Black Hole escrita por juliananv


Capítulo 21
Capítulo 21 Volterra


Notas iniciais do capítulo

Com muita tristeza posto o último capítulo narrado pela Alice.
Obrigada querida pela companhia.Vou sentir saudades.



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Alice


 


            Começamos a subir a íngreme estrada, o castelo deles ficava no ponto mais alto (claro). Quando os carros começaram a parar, Bella entrou em pânico; olhava a cada segundo para o relógio, batia as mãos, não conseguia ficar quieta. Procurei ignorar Tudo isso. Quando definitivamente paramos, ela explodiu:


 


            - Alice!


 


            - É a única maneira de entrar – minha voz tremeu.


 


            Eu também estava nervosa, ver o futuro era muito diferente de controlá-lo. Muitas decisões não dependiam de mim; na realidade, pouca coisa estava sob o meu controle naquele momento.


 


            Conseguia prever que chegaríamos ao portão faltando dez minutos para o meio dia. Durante todo o tempo que viemos correndo desde Forks, estes minutos que passamos presas no congestionamento pareceram os mais demorados. Não era para menos que a Bella não conseguia ficar quieta, eu pelo menos podia me distrair olhando o futuro de todos. Em casa, eles estavam desesperados por notícias, mas não havia nenhuma informação para dar a eles. Tinha vontade de ligar só para ouvir a voz do Jasper mais uma vez, não queria dizer adeus a ele, não podia pensar nisso. Mesmo sabendo das minhas probabilidades, eu não podia abrir mão do Jasper ainda.


 


            Edward estava só esperando que os sinos começassem a badalar para iniciar a sua caminhada para o sol; talvez não desse tempo para entra em Volterra, precisava preparar a Bella.


 


            - Alice!


 


            - Eu sei.


 


            - Bella, não consigo ver o que o guarda vai decidir agora... Se não der certo, você terá que ir sozinha. Vai ter que correr. Apenas vá perguntado pelo “Palazzo dei Priori” e correndo na direção que lhe apontarem. Não se perca.


 


            - “Palazzo dei Priori”, “Palazzo dei Priori”.


 


            Bella repetia sem parar, até que me ocorreu uma coisa:


 


            - Ou “A torre do relógio”, se falarem sua língua. Vou dar a volta e tentar encontrar um lugar isolado atrás da cidade, onde possa pular o muro.


 


            - “Palazzo dei Priori”.


 


            Bella se acalmou, mas não parava de repetir o nome; ao menos, encontrara algo com que se distrair.


 


            - Edward estará sob o relógio da torre, no norte da praça. Há um beco estreito à direita, e ele estará ali, na sombra. Você precisa chamar a atenção dele antes que ele ande para o sol.


 


            Sabia que não estavam deixando carros de passeio entrar pela cidade; contudo, tentaria assim mesmo; nada como uma boa quantidade de dinheiro para amolecer um humano... Concentrei a minha atenção para ver se conseguia ver o que o guarda iria decidir e obviamente não vi nada. Ainda não tinha feito a proposta, não tinha o que ele decidir.


 


            Eu mal notava a multidão de humanos que passavam em volta do carro, só tentava me manter protegida do sol. Depois de tantos anos me escondendo de humanos quando havia sol, sentia-me desconfortável tão próxima a eles com o sol brilhando da maneira que estava. Eu tinha de ter o cuidado de parar o carro de forma que o sol não refletisse em mim, expondo a minha estranheza para o mundo. Como se já não tivesse trabalho o suficiente no dia de hoje...


 


            Posicionei o carro com cuidado, peguei o dinheiro e esperei pelo guarda. Como previsto, ele bateu na janela, irritado. Coloquei o meu melhor sorriso no rosto e falei da maneira mais sedutora que pude. Ele piscou algumas vezes antes de falar:


 


            - Desculpe só ônibus de turismo podem entrar na cidade hoje, senhorita.


 


            - É um tour particular.


