Black Hole escrita por juliananv


Capítulo 9
Capítulo 9 Shampoo


Notas iniciais do capítulo

Na minha opinião esse capítulo do Edward é mara, então segurem a respiração e divartam-se.



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            Cem dias sem Bella.


 


            Estava deitado no sofá com os olhos fechados. Bloqueava a mente e as vozes de todos, estava ficando muito bom nisso.


           


            Pensava na visão de Alice. Bella se casando comigo... Passei a imaginar tudo, aquilo me deixa extremante feliz. Podia ver claramente Bella vestida de noiva, linda, perfeita, com suas bochechas rosadas; com toda certeza ela estaria constrangida. Charlie a conduzia e a entregava a mim. Ela seria minha para sempre. Podia sentir a sua mão quente envolvendo a minha. Ela me dizia sim, então me beijava. Fiquei assim por um bom tempo, lembrando do sabor dos seus lábios, seu cheiro.


 


            Minha imaginação estava melhorando: sentia como se estivesse sendo realmente beijado, só que a temperatura dos lábios estava errada. Fiquei tenso ao perceber que Tânia estava realmente me beijando e eu, preso como estava em meus sonhos, comecei a retribuir o seu beijo pensando que fosse Bella. Eu me afastei no mesmo segundo em que percebi o que acontecia.


 


            Não se preocupe, Edward, vamos só aproveitar o momento; posso sentir que você estava gostando também. Tânia achou que eu sabia que era ela, que finalmente tinha me rendido aos seus encantos.


 


            - Sinto ter te iludido, você me pegou em má hora.


 


            Eu nunca peguei você em melhor momento como agora. Ela tentava se aproximar de mim novamente, claramente achava que eu gostava de bancar o difícil, estava se divertido com o que imaginava ser um joguinho de sedução. Fiquei de pé, longe dela, teria de ser grosseiro, não seria agradável.


 


            - Tânia, não estou tentando fazer nenhum joguinho com você. Serei bem claro desta vez: não existe nenhuma pequena possibilidade de que eu venha a me relacionar com você, nem hoje e nem nunca.


 


            Então porque me beijou daquela maneira?


 


            - Como disse, você me pegou em uma hora ruim. Sinto ter que ferir seus sentimentos desta maneira, mas minha mente estava em outro lugar, não era você que eu estava beijando.


 


            Você estava pensando nela, na humana, a tal de Bella. - Podia ver como minhas palavras a magoavam. Eu me aproximei de Tânia e a abracei.


 


            - Perdoe-me, eu amo você como amo minhas irmãs. Não consigo ver você como uma mulher. Gostaria que pudesse entender isso, você faz parte da minha família.


 


            Quem sabe eu não poderia ajudar você a se recuperar desta tristeza...


 


            - Não posso usar você dessa maneira. Não seria justo com ninguém e, principalmente, não consigo trair o amor que tenho por ela. Mesmo que não possa ficar com Bella, o que sinto jamais mudará. Sempre serei fiel a esse amor.


 


            Roseli sempre me disse que você só estava interessado por essa humana porque não consegue ler a mente dela. Sempre me incentivou a tentar me aproximar de você, dizia que agora você seria mais receptivo. Quando entrei e te vi deitado, fui me aproximando devagar, você nunca é pego de surpresa. Quando segurei sua mão e você foi tão gentil, não pude deixar de tentar te beijar novamente. E você retribuiu de uma maneira tão intensa... Levei Tânia para o sofá e me sentei ao seu lado, sentia que precisávamos ser claros um com o outro para que ela seguisse em frente.


 


            - Preciso que você entenda: Roseli não consegue aceitar o fato de que eu me interessei por alguém que não seja ela. Rose é vaidosa demais, sempre achou que o problema era comigo, que eu era incapaz de me envolver. E quando Bella apareceu e ela notou meu interesse antes mesmo que eu tivesse percebido, eu a feri no seu ponto mais fraco. Rose notou que sua beleza não era tudo como sempre acreditou e, principalmente, eu me interessei pelo que ela nunca mais poderia ser.


 


            Quando você apareceu aqui antes...


 


            - Eu estava fugindo. Tinha acabado de conhecer a Bella, foi muito difícil não matá-la. – Ouvia a confusão na mente da Tânia. - Ela cheirava maravilhosamente bem, tive que passar uma hora lutando contra o impulso de atacá-la. Então fugi para o mais longe possível. Só que, chegando aqui, não conseguia resistir à vontade de ver aquela garota novamente.


