Black Hole escrita por juliananv


Capítulo 5
Capítulo 5 Buraco Negro.


Notas iniciais do capítulo

Bom gente, agora começa a fase em que eu pude das asas a minha imaginação. Aja sofrimente do noso lindinho, espero que se divirtam. Beijos Juliana.
Obs: Deixem opinões, eu gostho muitho.



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            Voei para longe da Bella e, agindo mecanicamente, fui apagar os rastros da minha passagem por sua vida.


 


            Entrei na casa da Bella, peguei todas as coisas que ela ganhou em sua festa de aniversário e as fotos que ela tirou de mim. Meu plano original era levar tudo comigo, mas não pude fazer isso; no fundo não queria ser esquecido por Bella, precisava que ela lembrasse que eu existia e que por um breve momento pude fazer parte de sua vida. Deixar aquelas coisas ali me fazia sentir que um minúsculo pedaço de mim ficava com ela. Então, coloquei tudo debaixo do assoalho do seu quarto, bem perto da sua cama; mesmo que ela não soubesse, estaria de certa maneira todos as noites com Bella.


 


             Fui para o carro, fazia tudo a uma velocidade assustadora até para mim. Entretanto, ao entrar comecei a me sentir incomodado. Ela já deveria estar voltando para casa, não fomos muito longe. Procurei pelas batidas do seu coração, pude ouvir que ela se afastava, entrando mais na floresta. Não sabia que atitude tomar. Se fosse atrás de Bella nunca mais sairia do seu lado; entretanto, se ela se ferisse ou alguma coisa errada acontecesse, seria minha culpa. Pensei sobre o assunto por menos de um segundo.


 


            Voltei para a casa da Bella, entrei na cozinha, escrevi um bilhete para Charlie, falsificando a letra dela; fui incapaz de assinar o bilhete, era doloroso demais: “Fui dar uma caminhada com Edward na trilha. Volto logo, B.”. Pendurei-o perto do telefone. Se ela se perdesse, o que era muito provável, Charlie a encontraria, pois tinha meios para isso. A floresta estava segura agora, afinal, os vampiros haviam ido embora.


 


             Entrei no carro e fugi.


 


            Andei com o meu carro por horas, corria, tentava fugir da dor. A partir do momento que me afastei dela, todo o mundo passou para o segundo plano; entre meus olhos e o mundo se encontrava o rosto dela. Não estava pronto para deixar Forks, não podia ir para Denali, não queria ver minha família. Precisava ficar sozinho, entregar-me ao desespero. Só queria Bella.


 


            Fui para a casa branca. Deixei o Volvo para poder correr - praticamente voei -, isso ajudava um pouco. Fui para o único lugar que me acalmava quando estava nervoso, para o nosso lugar. A campina.


 


            Quando cheguei lá, desmoronei. Lutava comigo para não voltar correndo para ela, ajoelhar-me e pedir perdão; não podia fazer isso. Parte do meu cérebro, entretanto, estava inquieto. Bella ainda vagava sozinha pela floresta ou será que Charlie já a havia encontrado? Antes que saísse à sua procura, resolvi que tinha uma opção mais segura para Bella. Contrariando tudo o que havia prometido, peguei o celular e liguei para a única pessoa que poderia me ajudar.


 


            - Alice, sei que te pedi para nunca mais olhar. Essa será a ultima vez, por favor, só me responda o que eu perguntar, não preciso saber dos detalhes.


 


            - Tudo bem, sabia que ia ligar. Sinto muito, tive que ver... – Claro, se não fizesse isso, não seria a Alice.


 


            - Ela ainda está na floresta?


 


            Como ela está? Ela sofre? Fiz o certo? Perguntas que não podia fazer a Alice, mesmo querendo muito saber as respostas. Tinha de me controlar.


 


            - Sim, ela está caminhando... – Antes que Alice continuasse a me contar os detalhes, eu a interrompi.


 


            - Corre algum risco? – Prometi a mim mesmo que só perguntaria coisas relevantes à sua segurança. No entanto, se Bella estivesse correndo algum risco, seria obrigado a ir atrás dela. No fundo, queria que ela tomasse alguma atitude que me levasse a ter que voltar. Tinha vergonha de pensar assim.


 


            - Não há nada de muito perigoso na floresta hoje, se é isso o que você quer saber. O único perigo que ela corre é de cair, você a conhece, então isso não é nada de novo.


 


            - Charlie vai encontrá-la?


 


            - Não consigo ver. Charlie está com o seu bilhete nas mãos, você acertou nisso. Está ficando preocupado, já está tarde. Ele já ligou para a nossa casa, claro, ninguém atendeu; tentou o hospital, já sabe que partimos. Está pensando em formar uma equipe de busca para procurá-la. Não consigo ver se a encontrarão...