 


            Falei enquanto estendia a minha mão para entregar a ele algumas notas de euro. Havia bastante dinheiro, não acreditava que ele iria dificultar a minha vida. Mas se ele fosse parecido com a Bella, teria um ataque de fúria pelo meu suborno; estava preparada para isso.


 


            - É alguma piada? - sorri.


 


            - Só se você achar engraçado.


 


            O tempo estava se esgotando. Se ele não decidisse logo, teria de manda a Bella seguir a pé, o que não me agradava. Provavelmente, ela cairia algumas milhares de vezes antes de encontrá-lo. E se Edward a visse sangrando, não seria nada bom. Já era difícil para o meu irmão ficar com ela sem o seu sangue exposto.


 


            - Eu estou com um pouquinho de pressa – sorri.


 


            Suspirei aliviada quando ele enfiou as notas no bolso e se virou para permitir a nossa entrada. Entrei pela cidade sabendo que o tempo estava contra nós.


 


            As ruas antigas não foram feitas para a passagem dos caros, então eu praticamente tive de jogar o carro em cima dos humanos que andavam pela cidade. Os humanos ficavam irritados com a minha passagem intempestiva, não tinham noção de que estavam dentro de uma enorme crise.


 


            - Só um pouco mais.


            Bella estava agarrada à maçaneta, esperando o meu sinal; queria colocá-la o mais próximo possível dele, mas os pedestres me atrapalhavam. Quando pude ver que não conseguiria ir além, olhei para a Bella, rezando que pelo menos hoje ela tivesse um pouco de sorte. Bella estava tão apressada que nem esperou que eu passasse o carro para abrir a porta.


 


            - Lá... Estamos na extremidade sul da praça. Atravesse correndo, para a direita do relógio da torre. Vou encontrar um caminho dando a volta por trás.


 


            Conseguia ver que a praça toda estava cercada pela guarda, seria quase impossível conseguir escapar se a Bella não tivesse sucesso. A primeira parte dependia totalmente dela: a minha vida e a do Edward nas mãos da humana mais frágil que já havia cruzado o nosso caminho. Eles já sabiam da minha presença na cidade, vinham em meu encontro. Precisava estar com Edward antes que eles me encontrassem.  


 


            - Eles estão em toda parte.


 


            Bella ficou branca e travou, segurando a porta do carro; empurrei-a.


 


            - Esqueça-os. Você tem dois minutos. Vá, Bella, vá!


 


            Quando não conseguia mais ver a Bella correndo, andei com o carro e o larguei em uma viela que estava protegida do sol. Podia ver que ela corria na direção certa, pelo menos. Edward se mantinha alheio a tudo, parado esperando que o relógio começasse a badalar. Isso era bom, ele não estava tentando ouvir a mente de ninguém; se estivesse, já teria me encontrado.


 


            Bella corria alucinada, nem parecia a garota desajeitada que era. A fúria para salvar o meu irmão deu a ela uma força enorme, ela encontrava brechas para passar pela muralha de pessoas de maneira eficaz. Quando ela se lançou sobre a fonte no centro da praça, vi que conseguiria impedir Edward de andar para o sol. Pelo menos esta promessa eu havia conseguido cumprir: eles se abraçariam novamente. Fiquei feliz por dar isso a meu irmão.


 


Edward


 


            Esperava o momento exato em que o sol estivesse em seu ponto mais alto no céu. Naqueles últimos momentos da minha existência, em que caminhava para a morte, estava acompanho das minhas lembranças; foi tudo o que me restou do meu amor perdido. Não me martirizava mais pelo peso do remorso que carregava em meus ombros; não havia mais espaço em meu ser para isso.


 


            Bella estava comigo, assim imaginava. Andar em direção ao sol era o mesmo que andar para encontrá-la. Retirei vagarosamente a minha camisa para que tivesse certeza da ação rápida dos meus executores. Não podia deixar de sorrir com as lembranças que tinha dela, sempre perfeitas; seu cheiro, seu toque, seu gosto... Lentamente comecei a me mover assim que ouvi o sino da igreja tocando; tinha um encontro marcado com o meu amor, não era certo deixá-la esperando por mim.


 


            Onde você esta é o lugar certo para mim.


