Condenados escrita por Lilian Smith


Capítulo 17
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Eu demorei muito? Bom, pelo menos consegue postar dois capítulos em um mês! Toda vez que faço isso, sinto que ganhei um oscar ou algo parecido!

A bienal chegou, algum de vocês foi? Se sim, me contem! Eu não moro em SP e não pude ir, e fiquei passando vontade em casa, invejando os outros. Mas...A Kiera Cass(Autora de A seleção) veio para Fortaleza ontem(25/08) e eu fui vê-la! Consegui a foto e o autografo! Ainda não estou acreditando nisso!

Outra coisa na qual não estou acreditando é na recomendação! MUITO OBRIGADA, Hanni! Sério, eu surtei assim como na primeira recomendação! Saí correndo pela casa feito uma louca quando li. Estou empolgada até agora! Agradeço pelas duas! Obrigada a Hell Angel e Hanii!

Bem, acho que não tenho muito o que falar aqui. Espero que gostem do capítulo! A gente se vê lá em baixo.



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Se um dia inventarem um serviço de reclamações aos deuses, a primeira coisa da qual Thalia reclamaria, seria o fato de que é impossível chegar ao acampamento meio sangue em uma velocidade aceitável. Por que diabos ninguém inventou um portal em cada droga de buraco de Manhattan? O transito atrapalha muito a vida dos semideuses sabia?

E arrastar uma Annabeth atordoada pela cidade, enquanto lidava com a sensação de que algo horrível estava acontecendo não ajudava em nada a situação. A filha de Zeus já estava exausta quando enfim chegou aos campos de morango do Sr.D. Ela olhou para Annabeth buscando um apoio, mas a amiga parecia perdida em seus próprios pensamentos. Filha de Atena. Tinha que ser.

Thalia respirou fundo e deixou que seus pensamentos a dominassem também, enquanto as duas caminhavam até o alto da colina, onde antigamente ficava o “Pinheiro de Thalia”. A garota ainda se encolhia ao passar pela arvore. Foi naquele local que aconteceu uma das maiores tragédias da vida dela. Thalia ainda lembrava-se de ver Luke gritando. Lembrava-se de como ele empurrou Annabeth em direção a Grover e correu até ela, com os olhos brilhando e a mão estendida. E depois tudo foi o caos. E tudo em que ela conseguia pensar enquanto girava na escuridão era: Luke se foi. Luke se foi. Eu o matei. Fui eu. A culpa é minha.

Aquela escuridão durou o que para ela foram milênios. Mas na vida real, foi cerca de dois anos. Quando Thalia despertou novamente, graças à ajuda de um item mágico e uma filha de Ares que a salvou, Luke era só uma lembrança antiga. Para os outros semideuses, apenas mais um meio sangue morto. Para Grover, uma criança que ele não pode salvar. Para Annabeth, nada. A lembrança de Luke simplesmente se apagou de sua mente. E para ela... Uma lembrança confusa. Cheia de dor e sofrimento. E com uma única certeza. A morte dele era culpa dela. E se não bastasse ter de passar por aquele lugar toda a vez que entrava ou saia do acampamento, ainda tinha de aturar as pessoas falando sobre o Pinheiro.

Quando ela o avistou surgindo a sua frente, apertou o passo e tentou não encarar a arvore. Era como se Luke estivesse preso nela. Exatamente como a arvore. Ele nunca iria desaparecer a menos que alguém o cortasse fora. E Thalia nunca conseguiu “cortar” o garoto dos seus pensamentos. Ela quase queria ter a sorte que Annabeth teve. Talvez por ser muito nova na época e por Luke ser um irmão mais velho para ela, a dor de perdê-lo foi tão forte que a mente dele resolveu apaga-lo de sua memoria. Um acordo entre Grover e Thalia foi feito, para nunca mencionarem Luke como um conhecido. Annabeth não precisava lembrar.

