Do Lado De Dentro escrita por Mi Freire


Capítulo 20
Incógnita


Notas iniciais do capítulo

Hayley vai tentar dá uma "animadinha" nas coisas.



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"Eu acho que com o tempo, vai fazer sentido."

O tempo passou muito rápido ao lado dele e eu nem percebi que já estava anoitecendo. Dividimos a conta e voltamos para casa, lentamente, sem parar de conversar um só quer momento. Como se não nos víssemos há décadas. Mas havia algo pendente a ser resolvido entre nós.

— Temos que conversar... Sobre a última vez em que nos vimos antes de você sair. – Jesse observou como quem lê meus pensamentos.

— Você tem razão. – paramos quando chegamos enfrente a minha casa. — Na verdade, não há muito que dizer. Só quero pedir desculpar por ter te chamado de ótario.

— E eu quero pedir desculpas por ter sido tão machista. – ele balançou a cabeça negativamente, para si mesmo. — Eu não sou. Mas, meio que perdi o controle, quando te vi com a Alana rolando pelo chão, batendo uma na outra, feito dois animais.

— Jesse, o que você tem que entender, é que – eu não sei se o que tenho para dizer era o certo a se fazer. Mas ele tinha que entender de uma maneira positiva. — essa sou eu. Eu sou assim e...

— Eu sei Hayley, eu sei. Mas...

— Não tem “mas” Jesse. Eu não poderia mais suportar aquela vaca loura me desafiando como se eu não fosse capaz de destruí-la. Não suporto que me subestimem. Não gosto que me afrontem.

— Isso eu já percebi, Hayley. Mas, não precisa ser assim, você – ele olhou no fundo dos meus olhos. — você não precisa agir dessa forma, sempre na defensiva, sempre fora de controle, sem pensar, sem medir as palavras ou os atos, não pode agir todo o tempo como tem vontade...

— Jesse. Chega. – interrompi-o grosseiramente. — Não é você. Não é ninguém que vai me fazer mudar a forma de pensar ou de agir. Eu vou fazer o que acho que é correto pra mim. Pra mim e por mim! Não quero ter que discutir com você sobre isso. Não percebe? Não somos iguais e...

— Olha. De novo. Você está agindo na defensiva.

Pousei a mão da cintura, encarando-o.

— O que quer fizer com isso?

— Hayley, o que eu quero dizer é que, não pode agir assim todo o tempo, como se não tivesse que provar nada pra ninguém. Porque realmente não tem. Não tem que provar...

— Cala a boca – perdi a paciência, sentindo as bochechas queimarem de raiva. Jesse estava me contrariando. — Tchau Jesse.

Dei as costas sem ao menos me despedir, sem ao menos tentar ser no mínimo simpática ou amigável. Jesse gritou, chamando por mim, antes que eu entrasse em casa. Virei-me para escuta-lo pela ultima vez.

— Viu? É isso que estou tentando te dizer.

E dessa vez, ele quem me deu as costas, entrando na casa a frente, a casa do tio, sumindo na escuridão do anoitecer.

Eu não saberia dizer, se nesse momento, eu odiava o Jesse ou se poderia concordar com ele em relação a tudo que disse. Pois querendo ou não admitir, ele tinha uma parcela de razão em tudo isso. Mas é difícil pra mim, bem mais do que se pode imaginar, ter que admitir. Realmente. A vida me ensinou a ser assim. Eu nasci e cresci assim. Sempre na defensiva, sem conseguir suportar as pessoas me contrariando, me desafiando, tentando me decifrar e colocar palavras na minha boca. Certas coisas não posso, não consigo, tolerar por muito tempo. E isso é um grande mal meu.

Estava ouvindo música – não muito alta - deitada sobre a minha cama, refletindo sobre algumas coisas, quando ouço um barulho no corredor. Não que isso me assuste. Até porque, pode ser meus pais, ainda emburrados um com o outro pelo que aconteceu hoje mais cedo. Mas o barulho é realmente intrigante. Estou curiosa e preciso ver o que é.

Carrancudo arrastando sua mala, parecendo fazer um grande esforço para isso, com os cabelos negros desalinhados e uma expressão de não-me-toque-estou-mal-humorado. E eu já sei por quê. Porque ele voltou pra casa contra a própria vontade.

— Bom te ver também! – ironizei. — Quer ajuda ai?

— Você sabe que não. – ele resmungou, sem me olhar.