 


            Ouvia sem parar as suas palavras em minha mente. Sentia o seu gosto em minha boca; seus beijos, seus deliciosos beijos, perdidos para sempre...


 


            Sentia que, a cada passo que eu dava era em direção a ela, sabia que nunca mais a encontraria. Bella era um anjo, estava no céu naquele momento, e eu, como um monstro, iria para o inferno. Mas mentia para mim, pois só desta maneira podia ter os meus últimos minutos de falsa felicidade. O inferno não podia ser pior do que estas últimas horas que havia passado.


 


            Quando dei o meu último passo em direção à morte, senti o doce cheiro do sangue dela. Meu corpo reagiu diferente. O mostro recuou; ele não podia mais machucá-la. Quando senti o frágil corpo dela junto ao meu, abracei-a, nunca mais seria capaz de soltá-la. Deus havia sido muito generoso comigo, agradecia a ele; passar a eternidade sentindo Bella em meus braços era algo que eu nunca tive esperança de ter novamente. Fiz uma prece silenciosa em agradecimento enquanto sentia o delicioso cheiro do meu amor; sentia o seu corpo, não queria abrir os olhos, tinha medo de que ela não estivesse comigo, de que desaparecesse.


 


            Lentamente abri os meus olhos, com muito medo de que eu não a visse ali, de que tudo não passasse de uma ilusão ou mesmo uma maldosa recepção no inferno. Quando finalmente consegui me recuperar da magnífica visão que eu estava tendo, tão real, tão milagrosamente palpável, eu fique chocado:


 


            - Incrível! Carlisle estava certo.


 


            Meu pai sempre acreditou que eu era bom o suficiente para recuperar novamente um lugar no céu; ele estava certo. O melhor dos anjos, o mais puro e belo veio me receber. Não resisti em tocar em seu lindo rosto. O anjo estava com medo, estranho. Quando estávamos vivos, quando eu ainda podia representar algum perigo para Bella, ela nunca me olhou assim, apavorada. Ignorei e a abracei, ela estava aqui comigo.


 


            - Edward! Você tem que voltar para as sombras. Você precisa se mover!


 


            Acariciava o seu lindo rosto, meu peito parecia que ia explodir de tanta felicidade. Bella agora me olhava com o mesmo olhar de adoração que muitas vezes vi em seu rosto. Ela falava comigo. Ouvir a sua linda voz era o que importava, não conseguia entender o que ela falava, não importava agora. Juntos para sempre, agora eu nunca mais poderia machucá-la novamente, estávamos os dois definitivamente mortos, nem conseguia perceber o que havia acontecido, como os Volturi tinham me matado. Seria eternamente grato a eles por isso.


 


            - Nem acredito em como foi rápido. Eu não senti nada, eles são muito bons.


 


             Fechei os meus olhos enquanto sentia o doce cheiro do sangue da Bella, minha garganta queimava, mas isso nunca mais iria me incomodar da mesma maneira que me incomodou da primeira vez. O gosto do veneno jamais poderia encher a minha boca novamente.


 


            - A morte, que sugou todo o mel de teu doce hálito, não teve poder nenhum sobre a tua beleza. Você cheira exatamente igual. – Nunca mais seria afetado pelo cheiro do seu sangue, ele fazia parte dela, ele a tornava perfeita. - Então talvez isso seja o inferno. Eu não me importo. Eu fico com ele.


 


            - Eu não estou morta, e nem você! – Ouvi o que Bella falava, mas não conseguia entender. - Por favor, Edward, nós temos que nos mover. Eles não devem estar longe.


 


            Olhava para Bella confuso; percebi que não estávamos no sol. Tentei escutar em volta e podia ouvir a irritação na mente de Felix. Nada fazia sentido. Olhei novamente para Bella procurando por explicação. Será que eu havia pirado de vez?


 


            - Como é isso?


 


            - Nós não estamos mortos, ainda não! Mas nós temos que sair da luz antes que os Volturi... – Escutei que Felix se aproximava no mesmo segundo que entendi o que Bella me dizia. Era impossível, mas realmente era ela, viva em meus braços.


