Black Hole escrita por juliananv


Capítulo 19
Capítulo 19 Por ela




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            Eternamente sem ela.


 


            Quando senti o meu corpo finalmente voltando a responder a meus comandos, já era tarde. Estava deitado em um chão de mármore, olhando para o teto de uma ampla sala, toda decorada em ouro. Era a sala de estar dos Volturi. Senti que muitos olhos estavam interessados em mim. Sentei-me; a sala estava cheia de sofás e, no que parecia um altar, havia três tronos. Neles estavam Caius, Aro e Marcos. Enquanto levantava, ouvia Aro dando instruções a Heidi:


 


            - Heidi, vá. Quero você de volta amanhã com a nossa refeição. Estaremos aguardando você com muita ansiedade.


 


            Havia tantas mentes para eu ouvir que exigia muito da minha atenção, mas eu não estava interessado em ser prudente por mim e sim pela minha família. Devia pelo menos isso a eles. Tinha ciência de que seria muito difícil evitar Aro; mesmo assim, tentaria. Quem sabe não me matavam mais rápido se eu me negasse a deixá-lo me tocar?


 


            - Agora que está tudo resolvido com Heidi, meus caros, vamos ver o que a querida Jane trouxe para nós – disse Aro.


 


            Eu estava em silêncio, concentrado na mente do maior número de vampiros que o meu cérebro permitia; os mais inquietos eram Felix e Demetri. Eles não viam a hora de um dos seus três senhores darem a ordem para me executar. Eles só não sabiam que eu estava muito mais ansioso por este momento do que qualquer um deles.


 


            Aro se levantou e começou a andar em minha direção; os outros dois permaneceram imóveis. Marcos não tinha muito interesse em mim; já Caius estava impaciente, queria que Aro acabasse logo de se divertir comigo e voltasse a sua atenção para assuntos mais importantes. Ao que parecia, eles pretendiam mandar a sua guarda para caçar um vampiro que andava causando problemas para eles na África.


 


            - Conte-nos a história, preciosa Jane.


 


            Ela só faltava explodir de prazer por seu mestre demonstrar tanto carinho a ela na frente de todos, era extremamente vaidosa, sabiam como o seu poder era imprenscindível para os seus senhores.


 


            - Este vampiro entrou por sua cidade, meu senhor, para desafiar os que o servem. Felix e Demetri estavam tentando ensiná-lo a ter algum respeito por nós; ao que parece, ele é incapaz de aprender isso. Achei melhor trazê-lo até meus senhores.


 


            Ela fez um gesto que me lembrou uma oferenda a algum Deus pagão esquecido; a oferenda era eu, nojento.


 


            - Fez certo, minha cara. Isso não acontece todo dia em nossa cidade. Como se chama, jovem amigo?


 


            Fiquei tenso. Aro pretendia me tocar, para saber o que eu queria entrando por sua cidade daquela maneira, eu não queria permitir isso. Ele estava acostumado a essa encenação. Já havia decidido acabar com a minha existência, mas pretendia saber antes o que se passava por minha mente; informação era poder.


 


            Aro tinha prazer em brincar com as suas vítimas, era a parte do jogo que ele mais gostava. Muitas vezes se deliciava em dar falsas esperanças, antes de ordenar que alguém concluísse o serviço por ele. Decidi entrar no jogo dele e ver no que dava. Ele ainda não sabia que eu era capaz de ler a mente de todos ali, inclusive a dele.


 


            - Edward.


 


            - Edward, você por acaso sabe onde está e com esta falando? Como se atreve a entrar por minha cidade e se comportar desta maneira? Por muito menos já matei antes.


 


            - Sei exatamente onde estou e o que estou fazendo! Não sou seu capacho, Aro, muito menos seu escravo, como todos aqui.


 


            Rosnava para ele. Muitos de sua guarda deram um passo à frente, estavam indignados pela maneira com que eu me referia a seus senhores. Aro levantou a mão, sorrindo.


 


            - Ora, ora, ou você é muito tolo para saber o que está fazendo ou realmente é um suicida – ele gargalhava com essa hipótese, isso jamais aconteceu antes. – Aproxime-se, jovem Edward, vamos ver o que se passa nesta sua cabeça.


 


            - Não!


 


            - Rá, rá, rá! Você acha que tem escolha?