Mesmo que ele não me pedisse, eu sabia que precisava da minha ajuda. Oliver não admite que precisa das pessoas, assim como eu. Certas coisas são tão difíceis pra mim quanto pra ele.

— Não aja como se fossemos ficar aqui pra sempre.

— Três semanas me parece um longo tempo.

O quarto de Oliver é enfrente do meu. Uma porta rabiscada, cheia de placas que impedem as pessoas a entrarem e se aproximarem. Como se ali habitasse um animal feroz enjaulado. O que em parte é verdade. Eu nunca entrei ali. Oliver detesta visitas.

— Pronto. Agora já pode voltar pro seu quarto.

— Tá legal. Desculpa aí.

Bati a porta, entrando no meu recinto, sentindo o ar quentinho. Eu nem precisava estar agasalhada ali dentro. A temperatura me parecia ideal, como se morasse em uma caverna aconchegante.

Incrivelmente, consegui acordar cedo na manhã seguinte. Vendo o céu acinzentado ao abrir as janelas do quarto. Dei uma espiadinha do outro lado na rua, em vão, procurei por um sinal de vida de Jesse, que me arrancou os pensamentos por toda a noite. Mas não o vi.

Mamãe estava fazendo o café e papai vendo a tevê. Sentei-me a mesa, mantendo o máximo de distancia possível do meu pai tão mal-humorado quanto Oliver. Já sabemos a quem ele puxou. E permaneci em silencio esperando mamãe dizer alguma coisa, qualquer coisa.

— Hayley, porque não vai até a padaria pra mim? Por favor. Pode pegar o dinheiro em cima da geladeira no potinho de vidro.

Aceitei. Qualquer coisa era bem melhor que estar ali entre aquele clima pesado de dentro da minha própria casa.

Oliver saiu logo atrás de mim, o que já era de se esperar. Não disse pra onde ia e nem deu satisfações. Apenas se foi, pelo lado oposto. Bem arrumado e com a mesma cara nada simpática de sempre.

— Vamos nos ver mais do que gostaríamos.

Jesse. Virei-me pra trás e vi que ele estava logo atrás de mim na fila do caixa para o pagamento da compra.

— Eu não estou reclamando de nada. – disse, como se não fizesse a menor diferença. Voltando-me para frente, dando as costas pra ele.

A verdade, é que estava sendo um alivio e tanto ver que, mesmo depois de tudo, ele ainda estava falando comigo numa boa.

— Quer ajuda com as sacolas? – ouvi-o mais atrás, andando logo atrás de mim após termos saído quase ao mesmo tempo da padaria.

— Não precisa forçar, sendo gentil comigo.

Caminhamos de volta pra casa quase lado a lado. Antes que eu pudesse me virar para a entrada da minha casa ele chamou.

— Não estou forçando ser gentil. Não estou forçando nada, Hayley. E você sabe. – ele dizia com muita convicção. — Vamos parar com isso, tá legal? Não parei de pensar na nossa pequena discussão durante toda a noite, nem mesmo quando fui me deitar.

Surpreendi-me com a última revelação. Porque eu também pensei muito em ontem e na nossa pequena discussão – como ele disse – nem mesmo quando o que eu mais queria era dormir em paz.

— Amigos outra vez? – ele passou a sacola da mão direita pra esquerda, deixando-a livre para estender em minha direção.

Em um gesto do selamento da nossa paz.

Amigos. – consegui sorrir, sem desviar meus olhos dos olhos âmbar dele. Que mesmo no frio, mesmo debaixo de um céu estupidamente acinzentado como o daquela manhã, ainda pareciam incríveis. — Pra te provar que realmente as coisas voltaram a ser como antes, quero te fazer um convite: quer conhece melhor os lugares mais incríveis dessa cidade?

— Hoje? – ele franziu o cenho. No mínimo, confuso.

— Sim. Hoje, mais tarde. Pode ser?

Como resposta, Jesse sorriu, mostrando o aparelho em seus dentes.

Tomei meu café da manhã me sentindo incrivelmente melhor mesmo em meio ao silencio dos meus pais. Pedi um pouco de dinheiro pra mamãe, precisava retocar a cor dos meus cabelos.

— Mãe, me ajuda a pintar o cabelo?

Geralmente eu faço isso bem melhor sozinha. Mas mamãe está muito pra baixo, sinto que por minha culpa, por ela ter brigado com o papai e talvez fazer algo comigo possa reanima-la.