– Thalia. – Annabeth chamou, falando pela primeira vez depois que elas saíram da lanchonete. – Acho que eu já sei qual é o assunto urgente.

A filha de Zeus parou de andar e encarou a amiga. Ao longe alguns campistas gritaram ao vê-las e começaram a correr na direção delas. Annabeth se apressou em falar.

– Os deuses devem ter chegado ao seu limite. – ela falou. – O deus que nos mandou atrás do garoto perdeu a paciência. Mas acho que vai, além disso. – ela hesitou um pouco ao ver que os campistas já se aproximavam, mas continuou. – Notou que o tempo ficou mais denso? Parece que vai chover. Acho que algo de ruim aconteceu ao olimpo e que envolve aqueles autômatos.

– Eu meio que desconfiava disso. – Thalia respondeu. Achando que o que Annabeth estava falando era obvio demais.

– Não você não entendeu eu acho que... – Mas ela foi interrompida pelos campistas que as alcançaram.

– Vocês voltaram tão rápido! – Silena, do chalé de Afrodite comentou. – Mas não perderam muita coisa. Sinceramente acho que o acampamento ficou com um clima bem desagradável quando vocês saíram em missão. Mas... Onde está o Grover?

Thalia se encolheu. Não queria falar sobre Grover. Não queria lembrar-se do que aconteceu. Quando nenhuma das duas respondeu, Silena recuou um passo. O namorado dela, Charles, ficou em silencio. Os outros campistas ficaram confusos.

– Mas... Ele não morreu não é? – Um garoto do chalé de Hermes perguntou. E um conjunto de burburinhos foi se formando no grupo. Annabeth olhou para Thalia pedindo ajuda.

– A gente não... Não sabemos. – Thalia respondeu, hesitando. – Olha, temos que falar com Quiron. É urgente.

– Ele está esperando vocês. – Charles respondeu, percebendo que elas queriam mudar de assunto. – Nunca vi Quiron tão ansioso. Deem passagem a elas pessoal.

Os campistas se dispersaram, ainda comentando em voz baixa. Thalia respirou de alivio. Apenas Silena e Charles permaneceram ali. A filha de Afrodite lançou um olhar nervoso a duas.

– Aconteceu algo muito ruim não foi? – Ela perguntou, mas pareceu mais uma afirmação.

– O pior é que ninguém entende Silena. – Annabeth respondeu. – Tanta coisa acontecendo de uma vez só e ninguém compreende o porquê ou como. Isso é que é muito ruim.

– Vamos deixar elas conversarem com Quiron, Si. – Charles a chamou, e sorriu para as duas. – Boa sorte meninas. A gente vai esperar por vocês na sala de jogos, ok?

– Certo. – Thalia respondeu, e depois as duas seguiram para a casa grande. Thalia queria saber o que Annabeth tentou dizer com: não você não entendeu. Que teoria ela havia criado dessa vez? Mas a filha de Atena não tocou mais no assunto. As duas se aproximaram da casa grande e foi com grandes expectativas que cruzaram a porta.

Quiron as esperava sentado em sua cadeira de rodas. Sua expressão não era nada boa.

– O que aconteceu Quiron? – Annabeth perguntou de imediato. – Foi no Olimpo não foi?

O centauro não se surpreendeu com o fato de que Annabeth já desconfiava do problema. Ele adoraria que a menina estivesse errada. Olhou para as duas garotas a sua frente e não conseguiu compreender por que duas jovens meninas tinham de suportarem algo tão ruim.

– Foi no Olimpo sim, minha menina. – Quiron respondeu, sentindo-se mais cansado do que nunca. – A deusa Hera desapareceu.

************

Percy questionou a si mesmo se em algum dia de sua vida ele fez algo tão errado ao ponto de ir parar no reformatório. Claro que foi um erro ele ter sido preso. Ele nunca havia matado ninguém. Não deveria estar ali. A cada dia que se passava ele tinha a sensação de que ia enlouquecer cada vez mais a um ponto de ser tarde. Depois do que ouviu do “chefe” quase agradeceu por não ter mais sua visão.