 


            Eles nos contaram assim que chegaram aqui. Eu nunca consegui entender muito bem tudo isso... Tinha vontade de conversar com você, mas você tem estado tão distante de tudo e Kate e Irina não queriam que eu te incomodasse. Só me conte um pouco para que eu possa entender.


 


            - No começo, eu realmente fiquei intrigado por não conseguir ler a mente dela, depois o cheiro que vinha de sua pele era tão doce... Ficava fascinado porque ela parecia não se amedrontar perto de mim, nenhum humano nunca havia me olhado nos olhos antes, e ela sempre me encarava com aqueles olhos curiosos. Quando Alice revelou para todos que eu estava me apaixonando por ela, tentei resistir. Fracassei miseravelmente, ela tem uma força que sempre me puxa para perto... Bella é desastrada – sorri ao recordar das suas trapalhadas, fazia meses que não sorria -, corajosa, altruísta, discreta, tímida, amorosa... Ela desperta em mim sentimentos que nunca imaginei que existissem, nem mesmo quando era humano.


 


            Você realmente ama essa menina. Se é assim, por que está se privando desse amor? Pelo que ouvi dos outros, ela também parece gostar de você.


 


            - Quero que você olhe isso pelo meu ponto de vista. Quando me vi apaixonado por ela, não tinha nenhuma esperança de que ela se interessasse por mim, afinal, eu sou um monstro. Ela sempre me surpreende: não só descobriu praticamente sozinha que eu era um vampiro como também nunca teve medo de estar perto de mim, sempre me dizia que se sentia segura comigo ao seu lado. Bella é muito azarada. Como disse, ela parece atrair para si tudo o que é perigoso. No começo, eu me iludi achando que era forte o suficiente para protegê-la. Passei a encarar a realidade quando James a atacou, depois Jasper... Não podia ignorar o fato de que eu era mais perigoso para ela do que qualquer outra coisa. Sabia que Bella nunca iria me deixar por medo de que algo pudesse acontecer a ela. E eu nunca me perdoaria se algo acontecesse a ela. E, para que ela tenha a possibilidade de ter uma vida, me afastei. A única coisa que importa para mim é que ela esteja viva.


 


            Edward, eu sempre me envolvi com homens humanos e nunca senti por nenhum deles o que você sente por essa menina. Consigo respeitar o amor de vocês, prometo que nunca mais vou tentar me aproximar de você. Você sabe que o que sinto é mais desejo do que amor. Não se preocupe mais comigo, só queria sentir por alguém o que você sente por ela.


 


            - Espero que um dia encontre alguém. Antes eu me perguntava se tinha algum sentido minha existência, minha imortalidade. Quando a conheci, soube que Carlisle tinha feito a coisa certa, eu precisava esperar por ela.


 


            Mesmo sendo feliz por tão pouco tempo, vale a pena?


 


            - Queimaria eternamente só para passar um único dia ao seu lado. Se soubesse que encontraria a sua metade e só pudesse desfrutar algumas horas de sua companhia, você abriria mão?


 


            Acho que não. Sorrimos juntos. Estava aliviado por Tânia enfim compreender que eu não tinha nada para dar a ela, que ela merecia alguém completo.


 


            Obrigada por me fazer entender. Vou te deixar em paz, eu prometo. Ela me deu um beijo no rosto e foi embora do quarto.


 


            Voltei para o meu conhecido buraco negro. O tempo demorava a passar, estes últimos cem dias foram os mais difíceis da minha existência. O pior era ter a certeza de que o dia seguinte seria ainda mais difícil. A tendência era essa. Eu perguntava todo dia se isso iria ter um fim, se em algum momento a carga de dor que a cada dia aumentava chegaria ao seu limite; queria acreditar que sim.


 


            Senti Esme sentando ao meu lado.


 


            Não vá embora, filho, fique comigo.


 


            - Eu preciso ficar um tempo sozinho; não se preocupe, eu vou te visitar. - Não podia prometer a Esme que voltaria a morar com ela novamente.


 


            Não demore, você sabe que é o meu preferido, meu primeiro filho.


 


            Abracei minha mãe, ela me deitou no seu colo enquanto se lembrava de velhas cantigas de ninar. Ficamos assim por um bom tempo.


 


            Desculpe, Alice se distraiu comigo, Tânia aproveitou. Ela foi muito desagradável?