 


            Rapidamente coloquei Bella atrás de mim. Mesmo estando em grande perigo, não conseguia deixar de me maravilhar com o delicioso toque da sua pele e as batidas do seu coração, que podia sentir em minhas costas. Bella estava viva e agora eu lutaria para que ela permanecesse assim. Mantê-la viva era a minha única preocupação.


 


            - Saudações, cavalheiros. – Tentava manter a minha voz calma e firme. - Não acho que vou precisar dos seus serviços hoje. Eu agradeceria muito, porém, se transmitissem a minha gratidão aos seus senhores.


 


            - Não devíamos ter essa conversa em um local mais apropriado?


 


            Felix planejava nos afastar da multidão para que pudesse terminar o que havia começado no dia anterior, e depois se alimentar da Bella.


 


            - Não acredito que será necessário. – Achei por bem lembrá-lo das ordens de Aro. – Sei das suas instruções, Felix. Não quebrei nenhuma regra.


 


            - Felix se referia apenas à proximidade do sol – disse Demetri. - Procuremos um abrigo melhor.


 


            - Estarei bem atrás de vocês. Bella, por que não volta para a praça e desfruta do festival? – Não havia a menor possibilidade de eu deixar que Bella entrasse no refúgio dos Volturi.


 


            - Não, traga a garota.


 


            Ela realmente tem um aroma maravilhoso, seria um desperdício deixá-la ir.


 


            Ele estava me provocando. Entretanto, precisava manter o meu controle até ter certeza de que Bella estava em segurança, longe daqueles monstros.


 


            - Eu acho que não. – Posicionei-me de forma defensiva na frente dela, ninguém iria tocar em Bella enquanto eu vivesse.


 


            - Não! – Bella sussurrou para mim.


 


            - Shhh.


 


            Tentei acalmá-la, minha vontade era de virar-me e abraçá-la, pois não sabia se viveríamos muito. Seria agradável para mim se morrêssemos abraçados. Mas ainda havia esperança de sairmos daquela com vida e eu realmente queria viver com ela.


 


            - Felix –disse Demetri. - Aqui não. – Demetri voltou a sua atenção para mim. -Aro quer apenas falar com você de novo, se afinal decidiu não nos forçar a agir.


 


            - Claro. Mas a menina fica livre.


 


            - Temo que não seja possível. Temos regras a obedecer – disse Demetri.


 


            - Então eu temo que seja incapaz de aceitar o convite de Aro, Demetri.


 


            Sabia muito bem que se eu permitisse que Bella fosse comigo até os Volturi, as chances de ela sair viva de lá eram mínimas. Sabia que pelo menos Alice deveria estar por perto, Bella não teria conseguido chegar até aqui tão rápido sem auxílio.


 


            - Está bem. Vamos ter de acabar o nosso assunto de ontem então.


 


            Felix estava muito feliz com a minha recusa de segui-los; essa era a desculpa perfeita para que ele pudesse enfim me matar sem irritar Aro.


 


            - Aro ficará decepcionado.


 


            Demetri fingiu um suspiro de pêsames, só que ele estava tão feliz quanto Felix.


 


            - Eu tenho certeza de que ele sobreviverá ao desapontamento.


 


            Eles não faziam idéia de como eu podia ser rápido, tinha a vantagem de estar em um praça repleta de humanos e de que nenhum deles podia se expor. Eu não tinha nada a perder com isso; se conseguisse fugir e deixar Bella em segurança, os Volturi podiam me caçar depois, eu realmente não me importaria com isso.


 


            Eles se preparavam para me atacar, tentando ser discretos. Obrigaram-me a entrar no canto mais escuro. Eu não mexia um músculo sequer, essa era a minha única vantagem. Se eles tentassem qualquer manobra mais rude, facilmente eu podia chamar a atenção dos humanos que estavam a nossa volta.


 


            Edward, cuidado! Estou chegando, não faça nada, espere por mim.