Não queria ver Margareth ou Daniel morrendo. Não queria ver Nico e Bianca na mesma situação. Ele queria correr para bem longe. Para um lugar que nem ele sabia se existia, mas que pelo menos o deixasse seguro. Queria levar Bianca e Nico consigo. Eles não mereciam estar ali.

Ouviu quando uma espécie de tambor soou marcando o inicio da luta e estremeceu ao imaginar o que estaria acontecendo dentro da arena. Bianca ao seu lado exalava tensão e Nico estava tão quieto que Percy se perguntou se ele ainda respirava. Os outros espectadores “Normais” pareciam curtir o evento. Gritos de incentivo a matança se propagavam de todos os lugares. Percy não compreendia o que se passava na mente daquelas pessoas. A morte era algo tão divertido assim? Tão banal?

– Percy. – ele ouviu a voz de Bianca por cima daquele barulho. Tinha tom de choro. – Tem uns guardas lá em baixo chamando você.

Percy sentiu um alivio imediato. Não queria mais ficar naquele lugar. Ele esticou a mão para Bianca e a garota o ajudou a ficar de pé. Não precisou se preocupar em estender o braço para Nico, o garoto já estava lá. O trio desceu a arquibancada e Percy pensou que poderia tira-los de lá, mas quando alcançaram os guardas eles foram rápidos em uma resposta negativa. Apenas Percy deveria ir. Os outros dois assistiriam a luta.

– Como se eu quisesse assistir esse negocio. – Nico resmungou, e soltou Percy apesar de ser obvio que não queria deixar ele só com os guardas.

– Cuidado. – Bianca alertou. Percy ouviu quando eles começaram a subir de volta, e desejou que eles pudessem ir com ele. Sabia o quanto era ruim para eles assistirem aquele “espetáculo”.

– Venha conosco. – Um dos guardas falou, e arrastou Percy pelo braço esquerdo em alguma direção que o garoto não reconheceu.

– Por que eu fui chamado? – Percy perguntou, sentindo-se desconfortável por não poder ver o que eles estavam fazendo.

– Parece que acharam uma cura para você garoto. – Um guarda respondeu. – Talvez você volte a enxergar.

***********

Bianca e Nico voltaram para o lugar anterior e Nico ficou extremamente desconfortável por estarem as sós com Bianca. Desde o anuncio da batalha eles se evitavam. O garoto olhou para a menina com a expectativa de ela começar a falar algo, mas se decepcionou. Bianca manteve-se calada e fixou os olhos na arena. Nico não queria olhar para a arena. Ouvia os gritos da multidão. Via as expressões dos outros condenados. Ouvia Margareth e Daniel gritando de dor. Estar naquela situação o fazia pensar no momento em que estaria no lugar dos outros dois, lutando contra a própria irmã. E pensar nisso lhe dava ânsia de vomito.

A multidão ficou de pé e gritou desesperada por aquela forma de diversão. Nico se recusou a ver o que estava acontecendo. Olhou para as próprias mãos e depois se pegou olhando para os pulsos cortados. Alguns cortes feitos de proposito pelos guardas do reformatório. Outros ele mesmo havia feito, em momentos de distração dos fiscais. Era raro ficar com uma lamina e quando conseguia Nico aproveitava para fazer algo que ele se acostumou a fazer. Nunca teve coragem de cortar fundo de verdade. De romper a corda que o prendia a vida. Quando tinha de devolver a lamina, logo depois se arrependia de não ter tido a coragem para acabar de vez com aquilo.

Era uma das fraquezas que tinha. Que nem Percy nem Bianca conheciam. Os dois achavam que era uma forma de castigo, e Nico se contentava por não ser totalmente mentira. Não suportaria ver o olhar de Bianca caso descobrisse o que ele fazia consigo mesmo.