 


            - Só um pouco, ela me pegou distraído. - Seria constrangedor contar a Esme sobre o beijo. - Acabou sendo bom, desta vez ela realmente compreendeu que eu não tenho nada para dar a ela e que ela é uma irmã para mim.


 


            Que bom que ela não te chateou muito. Você vai ser cuidadoso ao caçar Victoria? Por mim?


 


            - Não se preocupe com isso. Se sentir algum perigo, por menor que seja, aviso vocês.


 


            Obrigada. Edward, posso te pedir um favor?


 


            - Se estiver ao meu alcance, nada poderia me alegrar mais.


 


            Não me faça passar pela dor de perder outro filho. Fiquei tenso, Alice não faria isso. Como não podia prometer isso a Esme, apenas dei um abraço.


 


            - Esqueça isso, Esme.


 


            Fomos interrompidos pela entrada de Carlisle, Jasper e Alice.


 


            Não se preocupe, Esme ainda não sabe dos seus planos idiotas. Pensava Alice. Olhei para ela agradecido.


 


            - Bom, já que você insiste em fazer isso, tenho algumas exigências antes de te dar o rastro dela. – Fiquei tenso, não estava muito disposto a negociar.


 


            - Depende do que você quer, Alice.


 


            - Primeiro: você vai ficar o tempo todo com o celular. Não vá deixar que a bateria se descarregue, quero poder entrar em contato com você caso alguma coisa grave aconteça. Segundo: antes de tomar qualquer atitude, vai falar comigo primeiro. Terceiro, vai nos procurar novamente em breve.


 


            - Tudo bem. Acho que posso concordar com tudo.


 


            - Já que está tudo certo, Victoria está entre o Texas e o México. Como não consigo ver quando você vai realmente começar a caça, entre em contato comigo novamente. Não se esqueça que vou monitorar todos os seus passos! Se você mudar de idéia, vou para Forks no mesmo segundo!


 


            Concordei com tudo, desesperado para ir embora. Coloquei uma roupa mais resistente, Alice arrumou uma pequena mochila e me entregou.


 


            Só coloquei o essencial. Tem baterias extras, vai precisar. - Sentiria muita falta desta baixinha irritante.


 


            Eu me despedi de todos, Jasper e Emmett insistiram novamente em me acompanhar. A despedida mais difícil foi a de Esme, ela não se conformava com a minha decisão.


 


            Corri aliviado por não ter mais de fingir para ninguém. Não peguei o carro e nem pretendia ir de avião, corria para tentar aliviar um pouco a dor. Entrei em uma floresta, não fazia a menor idéia de onde estava, encontrei uma pequena e imunda caverna. Entrei me encolhi entre duas grandes rochas. Passei dias ali...


 


            A sede não me incomodava, gostei de poder me isolar do mundo, ficar em absoluto silêncio; só tinha por companhia as lembranças do meu amor, estava lutando para resistir mais uma semana. Na segunda, você volta para ela, prometia para mim mesmo. Quando chegava a outra segunda-feira, fazia-me a mesma promessa, sabia que este jogo não poderia durar muito tempo mais. A cada segundo que passava, a dor aumentava de forma alucinante.


 


            O cheiro da Bella... Sentia falta da queimação em minha garganta, falta do meu coração que ficou batendo no peito dela; o coração dela de certa forma também era o meu coração, ele ligava nos dois à vida.


 


            E se eu só ligasse para a casa dela? Não precisaria falar nada, só ouvir a sua voz, saber se ela está segura, viva... Não posso fazer isso! Voltaria mais rápido se começasse a quebrar as minhas regras...


 


            Cento e trinta e quatro dias sem Bella.


 


            Ouvi o celular tocar. Fiquei preocupado; sabia que Alice só me incomodaria se tivesse algo importante para contar. Resolvi atender.


 


            - Você precisa voltar se ainda planeja caçar Victoria.


 


            - Aconteceu alguma coisa importante? – Sabia quando Alice tentava esconder algo de mim.


 


            - Não sei se você vai gostar de saber... É com Bella - Fiquei em estado de alerta.


 


            - O que aconteceu com ela?


 


            - Bella tem entrado e saído muito do hospital nas últimas semanas, mas hoje o acidente foi pior.


 


            - Como assim? O que esta acontecendo com ela, Bella está doente? – Fiquei com medo de que ela estivesse tentando se matar.