 


            Ouvi a aproximação da Alice primeiro que eles e relaxei. Agora pelo menos estaríamos mais equilibrados e a chance de Bella sobreviver a isso seriam muito maior. Assim que eles ouviram os passos dela, ficaram mais animados, acreditavam ser algum de seus companheiros.


 


            - Vamos nos comportar, sim? Há senhoras presentes.


 


            Felix e Demetri estavam irritados e surpresos com a repentina aparição de Alice. Ela tentava aparentar indiferença enquanto pensava para mim:


 


            As nossas chances não são muito boas, não consigo ver o que vão fazer conosco ainda. Temos que trabalhar em conjunto e você precisa controlar o sei gênio: não será nada bom se atacar qualquer um deles. Essa seria a desculpa perfeita para que eles nos atacarem. Pelo que vi em sua brincadeirinha ontem, Aro está muito interessado em nós dois, teremos de usar isso como vantagem. Pense que, se qualquer um de nós dois morrer, a chance da Bella virar o jantar será muito maior. Temos de nos unir para salvá-la, fique atento a tudo que estou captando do futuro, juntos podemos conseguir sair dessa.


 


            - Certo – sussurrei para Alice.


 


            Com Alice ao meu lado as nossas chances eram muito maiores, eles não sabiam das capacidades dela, Aro não dividiu esta informação com a guarda. E até Aro não sabia como Alice era manipuladora quando queria algo. E agora todos queríamos sair dali.


 


            - Não estamos sós.


 


            Alice atraiu a atenção dos dois para a multidão na praça, em especial para uma família inteira que parecia estar interessada no que estávamos fazendo.


 


            Edward, precisamos tentar sair daqui logo. Jane está a caminho. Se ela chegar, seremos obrigados a ir até Aro e isso não será nada bom.


 


            - Por favor, Edward, sejamos razoáveis – disse Demetri.


 


            - Sejamos. E agora vamos sair discretamente, sem imprudências.


           


            Anda, Edward, ela está quase aqui. Não quero ter de estar perto da bruxa.


 


            Se Alice não parasse com aquilo, não conseguiria aparentar estar calmo; eles precisavam acreditar que Alice e eu estávamos em vantagem.


 


            - Vamos ao menos discutir isso em particular.


 


            Esquece, ela chegou. Mantenha a calma. Nem pense em atacá-la, morreríamos antes de conseguir qualquer coisa. Precisamos agora concentrar nossas forças quando formos falar com Aro. Se ele realmente nos achar importantes, vai arranjar uma maneira de nos manter vivos.


 


            Assim que ouvi os odiosos pensamentos de Jane, não consegui controlar a minha frustração; se tivéssemos só alguns minutos a mais, conseguiria tirar Bella dali.


 


            - Não!


 


            - Basta – disse Jane.


 


            Calma, Edward, não adianta nada lutar agora. Vamos pensar juntos, isso ainda não acabou. Podemos tirar a Bella viva. A probabilidade é pequena, mas existe; estaremos sozinhos, assim será melhor.


 


            Suspirei, de modo que Alice entendeu que eu concordava com ela. Tínhamos anos de prática em nossas conversas silenciosas. Relaxei minha postura em uma falsa rendição.


 


            Isso, deixe a bruxa pensar que está no comando, mas fique atento a ela. Jane não suporta que Aro se interesse por alguém que na seja ela, mas ela é leal a ele. Sua fraqueza é perder o prestígio que tem perante os Volturi. Precisamos usar as fraquezas deles contra eles mesmos.


 


            - Jane – suspirei fingindo derrota.


 


            - Sigam-me.


 


            Comporte-se, Edward. Meu senhor está interessado em você. Qualquer deslize de sua parte e mato essa garota.


 


            Fingi que não ouvia as provocações dela e os pensamentos que Felix insistia em mandar em minha direção. Ele praticamente gritava para mim, não via a hora de sentir o sabor da minha namorada humana.


 


            Jane foi à frente, seguida por Alice; abracei Bella e as acompanhei. Bella me olhou, estava com o mesmo olhar que me dava quando queria me fazer perguntas, milhares de perguntas.


 


            Não deixe que ela fale, não será bom - pensou Alice.