 


             A falsa cordialidade abandonou o seu rosto neste momento e pela primeira vez ele deixou o mostro que habitava nele tomar conta de si e libertou a fúria que sentia:


 


            - Felix, Demetri, tragam-no a mim!


 


            Antes que qualquer um pudesse se mexer, eu me virei e me lancei para o pescoço do Felix. Se Jane não tivesse agido tão rápido, eu poderia ter forçado uma reação drástica dele. Entretanto, ela me nocauteou antes que eu pudesse alcançá-lo.


 


            - Obrigada, minha cara Jane. Sempre eficiente. Agora, traga-o a mim, quero entender o que está se passando aqui.


 


            Fui arrastado até Aro; ainda tentava lutar, embora soubesse que de nada adiantaria. Fora extremamente imprudente; deveria ter ido ao México. Já era tarde. Senti remorso só por ter de expor a minha família.


 


            Ao me tocar, suas pernas cederam; ele recuou como se tivesse levado um grande choque. Aro soltou um suspiro pesado. Sulpicia, sua companheira, estava ao lado dele e, em menos de um segundo, acusou-me:


 


            - O que fez a ele?


 


            - Ele não fez nada, meu amor. Edward sofre muito. Deixe-me continuar.


 


            Ela se afastou e ficou novamente encostada no trono vazio de Aro.


 


            Estendi a minha mão para ele, já que não havia outra alternativa. Tudo o que era meu pertencia agora a Aro: minhas lembranças, os segredos da minha família, meus momentos com a Bella; ele vasculhava e tomava posse de tudo como um ladrão que invade a sua casa e rouba os seus bens mais valiosos. Sentia um ódio imenso por ele.


 


            - Rá, rá, rá! Inacreditável – ele se divertia enquanto soltava a minha mão. – Jane, minha cara, muito obrigado pelo presente. Agora, o que vamos fazer com você, meu caro Edward?


 


            Fiquei em silêncio, Aro ficou muito feliz com o que viu e, como sabíamos, ele pensava em maneiras de ter a mim e Alice junto a ele.


 


            - Sei que a sua dor é grande, mas se matar por isso? Por sua La tua cantante é um desperdício muito grande, você é talentoso demais, jovem Edward. Uma humana não vale tanto.


 


            - Aro, o que está acontecendo aqui? – perguntou Caius.


 


            - Caros amigos, deixe-me contar o que trouxe o nosso jovem amigo até aqui.


 


            Aro faria tudo que pudesse para ficar comigo. Pensava em alternativas para me convencer primeiro a não me matar e, depois, para que eu me juntasse à sua guarda, duas coisas impossíveis de acontecer.


 


            – Edward é dotado de um dom que se assemelha muito ao meu. Só que nosso jovem amigo é menos limitado: ele consegue ouvir o mente de todos nesta sala – todos que estavam ali se impressionaram com isso, Jane ficou enciumada. – Quanto mais íntimo ele se torna de alguém, maior o seu alcance. Alguns quilômetros, estou certo, amigo?


 


            - Sim – respondi de má vontade, ele já sabia de tudo mesmo.


 


            - Se ele é tão especial assim, por que entrou por Volterra como um louco?


 


            Caius ficou ofendido; não lhe agradava que fosse o único dos anciões sem um dom, afinal o que o unia aos Volturi era a mesma mente sádica dos outros membros da família.


 


            - Ah, caro Caius, isso é ainda mais incomum. Marcus, você vai gostar disto: Edward veio até aqui porque deseja a morte; sua amada se matou. Entretanto, não era uma amada qualquer: Edward se apaixonou por uma humana!


 


            A sala explodiu em gargalhadas e gozações. Só Marcus me olhava, sério; entrei na sua mente, curioso. Naquele exato momento, compaixão e empatia o dominavam; ele também já havia passado por aquela dor ao perder a companheira, sua amada vampira Didyme. Na verdade, até então não conseguira se recuperar; a dor ainda estava lá, em uma parte da sua mente, mas os anos o fizeram conseguir conviver com ela de forma pacifica. Procurava não pensar, mas mesmo assim doía muito. Ele me olhava, sabendo que eu estava lendo a sua mente, e assentiu com a cabeça.


 


            - Então, ele infringiu a lei. Deve ser punido!


 


            - Calma, Caius. Tudo já foi resolvido; a criança está morta, o segredo foi com ela. Deixe-me terminar. Lembra-se de Carlisle?