– Eles são uns babacas não é? – A garota perguntou, com a voz baixa, porém audível para ele no meio daquela gritaria. Nico ergueu a cabeça e fitou a irmã surpreso por ela ter falado com ele e antes que pudesse perceber, Bianca deslizou a mão pelos cortes em seu pulso. – Não deveriam fazer isso com você. Nem com Percy. Ou com ninguém.

– Só doí na hora. – Ele respondeu, dando de ombros. E todo o tempo depois que é feito, acresceu mentalmente. Bianca sorriu.

– Não me engane assim. Você é um bom mentiroso, mas nem tanto. – Sou melhor do que você pensa irmãzinha. – Nico... A gente precisa conversar.

A plateia berrou. O garoto ouviu quando um condenado que estava sentado ao seu lado se levantou e saiu correndo com a mão na boca. Ele não tinha a mínima curiosidade de saber o motivo de aquilo ter acontecido.

– Aqui não é o melhor lugar. – Nico respondeu indiferente. Mas desejava aquela conversa tanto quanto ela, mesmo que a temesse.

– Aqui é o lugar em que estou com coragem. – Bianca retrucou e puxou Nico para um abraço, que surpreendeu ele. Quando foi a ultima vez que a abracei? – Eu não posso matar você. – Bianca sussurrou em seu ouvido. – Se fizesse isso, em seguida daria um jeito de me matar. Não suportaria conviver comigo mesma, Nico. Mas um de nós vai ter de morrer. E não vai ser você.

Nico tentou se afastar do abraço, para poder encara-la, mas o aperto de Bianca era firme. Ele demorou em notar que ela estava chorando em seu ombro.

– O que... Do que você está falando? – Nico questionou, mesmo já conhecendo a resposta. Porém a mente dele o impedia de processar ela. – Eu... Eu não estou entendendo.

– Shh. – Bianca o interrompeu. Ele sentiu ela sorrir tristemente. Ele queria se afastar dela e olhar em seus olhos. Queria que ela parasse de falar sobre aquilo. E ao que parece, Bianca ouviu o que ele pensava. Ela se afastou para depois firmar o olhar dele no dela. Nico nunca havia visto um olhar tão triste no rosto da irmã. Nem mesmo quando eles foram presos. – Você é meu irmãozinho. – Ela passou a mão por seu cabelo. Ao redor deles, a multidão berrava alegremente com a finalização da batalha. Nico não conseguia prestar atenção neles. – Jamais vou poder matar você Nico.

– Eu não vou... – Nico começou a falar, desesperado para explicar que não concordaria com a ideia que ela estava sugerindo. – Você não pode perder... Eu... Eu não posso te perder.

– Nenhum de nós vai morrer. – Bianca falou, surpreendendo ele, que a olhou em confusão. – Mas você vai ganhar a batalha.

– Mas...

– Eu tenho um plano. Confie em mim.

As palavras dela o alegravam ao ponto dele não se importar em insistir qual era esse plano. Ela não morreria. Isso era o que importava para ele. Ele não teria de mata-la. Nico fez algo que há muito tempo não fazia. Jogou-se nos braços da irmã e deixou que ela o protegesse. O alivio de saber que não seria o culpado pela morte dela foi grande o suficiente para deixar ele transparecer o que há muito tempo não mostrava. Mas ele deixou uma parte escapar. Bianca falou que nenhum deles morreria.

Mas a garota não disse nada sobre perder. Sim, nenhum dos dois morreria. Mas existia a grande possibilidade de que, após a batalha dos dois algo ruim acontecesse. Nico ganharia. Bianca continuaria viva. Mas ela nunca mais veria o irmão. Nico jamais veria Bianca novamente. Ele iria perdê-la. De um jeito ou de outro, só não sabia disso. E Bianca não estava nem um pouco interessada em contar.

***

Atena olhou pela terceira para a janela que dava para o jardim do Olimpo e bufou. Onde Hera estava? Os outros deuses encontravam-se espalhados pelo salão principal, conversando em voz baixa e batendo o pé de maneira impaciente. A tensão era obvia. Hera não havia chegado e Poseidon não deu sinal de vida. A irritação de Zeus estava no auge dos auges.