 


            - Ela esta aprendendo a andar de moto... Tem caído bastante, já levou muitos pontos ao longo das últimas semanas... Só que hoje ela bateu a cabeça com muita força, chegou a ficar um tempo desacordada. Fiquei apavorada. – Fiquei furioso com Bella. Como ela podia se arriscar tanto? Estava desprezando todo o meu esforço para mantê-la viva. Fiquei em silêncio por algum tempo.


 


            - Edward, está prestando atenção?


 


            - Desculpe, Alice. Você chegou a falar com Carlisle?


 


            - Hoje não, achei melhor ligar para você antes... Desculpe te incomodar; se fosse comigo, eu iria preferir saber.


 


            - Tudo bem, vou pensar se posso ajudar de alguma maneira. Acho meio difícil, ela realmente continua atraindo o perigo. Obrigado.


 


            Desliguei o celular em pânico. Saí da caverna, andava de um lado para o outro, não sabia que atitude tomar. Peguei o celular e procurei por um número que nunca havia ligado antes.


 


            - Dr. Gerandy, aqui é Carlisle Cullen, tudo bem? – Imitava a voz do meu pai.


 


            - Olá, Dr. Cullen, como anda a Flórida? – Carlisle disse que estávamos na Florida? Bella com certeza sabia que estávamos mentindo.


 


            - Bem. As crianças estão se adaptando ainda... – Queria ir direto ao assunto, mas tive de enrolar um pouco - Como andam os meus pacientes? – Queria que ele falasse dela sem que eu precisasse perguntar, mas não tinha como ele adivinhar isso.


 


            - Alguém ligou para você novamente. Ainda descubro que é o seu informante, Carlisle... – Não fazia a menor idéia do que ele estava falando. Resolvi blefar. Dei uma risada antes de responder, tentava parecer descontraído.


 


            - Eu gosto de estar em contato com meus pacientes...


 


            - Tudo bem. Isabella Swan – Senti como se o mundo tivesse parado, Carlisle andava ligando para ter informações sobre Bella! O que estava acontecendo? – passou aqui hoje de novo. Garota criativa essa, não sei o que ela anda aprontando para que se machuque tanto... Se não conhecesse bem Billy Black, poderia desconfiar que aquele filho dele estivesse batendo nela. – Jacob! Bella tem andando com Jacob Black! Fiquei louco de ciúmes, inalei profundamente antes de falar.


 


            - Qual foi o motivo da visita hoje? – Resolvi ir direto ao assunto, pegar as informações importantes e desligar o mais rápido possível.


 


            - Ela tinha outro corte na cabeça, acho que é o terceiro em um mês. Desta vez a batida foi feia, ela ficou em observação por algumas horas antes que eu a liberasse. Ela parece estar melhorando da depressão, acho que o novo namorado está ajudando. Jacob é realmente atencioso com ela. Pensei em ligar para o chefe Swan à noite, pedir para que a acordasse algumas vezes ao longo da noite, mas sabe como são esses adolescentes... - Estava em estado de choque. Bella já havia me esquecido, estava namorando Jacob!


 


            - Faça isso, ligue para o pai dela. Tenho que desligar, obrigado pelas informações.


 


            Então, era isso que Alice estava escondendo de mim! Achava que era sobre os acidentes, mas não! Bella estava fazendo exatamente o que devia, ela estava seguindo com sua vida. Ela havia se esquecido de mim. Se antes a dor era difícil de aguentar, agora estava insuportável. Nem notei que havia caído de joelhos.


 


            Bella não precisava mais de mim. Estava livre para ir aos Volturi. Pensava sobre isso quando o celular tocou novamente.


 


            - Não saia daí, estou chegando! Se você pensar em fugir, voo para Forks e mordo Bella! – Antes que eu pudesse dizer a Alice tudo o que eu queria, ela desligou o celular. Liguei para ela. O telefone havia sido desligado.


 


            Fiquei extremamente irritado com Alice. Eu sabia que ela só precisava de uma desculpa para agir. Estava sem saída! Quando ela chegasse aqui, eu iria agarrar aquele pescoço magrelo dela!


 


            Não demorou muito tempo, ouvi Alice se aproximando, ela estava sozinha. Vinha me mostrando o que estava acontecendo com Bella. Quando ela estava perto, parti para cima dela.


 


            Obviamente, não consegui atacá-la. Não porque ela escapava, eu é que não seria capaz de machucar minha irmã. Ficamos um tempo assim e eu pude colocar um pouco da minha fúria para fora.