 


            - Alice, você...


 


            - Não se preocupe, vou vigiá-la até ser encontrada. Caso alguma coisa aconteça, entro em contato.


 


            - Assim que a encontrarem me ligue, estarei esperando. Obrigado. – Desliguei o celular.


 


            Então eu pude me entregar de vez à tristeza que me consumia. Sentei-me na campina, nossa campina. Queria recordar-me de todos os momentos que passamos juntos, desde que a vi pela primeira vez no refeitório da escola. O rosto dela, o primeiro olhar, a primeira vez que nossos dedos se tocaram. Todas as nossas conversas, a primeira noite que invadi o seu quarto e a ouvi falar o meu nome enquanto dormia; demorei muito tempo nessa lembrança, afinal isso foi um divisor de águas em nossas vidas. A surpresa que senti quando ela descobriu sobre a minha natureza e mesmo assim me amou. Eu sentia que a dor aumentava a cada segundo que me mantinha afastado dela.


 


             Espantava-me como os nossos destinos se cruzaram de forma tão inesperada. Nesta cidade minúscula no meio do nada, eu estava levando minha vida como sempre fiz, da maneira mais tediosa, naqueles oitenta anos de transformação, e de repente tudo mudou.


 


            Finalmente encontrei sentido por ser quem eu era. Tinha de viver para esperar por ela. Era por isso que eu existia, para ter Bella. As noites vazias que passei antes de conhecê-la, ouvindo os meus pais e irmãos se amarem... Achava que nunca iria ter isso em minha existência. Ao longo dos anos, muitas vampiras se aproximaram de mim, algumas até bonitas e interessantes, mas nunca tive vontade de ficar com nenhuma delas.


 


            Esme se preocupava, achava estranho; mesmo que eu não me apaixonasse por nenhuma delas, ela não entendia como eu não sentia desejo por ninguém, afinal, em nossa espécie a luxúria também tinha lugar.


 


            Não comigo, eu não era o tipo de homem que me envolveria com alguém sem amor, principalmente quando eu podia ouvir o que a outra pessoa sentia por mim; não seria cavalheiro de minha parte usar alguém assim.


 


            E então, no meio de tanta gente chata e sem graça, eu a encontrei. Acreditava que nunca iria me apaixonar, que nada assim estava destinado a mim. Mas ela veio até mim, me salvou das noites vazias, encheu minha vida de luz, despertou em mim desejos que nunca imaginei sentir. Tudo com Bella sempre foi extremamente intenso, o mostro, o homem.


 


            Nada antes de Bella importava, ela apareceu com a sua silenciosa mente que me inquietava, com aquele cheiro que tornava impossível não a notar, linda, indefesa, frágil, altruísta. Ela foi feita especialmente para mim, nunca poderia me interessar por outra, nem mesmo quando era humano, porque nunca houve alguém como Isabella.


 


            Olhava minhas mãos me odiando, eu tinha que ser humano para poder ficar com ela, mesmo que não fosse uma vida toda. Se me fosse dado um único dia como humano junto de Bella, poderia amá-la e beija-la o dia todo; se ainda tivesse uma alma, eu a trocaria por isso sem exitar, passar um dia todo com ela, enfim iguais. Pensei sobre isso durante horas.


 


            O telefone estava tocando havia quanto tempo? Não me importava com isso. Mas me lembrei de Bella perdida na floresta; e se...


 


            - Sim, Alice.


 


            - Bella está entrando em sua casa neste momento, Charlie a carrega nos braços. - Fiquei em pânico.


 


            - Está ferida?


 


            - Não, mas...


 


            - Não importa, ela está viva e em segurança, Charlie cuidará dela agora.


 


            - Aconteceu uma coisa muito estranha, minha visão falhou. Não vi quem a encontrou. Ela sumiu por algum tempo e depois reapareceu no colo do Charlie.


 


            - Como assim “falhou”? - Será que Bella estava criando algum bloqueio em Alice também?


 


            - Não sei, entrei em pânico. Ela estava deitada na floresta e de repente não consegui mais vê-la. Após alguns minutos ela apareceu nos braços de Charlie. - Achei isso muito estranho, entretanto no momento não tinha forças para me preocupar com isso.


 


            - Obrigado, Alice. Agora me prometa que esta foi a ultima vez que você olhou o futuro de Bella.


 


            - Edward, eu tenho que vigiá-la. E se ela tentar se ferir? Não posso permitir isso. - Sabia que Alice podia ter razão, mas não tínhamos o direito de ficar espionando Bella.


 


            - Não se preocupe com isso, Bella prometeu se cuidar.