 


            Balancei a cabeça para que Bella ficasse quieta, mesmo estando desesperado para ouvir novamente a sua doce voz.


 


            Seguimos por uma viela escura e apertada; estávamos cercados por inimigos. Meu coração estava de volta ao meu peito, depois de meses me sentindo completamente oco; eu estava novamente preenchido por ela. Na tentativa de não agarrar Bella e tentar fugir, coisa que eu sabia que não daria certo, resolvi falar com Alice. Não entendia o que havia acontecido, afinal Roseli me garantiu que Alice viu que Bella tinha morrido, e, no entanto, estava milagrosamente aqui ao meu lado.


 


            - Bem, Alice, acho que não deveria me surpreender de ver você aqui.


 


            - O erro foi meu, era obrigação minha corrigi-lo.


 


            - O que aconteceu?


 


            - É uma longa história. Em resumo, ela pulou de um penhasco, mas não estava tentando se matar. Bella anda praticando esportes radicais ultimamente.


 


            Eu não acredito nisso, para mim a Bella está mentido. Ela estava sim tentado se matar, não existe outra explicação para ela ter pulado deliberadamente de um penhasco tão alto. Temos sorte de o garoto quileute tê-la salvo novamente, desta vez foi por pouco. Se não fosse ele, ou a Bella teria morrido afogada ou a Victoria a teria matado.


 


            - O que? – sussurrei para Alice.


 


            Senti Bella esquentar. Olhei para ela discretamente, havia muito tempo que sentia falta de vê-la corar desta maneira. Esforcei-me para não sorrir, estava muito feliz por ela estar viva e em meus braços.


 


            Alice começou a pensar em tudo o que havia acontecido desde o momento em que viu Bella saltar do penhasco. Primeiro, no desespero que ela sentiu em saber que chegaria tarde demais; depois, na surpresa quando pôde ouvir a voz da Bella conversando com o garoto quileute. Ela começou a relembrar tudo o que a Bella a havia contado, que a Victoria a estava caçando, que havia tentado matá-la, que Laurent quase conseguiu. Eu me senti um completo idiota, procurava por Victoria me prendendo em uma caçada enquanto ela fazia exatamente o que eu temia, tentava matar a Bella. Para fechar tudo da maneira mais irônica, ela pensou para mim:


 


            Adivinha só, guardei o melhor para o final. Sabe o novo amigo da Bella, o Jacob Black? Estava quase conseguindo que Bella iniciasse um namoro com ele. Sinto muito, eu vi dois quase se beijando ontem... Ao que me pareceu, você agora tem um rival. E o melhor: não é um rival qualquer; Jacob Black é um lobisomem jovem. Isso não é fofo demais? Bella conseguiu se superar desta vez, hein?


 


            - Hm!


 


            Controle o ciúme, temos um trabalho difícil pela frente! E temos de ser gratos aos lobos, ele conseguiram a proeza de manter a Bella viva. Isso não é uma coisa fácil de se fazer.


 


            Queria poder falar direito com Alice, mas estávamos completamente cercados.


 


            É, Edward, Jacob Black é um lobisomem. E, pior, é um lobisomem jovem. Ao que parece, Bella não resiste a um monstro.... Então, se conseguirmos sair desta vivos, ainda teremos muitas coisas para fazer. A garota é realmente um imã para o perigo! Se já não bastasse a nossa família, que já tem monstros mais do que o suficiente, ela conseguiu despertar a ira de mais uma vampira ensandecida e a atenção de uma alcatéia inteira de lobisomens. Pelo que eu pude perceber com os relatos da Bella, tem pelo menos uns cinco lobisomens que andavam na companhia dela. Isso não é ótimo? Só me pergunto como foi que ela se manteve viva por tanto tempo. Pelo menos nisto ela é boa... Chega, vamos agora nos concentrar em sair vivos daqui, depois resolvemos o resto.


 


            Quase no fim da viela, vi Jane saltar por um buraco no chão.


 


            Eu pulo na frente e pego a Bella. Não se preocupe, ela estará segura comigo.