A deusa da sabedoria quase pulou de susto quando sentiu a mão de Afrodite tocar-lhe o ombro. Ela olhou alarmada para a deusa do amor que devolveu o olhar com um sorriso de zombaria.

– Calma. – Ela falou, erguendo as mãos como um bandido pego por um policial. – Sou apenas eu, senhorita.

– Não viu que eu estava quase enfartando de ansiedade? – Atena questionou, irritada. – Eu ia me assustar sua maluca!

Afrodite riu e olhou pela janela do Olimpo. A deusa sempre tinha uma expressão de gente metida e que se achava melhor que os outros. A pele sempre perfeita, maquiagem variando de acordo com o rosto que ela usava e cabelos no lugar. Mas no fundo, Atena sempre achou Afrodite à deusa mais misteriosa. E talvez até mesmo a mais poderosa.

As maiores guerras do mundo eram começadas pelo amor. Encerradas pelo amor. As pessoas morriam por ele. Ter o poder de manipular o amor de alguém... Você poderia alcançar tudo com isso. Era uma responsabilidade gigantesca. Atena sempre acreditou que Afrodite escondia todo o trabalho que tinha por baixo dos sorrisos sedutores e da maquiagem.

– Você sabe alguma coisa, não sabe? – Atena questionou, não conseguindo conter seu desejo de perguntar. Afrodite olhou para ela com uma expressão bem fútil. Mas sua resposta surpreendeu a deusa da sabedoria.

– Há muito tempo, um jovem rapaz amou uma garota o suficiente para tentar mudar o mundo todo por ela. – Afrodite falou, parecendo viajar na própria consciência enquanto falava. – Ele tenta até hoje consertar tudo. Mas... O amor dele agora já não é o mesmo.

– O que isso tem haver com...

– RECADO URGENTE DA DEUSA HERA! – Um grito estridente preencheu o salão e fez todos os deuses olharem surpresos para a porta. Uma ninfa se mexia agitada de um lado para o outro, carregando um envelope pardo nas mãos. Zeus se ergueu do seu trono e assumiu a forma humana. A ninfa soltou o envelope no chão e o papel brilhou acionado por magica. A voz de Hera tomou conta do salão prendendo a atenção dos deuses.

Fui raptada. Não tentem me achar, vocês tem problemas mais urgentes. Zeus, você sabe de quem estou falando. Você precisa encontra-lo. É a chave para o nosso problema. Vou tentar escapar de todos os modos possíveis, mas ficarei sem meus poderes temporariamente. Poseidon... Eu sinto muito. Os outros, por favor, ajudem o...

A mensagem foi cortada, como uma ligação que caia. Os onze deuses fitaram o envelope pegar fogo e se desintegrar. Não demorou muito para as vozes se sobressaírem umas as outras.

– Como assim Hera foi sequestrada? – Apolo exclamou. – Quem faria isso?

– Por que fizeram isso? – Hermes questionou.

– E como? – Dionísio completou. – Hera é uma deusa. Não pode ser sequestrada de maneira banal ou comum. Como fizeram isso?

– Qual será o objetivo...?

– QUIETOS! – Uma voz infantil, porém firme soou no olimpo. Atena viu a deusa Hestia se erguer da lareira que protegia e dirigir o olhar dela a Zeus. O Rei dos deuses não ousara fazer nenhum comentário. Sua expressão havia passado de raiva para choque. E Atena ficou surpresa ao ver uma ponta de tristeza em seu olhar. Ele amava Hera. Ainda amava a deusa. É claro que ficou afetado com o que aconteceu. – Zeus... Acho melhor cancelarmos a reunião.

O Deus do trovão não respondeu. Encarou o chão por longos minutos, e os outros olimpianos começaram a se sentir desconfortáveis. Zeus nunca havia ficado em estado de choque para eles. Era novidade. Afrodite mexeu-se ao lado de Atena e avançou em direção a Zeus.

