Condenados escrita por Lilian Smith


Capítulo 18
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Ok, podem formar uma fila para um por vez começarem a me estrangular. Eu ajudo! Gente mil desculpas!!! Sério, eu estou postando nos últimos minutos do segundo tempo com o juiz já pegando o apito para dar o fim de setembro! Sinto muito mesmo! E também peço desculpas pelo capítulo meio incompleto. Eu planejava muito mais, mas muito coisa deu errado. Tive que organizar uma peça na escola, trabalho atrás de trabalho, eu andava muito cansada. Era dormir, estudar, dormir, estudar.
Mas como vocês estão? O sangue do Olimpo tá chegando! Ansiosos? ( eu peguei spoiler a uns cinco minutos. Só mandando pro Tártaro os americanos que estão fazendo isso).



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Às vezes não enxergar nada tinha suas vantagens. Por exemplo, naquele exato momento, Percy não sentia falta da sua visão. Pelo cheiro que o lugar para onde os guardas o levaram exalava, o cenário não era muito agradável. Era uma combinação de sangue, comida estragada e esgoto. E olha que o garoto há muito tempo não sentia de verdade o cheiro de um esgoto.

Fazia uns bons vinte minutos que os guardas o abandonaram na sala. Ele sabia que era uma sala, por que ouviu o som da porta se fechando quando foi empurrado para dentro dela. Desconfortável após ficar parado no mesmo lugar por uns cinco minutos, ele se esgueirou com cuidado para frente, mas parou logo em seguida quando pisou em cima de algo muito suspeito.

Percy agora pensava em Nico e Bianca. Fazia uma ideia de como estava sendo complicado para os dois assistirem aquilo. Afinal, eles estariam no lugar de Margareth e Daniel em breve. Ele próprio se sentia péssimo. Considerava os dois irmãos, seus irmãos. Amava-os de uma forma tão grande e intensa, que achava que a simples ideia de perder um deles, seria como se tivesse arrancado suas pernas. Ele não saberia o que fazer, assim como não sabia agora. Não conseguia se imaginar sem Nico e Bianca por perto. A ideia não tinha lógica.

Mas já tinha se sentido assim em relação a Luke. Que durante um bom tempo, foi seu melhor amigo e o equivalente ao que Nico e Bianca eram agora. Um irmão. Alguém para cuidar do pobre e recém-chegado Percy. Mas... De um dia para o outro muita coisa mudou. Percy não se lembrava de ter esquecido Luke. O que é um pensamento bem estranho. Não se lembrou do garoto por tanto tempo, e em poucos dias era como se nada tivesse mudado para ele. Percy sentiu-se extremamente irritado consigo mesmo. Não sabia definir exatamente quando os problemas de memória, de concentração e de personalidade começaram para ele, mas era humilhante quando esquecia algo e lembrava em momentos aleatórios. Sua mente funcionava como um daqueles filmes antigos, que possuem fitas para serem rodados. O problema é que a maior parte do seu filme estava apagada ou em ordem alternada, e ele não tinha a mínima ideia do por que.

Percy queria lembrar-se do seu passado. As suas ultimas memórias antes do reformatório, eram péssimas. O dia do massacre na sua escola, seu padrasto gritando com ele e dizendo que ele era um monstro e que deveria ter abandonado ele em um orfanato, e o dia do julgamento. Percy não se lembrava da sua mãe. Nem sequer tinha uma noção de quem ela era. Suas memórias se perdiam no dia do massacre. Mas ele tinha a sensação de que desde antes daquele dia, ele não falava com ela. Por quê? Bem, essa pergunta ao que parece não possui resposta na vida dele.

O garoto suspirou irritado. Trouxeram-no para aquele lugar mal cheiroso, com a desculpa que de tinham uma cura, mas para apenas abandona-lo ali?

Que ótimo, ele pensou. E o pior era que nem sabia como voltar. Os guardas o arrastaram da arena até ali e ele não teve tempo de aprender nenhum caminho. Se pelo menos pudesse chamar a Bianca ou o Nico...

– Percy! – Uma voz ofegante soou atrás dele.

– Luke? – Percy perguntou surpreso. Luke havia avisado a Nico que queria conversar com ele, mas não apareceu e acabou que Percy foi para a arena logo. – O que você faz aqui?

– Você está bem? – Ele perguntou seu tom de voz urgente. Percy conseguia distinguir o sentimento de ansiedade e deu um passo para trás quando Luke praticamente se jogou em direção a ele, para verificar de perto a condição do garoto.