Não abri mão do azul do meu cabelo. Azul turquesa com mechas verde-piscina. Uma bela combinação. Realmente a ajuda da minha mãe me fez bem, apesar de acidentalmente termos manchado muitas coisas, que rapidamente limpamos.

— Você está bem animada, filha. Vi aquele seu amiguinho do internato, o garoto que te salvou na piscina, conversando com você. Aqui, enfrente de casa. Vocês são bons amigos, não é? Aposto que ele tem uma parcela nessa empolgação toda.

Como ela pode saber tanto sem eu precisar dizer nada?

Limitei-me a responder. Não que eu não quisesse. Apenas não saberia nem como começar a me explicar. Falar sobre sentimentos não é fácil pra mim. Especialmente quando se trata de uma incógnita como Jesse, que é um garoto maravilhosamente incrível.

Já eram cinco da tarde. Já estava pronta e sai em direção ao outro lado da rua. Suspirei fundo e apartei a campainha. Esperei por menos de um minuto quando Alec abriu a porta, surpreso por me ver ali. Pela primeira vez sendo tão educada pelo simples ato de tocar a campainha e não sair correndo como muitas vezes seu fiz por provocação.

— Oi Alec, bom te ver. – fiquei sem graça, sorrindo. — Pode chamar o Jesse pra mim, por favor? Combinamos de...

Ele não foi educado suficiente para esperar que eu terminasse a minha frase. O que já era de se esperar, mas também não fiquei desapontada, até que compreendo. Jesse, pra minha surpresa, surgiu das sombras, logo depois. Vestindo um suéter verde-mar, um jeans surrado e uma jaqueta preta de couro. E All Star velho.

— Vou tentar fazer com que ele enxergue seu melhor lado.

— Sério? Diz como se eu tivesse um.

— E tem. – ele sorri.

Já estávamos caminhando pelas largas calçadas sobre a camada grossa de neve.

— Ah é? E qual?

Jesse não responde de imediato, o que aumenta ainda mais o seu ar de mistério. Um quê de encantamento misturado com afrontamento.

— Tipo agora, olhe bem pra você. – ele me olhou de esguelha, como se tivesse realmente me analisando de cima pra baixo sem se importar se eu estava percebendo. — A proposito, você está linda. Gostei do cabelo!

Sinto que corei. Só espero que a minha pele pálida e translucida não me entregue nesse momento constrangedor.

Primeira parada: Finnegans. O pub. Que realmente é um dos meus lugares preferidos. Diferentemente dos outros, um pouco mais calmo e tranquilo pra uma primeira vez.

Apresentei o Jesse aos meus tantos conhecidos e pelo que percebi ele se familiarizou bem com todos eles. E se comportou, diante de todos, incrivelmente bem, mesmo não sendo tão ousado como os demais. Até rejeitou as bebidas alcoólicas com muita discrição sem ser grosseiro.

— Você nunca bebe? – perguntei, já virando meu segundo copo de cerveja geladinha. Estamos sozinhos sentados próximos ao bar.

Não havia nada em especial tocando de fundo. As principais atrações ficavam pra mais tarde, já de noite, quando o pub estivesse mais cheio e movimentado.

Nunca. – ele admitiu sem me olhar. Percebi que de alguma forma parecia descolado e desconfortável. Mas até então ele tinha disfarçado bem.

— O que você tem? – me aproximei, deixando o copo vazio de lado. Pronta para outra, mas primeiro, disposta a ouvi-lo.

— Você realmente precisa beber? – ele se virou pra mim, pela primeira vez, diretamente. — Não pode se divertir de outra maneira?

— Você realmente vai implicar comigo? De novo e de novo e sempre? – encarei-o, as sobrancelhas arqueadas. — Porque em? Porque não pode suportar isso sem ter que estragar tudo?

Larguei-o ali, indo em direção ao banheiro feminino sem ouvir o que mais ele tinha a dizer, se é que tinha algo a dizer. Usei o banheiro e lavei as mãos, passando as mãos molhadas pela nuca. Para me acalmar. Mas não funcionou muito. Lembrei-me de Brandon e o quanto ele era diferente quando saímos. Mais compreensível do que eu poderia imaginar. Nunca implicava, nunca dizia nada, nem se queixava ou ficava emburrado. Ele simplesmente me aceitava da maneira que sou.

Mas parece que para o Jesse isso é impossível

— Pensei que ia me abandonar aqui. – encontrei-me com ele, na saída do banheiro. A minha espera.