 


            - Claro – respondeu Caius -, aquele vampiro que se recusava a beber sangue de humanos.


 


            A confusão na mente dos outros que estavam na sala era grande, eles nunca ouviram falar em meu pai.


 


            - Sim, Edward é cria dele. Carlisle tem um clã bem grande, o maior que já encontrei fora o nosso. Ele tem a seu lado vampiros bem talentosos. Fora nosso amigo aqui, ele possui uma vampira que pode ver o futuro, um que influencia as emoções de quem está à volta e outro tão ou mais forte que nossos amigos Felix e Demetri – todos ali não gostaram da notícia, em especial o próprio Aro.


 


            - Não sou “cria” de Carlisle, sou filho dele; temos uma família, não um clã. Carlisle não possui ninguém, lá todos somos livres – disse entre os dentes. - Ele deu a mim e a meus irmãos uma família. Não nos ofenda comparando o que temos com o que vocês tem aqui.


 


            Eles rosnaram irritados com a minha falta de respeito.


 


            - Ele tem razão, meus caros – Aro tentava apaziguar a situação. - A família dele é muito diferente do que temos aqui. Primeiro, eles são “vegetarianos” - ele se divertia -, só se alimentam de sangue de animais; sentem compaixão pelos seres humanos. Por isso, Edward pode namorar a garota humana. Devo confessar que estou muito impressionado, você é muito controlado, meu jovem.


 


            Ele continuou contando sobre o meu relacionamento com a Bella para todos eles. Em alguns momentos, eles se divertiam às minhas custas e, em outros, se mostravam admirados pelo meu controle e força perto dela. Entretanto, a maior preocupação de todos era a respeito da minha família. Não era agradável para eles saberem que tantos da nossa espécie conseguiam viver em harmonia da maneira como vivíamos. Aro sabia que todos nós éramos capazes de tudo para nos protegermos uns aos outros e que fazíamos isso por amor, sem nada esperar em troca. Ali era diferente; o que unia o clã Volturi eram a sede pelo poder, vaidade, ostentação; se aparecesse um clã mais poderoso, Caius, Marcos e Aro seriam deixados de lado por seus “amigos”. Por isso eles se preocupavam tanto em não permitir que se encontrasse um outro grupo de vampiros tão bem organizados como o nosso.


 


            Outra parte do cérebro de Aro ardia de desejo por Alice; ele nunca imaginou que tal dom fosse possível. Pensava em como ela poderia ser útil para a sua sede de poder, que era tão grande quanto a sede de sangue.


 


            - Agora que já sabe tudo a meu respeito, Aro – interrompi o seu deboche sobre meu amor por Bella –, está disposto a me ajudar?


 


            - Eu não decido isso sozinho. Preciso me reunir com meus irmãos. Vamos deliberar juntos sobre o seu pedido.


 


            - Qual pedido, Aro? – perguntou Caius.


 


            - Ele deseja a morte – todos gargalhavam. – Alec, você poderia...


 


            Aro estendeu suas mãos brancas em minha direção, enquanto eu lia em sua mente o que pensava:


 


            Acho que isto será menos doloroso para você, jovem Edward. Alec vai te deixar “apagado” enquanto eu e meus irmãos conversamos.


 


            Só consegui ver quando os três deram as mãos. Depois disso, o dom de Alec me atingiu. Não posso negar o alivio que senti. Em um primeiro momento, era como se o meu corpo, que havia muito tempo vinha convivendo com a dor de ter a Bella longe de mim, fosse anestesiado; não ouvia, não via, perdi todos os meus sentidos, até mesmo a dor desesperada que sentia e que foi brutalmente intensificada com a sua morte; não havia nada, estava no escuro. Depois dos segundos iniciais, comecei a me sentir aflito. Não era certo; mesmo com a ausência da dor, eu não tinha controle nenhum sobre o meu corpo. Nem saberia se alguém me matasse; não que estivesse preocupado com isso, mas queria ter o direito de pelo menos sentir a falta da Bella, passar os meus últimos momentos sentindo a dor que a falta dela me fazia; isso era tudo o que restava da Bella para mim. Eu queria senti-la, mesmo que isso significasse ter a agonia de volta.