 


            Agora que você já cansou de bancar o babaca, vamos conversar? Bella não está namorando ninguém! Apesar de Jacob tentar, ela não quer saber de outro que não seja você. Alice me mostrava Bella, ela estava horrível. Ela estava assim há algumas semanas. Quando passou a conversar com esse garoto lobo, melhorou um pouco.


 


            - Você está mentindo! O médico disse claramente que eles estão juntos.


 


            Se não acredita em mim, volte a Forks e veja você mesmo.


 


            - Sabe muito bem que não posso fazer isso.


 


            Edward, quando vi que você decidiu ligar para o médico, tentei entrar em contato, mas você já estava falando com ele. Carlisle e eu temos mantido contato com algumas pessoas do hospital.


 


            - O que ela anda fazendo?


 


            Primeiro, ela veio com as motos, está aprendendo a andar de motocicleta. Desajeitada como ela é, você pode entender o porquê dos ferimentos. A novidade do momento é fazer trilha. Ao que parece, ela anda procurando a campina de vocês com a ajuda daquele garoto.


 


            - Bella tem pavor de velocidade. Ela não consegue andar direito nem sobre superfícies planas, como pode estar fazendo trilha? Por que ela está fazendo essas coisas? Eu não entendo, ela me prometeu que se manteria segura.


 


            Acredito que com as motos ela está tentando se matar mesmo. Bella não tem coragem de tomar uma atitude drástica. Então parece estar agindo da forma mais imprudente que consegue, mas deve estar contando com a sorte. Pelo menos esse garoto está sempre por perto. Apesar de ser apenas um adolescente humano, o que não conta muito, ele sempre a leva para o hospital. Já a historia da trilha, bem... Acho que de certa maneira ela está procurando por você. Ou por algum lugar que a faça sentir que você está próximo a ela.


 


            - Isso não faz sentido, Bella não é assim. Ela nunca foi irresponsável dessa maneira...


 


            Edward, você acha que essa dor só transformou você nesta coisa amarga? Bella também está bem diferente. Não é tão cuidadosa como antes. Se antes você achava que ela era azarada, agora parece que Bella pendurou um holofote no pescoço, ela quer que todo o azar do mundo possa encontrá-la. Toda noite ela implora para que você volte. Alice se recordava de Bella dormindo, chamando por mim, chorando.


 


            - Alice, pare de me torturar!


 


            Se você demorar muito a voltar, talvez esse garoto consiga o que quer. Já imaginou Bella, a sua Bella, com esse garoto?


 


            - Chega! Talvez assim seja melhor. Eu sabia que uma hora ela se envolveria com alguém. Tenho que respeitar as escolhas dela.


 


            - Edward, como você pode ser tão idiota? Idiota, idiota! Ela não está escolhendo ficar com ninguém. Ela quer você! E você a está obrigando a fazer isso, está jogando a razão da sua existência no colo deste garoto. Pare agora de bancar o covarde e volte já para Forks! – Alice, perdeu toda a sua paciência comigo, estava gritando.


 


            - Alice, tudo está como deveria ser. Bella está melhorando aos poucos, em relativa segurança. Não vou voltar. Só me ajude a dar um jeito nessa coisa das motos.


 


            - Quer saber, Edward? Eu não vou ajudar mais droga nenhuma! Se você quer ferrar o futuro maravilhoso que poderia ter o problema é seu. Já que você resolveu que quer que ela se mate enquanto fica aqui se escondendo nesta caverna fedorenta, eu não vou mais me importar! Não vou interferir nas loucuras da Bella. Quem sabe ela não resolva escalar alguma montanha, saltar de paraquedas, ou, melhor, nadar junto com tubarões famintos e acabe morrendo? Assim, tudo ficará do jeito que você planejou e você finalmente encontrará a “felicidade” que anda procurando tão estupidamente. – Alice estava revoltada comigo. - Cansei de você, Edward Cullen! Agora deixe de ser covarde e veja do que você está abrindo mão!


 


            Fiquei chocado com a visão de Alice.


 


            Alice me mostrava uma praia. Eu estava no mar e Bella vinha em minha direção, nua. O rosto dela, o sorriso dela era estonteante, nunca tinha visto ou imaginado que meu amor pudesse ser tão feliz assim, ela me abraçava sem medo nenhum, o calor do corpo dela... Bella era perfeita, humana, linda. Eu estava colado a ela, eu a amava de todas as maneiras que nem me permitia sonhar. Nossos corpos juntos, Bella e eu éramos um. Sabia exatamente agora o que era estar no paraíso.