— Pensei que já soubesse o caminho de volta pra casa. E se ainda não sabe, acho bom aprender logo.

Pedi uma última bebida de volta ao balcão.

— Vamos realmente continuar com isso?

Você quem começou. – eu disse, sem cautela.

Perdi completamente o clima de continuar ali. Jesse realmente conseguiu estragar tudo com poucas palavras. Mas ele não iria me fazer desistir de tudo. Fiz com que ele me seguisse até a próxima parada.

— Vamos entrar aqui? – ele me olhou com ar de incredulidade, antes de entrarmos. Franzi o cenho. Jesse realmente estava muito chato.

— Qual é o problema? Queria que eu te levasse a um restaurante fino? Nem pense nisso. Não sou igual às outras...

— Eu já sei, Hayley. E nunca pensei que fosse.

Entramos. A boate estava verdadeiramente cheia. Mal conseguíamos nos mover entre a multidão que dançava energeticamente com uma música modinha da temporada. Acabei puxando Jesse pelo braço até alguns outros conhecidos que surgiram para nos cumprimentar.

Todos gostaram muito de Jesse, apesar dele ser um babaca, mas não tem como não gostar dele. Ele é daquele tipo de pessoas que você já bate o olho e ver que é uma pessoa boa de todas as formas. Mas só eu sei bem como aquele rostinho de anjo pode enganar facilmente.

Algumas meninas vieram até mim, todo o tempo, enquanto eu tentava me divertir mesmo sem o Jesse, só para perguntar se eu estava ficando ou namorando ele. Em todas às vezes eu neguei, disse que não. Tecnicamente ele é livre.

Jesse ficou um pouco afastado, parecendo de saco cheio, encostado na parede em um dos cantos. Apesar da escuridão, as luzes dançantes fluorescentes vez em outra refletiam em seu rosto e especialmente em seus olhos.

Não me importei. Eu bem que tentei ser legal com ele, mas Jesse não facilita. Nem parece aquele garoto doce de sempre. Há algo de errado nele, mas enquanto me divirto, isso pouco me importa. Estou em um dos lugares que gosto, rodeada de pessoas que gosto e fazendo o que gosto.

Está frio lá fora, mas ali dentro, é como se estivesse em um forno, ainda mais agora, que estou dançando pra valer. Não que eu seja boa nisso, mas sou boa em improvisar ou dar meu jeito.

Meus colegas vão trazendo uma bebida atrás da outra, há cigarros também. Não é certo, nem sou maior de idade ainda. Tenho apenas dezessete anos, estou quase lá, mas eu realmente aprendi a gostar de “coisas proibidas” mesmo sabendo que não é certo e nem bom pra mim.

Não recomendo isso pra ninguém.

Maddie é a garota mais divertida que eu conheço. Completamente pirada. Ela só tem vinte e dois anos. Já está na faculdade e mora com amigos. Ela age como se nada no mundo fosse mais importante do que se divertir loucamente sem se importar com as consequências. Mais ou menos como eu. Mas confesso, ela é mil vezes pior. A garota é doida. Diverte a qualquer um, em qualquer lugar a qualquer momento.

— E aquele seu amiguinho? Não tá afim de diversão?

Dou uma alta risada ainda agitando o corpo conforme o ritmo da música. Música que não tem nada a ver comigo, mas é boa para o momento. Maddie ri também, exageradamente alto, chamando a atenção de uma galera que dançar próximo a nós. Ela não se importa com maus olhares e simplesmente continua rindo, muito abobalhada.

— Jesse tem sérios problemas. Que tal dá um jeitinho nele?

Ela aceita minha sugestão sem pensar duas vezes, com um sorriso exageradamente amistoso de quem vai aprontar e caminha toda torta até ele abrindo espaço entre a multidão.

Pouco me importo de que forma ela vai dá um “jeitinho” nele, sei que ela vai conseguir ao menos mudar a expressão dele. Volto-me para o resto da galera e me empenho em dançar, suando cada vez mais, sentindo a bebida transpirar por minha pele.

Pouco tempo depois, estou exausta. Mas nada é capaz de me deter, nem mesmo a exaustão das minhas pernas. Estou um tanto torta, vendo tudo em dose dupla, girando e girando sem parar. Estou rindo atoa e tropeçando nos meus próprios pés.

Há algo de errado comigo.