 


            - Tudo bem. Vou me esforçar. No entanto, não posso evitar aquilo que vem sozinho, estou ligada demais a ela. - Reparei na relutância de Alice em prometer. - Vejo que você vai demorar um pouco para chegar. Quer que eu vá ficar com você? - Alice sabia muito bem que eu não pretendia sair daqui.


 


            - Não, quando estiver pronto, encontro vocês. Adeus.


 


            Voltei-me para mim, tudo estava onde e como deveria ser.


 


            Deixei de contar o tempo da maneira convencional:


 


            Primeiro dia sem Bella.


 


            Se Bella fosse uma vampira, será que eu teria me apaixonado por ela? Claro que sim! Não importa o que ela fosse, sempre seria o centro do meu mundo. Sempre seria a minha Bella. Como as coisas poderiam ter sido diferentes se eu a tivesse conhecido assim? Tinha inveja de meus irmãos e de Carlisle. Foi muito fácil para eles.


 


            Estava meio decepcionado com a falta de fé que Bella demonstrou por meu amor. Achei que nunca fui o centro do seu mundo como ela era o do meu. Caso contrário, ela nunca me deixaria partir daquela maneira tão fácil; estava certo de que Bella faria uma cena.


 


            Será que ela nunca me amou da mesma maneira que eu a amei? Ou era porque não somos da mesma espécie? Será que humanos não conseguem amar da mesma maneira intensa que vampiros? Ou será que Bella nunca acreditou em meu amor e por isso deixou que eu fosse embora para sempre? Não fazia sentido eu ficar questionando isso, pois ela facilitou as coisas para mim, tinha que agradecer.


 


            Agora estou só, e tinha de ser assim. Antes eu tinha a companhia de minha família e isso me bastava. No entanto, tudo mudou. Bella atravessou o meu destino de uma forma tão intensa que nada mais estava no lugar, eu era como uma cidade deserta e devastada depois da passagem de um furacão. A palavra solidão agora tinha outro significado para mim. Eu não tinha mais motivo para existir.


 


            Sete dias sem Bella.


 


            O medo de que Bella viesse a precisar de mim foi a única coisa que me segurou para não acabar com essa agonia. Bella era a única coisa que importava.


 


            Mas como eu saberia se ela precisasse de mim? Teria de vê-la de tempos em tempos... A possibilidade de poder fazer isso me animou um pouco. Entretanto, será que conseguiria partir de novo e deixá-la seguir com a sua vida em paz? Creio que não. Tinha de haver outra maneira.


 


            Alice, claro. Ela nunca obedecia ninguém.


 


            Eu sabia muito bem que Alice sempre arranjaria algum jeito de ficar de olho em Bella. Só insistia tanto para que ela não olhasse seu futuro para não acabar vendo também, o que seria insuportável para mim. Alice vigiaria Bella escondida e se algo muito importante acontecesse, acabaria me contando.


 


            Não podia deixar que Alice percebesse isso. Caso contrário, ela inventaria algo muito “preocupante” e me levaria a intervir e, se me aproximasse de Bella, sabia que nunca teria forças para partir. O que fiz desta vez não podia ser desfeito. Tinha de ser discreto.


 


            O que eu vou fazer durante estes anos que restavam a Bella, já que nem morrer eu podia? Não sabia o que fazer.


 


            Sentia que eu estava sendo sugado para um lugar aonde nunca havia ido. Uma espécie de dimensão paralela, onde tudo era negro e só o que existia era a dor e o sofrimento. Não conseguia fugir do poder de sucção daquele lugar. Estava perdido em um grande buraco negro. A dor me consumia.


 


            Não conseguia me mexer, não respirava, não ouvia ninguém, não mais existia preso entre a vida e a morte. Sem vontade de viver, sem o direito de morrer...


 


            Pude ouvi-lo pensar antes de ouvir os seus passos se aproximando de mim. Não me importei. Nada mais importava. Carlisle se sentou ao meu lado, respeitava minha dor. Ficou em silêncio. Procurava não pensar em nada que pudesse me ferir, lembrava dos momentos felizes que nossa família desfrutou junto ao longo de tantos anos. Ele pacientemente esperava que eu falasse quando sentisse vontade, mas não tinha vontade de nada.


 


            Nem a sede me incomodava. Doíam tanto as outras partes do meu corpo que nem fazia sentido ligar para a queimação em minha garganta, ela agora até fazia cócegas.


 


            Não sei quantas horas isso durou, mas em nenhum momento Carlisle perdeu a paciência.


 


            Respirei pela primeira vez em dias. Foi estranho. Antes de Bella, quando eu respirava, podia sentir o aroma de tudo que estava em minha volta; sentia todos os cheiros separados e juntos, podia combinar um aroma com outro e sentir as sutis diferenças. Agora nada parecia ter o mesmo aroma, tudo era sem graça. Nada parecia cheirar como deveria.