 


            Eu estava inteiro, completo. Sentia o meu coração crescer devido à intensidade daquela revelação, perdi o fôlego. Quando consegui abrir os olhos, Alice já havia ido embora.


 


            Esqueci quem eu era, onde estava, o porquê de estar ali. Tinha que ver Bella agora. Peguei a mochila e corri desesperadamente. Descobri que estava no Canadá. Fui para o aeroporto mais próximo, em Vancouver. Não pensava em nada, só na visão que Alice me mostrou.


 


            - Qual é o próximo voo para Seattle? – Perguntei para a atendente.


 


            - O avião parte em uma hora, mas só temos poltronas na primeira classe. – A mulher claramente pensava que eu não tinha dinheiro para isso. Olhei para mim mesmo através dela, estava imundo, precisava dar um jeito nisso antes de entrar no avião.


 


            - Quero uma passagem. – Estava tão ansioso que cogitava a hipótese de ir correndo até Forks, mas de avião iria chegar antes.


 


            Peguei a passagem, fui até a loja mais próxima e comprei roupas novas; não podia aparecer na casa dela parecendo um mendigo.


 


            Enquanto comprava as roupas pensava na melhor maneira de me aproximar da Bella, tinha pavor de que ela não me quisesse mais. Mesmo que tivesse que implorar, ajoelhar-me aos seus pés, faria isso com enorme prazer, estaria perto dela. Não conseguia controlar a minha ansiedade; só de imaginar que em menos de quatro horas estaria com ela novamente, minha vontade era de cantar.


 


            Será que ela havia mudado? Eu sabia que a dor que senti durante esses intermináveis cento e trinta e quatro dias longe dela me marcaria eternamente, os piores dias de toda a minha existência. Com Bella tudo era muito intenso, descobri com ela o que era estar no céu e no inferno. Tinha esperança de que ela me aceitasse novamente, queria poder voltar para o meu céu.


 


            Fui até o banheiro. Trocava de roupa e iludia-me que Bella me perdoava, imaginava-me beijando-a. Estava em dúvida se entrava por sua janela, já que chegaria a Forks à noite, ou se seria melhor esperar amanhecer. Sabia que não conseguiria esperar pelo amanhecer para vê-la; poderia escalar a sua janela e vê-la dormir, esperar que Charlie fosse trabalhar e aí conversar com ela; precisaríamos de privacidade, devia pelo menos isso a ela. Bella e eu sozinhos novamente, estava feliz.


 


            Enquanto lavava o meu rosto, sonhando com ela, olhei no espelho e vi meus olhos, negros, violentos, o olhar de um predador, um monstro.


 


            Lembrei de tudo. James, Jasper, e, principalmente, lembrei de como tinha que me controlar quando estava com ela. Eu não a merecia, meu anjo não era meu.


 


            Joguei a passagem no lixo, junto com a minha felicidade. Virei-me e fui embora.


 


            Quando estava saindo do aeroporto, passei por uma farmácia e senti o aroma do shampoo de morango que a Bella costumava usar. Sabia que estava sendo extremamente masoquista, entretanto, não consegui resistir, entrei e comprei um frasco para mim.


 


            Fui caçar antes de me hospedar em um hotel de beira de estrada. Havia decidido que na manhã seguinte iria visitar Esme antes de correr em direção ao Texas, para caçar Victoria.


 


            Passei a noite em meu buraco negro, pensava em Bella enquanto inalava o odor de morango que tomava conta do quarto.


 


            Fui embora antes de o dia amanhecer. Carregara todas as baterias do celular; se alguém quisesse entrar em contato comigo, não poderia reclamar. Duvidava muito que Alice voltaria a falar comigo tão cedo, pois estava muito magoada. Devia estar mais brava ainda, vendo que eu cheguei muito perto de voltar para meu amor.


 


            Dei sorte: quando saí do hotel, o tempo estava nublado. Voltei novamente ao aeroporto, desta vez embarquei rumo a Ithaca.


 


            Fiquei surpreso ao encontrar Esme esperando por mim no Aeroporto. Alice devia ter ligado para minha mãe.


 


            Que bom que você decidiu vir nos ver. Estava com muita saudade de você, filho, pensava Esme enquanto me abraçava.


 


            - Também senti sua falta, mãe. Como andam as coisas por aqui?