– Zeus, vamos por fim a essa reunião. – Ela falou. – Precisamos de tempo para repor nossas ideias. Deixe que eu falo com Poseidon. Precisamos ter mais informações.

– Eu concordo. – Hefesto se manifestou, gerando surpresa por estar concordando com a sua esposa que já o havia traído. – Não estamos aptos para termos uma reunião agora.

– Marcaremos para amanha então? – Apolo questionou, soando cansado. – Estou de acordo.

– Amanha. – Ares completou. E os outros concordaram.

– Se é assim que desejam. – Zeus falou. – Amanha será a data da reunião oficial... Mas vou pedir que mandem alguns de seus subordinados para procurar por Hera. É o que vou fazer com os meus.

Os deuses concordaram. Atena lançou um olhar longo e questionador ao pai. Ele estava com a cara de quem sabia de algo. E ela detestava que os outros tivessem essa expressão. Os deuses começaram a se erguer de seus tronos e a sair do salão. Zeus foi um dos últimos, seguindo o caminho para seus aposentos. Atena quase decidiu segui-lo, mas Hestia o impediu.

– Sei que está curiosa Atena. – a deusa falou. – Mas deixe-o só. Ele... Tem que se resolver consigo mesmo.

***

Margareth tentou ignorar os gritos da multidão, enquanto se concentrava em não começar a ter um ataque de choro em publico. Havia prometido a si mesma que não iria chorar.

A roupa que ela usava pinicava. Seu coração batia tão desesperado que seus ouvidos ecoavam o som para dentro de sua cabeça. Ela parou em frente ao posto em que deveria ficar para a luta ter inicio e aproveitou esses últimos segundos para olhar para Dan. O que ele faria?

Margareth não tinha ideia do que fazer. Deveria atacar? Deixar que ele fizesse o que queria? Deveria morrer ou tirar a vida de uma das pessoas que mais amava no mundo? Ela mordeu o lábio em duvida e deu um pulo quando ouviu o som que dava inicio a luta. Margareth hesitou por um momento. E logo em seguida avançou para cima de Dan.

Ela se permitiu fechar os olhos e deixar que toda a sua força a tanto tempo contida a dominasse. Sentiu o poder correndo por suas veias. Sentiu-se poderosa e invencível. Sentiu-se uma traidora. Mataria ele afinal?

Dan desviou do primeiro ataque. Uma gosma verde passou raspando por ele e queimou o solo que estava ao seu lado. Ele olhou para ela atordoado, mas sua visão logo mudou para determinação em lutar. Dan pulou para trás e Margareth teve que se desviar rapidamente de um fio de arame que surgiu do nada ao seu redor. Bastava que passasse por ele e perderia parte do seu corpo.

Por mais cruel que fosse a garota sentia o calor da batalha a dominando. A vontade de lutar. De matar. Lembrava-se de sentir isso todas as vezes que tinha de ser testada em uma batalha, mesmo que a esquecesse depois. Dentro do reformatório, ela foi criada para destruir. Conseguia sentir aquele tipo de desejo em suas veias. O desejo pela destruição. Pela morte. Aquilo a assustava. Mas era complicado resistir à vontade de destroçar Dan, mesmo que o amasse.

Dan parecia sentir o mesmo. Margareth via nos olhos dele a sede por sangue. Adorando a vontade de lutar nele, a garota atacou mais uma vez mirando o coração. Dan desviou, porém a gosma venenosa o atingiu no ombro que começou a fumegar. Dan rosnou e avançou para Margareth, a garota cometeu o erro de desviar por dois passos e deixou sua perna passar por um dos arames afiados do garoto. Ela gritou quando um corte gigantesco se abriu em sua perna.