 


            Alice pensou isso antes de se lançar pelo pequeno buraco escuro que estava camuflado no chão da calçada. Ao perceber que teria que pular também, Bella travou.


 


            - Está tudo bem, Bella – disse gentilmente em seu ouvido. - Alice vai pegar você.


 


             Anda logo, não quero ser obrigado a empurrá-la para dentro. Seria um desperdício muito grande deixar que o sangue dela esfriasse... Realmente está me dando água na boca.


 


            Felix tentava de todas as maneiras extrair uma reação violenta da minha parte. Fingia não escutar.


 


             Bella se sentou na ponta do buraco enquanto olhava para baixo, assustada.


 


            - Alice? – ela estava em pânico.


 


            - Eu estou bem aqui, Bella.


 


            Edward, ajude-a antes que ela entre em pânico. Temos de manter a Bella calma. Felix está louco para arranjar um pretexto para nos matar antes de chegamos até Aro. Se Bella começar a ter ataques, ele vai matá-la. As ordens são para levar você vivo, não se importam com ela.


 


            Tive de me manter centrado. O esforço era grande, mas necessário; pelas visões da Alice, se eu tivesse qualquer reação contra um membro da guarda, Bella morreria. Então, mantive-me focado em mantê-la tranquila. Ela se sentou na borda do buraco, segurei os pulsos dela e abaixei-a devagar.


 


            - Pronta? – perguntei para Alice.


 


            - Largue-a.


 


             Assim que Alice a pegou, eu pulei atrás. Segurei sua cintura, Bella se agarrou a mim.


 


            Estávamos no subterrâneo de Volterra, no que antes devia ser um sistema de esgoto. Tudo estava úmido, era gelado. Fiquei preocupado; Bella iria começar logo a sentir frio.


 


            Vai demorar um pouco para a Bella tremer, não a solte ainda ou ela entrará em pânico. Bella precisa te sentir perto dela.


 


            Logo depois de passarmos todos pelo buraco, Demetri lacrou o lugar. Não havia a menor possibilidade de fugirmos. Não tínhamos escolha, teríamos de segui-los até Aro.


 


            Cuide dela, não deixe que Bella surte. Eu vou ficar vigiando o que posso do futuro. Ao que parece, Aro ainda não sabe que estamos a caminho. Mantenha pelo menos uma parte da sua atenção em minha mente e pare de ficar só babando nela.


 


            Alice era sempre Alice. Mesmo de cara com a morte, ela arranjava uma maneira de tentar se divertir com isso.


 


            Andávamos muito devagar para acompanhar os passos lentos dela. Bella estava com dificuldades e tropeçava a todo o momento, era muito escuro ali para os olhos dela. Não resistir em ficar acariciando seu rosto perfeito. Havia muito tempo estava com saudades daquilo; a sua linda boca em forma de coração, seus dentes que mordiam os lábios inferiores em reação à tensão que sentia. Passava a ponta dos meus dedos por seus lábios na tentativa de fazê-la relaxar um pouco.


 


            Estava desesperado de vontade de beijá-la. Sei que é estranho: embora estivéssemos praticamente andando em direção à nossa morte, e eu estava mais feliz do que podia sonhar que um dia estivesse. O escuro me fazia ter mais ciência da proximidade de nossos corpos; cheirava os cabelos dela, eles ainda tinham o mesmo cheiro de morango, mas a combinação do cheiro dela com a essência do morango faziam um cheiro totalmente novo e único, assim como a Bella.


 


            Enquanto ouvia a mente de todos, tentava manter Bella calma e isso não estava sendo uma tarefa difícil. Se fosse qualquer outro humano, estaria tendo um ataque histérico. Realmente devia ter alguma coisa muito errada na cabeça dela. Ou será que Bella confiava tanto em mim que imaginava que conseguiríamos sair daquela situação facilmente?


 


            Ela não devia confiar mais em mim, eu a magoara muito, sabia disso; no entanto, ela veio a mim, veio me salvar. O que ela tinha com o lobo não devia ser assim tão importante.


