joguei no sofá e Juliet começou a falar sem parar, mas eu não conseguia escutar nada. Suspirei e fechei os olhos, recusando qualquer tipo de comida que elas me ofereciam.