– Por que eu não estaria? – Ele perguntou confuso. – O que foi? O que aconteceu?

Passos soaram na mesma direção em que Luke havia chegado. Só então Percy se deu conta que a porta estava aberta. Agora ele desejava enxergar para poder ver o que estava acontecendo. Precisava ver a expressão das pessoas que chegavam.

– Perseu Jackson. – Uma voz grave e ao mesmo tempo sádica sobrepôs à respiração ofegante de Luke. Percy sentiu seu corpo arrepiar-se ao ouvi-la. Há quanto tempo não ouvia a voz daquele homem tão perto de si? Sempre era por uma tela de computador... A ultima vez que Percy o encontrou pessoalmente, foi no dia que ele o levou ao reformatório. – Que honra revê-lo pessoalmente, depois de tanto tempo.

– Lewis. – Percy falou, com desprezo. – Vou ser sincero e dizer que não desejava revê-lo pessoalmente. Estou quase agradecendo por estar cego.

Luke ficou a frente de Percy, numa atitude obviamente protetora. Percy não conseguia entender o porquê. Era o reformatório. Os guardas machucavam os condenados o tempo todo. Por que ele estava tão desesperado?

– Que mal educado é você. – Foi Mary quem falou. Percy reconheceu a voz irritante da mulher. – Logo hoje, que trouxemos a cura para a sua visão.

– Vocês prometeram que não fariam isso! – Luke gritou, enfurecido. Percy não estava gostando nem um pouco do rumo daquela conversa. – Nos pesquisamos tudo o que foi recomendado, mas eu não tinha ideia de qual era o objetivo!

– Cale-se seu imbecil. – A voz de Brady soou alta e clara na sala. - Ou deixe que eu fecho sua boca para você.

– Calma rapazes. – Lewis falou, falando como um palestrante. – Teoricamente, essa conversa só diz respeito ao Perseu. – Ouve um movimento e Percy soube de imediato que Lewis se aproximava dele e de Luke. Luke não se moveu. – Muito provavelmente, você não vai ter conhecimento nenhum sobre o que vamos lhe dizer, mas acredite. Você esta mais envolvido nisso do que pode imaginar.

“Quando você tinha doze anos, sua vida mudou por completo”. Mas você não tem ideia de que a mudança começou a mais tempo do que isso e não venha logo nos culpando. Quem começou a mudança, foi quem mais vai ser afetado por ela. Bom, mas voltando a você. Com toda a certeza você já percebeu que é bem diferente dos outros. Problemas de memória. Você divaga com mais facilidade. Perde-se muito fácil. Tem acessos a memórias estranhas. Conhecimentos e habilidades que nunca aprendeu que somem e voltam sem nenhum aviso. Sonhos mais intensos e diferentes dos outros...

– Como você... – Percy não conseguia formular frases que possuíssem sentido. Queria saber mais. Mas tinha medo do caminho que aquela explicação levava.

“... Bem... Eu sei disso por que eu acompanhei tudo isso. Mas você não lembra. Por que você não era bem... Você.”

Luke virou-se para Percy, e buscou algum sinal de que o garoto teria um surto. Mas para a sua surpresa Percy estava com a expressão bastante concentrada. Sinceramente era de dar medo.

– O que quer dizer? – Pela primeira vez, Luke ouviu uma voz que realmente colocava medo. Não apenas apreensão e susto. Mas medo. Nunca havia visto Percy falar ou se portar daquele jeito. A voz dele poderia facilmente ser a voz de uma cobra prestes a dar o bote. E ao mesmo tempo era tão... Percy. Sonhadora. E assustadora.

Lewis abriu um sorriso. Diversão era o que se lia em seu rosto. Luke sentiu vontade de vomitar.

– Com toda a certeza vocês já ouviram do grande assassinato de crianças e adolescentes e por vezes, adultos que estão ocorrendo atualmente. Ninguém sabe quem é. Quem foi. Se é só um ou um grupo todo. Se é o homem ou mulher. – Ele sorriu no meio da frase, saboreando o sabor de ter que pronuncia-la. – Pobres mortais. A resposta esteve o tempo todo bem aqui. Eu não menti para você Percy. Terá sua visão de volta. Terá a visão mais poderosa e cruel do mundo.

** ******

Se havia algo que irritava Poseidon mais que atendentes de telemarketing, era quando Zeus desmarcava algo no dia que era para acontecer. Isso só se unia a infinita lista de reclamação e magoas que o deus sentia pelo irmão.