 


            - Tediosas. Carlisle tem trabalhado bastante, começou a lecionar em Cornell e ainda está dando plantão no hospital. Ele está tão feliz em dar aulas, só está tendo um pouco de dificuldades com o sol.


 


            - É, isso sempre complica a nossa vida. – Procurava prestar atenção ao que Esme contava, não ficaria muito tempo, queria deixar minha mãe feliz.


 


            - Rose e Emmett continuam em lua de mel. Ligaram ontem, estavam em Paris. Jasper e Alice chegaram ontem à noite. – Fique tenso, não esperava encontrar com Alice tão cedo.


 


            - Eles estão bem? – Esme estava cuidadosa com seus pensamentos.


 


            - Alice ainda está chateada, o que é uma tremenda novidade. Acho que é a primeira vez em cinquenta anos que vocês brigam. Jasper está com saudades de você. Não se preocupe, isso vai passar logo.


 


            - Eu sei, só não esperava encontrar com ela tão cedo.


 


            Pegamos o carro no estacionamento do aeroporto e fomos para a parte mais afastada da cidade. Nossas casas geralmente ficavam distantes, era melhor assim. Precisávamos de certa privacidade. Pelo visto, Esme já havia dado uma reformada na casa.


 


            O primeiro que encontrei, assim que entrei, foi Jasper. Ele esperava por mim na sala, dei um abraço nele. Podia ouvir Alice irritada em seu quarto.


 


            - Não se preocupe: guardar rancor não é uma especialidade da baixinha.


 


            - Ainda bem, a coisa já é bem difícil com ela ao meu lado. – Jasper tentava disfarçar, mas estava impressionado com a dor que eu sentia.


 


            -Só está irritada por ser contrariada. Em parte a culpa é minha, faço todas as vontades dela...


 


            - Continue assim, ela merece. - Sabia que Alice estava me ouvindo, queria falar com ela. Estava constrangido.


 


            - Ah, o bom filho à casa torna! – Carlisle veio me abraçar, sentia muita falta do meu pai.


 


            - Achei que teria de resgatar você novamente! Pelo que vejo, as coisas ainda estão na mesma.


 


            - Minha vida anda sem muitas novidades ultimamente.


 


            - Bom, pelo menos a briga com Alice agitou um pouco as coisas. Fiquei chocado quando ela chegou aqui ontem. Nunca pensei que isso fosse acontecer algum dia. Ela nunca ficou brava com você assim antes.


 


            - Para tudo tem uma primeira vez. – Carlisle falava tentando provocar alguma reação em um de nós dois. Podia ouvir que Alice não estava muito disposta a falar comigo no momento.


 


            Subi para colocar as minhas coisas no quarto. A casa estava diferente, Esme deve ter se divertido com a reforma. Quando passei pelo quarto da Alice, a porta estava fechada; mesmo assim ela tentava me provocar.


 


            Minha amiga merece ser feliz. Quem sabe o Jacob venha a ser melhor para ela do que você? Pelo menos ele esta corajosamente lutando por ela...


 


            Suspirei fundo e a ignorei. Assim que abri a porta do meu quarto fiquei chocado.


 


            Ele estava totalmente diferente, maior, mas não era o tamanho me deixou irritado. Tinha uma enorme cama de casal totalmente sem utilidade e, ao lado dela, uma mesinha de cabeceira com um portarretrato de prato com uma foto minha abraçado com a Bella no Baile de formatura. Assim que olhei Bella na foto fiquei mais calmo. Desisti de tentar brigar com Alice; sabia que isso era coisa dela, Esme nunca faria isso.


 


            Coloquei a mochila sobre a cama e liguei o som; “alguém” havia colocado “Clair de Lune”. Peguei na minha mochila o frasco do shampoo e coloquei sobre a mesinha de cabeceira, ao lado da foto; abri o frasco para que meu quarto tivesse o aroma dos cabelos dela.


 


            Sabia que estava chegando ao meu limite. Não conseguia mais ver sentido no que estava fazendo; agora, em vez de tentar me segurar longe dela por uma semana, prometia-me que dentro de seis dias voltaria para Forks.


 


            Seis dias se passavam e eu me refazia aquela promessa. Sabia que este meu jogo particular uma hora chegaria ao fim. Às vezes a dor era tão insuportável que eu decidia voltar para Forks; chegava até a porta de casa, respirava fundo e voltava para o meu quarto.