 


            Passou algum tempo, até que finalmente pude sentir o meu corpo voltando para mim. Já estava me habituando a conviver com a dor, só que recebê-la de volta com tanta intensidade acabou me pegando de surpresa. Minhas pernas não resistiram à sua força; bem que tentei evitar, mas caí de joelhos assim mesmo. Aro estendeu a sua mão para me ajudar a levantar; ignorei a falsa cortesia dele e fiquei em pé sozinho.


 


            - Sua dor é muito intensa, mas temo que não sejamos capazes de fazer com que ela passe. Pelo menos não da maneira que você quer...


 


            - Por favor, Aro, estou implorando...


 


            Ele colocou as mãos sobre o meu ombro; enquanto suspirava profundamente, tentava se adaptar à minha dor.


 


            - Sinto, jovem Edward; você é talentoso demais para abrir mão assim da sua existência. Quero lhe oferecer algo especial, um presente – como fiquei em silêncio, ele prosseguiu. – Edward, venha fazer parte da minha família.


 


            - Nunca! O que você tem aqui não é uma família, mas escravos. Nunca trocaria o que Carlisle me deu pelo que você me oferece – coloquei o dedo sobre minha têmpora. - Conheço você e conheço meu pai. Sei exatamente a quem devo ser leal.


 


            Todos na sala ficaram ultrajados com a minha falta de respeito por seu senhor.


 


            - Rá, rá, rá! Mesmo sendo tão irritável, você me diverte.


 


            Aro era extremamente falso; a única coisa que o impedia de me matar era a ambição que ele tinha em possuir meus irmãos e a mim, em especial Alice. Ele viu em minhas lembranças como éramos apegados; se quisesse ter alguma esperança em tê-la, sabia perfeitamente que nunca poderia me tocar. Até neste momento Alice dava um jeito de se intrometer; baixinha irritante!


 


            - Vou te propor uma coisa: vá embora, pense melhor; se daqui a algum tempo ainda quiser isso, ainda desejar a morte, volte. Mas vou te dar um aviso: minha guarda protege muito bem minha cidade; tudo o que acontece dentro dos muros de Volterra é monitorado, não toleramos qualquer tipo de intromissão em nossa paz.


 


            - Agradeço a informação, Aro.


 


            Assenti para ele, já formulando os meus próprios planos. Virei-me de costas e fui andando para a porta, enquanto ouvia claramente Aro dar ordens a sua guarda:


 


            - Todos vigiem os passos do nosso amigo. Não quero que ele nos exponha dentro de nossos muros. Mas não o matem, evitem que ele cause algum problema. Entretanto, se Edward insistir nisso, tragam-no a mim. Sou o único que pode decidir sobre o futuro dele, fui claro?


 


            - Sim, senhor!


 


            Todos responderam em uma única voz, mesmo que algumas mentes não concordassem. Sentiam-se enraivecidos com a falsa fraqueza que Aro demonstrava, achavam que seu senhor estava tendo compaixão para comigo. Idiotas. Não conseguiam ver que, na verdade, Aro queria ter mais poder e que, comigo e Alice ao seu lado, ele conseguiria isso.


 


            Saí decidido a causar uma imprudência tão grande que obrigaria a guarda a me matar rapidamente. Meu corpo parecia pesar uma tonelada e a cada segundo isso piorava violentamente. A dor que então sentia iria me acompanhar pela eternidade. Se antes já era extremamente difícil, agora que sabia que cometera o maior erro da minha existência, ao abandoná-la, a dor atingiu um nível que me era impossível encontrar palavras para poder descrever sua intensidade. O âmago do meu ser clamava por ela, por uma nova chance.


 


            Andava em direção à saída do castelo dos Volturi sem nem observar por onde passava; a maior parte do meu cérebro tentava calar a dor e uma outra pequena fração fazia planos para encontrar uma maneira de acabar com a dor da maneira mais rápida que conseguisse.


           


            Eram tantas as opções que eu tinha que a todo o momento eu reformulava os meus planos de ação; buscava por rapidez e eficiência, precisava ajudar a guarda Volturi a agir com brevidade.


 


            Assim que ganhei a noite, o cheiro adocicado da minha espécie se misturou ao doce aroma de sangue humano. Decidi que, se caçasse, a guarda não poderia ignorar. Deixei que o aroma me guiasse, iria caçar. Há décadas não me permitia sentir esse prazer. Deixe-me guiar pelo olfato até a minha presa. Quando estava próximo o suficiente, fiquei animado: eram três. Já que iria mesmo matar, podia muito bem cometer uma chacina; um a mais ou a menos não diminuiria a minha culpa, e três ataques dentro dos muros de Volterra era muito para se ignorar. Podia ouvir que em meu encalço estavam os meus executores. Só tinha a esperança de conseguir matar a minha sede antes de finalmente morrer; deixaria de existir assumindo para o mundo o que eu era verdadeiramente: um mostro.