 


             De vez enquanto, o coração da Bella batia de forma frenética, não sabia dizer se era por medo, se estávamos andando muito rápido para ela ou se ela queria que eu me afastasse. Afinal, pelo que Alice havia dito, ela estava se entendendo com o Jacob, o que me deixava alucinado de ciúmes, mas fui eu mesmo que a joguei nos braços dele. Alice sempre teve razão: eu era um idiota completo.


 


            Mesmo sabendo que possivelmente Bella podia não me querer mais, eu não conseguia evitar beijar o seu cabelo e sua testa a todo o momento. Por vezes eu tinha a sensação de que ela se encolhia quando eu fazia isso, imaginava que era porque ela estivesse com medo. Bella começou a tremer de forma mais perceptível, ela devia estar se segurando para não ter um ataque de pânico. Quando os seus dentes começaram a bater, percebi que na realidade ela estava com frio. Achei melhor afastar o meu corpo frio dela, segurei apenas a sua mão.


 


            - N-n-não – disse ela, depois de gaguejar.


 


            Eu ia protestar, pois o contato com a minha pele poderia lhe causar uma hipotermia. Já estava gelado o suficiente aqui para ela. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Alice pensou:


 


            Edward, abrace-a, isso a deixa calma. Precisamos fingir indiferença no momento. Aposto que eles têm te atacado mentalmente o tempo todo. Se você estiver abraçado a ela, também vai se controlar melhor.


 


            Alice não precisava dizer mais nada. Na realidade, não me agradava colocar qualquer distância entre o corpo da Bella e o meu. E durante todo o percurso, os três, Jane, Demetri e Felix, me provocavam pensando que, quando Aro finalmente decidisse se livrar de nós, Bella seria uma boa sobremesa. Usei muito do autocontrole que aprendera com meu pai naquela hora.


 


            Abracei Bella enquanto esfregava os seus braços na fraca tentativa de fazer com que ela se aquecesse um pouco com o atrito.


 


            Isso, mantenha o sangue dela quente para mim.


 


            Olhava para Bella na tentativa de me segurar e não partir para cima de Felix.


 


            Calma, Edward – Alice sentiu a minha tensão. -  Pense no que pode acontecer a ela se você morrer, concentre-se nisso. Parece que Bella ainda não tem noção do perigo que estamos correndo. Mantenha-a alheia a isso, proteja-a.


 


            Alice sabia bem o que estava fazendo. Eu via com ela as possibilidades de futuro. Todas as vezes que me imaginava atacando qualquer um deles, em uma tentativa de fuga, dava no mesmo: Bella morria. Ela usava a segurança da Bella para manter sob controle meu temperamento, que estava muito perto de explodir. Eu enfrentava hoje o que mais temia: a possível morte da Bella. Se, antes, lidar com essa possibilidade já era difícil, depois de passar pelo inferno de saber a dor que era perdê-la, não toleraria passar novamente por isso.


 


            Seria tão mais simples se eu pudesse ouvir pelo menos alguma coisa do que a Bella estava pensando... Poderíamos conversar, de certa forma. Contudo, se ela não me quisesse, eu não conseguiria lidar com isso da mesma maneira; uma rejeição por parte da Bella significaria a minha morte.


 


            Chegamos ao final do túnel escuro. Precisei me abaixar para passar pelas grades. Ao entrarmos dentro de uma sala, Demetri selou outra grade. A cada passo que dávamos, entrávamos mais no território inimigo. Atravessei a sala abraçado a Bella. Passamos por outra porta de ferro, que também foi fechada. Sentia o pânico tomando não só o meu corpo, mas o da Alice também.


 


            Quando ouvi nos pensamentos deles que estávamos indo para a sala que os Volturi costumam chamar de “Sala do Banquete”, pensei: é o fim. Fiquei extremamente tenso, senti que nossas chances haviam diminuído muito. Só de uma coisa eu tinha certeza: sairia dali vivo se Bella fosse comigo. Nada importava mais do que isso. Meu amor estava vivo. Ou viveríamos juntos ou morreríamos assim. Finalmente éramos um.


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