 


            A visão de Alice atrapalhou bastante a minha determinação. Precisava descobrir se o que Alice revelou para mim era realmente uma probabilidade de futuro ou se a baixinha estava tentando me enganar. Não seria a primeira vez que ela faria isso. Mas ainda não havia falando com ela desde que cheguei.


 


            Passei alguns dias com eles. Esme estava tão feliz que prorroguei um pouco a minha partida. Alice não tentou se aproximar de mim nenhuma vez, assim como eu.


 


            Cento e cinquenta dias sem Bella.


 


            Algumas vezes era até divertido quando nos encontrávamos em algum cômodo da casa. Jasper logo aparecia para acalmar os ânimos; ele sentia muito bem o clima pesando em nossa volta. Eu não tinha raiva da Alice; o que me matava eram as visões e as lembranças que ela insistia em pensar quando eu estava próximo. Bella com Jacob, Bella triste, Bella triste na escola, Bella comigo, Bella me beijando, Bella chorando, Bella me chamando... Bella... Bella...


 


            Algumas visões eram até boas: quando Bella sorria, uma pequena parte minha encontrava consolo nisso, mesmo que o sorriso não fosse o mesmo que ela dava quando estava comigo. Algumas vezes Alice me mostrou que ela estava começando a dar “os meus sorrisos” para o Jacob; quando isso acontecia, saía bufando.


 


            Decidi que estava na hora de começar a caçada. Já havia adiado bastante isso. Iria partir no dia seguinte. Não queria ir brigado com Alice, amava muito minha irmã, nunca fiquei sem falar com ela dessa maneira.


 


            - Carlisle, estou de partida, vou para o Texas amanhã.


 


            - Por que não espera mais uma semana ou duas? Emmett e Roseli estão para chegar.


 


            - Sinto muito, mas já posterguei isso demais, agora tenho mesmo que ir.


 


            - Tudo bem, se você que assim...


 


            Na manhã seguinte eu me despedi de Carlisle, Jasper e Esme.


 


            - Edward! – Jasper jogou para mim a chave de um carro. – É um Shelby, o tanque está cheio. – Dei um abraço nele.


 


            - Valeu, Jasper, esse é um dos meus preferidos.


 


            - É o mínimo que eu posso fazer, depois de tudo.


 


            - Esquece isso.


 


            É impossível esquecer a dor pela qual eu sou responsável. Se você precisar de qualquer coisa, conte comigo.


 


            - Obrigado, irmão. – Queria sair logo dali, não gostava de ver a dor que eu estava causando na minha família também.


 


            Queria me despedir de Alice, mas ela se enfurnou em seu quarto. Não sabia o que fazer. Venceu o meu amor por ela.


 


            Bati na porta do quarto.


 


            - Não quero falar com você.


 


            - Por favor, só quero me despedir, não sei quando nos veremos novamente.


 


            Alice abriu a porta do quarto e me deu em abraço.


 


            Se cuida, por mim e por Bella. Não quero perder você também.


 


            - Não vai. Sinto muito por não poder fazer o que você gostaria.


 


            Você vai fazer, logo estaremos todos de volta a Forks. E, a propósito, aquela visão é sim uma possibilidade de futuro, foi a ultima visão que tive de vocês, quando ainda estavam juntos, no mesmo dia em que você pensou se um dia poderia se casar com ela.


 


            - Não minta para mim, isso é impossível de acontecer. Poderia matá-la facilmente.


 


            Não você nunca faria isso, essa probabilidade se perdeu faz muito tempo. Você sabe muito bem que aprendeu a tocar Bella da maneira certa, Edward. Você nunca a machucou quando namoravam. Quantas noites vocês passaram juntos nos últimos meses e ela sempre despertava na manhã seguinte, perfeita? Agora me conta se você não gostou do que viu...


 


            Sorri para Alice, estava meio constrangido. Sabia que em nossa família não existia nenhum tipo de privacidade, só que nunca precisei me preocupar com isso antes.


 


            Fiquei mais irritada ainda com você, estava quase lá, Edward. Por que você simplesmente não entrou naquela droga de avião? Eu morro de saudades dela! Vamos, venha comigo para Forks! Bella vai te perdoar, ela te quer de volta!


 


            - Adeus, Alice. Ligue quando precisar. – Dei um beijo em minha irmã preferida e fui atrás das minhas distrações, levando em minha mochila o shampoo e a foto.


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Notas finais do capítulo

Beijos e não esqueçam de deixar a sua opinão. Adoro saber os que vcs estão achando.



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