 


            Aproximava-me com cautela, sabia que estava sendo seguido de perto. Entretanto, calculava que poderia atacar duas de minhas presas antes que eles me pegassem. Entrei na parte mais sombria da rua, deixava que o delicioso cheiro me guiasse. Logo estaria livre da dor em meu peito, assim acreditava. Não me concentrava nos pensamentos de ninguém, nem nos das presas e muito menos nos dos meus carrascos.


 


            Conseguia ver duas das três meninas; a terceira estava encostada em um poste, dificultando a minha visão. Contudo, isso não era problema para um predador como eu. O próprio poste não representava nada; com um simples empurrão, facilmente eu o derrubaria. Estava perto a ponto de as batidas dos três corações encherem a minha boca com o gosto do veneno; então, a terceira garota saiu de trás do poste e jogou seus cabelos para o lado. Parei; foi como se eu tivesse tomado uma descarga elétrica, tamanha a intensidade do tranco que senti. Os cabelos dela eram exatamente da mesma cor dos cabelos da Bella. Não, eu não podia morrer assim, não podia ser morto por isso.


 


            Era como se meu estômago pudesse estar enjoado; se isso pudesse acontecer, tenho certeza de que teria vomitado naquele instante. Tinha nojo do mostro que eu era; fora essa a causa do suicídio da Bella, isso me afastou dela. Nunca mais permitiria que o monstro ganhasse, ele não podia triunfar novamente.


 


            Bella não merecia que eu morresse assim, meu pai Carlisle não merecia um filho assim; seria digno, por eles. Encontraria uma maneira melhor de morrer, por ela.


 


            Com muito custo, recuei. Era penoso abrir mão da morte, entretanto mais uma vez eu me sacrificaria por ela. Senti que meus executores recuavam comigo.


 


            O que fazer agora? Como provocar neles a reação que eu tanto desejava? Poderia destruir a praça central, jogar alguns carros para o alto...


 


            Recordei da primeira vez que a Bella me viu ao sol. Soube então o que fazer.


 


            Ela me olhava de um jeito como nunca ninguém havia me olhado antes. Os lindos olhos marrons brilhavam admirados e com tanto amor que me fizeram recordar a maneira como Jasper e Alice se olhavam.


 


            “Você é lindo” – Bella sussurrou.


 


            Depois daquela vez, sempre que podia Bella me pedia para irmos para o sol. Ela achava minha estranha pele maravilhosa.


 


            Havia me decido: esperaria até que o sol estivesse a pino no dia seguinte e andaria para ele. Rápido, simples e eficaz.


 


            Além do mais, seria como uma última homenagem a ela, uma homenagem a meu amor perdido. Caminharia para o sol como se estivesse caminhando para os braços dela, afinal Bella representava bem o sol para mim: não podia viver sem ela, ela era o centro do meu mundo, ela me mantinha aquecido, iluminava a minha existência; sem ela, tudo era perdido; sem ela, meu mundo perecia.


 


            Dirigi-me para a praça central. Lá encontrei um pequeno beco escuro que serviria para me manter escondido e protegido do sol até o momento exato de me revelar para o mundo.


 


            O restante da noite foi longa. Meus carrascos estavam decepcionados comigo; imaginavam uma ação rápida da minha parte, perguntavam-se se eu não havia perdido a coragem. Ao amanhecer, tiveram de procurar por lugares para me vigiar de sorte a não se exporem; isso me dava a chance de ser mais rápido que eles. Quando a praça começou a se encher de pessoas vestidas de vermelho, fiquei animado; tudo estava favorável a mim. Daria um grande presente aos Volturi, digno do tamanho de seu ego; com certeza, eles jamais se esqueciam daquele dia. Feliz dia de “São Marcos”!


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Notas finais do capítulo

Primeiro gostaria de agradescer os Rewies, aconteceu alguma coisa no site e eu não estou conseguindo responder, mas todos foram lidos.
Obrigada pela força, agora estamos na reta final.

bjos



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