Agora, andando pela Grande Avenida, ele tentava relaxar por pelo menos cinco minutos, pois caso contrario causaria um tsunami em algum lugar do mundo. Foi caminhando pela avenida, que ouviu uma noticia que o surpreendeu um pouco, vinda do celular de um mortal.

Mais um ataque misterioso aconteceu no dia de hoje. Cinco crianças do Colégio Elite foram encontradas mortas, com seus corpos despedaçados e com uma grande bagunça causada pelo criminoso, ou pelos criminosos. Os pais estão mais que desesperados. Muitos estão tirando seus filhos das escolas ou impedindo eles de frequenta-las. Ontem, uma manifestação ocorreu às portas da delegacia. Pessoas exigem que a CIA se envolva no caso...”.

– Estranho encontrar você por aqui. – Uma voz falou, ao seu lado, desligando Poseidon completamente do que a reportagem falava. O deus virou-se e deu de cara com uma mulher de lábios desdenhosos, sorriso provocador e uma beleza extremamente sedutora. Sentiu seu coração saltar ao deparar-se com uma beleza tão singular. Esqueceu completamente sobre seus pensamentos a despeito do caso de morte. – Não deveria estar cuidando dos mares ou algo assim?

Poseidon estreitou os olhos. Era evidente que ela sabia quem ele era. Mas quem era ela? Ele sentiu que tinha grandes chances de conhecê-la, mas sua memória não se recordava da imagem dela.

– Você é...? – Ele arriscou. Ela não parecia humana. Nem deusa. Nem monstro. O que ela era?

– Me chame de Gabriele. –Ela respondeu, em uma voz meio rouca que claramente expressa uma chamada mais sensual. – Não precisa saber o que eu sou. Não sou sua inimiga, isso basta.

Poseidon sorriu para ela. Não se sentia ameaçado.

– Quer tratar de algum assunto comigo? – Ele perguntou, tentando manter a voz o mais profissional possível. Havia jurado a sua esposa que deixaria de trair ela por aí com outras pessoas.

Os olhos brilhantes de malicia escureceram. Era claro que o assunto era serio e provavelmente desagradável.

– Sim. – Ela respondeu, e olhou para um café que dava para ver na esquina de uma rua. – Quero falar sobre Zeus. – ela olhou para ele sobre os ombros, e lançou um olhar que misturava um pedido de desculpas a uma expectativa de agradecimento. – E sobre seu filho. Percy Jackson.

Poseidon não soube exatamente em quanto tempo chegou à cafeteria. Apenas de repente estava sentado na mesa do estabelecimento, com Gabriele a sua frente e uma xícara de café nas mãos. Olhava para ela ansioso. Qualquer novidade sobre seu filho era necessária.

Mais do que raiva pelo desaparecimento dele, Poseidon sentia culpa. Culpa por não ter se dedicado a ele, por medo de atrair os olhos dos outros deuses para a criança. Culpa por ter abandonado Sally. Culpa por não ter percebido antes que algo estava errado.

Gabriele parecia perceber como ele sentia. A mulher esticou a mão sobre a mesa e tocou a mão de Poseidon, num gesto de consolo. O bolo de morango que ela pediu foi servido, e Poseidon sentia seu coração sapatear no peito, esperando pelo inicio da conversa sobre o assunto.

– “Conheci Percy Jackson, quando ele estava na escola. – Ela começou, olhando para seu café e mexendo nele com a colherzinha. – Ele devia ter uns oito anos. Eu era uma professora assistente e fiquei extremamente curiosa quando vi aquela criança com quem ninguém falava. Não demorei muito para descobrir que ele pertencia ao nosso mundo. Um dia, quando ele saia da escola, o vi conversando com um ciclope. Ele parecia assustado e procurava alguém para poder livrar-se do homem estranho, mas tinha medo de falar. Foi aí que me interessei ainda mais pelo garoto.

Ele vivia com o padrasto na época. Não sei o que aconteceu com a mãe dele. E devo dizer que o padrasto dele era insuportável. Ele foi algumas vezes na escola, e das duas quase me fez chamar a policia mortal. Percy não merecia conviver com um homem como aquele.