A raiva a dominou de imediato. Margareth ignorou a dor do corte e usou seu ódio para avançar para cima de Dan, usando outra forma de seu poder. Apesar de ser mais complicado, quando ela estava próxima de alguém e ativava o liquido venenoso essa pessoa ficava mais fraca. Dan percebeu a intenção e tentou dar-lhe um soco. Ela foi forçada a se afastar.

Os gritos da multidão já se encontravam muito distante deles. Alguma coisa os forçava a se concentrar apenas ali. Naquele momento. No calor de ação e na vontade de batalhar até o fim. Foi ao som dessa multidão, que Dan aproveitou para iniciar o plano que surgiu em sua cabeça logo depois do inicio da batalha. Ele se concentrou em fazer seus fios de arame se prenderem nos cantos da arena. Margareth estava concentrada demais em tentar alcança-lo para ver o que ele fazia. Dan quase sorriu quando viu que ela estava caindo no plano dele.

Margareth tentou chegar perto dele outra vez. E dessa vez ela conseguiu acertar. Dan ficou claramente surpreso pelo ataque e tentou acerta-la com um fio de arame. O fio passou raspando por seu braço, arrancando uma parte considerável da pele. Ardeu como uma queimadura. Mas Dan começou a sentir os efeitos do liquido. Ele tropeçou em si mesmo, e seus movimentos ficaram mais lentos. Margareth sorriu.

Mas Dan tinha uma cartada final. Quando Margareth recuou para poder investir novamente, sentiu os vergões surgindo em varias partes do seu corpo. Ela gritou de dor, e recuou ainda mais se enroscando em outros fios e sentindo a dor consumir cada parte do seu ser. Dan caiu onde estava e observou cansado a garota gritando e se contorcendo ainda mais nos fios. Como um ultimo golpe de raiva, ela o atingiu com veneno, acertando sua perna. Aquilo o surpreendeu e ele berrou de dor. Aquilo a deixou a satisfeita. Mas já era tarde demais.

Enroscada e sangrando, Margareth deixou-se cair e sua cabeça passou com tudo pelo fio mais fino de todos. Ela mal sentiu o golpe. Dan viu através dos olhos turvos de lagrimas quando a cabeça da garota caiu no chão e o corpo ficava preso nos fios de arame. Por um glorioso momento ele sentiu-se feliz. Havia vencido. Ganhado. Poderia viver até a próxima luta.

Mas um sentimento estranho sobrepôs a gloria da vitória. Um gosto amargo na boca o deixou com uma sensação péssima. E então ele se tocou enfim do que era. Não estava feliz por ter ganhado. Não queria ter matado Margareth. Os organizadores os manipularam. Os sentimentos não eram verdadeiros a partir do momento em que a luta começava. Eles os alteraram para se tornarem verdadeiras maquinas de matar. Mas quando tudo passava o que eles verdadeiramente sentiam vinha à tona. Ele sentiu o peso da morte de Margareth sobre si. Sentiu a tristeza e a culpa. Sentiu dor, mas pouco se importava com a física.

Margareth. Eu sinto muito, Margareth.

Foi com o rosto da menina em mente, que ele deixou a escuridão leva-lo para longe. No ultimo segundo ouviu os gritos da multidão. Gritos animados e alguns com expressões de nojo. Típico. Os humanos sempre tratavam a morte e o sofrimento como diversão.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?

Será que o Percy deixa de ficar cego mesmo? Afinal...A cura pode não funcionar, certo? Alguma teoria de como ela vai ser?

Ah! Gostaria de dizer que eu estou beeem melhor daquele problema! Graças a Deus não é a "coisa mais séria", apesar de que eu ainda estou no tratamento do que realmente é. Mas eu agradeço muito a todos vocês por terem me desejado boa sorte nos exames! Sério, eu nem sei como expressar isso direito.

Bem, acho que agora eu não tenho muito o que dizer. Perguntem o que quiserem nos comentários que vou tentar responder do melhor jeito possível. Um beijo, e até a próximo!

PS : E mais uma vez um super agradecimento a Hanii pela segunda recomendação da fanfic!