As coisas voltam a clarear quando avisto do outro lado, alguém que pensei nunca mais ver na vida: Mark. Com roupas escuras e um sorriso sínico, me olhando sem disfarçar.

Dessa vez, ele quem vem até mim.

— Você está irresistivelmente encantadora essa noite.

É visível que ele ainda não bebeu essa noite. Talvez tenha acabado de chegar e sua aparição me fez realmente feliz. Uma distração era tudo que eu precisava para esquecer o mau-humor de Jesse.

Por falar em Jesse, cadê ele?

Dou uma rápida olhada pelos lados e não o vejo. Mas também não me preocupo. Ele está em boas mãos, com Maddie. Ela sabe como dar uma animada nas pessoas. Confio nela. Não literalmente, mas confio.

Mark me oferece um cigarro preto que tem gosto de menta.

— Não quer ir lá fora um pouquinho? – ele sussurra no meu ouvido, para que eu consiga ouvi-lo. A música está muito alta. — Tomar um ar.

Pela expressão dele, tomar um ar não são suas verdadeiras intensões. Mas não sou nada boba. Disso ele sabe. E quero tanto quanto ele o que só nos dois desejos.

Sigo-o.

Lá fora está razoavelmente vazio. Mark me encosta a parede, em um ponto completamente escuro, mas que ainda assim consigo ver seu sorriso, e me beija reativando meu calor.

Permiti que ele tirasse meu sobretudo, deixando-o cair no chão gelado. Eu realmente estava com calor. Não só pelo beijo. Beija-lo é como arder em chamas. A bebida realmente havia afetado meus neurônios e eu estava ali, me entregando pouco a pouco, pra ele.

— Por favor, aqui não. – murmurei, entre um beijo e outro. Mark mordiscava meu lábio inferior. — Por favor. – praticamente implorei.

— Vamos pra casa. Pra minha casa. Vamos? – ele era completamente provocativo. Ainda mais que Tyler. — Agora.

Dei um passo para trás, me afastando, ao mesmo tempo em que abaixei para pegar meu sobretudo. Acabei caindo de bunda no chão e ao invés de reclamar da dor, eu ri. Ri feito uma imbecil. E Mark riu também.

— Vamos voltar lá pra dentro. – puxei-o, já depois de colocar meu sobretudo outra vez, cobrindo-me. Sei que não respondi ao pedido dele, mas essa realmente foi a minha intensão: fugir.

Mark me ofereceu uma bebida, e eu aceitei. Encostando-me em uma viga, apoiando-me para não perder o equilíbrio entre um gole e outro.

Estreitei meus olhos para poder enxergar melhor. Eu não estava enganada, estava? Jesse e Maddie se beijando não muito longe dali.

— Que diabos é... – Mark não esperou que eu terminasse a frase. Eu havia pensando alto demais. Ele já estava me beijando outra vez, me fazendo perder o folego.

Dessa vez, não o beijava com vontade. Não por escolha. Não que não estivesse bem. Eu só estava... Desconfortável. Por estar o beijando e ao mesmo tempo, como um filme, a cena de Jesse beijando Maddie rodando em minha cabeça. Eu já deveria ter imaginado que isso acontecia.

— Parem com isso. Eca! – Chris, um conhecido, me puxou pra longe de Mark. Até a pista de dança. Estava tocando Wake Me Up do Avicii e essa musica é incrivelmente dançante, apesar de eu não gostar muito desse tipo de música. Naquele momento aquela música aflorou a minha animação, espantando todos meus maus pensamentos.

Sim, eu já estava passando da conta. Completamente embriagada, perdi as contas de quantas vezes eu cai e fui ajudada para se levantar. Sem me importar em passar vergonha. Naturalmente, todos riam também como eu ou até piores.

Não mais vi Mark. Certamente ele me deixou pra trás em busca de uma garota que realmente pudesse dar a ele o que ele procurava.

Mas Jesse, nem por um momento, parou de beijar a Maddie e isso já estava me dando nos nervos. Será que eles nem pausavam para respirar?

Ela realmente conseguiu dá um jeitinho nele. Jesse parecia bem mais empolgado agora. Basta aparecer uma qualquer para dar a ele um pouco de ação pra ele deixar de lado aquela cara de merda.

— Ei, vamos lá. Anime-se. – Chris me balançou, me trazendo de volta a realidade.

Que Jesse e Maddie danem-se.


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Notas finais do capítulo

Gostaram do capítulo? Espero que sim. Tem muito mais!



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