Saí da escola no ano seguinte. Mas sempre passava por lá para obter informações sobre ele. Eu sabia que ele era um semideus, e geralmente eles vivem se metendo em confusão. Mas apesar do padrasto detestável, Percy vivia relativamente bem. Meio magro para a idade e com roupas bem velhas. Mas bem. Na comemoração do dia das mães da escola, Percy foi assistir e eu resolvi conversar com ele. Foi aí que descobri que a mãe dele o havia abandonado. Ele não me contou os detalhes, mas houve um caso complicado com a família dele dois anos antes. Ele não me revelou o que foi. Mas eu fui atrás.

Dois anos antes, alguém invadiu a casa dos Jackson e tentou assassinar o padrasto de Percy. A mãe dele achou que ele foi o culpado e o agrediu. Depois disso foi embora. Nunca pegaram o verdadeiro bandido. A guarda de Percy foi dada ao padrasto por falta de informações sobre a mãe dele. Eles se mudaram e a mãe de Percy nunca mais apareceu.

Achei o caso estranho e resolvi investigar no nosso mundo. Bem... É aqui que Zeus entra. A tentativa de assassinato do padrasto de Gabe ocorreu na mesma época que a “morte” de Thalia. Zeus estava furioso. E alguém relatou a ele a existência do seu filho. Isso só aumentou à ira dele. Ele queria vingança. E você não estava olhando para perceber. Zeus foi quem armou toda a cena. Provavelmente foi ele quem fez a mãe de Percy abandona-lo, usando alguma poção ou magia que modifique os sentimentos de alguém. Aposto que a mãe dele não tinha a intenção de abandona-lo. Não de verdade. “E eu ouvi falar que Hades tentou avisa-la...”.

Poseidon escutou tudo em silencio. Buscando assimilar cada informação. Ele estava mais do que certo. Foi Zeus quem causou mal ao seu filho. Não tinha ideia daquelas informações, mas Percy continuava desaparecido.

– Você tem alguma pista de onde ele esta? – Ele perguntou, esperando que ela pudesse ajuda-lo. Gabriele negou.

– Eu tenho o endereço atual da mãe dele. – Ela falou. – Mas acho que os semideuses que foram na missão em busca dele já o encontraram. Talvez você devesse ir ao acampamento. As meninas devem ter informações sobre a mãe dele. Sally certo?

– Sally. – Poseidon falou, com a cabeça voando a quilômetros dali. Os anos de distancia. Para uma época onde ele encontrou por acaso, uma jovem inocente, porém que já passara por muitos desafios na vida. Uma jovem com brilhantes olhos verdes. Sacudindo a cabeça para escapar das memórias, ele olhou para Gabriele. – Posso saber agora o que é você?

Gabriele sorriu e se levantou. Jogou umas notas de dinheiro na mesa e ajeitou o cabelo com um movimento dos ombros.

– Não sou sua inimiga. – ela respondeu, e deixou a cafeteria.

Poseidon viu-se sozinho na mesa de café. Precisava ir para o acampamento. Precisava achar seu filho. Precisava entender por que Zeus não conseguia ser suportável. Sentia um ódio nunca sentido antes pelo irmão. Ele mexera com seu filho. Consequentemente mexera com Poseidon também. E pagaria o preço. Poseidon nunca o perdoaria. Se Zeus esperava ter a ajuda dele para buscar Hera, ele estava enganado. Poseidon sentia muito pela irmã. Mas recusava-se a dar o apoio que Zeus precisava. Se preciso fosse, Poseidon nunca mais dirigiria a palavra ao Olimpo.

*********************

“Não sou sua inimiga”. Ela riu ao relembrar a frase que repetiu com tanto empenho para o deus do mar. O tolo deus do mar.

A verdade sempre traz problemas. E os problemas que surgiriam dali em diante seriam extremamente divertidos de ver. A cartada final contra o olimpo estava chegando, e ela não conseguia acreditar no qual fácil era enganar os deuses. Fazer com que brigassem.

Não sou sua inimiga, Poseidon. Sou mais que isso. Sou a sua destruição.

Rindo consigo mesma, ela misturou-se as pessoas que caminhavam pela rua, sem perceber que de longe um homem velho a observava.


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Notas finais do capítulo

Eu realmente estou com muita dificuldade para escrever. Não consigo achar as palavras certas. Nem como conduzir a história. Mas vou buscar melhorar. A falta de tempo tá me deixando louca. Infelizmente não vou poder responder os comentários tão cedo, mas desde já agradeço por todos(eu já li todos alias, mas não posso responder agora, vou respondendo com o tempo)! Assim que eu puder responder, eu vou correndo fazer isso.
Espero que tenham gostado.
Um abraço e até o próximo!