 


            Tomei coragem para quebrar o silêncio. Embora quisesse mandar Carlisle embora, sabia o quanto isso seria imperdoável de minha parte, pois ele tinha vindo para me buscar. Quanto antes falasse, porém, mais cedo ficaria sozinho novamente.


 


            - Ela nem tentou me deter, no fundo contava com isso... - Estava decepcionado com Bella, queria desesperadamente que ela não sofresse, mas me agradaria saber que ela me amava. - Bella realmente nunca faz o que eu imagino... Isso não devia me surpreender tanto...


 


            - Nunca duvide do amor que Bella sente por você. Ela é diferente de nós, suas reações também são. Ela age como uma humana.


 


            - Bella nunca agiu como uma humana. Ela sempre foi diferente. Que garota humana ignoraria os seus instintos e namoraria um vampiro, beijaria um vampiro? Dormiria noite após noite dividindo sua cama com um mostro?


 


            - Ela é realmente muito especial, - ele sorriu - nunca conheci ninguém tão corajosa como ela. A coragem dela era fruto do amor que sentia por você, ela está sofrendo também. - Carlisle me olhava intensamente nos olhos. - Lembra que eu te pedi para não ser orgulhoso?


 


            - Não é orgulho! É cuidado! Se fosse apenas orgulho, não me importaria em me ajoelhar e pedir para que ela me aceitasse de volta; nem que tivesse de passar o resto da eternidade aos pés de Bella, trocaria isso tudo por essa possibilidade.


 


            - Você me conhece, filho. Sabe de minha compaixão para com os seres humanos. Como sou contrário a transformar qualquer um que tenha uma escolha. Mas com Bella é diferente. Permita-me transformá-la para você, deixe-me retribuir a você um pouco do que você me deu durante todos esses anos.


 


            - Deus sabe o quanto queria aceitar a sua proposta, mas não posso. Enquanto eu viver, Bella nunca vai passar por isso. Ela nuca vai ser um monstro como eu. Quando Bella morrer ela vai para um lugar bom, ela terá direito a uma eternidade abençoada. Essa é a coisa certa a fazer.


 


            - Tudo bem. Mas e você, Edward? Você é bom. Luta contra a sua natureza diariamente, respeita os humanos. Tenho certeza que há algo especial esperando por você também depois da morte.


 


            - Isso são só suposições, nunca arriscaria a alma de Bella nisso.


 


            - Contrariando toda a sua natureza, toda a força que o sangue dela exerce sobre você, Bella ainda está viva, isso deve contar alguma coisa. Volte para o seu plano original, mantenha-a humana e desfrute com ela o amor que sentem um pelo outro. Tenho certeza de que Bella prefere passar a vida isolada com você do que passar pelo que está passando agora.


 


            - Como eu queria acreditar nisso... Não importa. Nada do que você fale me fará voltar atrás no que fiz.


 


            - Então me diga o que vai fazer agora, filho? Como pretende levar sua existência a partir de Bella, você não pode passar o resto da vida aqui. Edward, você se deu conta de que já esta aqui há três semanas?


 


            - Sim. Vinte e um dias sem Bella. Nada mais importa. Não consigo ver nada além do rosto dela em minha frente. Pensei em viajar pelo mundo como nômade por um tempo, até que possa me acostumar com essa dor, depois poderei voltar a conviver com vocês.


 


            - Por que não faz ao contrário? Deixe-nos ajudá-lo.


 


            - Não será agradável ficar perto de mim, não sou uma boa companhia para ninguém agora.


 


            - É para isso que servem as famílias, filho. Amamos você independentemente do seu humor. Todos o querem de volta. Também sentimos a falta de Bella, não nos deixe perder mais.


 


            - Eu sei.


 


            -Vamos para Denali, lá resolveremos o que faremos juntos. Faça isso por Esme. Se for difícil demais a nossa companhia, você parte sozinho depois. Só nós dê a oportunidade de tentar, não desistiremos de você nunca.


 


            - Eu amo a companhia de vocês, vou por Esme. Mas não pretendo me demorar lá.


 


            - Certo. Mas acho que seria bom você caçar antes de irmos.


 


            - Não, é melhor irmos de uma vez, não quero ficar em Forks. Precisamos voltar para casa e pegar o carro.


 


            Voltamos correndo, entramos no carro e, sem pensar muito, dirigi para Seattle.


 


            A cada centímetro que avançava pela estrada, Bella ficava mais distante de mim. A dor parecia aumentar na mesma proporção e eu me sentia sugado cada vez mais por aquele buraco negro.


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